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Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Ciências Departamento de Física Grupo de Astrofísica e Ciências Espaciais Introdução Astronomia e À Astrofísica Aula Teórica 2: Elaborado por Cláudio Moisés Paulo & Ramiro Saíde Maputo, aos 1 de Março de 2018 • A Esfera Celeste o Observando o céu em uma noite estrelada, não podemos evitar a impressão de que estamos no meio de uma grande esfera incrustada de estrelas. Isso inspirou, nos antigos gregos, a ideia do céu como uma Esfera Celeste. o Com o passar das horas, os astros se movem no céu, nascendo a leste e se pondo a oeste. Isso causa a impressão de que a esfera celeste está girando de leste para oeste, em torno de um eixo imaginário, que intercepta a esfera em dois pontos fixos, os Pólos Celestes. Na verdade, esse movimento, chamado movimento diurno dos astros, é um reflexo do movimento de rotação da Terra, que se faz de oeste para leste. O eixo de rotação da esfera celeste é o prolongamento do eixo de rotação da Terra, e os pólos celestes são as projecções, no céu, dos pólos terrestres. o Embora o Sol, a Lua, e a maioria dos astros, aqui na nossa latitude (aproximadamente – 25.9), tenham nascer e ocaso, existem astros que nunca nascem nem se põem, permanecendo sempre acima do horizonte. Esses astros são chamados circumpolares. O centro da circunferência descrita por eles coincide com o Pólo Celeste Sul. Para os habitantes do hemisfério norte, as estrelas circumpolares descrevem uma circunferência em torno do Pólo Celeste Norte. Mas as estrelas que são circumpolares lá não são as mesmas estrelas que são circumpolares aqui, pois o fato de uma estrela ser circumpolar ou não depende da latitude do lugar de observação. o Os antigos gregos definiram alguns planos e pontos na esfera celeste, que são úteis para a determinação da posição dos astros no céu. São eles: § Horizonte: plano tangente à Terra no lugar em que se encontra o observador. Como o raio da Terra é desprezável frente ao raio da esfera celeste, considera-se que o Horizonte é um círculo máximo da esfera celeste, ou seja, passa pelo seu centro. § Zénite: ponto no qual a vertical do lugar (perpendicular ao horizonte) intercepta a esfera celeste, acima da cabeça do observador. A vertical do lugar é definida por um fio a prumo. § Nadir: ponto diametralmente oposto ao Zénite. • Equador Celeste: círculo máximo em que o prolongamento do equador da Terra intercepta a esfera celeste. • Pólo Celeste Norte: ponto em que o prolongamento do eixo de rotação da Terra intercepta a esfera celeste, no hemisfério norte. • Pólo Celeste Sul: ponto em que o prolongamento do eixo de rotação da Terra intercepta a esfera celeste, no hemisfério sul. • Para definirmos uma posição sobre uma esfera precisamos definir um eixo e um plano perpendicular a este eixo. • Círculo vertical: qualquer semi-círculo máximo da esfera celeste contendo a vertical do lugar. Os círculos verticais começam no Zénite e terminam no Nadir. • Ponto Geográfico Norte: ponto em que o círculo vertical que passa pelo Pólo Celeste Norte intercepta o Horizonte. É também chamado Ponto Cardeal Norte. • Ponto Geográfico Sul: também chamado Ponto Cardeal Sul, é o ponto em que o círculo vertical que passa pelo Pólo Celeste Sul intercepta o Horizonte. A linha sobre o Horizonte que liga os pontos cardeais Norte e Sul chama-se linha Norte-Sul, ou meridiana. A linha Leste-Oeste é obtida traçando-se, sobre o Horizonte, a perpendicular à meridiana. • Círculo de altura: qualquer círculo da esfera celeste paralelo ao Horizonte. É também chamado almucântara, ou paralelo de altura. • Círculo horário ou meridiano: qualquer semi-círculo máximo da esfera celeste que contém os dois pólos