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Int. a Ciencia do Direito - Sociedade, Estado e Nação

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Introdução à Ciência do Direito – AULA 2 (09/08/17)
A origem da sociedade pode ser explicada a partir de pelo menos duas teorias, a saber:
Impulso associativo natural, significando que a sociedade resulta da própria natureza social do homem, isto é, por necessidades afetivas, de cooperação, de satisfação da vida material e por vontade própria, os homens passaram a viver em agrupamentos.
Contratualismo, significando que primeiramente os homens viveram em estado de natureza, no qual predominava a liberdade absoluta. Em certo momento histórico, celebraram um grande acordo tácito de vontade, no qual renunciavam mutua e reciprocamente parte de suas liberdades em favor do interesse geral.
O que é Sociedade?
A sociedade não é exatamente um conceito, uma noção concreta. Se eu chegar para vocês e disser “tira uma foto da sociedade aí para mim, por favor”, dificilmente vocês vão conseguir. Se eu disser “me dá o telefone da sociedade aí, que eu preciso falar com ela”, vocês também não vão conseguir. E, provavelmente, se eu pedir qualquer coisa em concreto para a sociedade, vocês não vão conseguir. Por que? Porque a sociedade é um conceito ideal. Não é um conceito em concreto, é uma ficção. O que demarca, que essencialmente caracteriza a sociedade, é exatamente o fato dela se constituir em um agrupamento. Isso fica claro quando a gente percebe que toda sociedade tem algumas características, que são explicadas de diferentes maneiras dentro da Sociologia. Por exemplo: a sociedade pelos funcionalistas é vista de um jeito, pelos fenomenológicos e vista de outro, e por aí vai. Ou seja, a sociedade não tem sobre si uma unanimidade conceitual. Como a gente precisa ter alguma noção do conceito de sociedade para entender o direito, a gente vai definir a sociedade a partir dos seus elementos básicos: Toda sociedade é um agrupamento humano. Toda sociedade tem algum tipo de organização. Toda sociedade está em um determinado espaço territorial e vive em uma determinada época. Consequentemente, podemos dizer então que: “ A Sociedade, entre vários conceitos, pode ser entendida como um grupo de indivíduos que formam um sistema semiaberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo. Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas; é um agrupamento interdependente”. Ou seja, o que nós temos aqui: primeiro, a sociedade é um grupo de pessoas. Esse grupo de pessoas tem uma organização, ocupa certo espaço territorial, numa determinada época. Então, o que eu posso dizer é que sociedade é um agrupamento humano organizado sob determinadas regras, que numa determinada época histórica ocupa certo território. Essa é uma definição muito básica, mas serve para entendermos minimamente do que estamos tratando. Sociedade é um agrupamento humano que, entre outras coisas, tem uma característica: não tem interesses comuns. Conclusão: Sociedade é um grande agrupamento humano, um agrupamento humano numeroso, onde prevalecem as disputas de interesses. Nós vivemos em uma sociedade em que há múltiplos e variados interesses das mais diversas espécies. Por exemplo: existem pessoas que estão o tempo inteiro querendo te vender alguma coisa e você não quer comprar nada. Existem pessoas querendo que você trabalhe para elas de graça e você quer receber. Existem pessoas que professam uma determinada religião e que se opõem a outras, e você tem os conflitos religiosos. Existem grupos que pretendem denunciar e outros que não querem ser denunciados. Em toda sociedade há diferença de interesses. A sociedade é um espaço de interesses contrários. Na sociedade prevalecem múltiplos, incontáveis, interesses e muitos deles antagônicos entre si. Em breve veremos o conceito de Nação, que é fechado. O que caracteriza uma nação? Três coisas: língua, cultura e história. Ou seja, nação é um conceito fechado, ao contrário do conceito de sociedade, que é semiaberto. A Sociedade é um conceito semiaberto porque não há uma ideia de fechamento daquele grupo, você tem diversidade cultural, diversidade histórica, diversidade linguística e você pode fazer outras aberturas. É possível, por exemplo, falar na sociedade brasileira do século XX. Nesse caso, estarei dizendo o seguinte: a sociedade dos anos 1920 é igual à dos anos 1980, ou seja, é um sistema semiaberto porque não há um limite de fechamento, há outras noções. 
O que é Comunidade?
