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1 CONTABILIDADE INTERNACIONAL Curso de Ciências Contábeis Prof. Me. Hugo David Santana 2 INTRODUÇÃO • Atendendo ao objetivo informativo da Contabilidade, a consolidação de demonstrações contábeis visa apresentar a posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as mutações patrimoniais e os fluxos de caixa, da sociedade investidora juntamente com suas investidas, como se o grupo fosse uma única entidade econômica. • De maneira geral a IRFS 3 estabelece os procedimentos a serem adotados por uma entidade quando esta participa de uma combinação de negócio. 2 Tema 5 – IAS 27 e IAS 31, CONSOLIDAÇÃO E PARTICIPAÇÃO EM JOINT VENTURES E IAS 28, INVESTIMENTO EM COLIGADAS Tema 6 – IFRS 3, COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS 4 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 5 • Como funciona o processo de consolidação? • Todas as investidas fazem parte do processo de consolidação? • Que tipo de método a investidora deve utilizar para avaliar os investimentos em controladas e coligadas? • Quais os itens obrigatórios de divulgação em notas explicativas? • O que é uma joint venture? • Qual a diferença entre coligada e subsidiária? OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM 6 • Qual o método que deve ser utilizado pela empresa quando esta efetua uma combinação de negócios, segundo a IFRS 3? • Como reconhecer a empresa adquirente? • O que é um goodwill negativo? • O que é uma combinação de negócios? • Quais os tipos de combinação de negócios? 3 BREVE HISTÓRICO DA CONSOLIDAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS • No Brasil, a Circular nº 179, de 11 de maio de 1972, em seu item XI, alínea “e”, do Banco Central do Brasil, determinou que sempre que os investimentos e empresas coligadas, subsidiárias ou dependentes forem significativos o auditor elaborará, complementarmente, com as ressalvas que julgar cabíveis, parecer sobre o balanço consolidado e a demonstração de resultados consolidados relativos ao grupo. A Petrobrás foi o empreendimento que publicou o primeiro balanço consolidado no Brasil, em 1974. BALANÇO CONSOLIDADO PETROBRÁS NORMAS CONTÁBEIS • As normas internacionais e brasileira de contabilidade que tratam das matérias contábeis “investimento em coligada e em controlada” e “consolidação de demonstração contábeis”, são semelhantes em seus aspectos conceituais e técnicos: 4 Técnica ICPC 09, do Comitê de Pronuncia Internacional: IAS 28 e IAS 27, do International Accounting Standards Board; Brasil: Pronunciamento Técnico CPC 18 e CPC 36, e Interpretação Contábeis. TEORIA GERAL DA CONSOLIDAÇÃO DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Definições As definições apresentadas a seguir foram extraídas do CPC 36: • Demonstrações Consolidadas: “São as Demonstrações Contábeis de um conjunto de entidades (grupo econômico), apresentadas como se fossem as de uma única entidade econômica”; • Controle: “ é o poder de governar as políticas financeiras e operacionais da entidade de forma a obter benefício das suas atividades”; • Grupo Econômico: “ é a controladora e todas as suas controladas”; • Participação de não Controladora: “ é a parte do patrimônio líquido da controlada não atribuível, direta ou indiretamente, à controladora”. 5 • Consolidação das Demonstrações Contábeis é a metodologia contábil e financeira de somar os ativos e passivos e os resultados de todas as empresas de um grupo empresarial, reunindo as informações dentro de um único conjunto de Demonstrações Contábeis. • Essas demonstrações contábeis são aplicáveis quando a empresa principal faz parte de um grupo de empresas, e tem sob seu controle uma ou mais empresas desse grupo. • Nessa condição, é muito importante a avaliação econômico-financeira do grupo, de forma aglutinada, do que a avaliação da empresa feita de forma individual. • O Objetivo da consolidação das demonstrações contábeis é permitir uma visão global e geral do grupo, seus elementos patrimoniais e capacidade de geração de receitas e lucro. 1. Somar todos os elementos patrimoniais do ativo e passivo e as receitas e despesas das demonstrações de resultado. 