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Paramentação e Lavagem Cirurgica

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Este guia é voltado para alunos de medicina principiantes nas convenções dos centros cirúrgicos (CC).
O primeiro passo é adentrar o vestiário do CC e remover todas as suas vestimentas, exceto pela roupa de baixo. Isto inclui adereços tais como:
Relógios
Brincos
Pulseiras
Prendedores de cabelo
Cordões
Lembrando também que as unhas devem estar sempre aparadas, limpas e sem esmalte.
Em seguida, vestem-se o “pijama cirúrgico”, composto por um par de calças e camisa. Por fim, vestimos novamente nossos calçados (fechados sempre) protegidos por propés, gorro e máscara cirúrgica. Feito isso, estamos habilitados a adentrar o corredor do CC e as salas de cirurgia.
A escovação deve ser feita por todos aqueles que irão entrar em campo, ou seja, por todos os médicos e enfermeiros que estarão em contato com os materiais estéreis. Alguns cuidados serão tomados durante todo o procedimento, tais como manter as mãos sempre mais elevadas que os cotovelos, seguir a ordem de distal para proximal e sempre abrir e fechar a torneira com a parte do braço que não foi escovada. A escovação segue os seguintes passos:
Abrir o pacote da escova embebida em solução de iodo ou clorexidina e colocar a embalagem aberta sobre a pia
Abrir a torneira e enxaguar mãos e antebraços
Pegar a escova e umedecer o lado da esponja. Com este mesmo lado você espalha o “detergente” nas mãos e antebraços
Começa-se então a escovação propriamente dita a partir das unhas. Faça uma figa com a mão e esfregue a escova na ponta dos dedos de forma a remover a sujeira que fica no espaço subungueal
Em seguida, escova-se os espaços interdigitais
Próximo passo é escovar dorso e palma da mão
Faces ulnar e radial…
O antebraço é escovado em todo a sua extensão num movimento de vai-e-vem
Por último, o cotovelo e um pouco da parte distal do braço (1-2cm)
Finalizamos com enxague, que começa sempre pela ponta dos dedos e termina no cotovelo. O enxague é em passada única, ou seja, é proibitivo “voltar” para enxaguar uma parte que foi esquecida. Mantenha sempre as mãos mais elevadas que os cotovelos
Feita a escovação, adentramos a sala de cirurgia abrindo a porta desta com as costas. Mantenha sempre as mãos mais elevadas que os cotovelos!!!
Dentro da sala, geralmente, a instrumentadora estará te esperando, tendo separado já um par de luvas no seu tamanho e capote esterilizado. Ela te entregará uma compressa estéril para que você seque as mãos. Use um lado da compressa para o membro esquerdo e outro para o membro direito. Comece secando os dedos e em seguida mãos. Quando secar os antebraços, vale a regra da passada única do enxague da escovação. Mais ainda, devemos secar o antebraço em um movimento de espiral, no sentido de distal para proximal.
A instrumentado irá te apresentar o capote aberto com a face interna voltada para você. Vista-o deslizando mãos e braços através das mangas. Mantenha sempre as mãos mais elevadas que os cotovelos e apenas deixe o capote deslizar pelos seus braços. Suas mãos deverão ultrapassar a abertura distal da manga, mas sim mantê-las ocultas pelas mangas. Um circulante irá vir por trás para amarrar a parte posterior do colarinho do capote. Com suas mãos envoltas pelas mangas, segure a extremidade do cartão que prende as fitas da cintura. O circulante irá pegar o cartão pela extremidade oposta de forma a soltar uma das fitas. Logo que ele fizer isso, gire 360 graus sobre seus próprios pés. A fita estará em volta do seu corpo, te permitindo que você puxe a fita para amarrá-la com a outra.
Por último, a instrumentadora irá lhe apresentar a luva aberta para que você calce com facilidade e rapidez.
A paramentação da equipe cirúrgica exige a realização de procedimentos específicos, executados em passos padronizados e com observação rigorosa dos princípios científicos. 
Estes procedimentos são:
Degermação das mãos;
Vestir avental e roupa esterilizados;
Calçar as luvas esterilizadas.
Escovação
Voltaremos a comentar aqui a questão da lavagem das mãos. É importante sempre relatar que esse simples procedimento pode salvar muitas vidas.
Esse é um procedimento muito simples, porém, menosprezado pelos profissionais da área de saúde, e o instrumentador cirúrgico se encaixa neste contexto.