celestes. É também chamado meridiano. O meridiano que passa pelo Zénite se chama Meridiano Local. • Paralelo: qualquer círculo da esfera celeste paralelo ao equador celeste. É também chamado círculo diurno. • E qual é a velocidade angular aparente diariamente do Sol? o Como um dia é definido como uma volta completa do Sol, isto é, o Sol percorre 360° em 24 horas, a velocidade aparente é de: Vaparente = 360°/24 h = 15°/h • Um grau tem 60 minutos de arco e um minuto de arco tem 60 segundos de arco. Logo: 1° = 60' = 3600" • Como 1 hora tem 60 minutos de tempo e 1 minuto de tempo tem 60 segundos de tempo. 1 h = 60m = 3600s o Mas como a rotação da Terra em torno de seu próprio eixo percorre 360° em 24 horas: 1 h = 15° 1 m = 15' s = 15" • Sistemas de Coordenadas o Para determinar a posição de um astro no céu, precisamos definir um sistema de coordenadas. Nesse sistema, vamos utilizar apenas coordenadas angulares, sem nos preocuparmos com as distâncias dos astros. A posição do astro será determinada através de dois ângulos de posição, um medido sobre um plano fundamental, e o outro medido perpendicularmente a ele. Antes de entrarmos nos sistemas de coordenadas astronómicas, convém recordarmos o sistema de coordenadas geográficas, usadas para medir posição sobre a superfície da Terra. Nesse sistema as coordenadas são latitude e a longitude. § longitude geográfica ( ): é o ângulo medido ao longo do equador da Terra, tendo origem em um meridiano de referência (o meridiano de Greenwich), e extremidade no meridiano do lugar. Na Conferência Internacional Meridiana, realizada em Washington em Outubro de 1884, foi definida como variando de 0 a +180° (Oeste de Greenwich) e de 0 a -180° (Leste). Na convenção usada em astronomia, varia entre - 12h (Oeste) e +12h (Leste). § latitude geográfica ( ): ângulo medido ao longo do meridiano do lugar, com origem no equador e extremidade no zénite do lugar. Varia entre -90° e +90°. O sinal negativo indica latitudes do hemisfério sul e o sinal positivo hemisfério norte. § Definição astronómica de latitude: A latitude de um lugar é igual à altura do pólo elevado (hP). • As coordenadas geográficas não são iguais às magnéticas. Variação do Equador Magnético com o Tempo A posição dos polos magnéticos podem ser calculados usando os coeficientes medidos. O modelo atual dá a posição do polo magnético norte em 2005 em 83,21°N e 118,32°O e o polo magnético sul em 64,53°S e 137,86°E. Deslocamentos dos polos nortes e sul com o passar dos anos. Mapas de intensidade e declinação magnéticas em 2005. A intensidade do campo magnético da Terra é de aproximadamente 25 000 a 65 000 nT (0,25 a 0,65 gauss). A declinação magnética é o ângulo entre o norte magnético e o norte geográfico. A posição do centro do dipolo calculado para 2005 é (552 km, 22,2°N, 141,6°E). A posição do polo observada é de difícil determinação pois as posições mudam de dezenas a centenas de kilmometros diariamente devido às variações reais diárias e às tempestades magnéticas. A medida de 2001 mostrava uma variação de 40 km por ano. As medidas indicavam, para o polo norte: Ano Latitude (°N) Longitude (°O) 2001 81.3 110.8 2002 81.6 111.6 2003 82.0 112.4 2004 82.3 113.4 2005 82.7 114.4 • Coordenadas Astronómicas Foto tirada pela espaço nave Clementina, mostrando a Lua, a coroa do Sol nascendo atrás da Lua, e os planetas Saturno, Marte e Mercúrio. O plano da elíptica é o plano imaginário contendo a órbita da Terra em volta do Sol. Durante o ano, a posição aparente do Sol está neste plano,assim como todos os planetas estão próximos deste plano, pois foram formados no disco proto- planetário. • O Sistema Horizontal § O Sistema Horizontal utiliza como plano fundamental o Horizonte celeste. As coordenadas horizontais