Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASUNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS LUIS EDUARDO A.S. SUZUKILUIS EDUARDO A.S. SUZUKI 9Todas a interações entre a água e a matriz sólida do solo, que envolve forças capilares, de adsorção, elétricas e outras, são, por conveniência e simplicidade, denominadas forças matriciais, que levam a um trabalho matricial. 9Como consequência das relações sistema-meio, a água assume um estado de energia, que no sistema solo-planta-atmosfera recebe o nome de Potencial Total da Água. 9Diferenças desse potencial da água em diferentes pontos no sistema dão origem ao seu movimento. 9A tendência espontânea e universal de toda a matéria na natureza é assumir um estado de energia mínima, procurando equilíbrio com o meio ambiente. 9A água obedece essa tendência universal e move-se constantemente no sentido de diminuição de seu potencial total. Potencial de água no solo ¾O potencial de água no solo (ψ) representa a diferença de energia do sistema entre o estado da água no solo e um estado padrão. Ele define o estado de energia do sistema no ponto considerado. ¾Conhecendo-se os potenciais da água em diferentes pontos do solo, pode-se determinar sua tendência de movimento. ¾O potencial da água no solo pode ser conhecido da seguinte forma: Ψ = Ψp + Ψg + Ψos + Ψm Potencial de água no solo Ψ = potencial total da água do solo; Ψp = componente de pressão, que aparece toda vez que a pressão que atua sobre a água do solo é diferente e maior que a pressão (Po) que atua sobre a água padrão. Por exemplo: a água no fundo de uma barragem está sujeita a uma pressão equivalente à coluna de água acima dela. Também em solo saturado há uma carga d’água atuando sobre o ponto considerado. Essa pressão positiva é o componente de pressão. Ψg = componente gravitacional, que aparece em função da presença do campo gravitacional da terra. Ψos = componente osmótica, que aparece pelo fato de a água no solo ser uma solução de sais minerais e outros solutos e a água padrão ser pura. Ψm = componente matricial, é a soma de todos os outros trabalhos que envolvem a interação entre a matriz sólida do solo e a água, como trabalho capilar, trabalho com forças de adsorção e elétricas etc. Esse fenômenos levam a água a pressões menores que Po, que atua sobre a água padrão. São, portanto, pressões negativas, denominadas tensões ou sucções. O potencial de água no solo é expresso em unidade de energia (Joule) por volume de solo (m3). Por transformação, as unidades acabam sendo expressas em pressão, kPa ou seus múltiplos. Pa m N m mN m J ==×= 233 Unidades potenciais 101,325 Pa = 101 kPa = 0,1 MPa = 1 atm = 1,013 bar = 76 cm Hg = 10,33 m H2O É comum expressar também os potenciais em metros de coluna da água (mca), como exemplificado a seguir. 1 kPa = 10 cm 6 kPa = 60 cm 1500 kPa = 1500 cm = 150 m O potencial de água no solo é influenciado por: ¾Textura do solo ¾Estrutura do solo ¾Tipo de argila ¾Teor de matéria orgânica ¾Natureza e quantidade de íons adsorvidos pelos colóides do solo Componente de pressão Ψ = Ψp + Ψg + Ψos + Ψm ¾Considerado apenas quando a pressão que atua sobre a água é diferente e maior do que a pressão atmosférica Po do padrão. ¾O potencial de pressão ocorre quando uma pressão externa (pressão hidrostática positiva) estiver atuando sobre uma unidade de água, ocasionando uma diferença de energia entre esta unidade de água e a água no estado referência. Componente de pressão ¾O Ψp só é considerado para pressões positivas, isto é, acima da atmosférica. Para pressões negativas (tensões), isto é, subatmosféricas, considera-se o componente matricial Ψm que mede tensões capilares. ¾Por isso, a componente de pressão só é importante para solos saturados. A pressão hidrostática da água é transmitida entre os poros do solo. Componente de pressão ¾Em arroz inundado, o potencial de pressão não pode ser desprezado. ¾A pressão hidrostática no interior de um solo saturado é equivalente a altura de lâmina de água atuando sobre o ponto considerado. ¾ Quais os valores de Ψp nos pontos indicados? Componente gravitacional Ψ = Ψp + Ψg + Ψos + Ψm ¾Pelo fato do campo gravitacional estar sempre presente, o potencial gravitacional sempre existe. ¾Quantidade de energia necessária para elevar uma unidade de água a uma elevação específica em relação ao plano de referência. ¾O potencial gravitacional é exercido pela ação da força da gravidade, que tende a puxar a água em direção ao centro da Terra, fenômeno que explica a infiltração de água no solo e o reabastecimento dos lençóis freáticos. Componente gravitacional ¾O Ψg da água no solo é sempre igual à distância do