É comprovado cientificamente que para um controle eficaz da infecção hospitalar, é necessário um acompanhamento rigoroso de rotinas relacionadas com a assepsia e antissepsia.
Hoje, o principal dilema de toda a comissão de controle das infecções hospitalares é saber qual o agente antisséptico ideal para uso diário, e claro, com um custo menor.
A lavagem das mãos depende dos seguintes fatores:
Intensidade de contato com os pacientes;
Grau de contaminação passível de ocorrer com o contato;
Da susceptibilidade do paciente às infecções nosocomiais;
Do procedimento a ser realizado.
É necessário lavar as mãos nas seguintes ocasiões:
Quando estiverem sujas;
Antes e após o contato direto com o paciente;
Antes de administrar a medicação ao paciente;
Ao preparar materiais e equipamentos;
Na manipulação de cateteres, equipamentos respiratórios e na manipulação do sistema fechado de drenagem urinária;
Antes e após realizar trabalho hospitalar;
Antes e após realizar atos e funções fisiológicas ou pessoais;
Ao preparar micronebulização;
Na coleta de material para exame propedêutico;
Antes e após uso de luvas;
Antes e depois de manusear alimentos;
Antes e depois de manusear cada paciente e, eventualmente, entre as atividades realizadas num mesmo paciente.
Existem algumas recomendações importantes quanto ao uso de antissépticos, são elas:
Detergentes com água podem remover fisicamente certa quantidade de micro-organismos, mas os agentes antissépticos são necessários para matar ou inibir a proliferação de micro-organismos.
Existem estudos aleatórios que mostraram que a aplicação tópica de álcool a 70% em mãos contaminadas reduz em 99,7% a flora bacteriana local. Contudo, mesmo quando se utiliza um antisséptico, existe um limite de eficácia, dependendo da frequência ou intensidade da limpeza das mãos. 
As preparações a base de álcool levam menos tempo para exercer seu efeito máximo que as soluções contendo gluconato de clorohexidina. Porém há estudos que demonstram que o simples uso frequente de água e sabão para lavar as mãos aumenta a flora disponível na superfície da pele, liberando a flora residente, ou seja, água e sabão simplesmente removem as bactérias mais superficiais, mas não eliminam aquelas liberadas das camadas mais profundas.
Os produtos que impedem o crescimento bacteriano ou até mesmo aqueles que eliminam as bactérias, ao se infiltrarem no extrato córneo, apresentam atividade residual duradoura, reduzindo o risco de contaminação mesmo por bactérias da flora residente.
Podemos concluir então, que a ação primária dos sabões simples é a remoção mecânica dos micro-organismos superficiais. Os sabões antimicrobianos, além da remoção mecânica, matam ou inibem o crescimento tanto da flora superficial como da residente.
Características dos Principais Antissépticos
Atualmente não existe um antisséptico ideal para todos os usos, mas podemos realizar uma seleção dos mais apropriados, baseados em três estágios importantes. São eles:
Determinar as características do antimicrobiano tópico desejado, como por exemplo, não ser absorvível por mucosas ou pele, persistência, rapidez na redução da flora, espectro de atividade;
Rever e avaliar a segurança e eficácia na redução das contagens microbianas;
Considerar a aceitação do produto e os seus custos.
Álcoois
Atuam desnaturando proteínas e possuem excelente atividade bactericida contra bactérias gram-positivas, gram-negativas e bacilos da tuberculose.
Apesar de não eliminarem os esporos, apresentam certa atividade contra vários fungos e vírus, incluindo o vírus sincicial respiratório, o vírus da Hepatite B e o HIV. A aplicação por 15 segundos é capaz de prevenir a transmissão de bactérias gram-negativas pelas mãos. Enxaguar as mãos com água abundante por1 minuto com uma solução de álcool mostrou ser um dos métodos mais eficazes de antissepsia.
Não são bons agentes para limpeza, não sendo recomendados na presença de contaminação grosseira. Apesar de não deixarem um efeito residual eficaz, as contagens microbianas após seu uso, continuam caindo por várias horas após a colocação de luvas estéreis, provavelmente resultado da contínua morte de micro-organismos danificados.
A concentração de álcool, entre 60% e 90%, é bem mais importante que o tipo. Geralmente, utiliza-se uma concentração de 70%, pois causa menos ressecamento cutâneo e dermatite química, e é mais barata que concentrações superiores. 
As principais desvantagens do álcool são:
Ressecamento da pele;
O fato de ser inflamável, aumentando os cuidados na sua armazenagem.

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