são azimute e altura. • Azimute (A): é o ângulo medido sobre o horizonte, no sentido horário (NLSO), com origem no Norte geográfico e extremidade no círculo vertical do astro. O azimute varia entre 0° e 360°. • Altura (h): é o ângulo medido sobre o círculo vertical do astro, com origem no horizonte e extremidade no astro. A altura varia entre -90° e +90°. O complemento da altura se chama distância zenital (z). Assim, a distância zenital é o ângulo medido sobre o círculo vertical do astro, com origem no zênite e extremidade no astro. A distância zenital varia entre 0° e 180°: (h + z = 90°) § O sistema horizontal é um sistema local, no sentido de que é fixo na Terra. As coordenadas azimute e altura (ou azimute e distância zenital) dependem do lugar e do instante da observação, e não são características do astro. • O Sistema Equatorial Celeste o O Sistema Equatorial Celeste utiliza como plano fundamental o Equador Celeste. Suas coordenadas são a ascensão reta e a declinação. • Ascensão reta ( ou AR): ângulo medido sobre o equador, com origem no meridiano que passa pelo ponto Áries, e extremidade no meridiano do astro. A ascensão reta varia entre 0h e 24h (ou entre 0° e 360°) aumentando para leste. • O Ponto Áries, também chamado Ponto Gama ( ), ou Ponto Vernal, é um ponto do equador, ocupado pelo Sol no equinócio de primavera do hemisfério norte, isto é quando o Sol cruza o equador vindo do hemisfério sul (geralmente em 22 de Março de cada ano). • declinação ( ): ângulo medido sobre o meridiano do astro (perpendicular ao equador), com origem no equador e extremidade no astro. A declinação varia entre -90° e +90°. O complemento da declinação se chama distância polar ( ). ( ). • O sistema equatorial celeste é fixo na esfera celeste e, portanto, suas coordenadas não dependem do lugar e instante de observação. A ascensão reta e a declinação de um astro permanecem praticamente constantes por longos períodos de tempo. • Sistema Equatorial Horário o Nesse sistema o plano fundamental continua sendo o Equador, mas a coordenada medida ao longo do equador não é mais a ascensão reta, e sim uma coordenada não constante chamada ângulo horário. A outra coordenada continua sendo a declinação. • Ângulo horário (H): ângulo medido sobre o equador, com origem no meridiano local e extremidade no meridiano do astro. Varia entre - 12h e +12h. O sinal negativo indica que o astro está a leste do meridiano, e o sinal positivo indica que ele está a oeste do meridiano. • Movimento Diurno dos Astros o O movimento diurno dos astros, de leste para oeste, é um reflexo do movimento de rotação da Terra, de oeste para leste. Ao longo do dia, todos os astros descrevem no céu arcos paralelos ao Equador. A orientação desses arcos em relação ao horizonte depende da latitude do lugar. • 1. Nos pólos ( = 90): Todas as estrelas do mesmo hemisfério do observador permanecem 24 h acima do horizonte (não têm nascer nem ocaso), e descrevem no céu círculos paralelos ao horizonte. As estrelas do hemisfério oposto nunca podem ser vistas. • 2. No equador ( = 0): Todas as estrelas nascem e se põem, permanecendo 12h acima do horizonte e 12h abaixo dele. A trajectória das estrelas são arcos perpendiculares ao horizonte. Todas as estrelas do céu (dos dois hemisférios) podem ser vistas ao longo do ano. • 3. Em um lugar de latitude intermediária: Algumas estrelas têm nascer e ocaso, outras permanecem 24h acima do horizonte, outras permanecem 24h abaixo do horizonte. As estrelas visíveis descrevem no céu arcos com uma certa inclinação em relação ao horizonte, a qual depende da latitude do lugar. • Passagem Meridiana de um Astro o Chama-se passagem meridiana ao instante em que o astro cruza o meridiano local. Durante o seu movimento