ponto considerado à posição tomada como referência relativa. Assim, todo ponto que estiver acima desta referência possui potencial gravitacional positivo; em oposição, todo aquele que estiver abaixo será negativo; todo aquele que com ele coincidir será igual a zero. Plano de referência positivo negativo Para o movimento da água em pequenas distâncias verticais ou mesmo entre células adjacentes no interior das plantas, o potencial gravitacional é extremamente pequeno e muitas vezes omitido. Componente gravitacional ¾Em geral, em solos saturados e próximos da saturação, o componente gravitacional é de maior importância quantitativa e tem peso significativo no potencial total. ¾Quando o solo perde água gradualmente, a componente matricial passa a ter maior importância que a gravitacional. Porém, a componente gravitacional está sempre presente. ¾Três volumes iguais, com alturas distintas, drenam volumes de água distintos. ¾O mesmo volume de solo num vaso com pequena altura reterá maior volume de água do que num com maior altura, uma vez que, quanto maior for a altura do vaso, maior será o efeito da gravidade, que romperá os meniscos ocasionando maior drenagem. Componente osmótico Ψ = Ψp + Ψg + Ψos + Ψm ¾Pelo fato da água do solo ser uma solução de sais minerais e substâncias orgânicas, ela possui um componente osmótico de potencial. ¾Quantidade de energia necessária para transportar uma unidade de água pura do nível de referência até um ponto onde a concentração de solutos na solução é diferente de água pura. ¾Capacidade que os sais têm de atrair e reter água. ¾ Na maioria dos solos, como a concentração salina é reduzida, o potencial osmótico normalmente é omitido na determinação do potencial total de água no solo. Componente osmótico 9Com uma adubação exagerada num vaso com volume reduzido de solo ocorrerá a retirada da água da planta (plasmólise) em razão do elevado potencial osmótico na solução do solo no vaso. 9Alguns fertilizantes como cloreto de potássio e uréia são altamente hidroscópicos. 9A verificação do potencial osmótico da solução do solo é realizada pela determinação da condutividade elétrica: quanto maior for a salinidade da solução, maior será a condutividade elétrica. Componente matricial Ψ = Ψp + Ψg + Ψos + Ψm ¾Esse potencial é resultado de forças capilares e de adsorção que surgem em virtude da interação entre a água e as partículas sólidas (matriz do solo). ¾Essas forças atraem e “fixam” a água no solo, diminuindo sua energia potencial em relação à água livre. ¾Pressão necessária para remover um quantidade de água retida pela matriz do solo (tensão, sucção). ¾Equivalente à pressão negativa, pois a capilaridade e a adsorção produzem uma tensão na água do solo. Componente matricial 9No solo, o Ψm está relacionado com a umidade, quanto mais úmido o solo, maior o Ψm (ou menos negativo). 9 Afetado por: textura = diâmetro dos poros, matéria orgânica = área superficial específica,estrutura = espaço poroso 9O potencial matricial tem valor negativo, no entanto, quando esse valor recebe a denominação de “tensão da água no solo”, o sinal negativo é subtraído. Forças de adsorção da água no solo 9Estas forças advêm das cargas negativas que os colóides do solo possuem em razão da substituição isomórfica de cátions, juntamente com a natureza dipolar da água, atraindo as moléculas de água. 9Também a atração entre argilas, cátions e água é responsável por esse fenômeno e, por último, as forças de London-Van Der Wals, que representam a atração coesiva entre as moléculas de água. 9A energia de retenção da água no solo proveniente das forças de adsorção diminui com aumento do raio de ação. Capilaridade 9O fenômeno da capilaridade ocorre em virtude da interação entre sólido (solo) e líquido (água). 9Como o solo tem afinidade com a água e os sólidos do solo originam capilares (poros), ocorre essa atração (retenção) da água pelo solo. 9Poros com diâmetros menores apresentam maior ascensão capilar, por isso retêm a água com mais energia, apresentando maior restriçào à retirada da água pelas plantas. 9A equação que representa o fenômeno é a equação de Laplace: Capilaridade onde: 9h = altura da coluna de água (m); α = ângulo de contato do liquido com o solido (0); σ = tensão superficial do liquido (N m-1) (0,072 N m-1); ρ = densidade do liquido (kg m-3) (1000 kg m-3); g = aceleração da gravidade (m s-2) (9,81 m s-2); r = raio do capilar (m). 9Os valores entre parênteses são para a interface solo/água na temperatura de 298 oK ou 24,5 oC. 9Simplificando, essa equação pode ser apresentada como: rg h ρ ασ cos2= que pode ser expressa: hg r ρ ασ cos2= r h 5105,1 −×=
Compartilhar