2. Eliminar todas as transações entre as empresas do grupo constantes da demonstração do resultado e os elementos patrimoniais do ativo e passivo, decorrentes de outras transações entre as empresas do grupo. Para tanto, são necessários dois critérios básicos para se efetuar a consolidação das Demonstrações Contábeis: 6 • O Método da Equivalência Patrimonial (MEP) consiste na atualização do valor dos investimentos feitos em coligadas ou em controladas, e em outras sociedades que façam parte do mesmo grupo ou estejam sob controle comum, com base na variação ocorrida Patrimônio Líquido dessas sociedades. MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL O CPC 18, assim define o Método da Equivalência Patrimonial: “é o método de contabilização, por meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e, posteriormente, ajustado pelo reconhecimento da parte do investidor nas alterações dos ativos líquidos da investida. “ DEFINIÇÃO CPC 18 Aparentemente, a aplicação do MEP consiste em uma tarefa relativamente simples. Acompanhe o exemplo a seguir: Suponhamos que no Balanço Patrimonial da Empresa A, levantado em 31/12/X1, conste no subgrupo investimentos do Ativo Não-Circulante, um investimento no valor de R$ 240.000,00, no capital da Cia B. Vamos assumir que a participação de A no capital de B corresponde a 40%. 7 Suponhamos, agora, que em 31/12/X2, no Balanço Patrimonial de B, constem as seguintes contas e valores: Patrimônio Líquido: Capital ........................................R$ 600.000,00 Reservas de Lucros.......................R$ 300.000,00 Total............................................R$ 900.000,00 Portanto, ao apurar os seus resultados em 31/12/X2, a investidora deverá atualizar o valor do seu investimento em B, em decorrência da variação ocorrida no Patrimônio Líquido de B, para que o valor do investimento constante do subgrupo investimentos do Ativo Não-Circulante de A, continue a equivaler a 40% do Patrimônio Líquido de B. O cálculo para fins de atualização do investimento é simples: como a participação de A em B corresponde a 40% do capital de B, faremos : 40 % de R$ 900.000,00 = R$ 360.000,00 Esse valor encontrado, pela aplicação do percentual de participação no valor do Patrimônio Líquido de B, que foi igual a R$ 360.000,00, corresponde ao valor atualizado do investimento de A em B, que deverá figurar no Balanço Patrimonial de A. Para apurar o valor da variação, faremos: Valor do Invest. Atualizado (40% do PL Atual de B)...........360.000,00 (-) Valor Original do Investimento.....................................(240.000,00) (=) Valor da Correção........................................................120.000,00 8 CONTABILIZAÇÃO: Investimentos na Coligada B a Receitas de Participação Societárias Atualização que se processa na conta investimentos, conforme variação apurada pelo MEP, conforme cálculos.........120.000,00 COLIGADAS • São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa. (§ 1º. Do artigo 248 da Lei nº 6.404/1976). Veja, também os § 4º. E 5º do mesmo artigo citado: “§ 4º. Considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou exercem o poder de participar nas decisões das políticas financeiras e operacional da investida, sem controlá-la. §5º. É presumida influência significativa quando a investidora for titular de vinte por cento ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la.” Exemplo 01: A Cia X possui 9% do total das ações da Cia Y. Supondo que aquela tenha influência significativa nesta, então X e Y são coligadas. Cia X Cia Y com influência X e Y SÃO coligadas 9% ações (ordinárias ou não) 9 Exemplo 02:A Beta S/A possui 17% do total das ações da Gama S/A. Supondo que aquela Não tenha influência significativa nesta, então Beta e Gama Não são coligadas. BETA GAMA sem influência BETA E GAMA NÃO SÃO coligadas 17% ações (ordinárias ou não) Exemplo 03: A Cia T possui 23% do total das ações da Cia R, sendo todas essas ações com direito a voto nas assembléias de acionistas (ações ordinárias). Assim, T e R são coligadas, independentemente de qualquer outro fato, pois há presunção de influência significativa. CIA T CIA R fonte: Ferrari, 2011, p. 850 (adaptado) T e R SÃO coligadas 23% ações (ordinárias) CONTROLADAS • Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores (§2º. do artigo 243 da Lei nº 6.404,/76.) 10 CONTROLADAS – NBC TG 18 • Vejamos a definição extraída do item 2 da NBC TG 18. “Controlada é a entidade, incluindo aquela não constituída sob a forma de sociedade tal como uma parceira, na qual a controladora, diretamente ou por meio de outras controladas, é titular de direitos de sócios que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores.” CONTROLADAS EM CONJUNTO (JOINT VENTURE) Veja as definições extraída do item 3 da NBC TG 19: • Empreendimento controlado em conjunto (Joint Venture) é o acordo contratual em que duas ou mais partes se comprometem à realização de atividade econômica que esta sujeita ao controle conjunto. • Controle Conjunto é compartilhamento do controle, contratualmente estabelecido, sobre uma atividade econômica e que existe somente quando as decisões estratégicas, financeiras e operacionais relativas à atividade exigem o consentimento unânime das partes que compartilha o controle (os empreendedores). • Empreendedor é um dos participantes em determinado empreendimento controlado em conjunto, que detém o controle compartilhado sobre esse empreendimento. 