Buscar

Material Parágrafos

Prévia do material em texto

TRABALHANDO COM PARÁGRAFOS 
Em cada parágrafo há um tema ou ideia central que funciona como uma espécie de eixo em torno 
do qual o bloco textual se desenvolve. O tamanho do parágrafo pode variar de acordo com a 
intenção de cada redator, mas a tendência moderna é que os parágrafos não sejam muito longos. 
Segundo Othon M. Garcia, o parágrafo-padrão é o mais usado e assemelha-se a um pequeno texto 
com introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução, apresenta-se a tese ou afirmação 
de caráter genérico sobre o tema a ser abordado. O desenvolvimento é composto de ideias e 
exemplos que servem de argumentação em defesa da tese apresentada na Introdução. A conclusão 
serve de fecho para o texto. O autor retoma, explicita a introdução e posiciona-se ante o tema, 
levando em conta a coerência dos argumentos. 
 
ESTRUTURA DO PARÁGRAFO 
O parágrafo é composto por: 
1) tópico frasal ou frase-núcleo: contém a síntese da ideia central de todo o parágrafo. 
2) frases de desenvolvimento: são utilizadas para comentar, exemplificar, desenvolver, ampliar o 
tópico frasal. 
3) frases de conclusão: são utilizadas para fechar o parágrafo, arrematando a ideia. 
 
A IMPORTÂNCIA DO TÓPICO FRASAL 
 O tópico frasal é de suma importância tanto para quem escreve quanto para quem lê o parágrafo. 
• Para quem escreve, é importante para não “se perca” ao escrever, pois terá aquela ideia como 
base do parágrafo, evitando assim um aglomerado de ideias soltas. O tópico frasal será o seu 
“norte”. 
• Para o leitor, é importante porque, ao iniciar a leitura do parágrafo tópico frasal, ele já sabe que 
ideia irá encontrar ao longo do parágrafo. 
O parágrafo-padrão apresenta uma frase-núcleo que desencadeia um conjunto de ideias 
complementares na sua sequência. Geralmente, a frase-núcleo vem no início do parágrafo e tem 
a finalidade de atrair a atenção do leitor sobre o assunto a ser tratado. 
 
A nova riqueza das nações repousa atualmente sobre a informação, o conhecimento, a pesquisa, 
a capacidade de inovação, as inteligências. Informação, informação, informação – essa é a 
necessidade imperativa no jogo dos ambientes de trabalho, de estudo e lazer, isto é, em todas as 
dimensões da vida cotidiana. A informação muda a natureza da competição porque o indivíduo 
e grupos interesseiros não podem se beneficiar da ignorância do outro. 
Fonte: Revista Linha D’Água, 2004. 
 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DO PARÁGRAFO 
 
Há diversos modos de desenvolver um parágrafo: por confronto ou comparação de ideias, 
enumeração ou descrição de detalhes, definição, citação, causa e efeito. Exemplos: 
O índice de desperdício na construção civil no Brasil é da ordem de 30%. Isso quer dizer que, 
para cada prédio construído, um se perde, gerando cerca de cinco mil toneladas de entulho por 
dia só na cidade de São Paulo. O desperdício no exterior é de 12%. Tal índice leva a outros 
igualmente dramáticos. A cidade não conta com novos espaços para a disposição do lixo, seja 
orgânico ou inerte. Faltam aterros sanitários para o lixo orgânico e também áreas para os 
demais. “Provavelmente, em futuro bem próximo, não haverá locais para a disposição de 
resíduos, o que deveria tornar a reciclagem um processo irreversível”, afirma o geólogo Paulino 
Eduardo Coelho. 
É difícil separar o que é natural do que é cultural em nosso comportamento. Tomemos como 
exemplo o ato de comer. Trata-se de uma necessidade natural, orgânica. E o modo como se come? 
Alimentamo-nos sentados em cadeiras, apoiados em uma mesa, evitando falar de boca cheia e, de 
preferência, sem arrotar. Essas atitudes nos são impostas pela cultura ocidental. Os chineses 
comeriam sentados no chão, com pauzinhos em vez de talheres. Os árabes arrotariam, para 
mostrar que saborearam a refeição. 
 