Acabamos de ver que toda sociedade pressupõe interesses distintos, portanto, a única coisa que há em comum entre os indivíduos de uma sociedade são certas regras, certo espaço territorial e, finalmente, certa época histórica. No entanto, quando falamos de uma outra noção, a noção de Comunidade, temos um fechamento maior. Por que? Porque Comunidade e Sociedade são noções distintas. Uma Comunidade vive mediante interesses comuns, por isso o nome COMUNIDADE. Além disso, uma sociedade é um agrupamento muito mais numeroso do que uma comunidade. Dentro de uma sociedade existem várias comunidades: as igrejas são típicos exemplos de comunidades, pois as pessoas estão ali com os s interesses, teoricamente (louvar a Deus, crescer espiritualmente, etc). Ou seja, esses agrupamentos tem um fechamento em si. Que fechamento é esse? É a ideia do interesse comum. Consequentemente, percebemos o seguinte: muitas coisas que nos acostumamos a chamar de comunidade não são comunidades. Geralmente, quem mora na favela diz: “eu moro na comunidade”. Não, não mora. Na favela existem muitos interesses conflitantes. Às vezes você quer dormir e tem um cara ouvindo o bonde do tigrão e você tem que ouvir com ele, vai fazer o que? Então, percebam o seguinte: a sociedade se caracteriza por ser tão semiaberta que você pode simplesmente fazer um recorte temporal (a sociedade brasileira dos anos 70, ou a sociedade brasileira de 2017, ou até um recorte espacial simplesmente: a sociedade americana, a sociedade carioca, etc). Sociedade é um conceito muito aberto, comunidade não. Quando eu digo comunidade, já estou dizendo que é um agrupamento humano pequeno com interesses comuns. A noção de comunidade é menor, mais restrita que a de sociedade. Sociedade é uma noção que comporta dentro de si uma comunidade. Dentro de uma sociedade pode haver várias comunidades, mas dentro de uma comunidade não pode haver uma sociedade. Simplesmente porque o conceito de sociedade é mais amplo que o de comunidade.
O que é o Estado?
Quem melhor definiu o estado foi o rei Luís XIV, da França: “o Estado sou eu”. E ele estava certo. Em geral, se quisermos saber o que é o Estado, teremos que estudar a Teoria Geral do Estado, porque o Estado é um conceito tão complexo, quanto indeterminado. O que é o Estado? De onde vem? Um belo dia, eu estava em um debate com um cidadão chamado Flávio Bolsonaro e eu trabalho com Direitos Humanos, mais especificamente com direito da mulher. Uma das coisas que ele disse foi o seguinte: “o Estado não tem que se meter em briga de marido e mulher! ”. Aí ele soltou a segunda perola: “o Estado não tem que se meter quando a mulher apanha, foi ela que escolheu casar”. Daqui a pouco ele diz assim: “ o Estado não tem que se meter quando você tem problemas de homofobia, porque foi o cara que escolheu ser gay”. Bom, eu ouvi aquilo tudo e mesmo dando aula de direitos humanos esse tempo inteiro, você não me vê discutindo em sala, porque eu acho que a gente não discute com fascista. Aí eu esperei ele fazer aquele discurso todo, “BOLSONARO 2018” e só fiz uma pergunta pra ele: “Deputado, o que você está chamando de Estado? ”. Ele enlouqueceu: “Você tá de sacanagem?! Você tá de brincadeira?! Eu tô falando sério e você tá de brincadeira, de molecagem?! “ Aí gritou mais um pouco, como todo fascista, né. E eu falei: “não, só te perguntei o que você está chamando de Estado, porque o que você está fazendo é humanizando o Estado”. O que o fascista geralmente faz? Em geral, a gente tem essa tendência: “o Estado não investe na educação, isso é uma missão do Estado. O Estado quebrou, o Estado não fez, o Estado abandonou asnossas crianças, o Estado não cuida da família brasileira! ” Aí quando ele veio com “ família brasileira” eu não pude perder a oportunidade: “o que você chama de família brasileira? Porque isso é outra construção. “A Família Brasileira”, existe isso? Cada um de nós tem uma configuração familiar que não tem nada a ver uma com a outra”. Essas construções todas são ideais. O Estado do Rio não quebrou, ele não acordou um dia de TPM e disse: “Hoje eu vou quebrar! ”. Aconteceu que, nesta ordem: Chagas Freitas, Leonel Brizola, Moreira Franco, Marcelo Alencar, Anthony Garotinho, Rosinha Garotinho, Sérgio Cabral e Pezão quebraram as finanças públicas do que nós chamamos de estado do Rio de Janeiro. O que é o Estado? O Estado não existe, o Estado é uma construção jurídica, é uma ficção