11 Exemplo: A Cia M possui 70% do capital da Cia N e esta, por sua vez, possui 60% do capital da Cia P. Todas as ações do capital social das investidas são ordinárias. Cia M Cia N Cia P 70% 60% Assim temos as seguintes conclusões: • A Controladora M controla diretamente a controlada N com 70%. • A Controladora N controla diretamente a Controlada P com 60%. • A Controladora M controla indiretamente, através de N, a controlada P com 60%. • A participação indireta de M em P é de 70% x 60%, ou seja, 42%. Fonte: Ferrari 2011 p. 851 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS E GOODWILL Normas Contábeis A matéria combinação de negócio e goodwill é regulamentada pelas seguintes normas contábeis internacionais e brasileiras, as quais são semelhantes em seus aspectos relevantes: • Internacional: IFRS 3, da International Acoounting Standards Board; • Brasil: Pronunciamento Técnico CPC 15, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis; 12 • A IFRS 3 e o CPC 15 estabelece princípios e exigências a respeito da forma como a empresa adquirente deve: a. Reconhecer e mensurar, em suas demonstrações contábeis, os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos e as participações societárias de não controladores na adquirida; c. Determinar as informações que devem ser divulgadas para possibilitar que os usuários das demonstrações contábeis avaliem a natureza e os efeitos financeiros da combinação de negócios. b. Reconhecer e mensurar o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) da combinação de negócios ou o ganho proveniente de compra vantajosa; ASPECTOS CONCEITUAIS • A IFRS 3 e o CPC 15 define combinação de negócios, controle e goodwill da seguinte forma: combinação de negócios é uma operação ou outro evento por meio do qual um adquirente obtém controle de um ou mais negócios independentemente da forma jurídica da operação; controle é o poder para governar a política financeira e operacional da empresa de forma que obtenha benefícios de suas atividades. 13 ágio por rentabilidade futura (goodwill) é um ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes do ativos adquiridos em combinação de negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente reconhecidos. Combinações de Negócios: são operações que correspondem à junção de empresas diferentes em uma única empresa. Portanto, é uma junção de empresas distintas em uma única entidade econômica, como resultado da união entre duas empresas ou de uma empresa ter obtido controle sobre o ativo líquido e operações de outra. • Essas operações são muito complexas e apresentam aspectos contábeis e fiscais que devem ser observados. Um dos aspectos contábeis diz respeito à mensuração e reconhecimento do ágio nas demonstrações contábeis. O ágio também pode ser considerado como o goodwill, que, de acordo com alguns estudiosos, reflete a diferença entre o valor justo de uma empresa. RECONHECIMENTO DO ÁGIO 14 Iudícibus e Marion (2000) consideram que o conceito correto de goodwill é a diferença entre o valor da empresa e o valor de mercado dos ativos e passivos, e relatam que: “ A diferença entre o valor de empresa e o valor contábil dos ativos e passivos é denominada, nos meios contábeis, de ágio, e não goodwill”. 41 ATIVIDADE 1 – O método da equivalência patrimonial foi adotado pela atual Legislação Societária para avaliar e contabilizar as aplicações em determinadas participações no capital de outras empresas. Tal metodologia: A( ) não deve ser adotada para avaliação de investidas nas quais a investidora detém em conjunto com outras investidoras, o controle comum, ou seja, o controle é compartilhado. B( ) deve ser adotada também para os casos de investimentos em controladas indiretas que são aquelas investidas nas quais a controladora, através de outras controladas, é titular de direito de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores; C( ) deve ser adotada para avaliação de investimentos em todas as coligadas, mesmo que a participação seja menos de 10% (dez por centro) e que a investidora não exerça influência significativa; D( ) não reconhece a participação da investidora no resultado do exercício das investidas. Resposta: Letra “B” 15 FINALIZANDO • O Pronunciamento técnico CPC 18 – Investimento em Coligada e em Controlada – emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), com base na Norma Internacional de Contabilidade – IAS 28, definindo as regras e procedimentos que deverão ser aplicados para cálculos e contabilização da Equivalência Patrimonial.
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