diurno, o astro realiza duas passagens meridianas, ou duas culminações: a culminação superior, ou passagem meridiana superior, ou ainda máxima altura (porque nesse instante a altura do astro atinge o maior valor), e a passagem meridiana inferior, ou culminação inferior. No instante da passagem meridiana superior, cumpre-se a seguinte relação entre z, e : § onde o sinal + vale se a culminação é feita ao norte do zênite e o sinal - se a culminação é feita ao sul do zênite. • Estrelas Circumpolares o Estrelas circumpolares são aquelas que não têm nascer nem ocaso, descrevendo seu círculo diurno completo acima do horizonte. Portanto, as estrelas circumpolares fazem as duas passagens meridianas acima do horizonte. Para uma certa estrela com declinação ser circumpolar em um lugar de latitude deve se cumprir a relação: com e de mesmo sinal. • Importa salientar que para se derivar as relações entre os sistemas de coordenadas, é necessário utilizar-se a Trigonometria Esférica. Trigonometria Esférica e Posição do Sol • Definições básicas: o Se um plano passa pelo centro de uma esfera, ele a dividirá em dois hemisférios idênticos, ao longo de um grande círculo, ou círculo máximo. Qualquer plano que corta a esfera sem passar pelo seu centro a intercepta em um círculo menor ou pequeno. o Quando dois círculos máximos se interceptam em um ponto, formam entre si um ângulo esférico. A medida de um ângulo esférico é igual á medida do ângulo plano entre as tangentes dos dois arcos que o formam. o Um ângulo esférico também é medido pelo arco esférico correspondente, que é o arco de um círculo máximo contido entre os dois lados do ângulo esférico e distantes 90graus de seu vértice. A medida de um arco esférico, por sua vez, é igual ao ângulo que ele subentende no centro da circunferência. • Triângulos esféricos: • Um triângulo esférico não é qualquer figura de três lados sobre a esfera; seus lados devem ser arcos de grandes círculos, ou seja, arcos esféricos. Denotamos os ângulos de um triângulo esférico por letras maiúsculas (A, B, C), e os seus lados por letras minúsculas (a, b, c). o Propriedades dos triângulos esféricos 1) A soma dos ângulos de um triângulo esférico é sempre maior que 180 graus, e menor do que 540 graus, e não é constante, dependendo do triângulo. De fato, o excesso a 180 graus é directamente proporcional à área do triângulo. 2) A soma dos lados de um triângulo esférico é maior do que zero e menor do que 180 graus. 3) Os lados maiores estão opostos aos ângulos maiores no triângulo. 4) A soma de dois lados do triângulo é sempre maior do que o terceiro lado, e a diferença é sempre menor. 5) Cada um dos lados do triângulo é menor do que 180 graus, e isso se aplica também aos ângulos. • Solução de triângulos esféricos: o Ao contrário da trigonometria plana, não é suficiente conhecer dois ângulos para resolver o triângulo. É sempre necessário conhecer no mínimo três elementos: ou três ângulos, ou três lados, ou dois lados e um ângulo, ou dois ângulos e um lado. o As fórmulas principais para a solução dos triângulos esféricos são: § Fórmula dos cossenos:§ e a fórmula dos senos: • O Triângulo de Posição: o Denomina-se triângulo de posição o triângulo situado na esfera celeste cujos vértices são o pólo elevado, o astro e o zénite. § Os lados e ângulos do triângulo de posição são: • Arco entre o zénite e o pólo = 90 graus - • Arco entre o zénite e astro = z • Arco entre o pólo e o astro = 90 graus - • Ângulo com vértice no zénite = A (HN) ou A – 180 graus (HS) • Ângulo com vértice no pólo = H • Ângulo com vértice na estrela § O triângulo de posição é usado para derivar as coordenadas do astro quando conhecida a posição geográfica do lugar, ou determinar as coordenadas geográficas do lugar