DECLARAÇÃO INICIAL 
Faz-se uma declaração inicial, que vem comentada em seguida, com um fechamento lógico, ou 
seja, com conclusão. 
“O conhecimento nasceu como uma extensão do corpo, para ajudá-lo a viver. O corpo sentiu dor, 
e a dor fê-lo usar a inteligência a fim de encontrar uma receita para por fim à dor. O corpo sentiu 
prazer, e o prazer fê-lo usar a inteligência a fim de encontrar uma receita para repetir a experiência 
de prazer. Esse é o início do conhecimento. Foi assim que nasceu a ciência.” 
 
(RUBEM ALVES. Folha de S. Paulo, 12.09.99.) 
 
DEFINIÇÃO 
É uma forma de iniciar parágrafos sobre termos que pedem uma ligeira conceituação. 
 
“O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu 
lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão 
e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais 
ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana.” 
(Maria Lucia Aranha, Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1992, p. 62) 
 
 
 
DIVISÃO 
Usa-se um numeral ou um pronome indefinido no plural como vários, alguns, etc. O que se faz 
em seguida é apresentar as ideias como uma enumeração. 
 
“O povoamento do sul do Brasil processou-se de dois modos diferentes: no litoral, pela vinda de 
colonos açorianos, que chegavam com algumas ferramentas, sementes, um pouco de dinheiro; no 
interior, pela chegada de famílias paulistas, que seguiam os caminhos do altiplano. O duplo 
aspecto do povoamento dará lugar a dois tipos de sociedade e dois tipos de economia.” (Roger 
Bastide, Brasil: Terra de Contraste) 
 
INTERROGAÇÃO (PERGUNTA) 
Inicia-se o parágrafo com uma pergunta que desperta a reflexão do leitor. A pergunta não é 
respondida de imediato, mas ao longo da argumentação. 
“No Brasil, qual a diferença entre o comunismo de antigamente e o comunismo de hoje? Só uma: 
hoje eles estão no poder. Essa é a diferença principal. Na oposição são ardorosos sabotadores, no 
poder são um desastre administrativo. E se dedicam a sabotar o capitalismo mesmo dentro do 
poder capitalista. Como eles costumavam dizer, esta é a “contradição principal” deles: como ser 
contra o regime e governá-lo ao mesmo tempo?” 
(Arnaldo Jabor, O tempo, 14 jul.15) 
 
CITAÇÃO 
Inicia-se o parágrafo com a citação de alguma frase interessante dita por alguém renomado. 
“Todo brasileiro é mestiço. Se não no sangue nas ideias.” A observação é Sílvio Romero, e foi 
feita há cerca de um século. De fato, o material de que se alimenta a vida espiritual de todos os 
brasileiros provém de fontes étnicas muito diversas e muito misturadas. Tradições culturais 
europeias se cruzam com raízes africanas e matrizes indígenas, antes de receberem influências 
asiáticas, sobretudo através da imigração japonesa. A riqueza (a universalidade) de uma cultura 
nacional depende de muitos fatores. E depende, decisivamente, de sua capacidade de saber 
assimilar a diversidade das experiências humanas que lhe chegam, através dos mais distintos 
caminhos. 
(Leandro Konder, O Globo, 11 out. 1992) 
UMA SEQUÊNCIA DE FRASES NOMINAIS 
Inicia-se o parágrafo com uma série de frases nominais (frases sem verbo). É um tipo de tópico 
frasal bastante expressivo. 
Desabamento de shopping em Osasco. Morte de velhinhos numa clínica do Rio. Meia centena de 
mortes numa clinica de hemodiálise em Caruaru. Chacina de sem-terra em Eldorado dos 
Carajás. Muitos meses já se passaram e esses fatos continuam impunes, comprovando a máxima 
de que no Brasil a impunidade alimenta o crime. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
CHAMADOIRA, J. B. N. RAMADAN, M. I. Língua portuguesa: pensando e escrevendo. São 
Paulo: Atlas, 1992. GOLDSTEIN, Norma (Org.). O texto sem mistério: leitura e escrita na 
universidade. São Paulo: Ática, 2009. 
FAULSTICH. Enilde L. de J. Comoler, entender e redigir um texto. Petrópolis-RJ: Editoras 
Vozes, 1989. 
FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F.P. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006. 
KOCH, I.V.; ELIAS, V.M. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2012. 
THEREZO, Graciema Pires. Redação e leitura para universitário. Campinas-SP: Alínea, 2007. 
MOYSÉS, Carlos Alberto. Língua portuguesa: atividades de leitura e produção de textos. São 
Paulo: Saraiva, 2005.

Continue navegando