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16 UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL FÍSICA ACÚSTICA PARA FONOAUDIOLOGIA Prof.: Moacyr Marranghello Bases Físicas da Fonação Esta aula é uma reprodução praticamente literal do capítulo 12 "Bases Físicas da Fonação" do livro "Acústica e Psicoaústica Aplicadas à Fono- audiologia" de Ieda C. P. Russo - 1993. Fisicamente o aparelho fonador é uma fonte de vibração acoplada a um sistema res- sonador. A fonte é a laringe e o sistema resso- nador o trato vocal. Utilizaremos a Teoria Mio-Elástica - Ae- rodinâmica (Van Den Berg, 1958), que descre- ve a fonação como sendo o inter- relacionamento das forças aerodinâmicas da respiração e da força elástica dos tecido mus- culares da laringe. O suprimento de energia: O objeto trabalhado durante a fala é o ar existente nos tratos oral e respiratório, isto é, o ar contido nos pulmões, traquéia, laringe, fa- ringe, nariz e boca. Quando falamos, executa- mos movimentos que agem neste espaço e os sons da fala devem ser produzidos sob forma de corrente contínua, que dura um tempo con- siderável, a fim de possibilitar sua emissão. Dessa forma a força necessária não é aplicada em um breve momento, como se estivéssemos percutindo um diapasão. Quando não estamos falando, a respira- ção envolve um atividade rítmica, composta, basicamente, de duas forças: a de inspiração e a de expiração. A força de inspiração expande o volume do pulmão pela elevação da caixa toráxica, puxando o ar de fora para dentre; a força de expiração contrai o volume do pulmão pelo abaixamento da caixa toráxica, soltando o ar de dentro para fora, em uma médida de 15 vezes por minuto. Ambas possuem tempo rela- tivamente iguais, ou seja, se gastamos 4 se- gundos para respirar, levamos 2 segundos na inspiração e 2 segundos na expiração. Ao fa- larmos, contudo, usamos somente a fase da expiração e, com isso, aumentamos conside- ravelmente o tempo desta fase, em casos ex- tremos 10 a 15 segundos, o que exige um grande reservatório de ar como suprimento de energia. A corrente de ar proveniente dos pul- mões é responsável pela força utilizada na produção dos sons da fala. Durante a fala, parte do trato vocal é constrita de tal modo a impedir que esta corrente de ar escape, au- mentando, assim a pressão do ar na traquéia. Esta pressão é a base fundamental dos sons da fala, que se originam de variações de pres- são de ar, movimentos de vai-e-vem ou oscila- ções, primeiramente de estruturas sólidas e depois das partículas de ar em torno de sua posição de equilíbrio. Na fonação, a laringe desempenha esta função, através da vibração das ou pregas vocais. "É o mecanismo respiratório que proporciona o suprimento de energia necessário à fonação." A laringe como fonte sonora: "A vibração das cordas vocais exige uma aproximação (adução) das mesmas da linha média e, ao assim procederem, obstruem a passagem do fluxo aéreo expiratório ao nível da glote. Com isto ocorre um aumento da pressão subglótica até atingir níveis suficientes para forçar a abertura da cordas vocais e su- perar a resistência oferecida por esta obstru- ção." (Tabith Jr, 1980) Opondo-se a este fluxo aéreo encontra- mos a resistência dos ligamentos e músculos que, por terem sua elasticidade forçada ou terem sido removidos da posição original de equilíbrio, tendem a retornar o mais rapida- mente possível àquela posição, obstruindo 17 novamente a passagem do fluxo de ar. Tais ciclos de abertura e fechamento são repetidos, formando uma corrente pulsátil que constituirá a vibração necessária para a produção de sons complexos, constituídos de uma freqüên- cia fundamental e uma série de harmônicos, ou seja, os sons da fala. Além da resistência glótica, o retorno das pregas vocais também deve-se a um fenôme- no físico conhecido como efeito Bernoulli. O matemático Bernoulli descobriu que a veloci- dade do fluxo de um fluido através de um tubo é inversamente proporcional à sua pressão nas paredes do mesmo. Matematicamente pode-se escrever: 2vµp 2 1K ×××= onde: K = constante; P = pressão que o fluido exerce; µ = densidade do meio; v = velocidade do fluido; Em resumo, o rápido aumento da veloci- dade do ar quando as pregas vocais se abrem resulta em uma queda abrupta na pressão e num conseqüente efeito de sucção que propi- cia o novo fechamento das cordas vocais. Variação da freqüência na laringe: A freqüência fundamental de uma voz é, por definição, "a freqüência glótica, a freqüên- cia da onda complexa e a freqüência do pri- meiro harmônico" (Behlau e col., 1986). Grupos fo (Hz) Homens 113,01 Mulheres 204,91 Crianças 235,76 Média dos valores de freqüência fundamental (fo) para diferentes grupos de indivíduos da ci- dade de São Paulo (Behlau, 1984) Os fatores físicos que regulam a fre- qüência de vibração são a massa, o compri- mento e a tensão das pregas vocais, todos controlados pelos músculos intrínsecos e ex- trínsecos da laringe. Embora as pregas vocais não se com- portem como cordas vibrantes de um instru- mento musical, pode-se fazer uma analogia entre ambas. Sabemos que as cordas vibran- tes que produzem as notas musicais mais gra- ves, isto é, de menor freqüência, são as de maior massa e comprimento, porém, de menor tensão. Para as freqüências altas, portanto notas musicais agudas, são necessárias cor- das vibrantes delgadas, mais curtas e bem esticadas, tensas. No mecanismo da laringe as partes vi- brantes podem assumir as mais diferentes configurações e, em conseqüência, a interação dos efeitos massa, comprimento e tensão será extremamente complexa. Contudo, para cada configuração, tais efeitos são determinados pela ação muscular e o modo de vibração é o resultado da interação destes três fatores físi- cos. Funções da vibração da laringe na fonação: TORNAR OS SONS AUDÍVEIS; A intensidade da voz decorre de três fa- tores: pressão de ar subglótica, quantidade de fluxo aéreo e resistência glótica. As modificações na intensidade da voz dependem da freqüência. Nas freqüências baixas, a resistência glótica é fundamental para a variação da intensidade da voz, tornan- do-se menos importante nas freqüências mais altas, até que nas extremamente altas a inten- sidade da voz é controlada somente pelo vo- lume e pela velocidade do fluxo aéreo (Tabith Jr., 1980). VARIAÇÃO DA FREQÜÊNCIA FUNDAMENTAL; A freqüência fundamental de vibração da pregas vocais é um dos mais importantes as- pectos da atividade laríngea. Varia continua- mente durante a fonação e, conseqüentemen- te, a altura da voz nunca é a mesma no decor- rer do tempo. A área de freqüências
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