quando conhecidas as coordenadas do astro, também permite fazer as transformações de um sistemas de coordenada para outro. • Relações entre distância zenital (z), azimute (A), ângulo horário (H), e declinação ( ) - TPC § Pela fórmula dos cossenos, podemos tirar quatro relações entre os sistemas de coordenadas: • Efeito da precessão dos equinócios na ascenção reta e declinação - TPC § Seja a obliquidade da eclíptica, e seja a variação da longitude eclíptica de uma estrela, pela mudança de para , devido à precessão do polo, de P para P1: • Posições características do Sol • Cerca de 21 Março: Sol cruza o equador, indo do Hemisfério Sul para o Hemisfério Norte: o = 0h o = 0° o O dia e a noite duram 12hr em toda a Terra. o Nos pólos, 24hr de crepúsculo. o Equinócio (lat: equi=igual+nox=noite) de Outono no HS. o Equinócio de Primavera no HN. • Cerca de 22 Junho: Sol está na máxima declinação norte, incidindo directamente na região do Trópico de Câncer na Terra: o = 6h o = +23,5° o O dia mais curto do ano no HS, dia mais longo do ano no HN. o No pólo S, Sol sempre abaixo do horizonte. o No pólo N, Sol sempre acima do horizonte. o Solstício (lat: Sol+sticium=parado) de Inverno no HS. o Solstício de Verão no HN. Fotos tiradas por Maria de Fátima Oliveira Saraiva entre 21 de Junho de 2003 e 21 Março de 2004, ao pôr-do-sol, mostrando que o Sol se põe em pontos diferentes do horizonte no decorrer do ano. • Cerca de 23 Setembro: Sol cruza o equador, indo do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul: o = 12h o = 0° o O dia e a noite duram 12hr em toda a Terra. o Nos pólos, 24hr de crepúsculo. o Equinócio de Primavera no HS. o Equinócio de Outono no HN. • Cerca de 22 Dezembro: Sol está na máxima declinação sul incidindo directamente na região do Trópico de Capricórnio na Terra: o = 18h o = -23,5° o O dia mais longo do ano no HS, dia mais curto do ano no HN. o No pólo S, Sol sempre acima do horizonte. o No pólo N, Sol sempre abaixo do horizonte. o Solstício de Verão no HS. o Solstício de Inverno no HN. o A posição do Sol é importante até os dias de hoje, já que, além de orientação geográfica, se você quiser economizar energia, deve construir sua casa, no hemisfério sul, de modo que: § As janelas estejam direccionadas para o nordeste ou noroeste, para que a luz do Sol no inverno incida sobre elas, aquecendo o ambiente, pela manhã ou pela tarde. § Na direcção sudeste e sudoeste, devem se plantar árvores, para que façam sombras sobres as janelas no verão. § Da mesma maneira, os telhados devem, em princípio, ser inclinados para o norte, para aquecer durante o inverno. Estações do Ano e Insolação Solar § Movimento Anual do Sol e as Estações do Ano § Devido ao movimento de translação da Terra em torno do Sol, o Sol aparentemente se move entre as estrelas, ao longo do ano, descrevendo uma trajectória na esfera celeste chamada Eclíptica. § A Eclíptica é um círculo máximo que tem uma inclinação de 23°27′ em relação ao Equador Celeste. É esta inclinação que causa as Estações do ano. § Uma observação simples que permite "ver" o movimento do Sol durante o ano é através do gnômon. § Um gnômon nada mais é do que uma haste vertical fincada ao solo. § Durante o dia, a haste, ao ser iluminada pelo Sol, forma uma sombra cujo tamanho depende da hora do dia e da época do ano. § A direcção da sombra ao meio-dia real local nos dá a direcção Norte-Sul. § Ao longo de um dia, a sombra é máxima no nascer e no ocaso do Sol, e é mínima ao meio-dia. § Ao longo de um ano (à mesma hora do dia), a sombra é máxima no solstício de inverno, e mínima no solstício de verão. § A bissectriz entre as direcções dos raios solares nos dois solstícios define o tamanho da sombra correspondente aos equinócios, quando o Sol está sobre o equador. § Foi observando a variação do tamanho da sombra do gnômon ao longo do ano que os antigos determinaram a duração do ano das estações, ou ano tropical. • Estações em diferentes latitudes o Embora a órbita da Terra em torno do Sol seja uma elipse, e não um círculo, a distância da Terra ao Sol varia somente 3%, sendo que a Terra está mais próxima do Sol em Janeiro. o Mas é fácil lembrar que o hemisfério norte da Terra também está mais próximo do Sol em Janeiro e é inverno lá, enquanto é verão no hemisfério sul. o O que causa as estações é o fato de a Terra orbitar o Sol com o eixo de rotação inclinado, e não perpendicular ao plano orbital. o O ângulo entre o plano do equador e o plano orbital da Terra é chamado obliquidade e vale 23°27′. o Também podemos definir a obliquidade como a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao eixo perpendicular à eclíptica (plano orbital da Terra). o Devido a essa inclinação, à medida que a Terra orbita em torno do Sol, os raios solares incidem mais directamente em um hemisfério ou outro, proporcionando mais horas com luz durante o dia a um hemisfério ou outro e, portanto, aquecendo mais um hemisfério ou outro. o No Equador todas as estações são muito parecidas: todos os dias do ano, o Sol fica 12 horas acima do horizonte e 12 horas abaixo do horizonte; a única diferença é a máxima altura que ele atinge. o Nos equinócios o Sol faz a passagem meridiana pelo zénite, atingindo a altura de 90° no meio-dia verdadeiro. o Nas outras datas do ano o Sol passa o meridiano ao norte do zénite, entre os equinócios de Março e de Setembro, ou ao sul do zénite, entre os equinócios de Setembro e de Março. o As menores alturas do Sol na passagem meridiana são de 66,5° e acontecem nas datas dos solstícios. o Portanto a altura do Sol ao meio-dia no Equador não muda muito ao longo do ano e, consequentemente, nessa região não existe muita diferença entre inverno, verão, Primavera e Outono. À medida que nos afastamos do Equador, as estações ficam mais acentuadas. A diferenciação entre elas torna-se máxima nos pólos. • Na Terra, a região entre latitudes -23,5° (trópico de Capricórnio) e +23,5° (trópico de Câncer) é chamada de região tropical. • Nessa região, o Sol passa pelo zénite duas vezes por ano, com excepção dos dois trópicos, onde passa uma única vez. • Fora dessa região o Sol nunca passa pelo zénite. As linhas de latitudes +66,5° e -66,5° são chamadas Círculos Polares, norte ou sul. Para latitudes mais ao norte do Círculo Polar Norte, ou mais ao sul do Círculo Polar Sul, o Sol permanece 24 horas acima do horizonte no verão e 24 horasabaixo do horizonte no inverno. • Insolação Solar • A quantidade de energia solar que chega, por unidade de tempo e por unidade de área, a uma superfície perpendicular aos raios solares, à distância média Terra-Sol, se chama constante solar, e vale: o Esse valor da constante solar é medido por satélites logo acima da atmosfera terrestre. • Em geral estamos interessados em conhecer a quantidade de energia por unidade de área e por unidade de tempo que chega em um determinado lugar da superfície da Terra, que chamamos insolação do lugar. • A insolação varia de acordo: o com o lugar, o com a hora do dia, o e com a época do ano. • Se definirmos insolação solar como a quantidade de energia solar que atinge uma unidade de área da Terra, o e considerando que quando o Sol está a uma altura em relação ao horizonte, a mesma energia é espalhada por uma área • vemos que devido a variação da altura máxima do Sol para um lugar (causada pela inclinação da órbita) acontece uma variação da área iluminada na superfície da Terra e, portanto, uma variação na insolação.
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