jurídica. Por que você tem que estudar um período de Teoria Geral do Estado? Alguém estuda um período de Teoria Geral do José da Silva? Não, porque o José da Silva é concreto, ele existe. O Estado não. Consequentemente, o Estado não quebrou, algumas pessoas destruíram as finanças públicas. Consequentemente, o Estado não tem que “se meter” em determinadas coisas, o Estado é uma Ordem Jurídica antes de tudo, ou seja, se você tem previsão legal para que o Estado “se meta”, cumpra-se as regras. É isso que o fascista não entende, ele acha que você tem simplesmente que meter a porrada em bandido porque ele quer se vingar, porque ele está com raiva do bandido. Ainda que esteja, se candidata a deputado federal e muda a Lei, só não pede para fazer o que não tem previsão legal. Por que? Porque um dia vão fazer com você. Mas, voltando, o que é o Estado? O Estado tem algumas características. O que essencialmente caracteriza o Estado? Você já ouviu a expressão “Constituição”. O que é uma Constituição? A constituição é exatamente o documento que constitui juridicamente o Estado, por isso o nome “Constituição”. O Estado é, antes de tudo e principalmente, uma Ordem Jurídica. Não há Estado se não houver uma Ordem Jurídica, porque o Estado só existe quando você tem uma lei que o constitui. Dito de outra forma: o que demarca a existência de um Estado é a constituição. Há, portanto, uma ordem jurídica. Mas essa ordem jurídica necessariamente precisa se garantir, ou seja, esta ordem jurídica precisa se fazer valer. Adianta dizer que não pode matar, mas se eu matar alguém não vai acontecer nada comigo? Por isso, o Estado precisa ter o direito de usar a força. E ele tem. Aliás, o monopólio do uso da força é do Estado. Consequentemente, essa Ordem Jurídica também estabelece o monopólio do uso da força a quem atue em nome dessa Ordem Jurídica. Não adianta ter Ordem Jurídica, não adianta ter o monopólio do uso da força, se esse Estado (ou essa Ordem Jurídica detentora do monopólio do uso da força) não tem soberania. O que é soberania? É o atributo do Estado que lhe permite auto organizar-se, auto constituir-se e autodeterminar-se. Dito de outra forma: existem atributos que fazem dos objetos o que eles são e se esses atributos não existirem, esses objetos não serão o que se pretende deles. Ou seja, em linhas muito gerais: o que é um ser humano? Como nós distinguimos o ser humano de todos os demais animais? Consciência e razão... e se nascer uma criança sem cérebro? Na verdade, juridicamente um ser humano é todo ser nascido de mulher. Esse é o principal atributo de um ser humano. O principal atributo do Estado é a soberania. Vejamos, então, que a Soberania tem um tríplice aspecto, porque por meio da soberania o Estado: 
1) tem um poder de autodeterminação, o Estado pode se submeter a determinados ditames internacionais ou não se submeter, desde que ele decida faze-lo por meio do seu respectivo direito; 
2) tem o poder e o dever de se constituir juridicamente, ou seja, de elaborar, cumprir e exigir o cumprimento das suas próprias leis (auto constituição); 
3) tem o poder de auto-organização: o poder, a faculdade e o dever de se organizar administrativamente, ou seja, o Estado tem o poder e o dever de se dividir em quantos órgãos sejam necessários para a realização dos seus fins. 
Por fim, podemos ainda dizer que não basta ter Ordem Jurídica, Soberania e monopólio da força se não tiver um território. Se não tiver, portanto, um país. CUIDADO: não confundir as noções de Estado e País. Estado é conceito jurídico político e País é conceito geográfico. O território de um Estado é um país, ou até mais de um país (como no Reino Unido, onde você tem 4 países dentro do território de um Estado). Além disso, é preciso que um Estado tenha um elemento humano, que nós chamamos de povo, e um elemento administrativo, que nós chamamos de governo. Agora sim, podemos dizer que Povo é o conjunto de cidadãos do Estado (que não se confunde com população que é o conjunto de habitantes de um Estado. Podemos dizer também que governo é o conjunto de funções necessárias para que o Estado realize os fins do seu elemento humano. Agora que conhecemos os elementos, podemos chegar a uma definição. 
Podemos dizer que: Estado é uma Ordem Jurídica soberana detentora do monopólio da força, situada em um certo território, onde vive um povo e existe um governo cuja finalidade é a realização dos fins do seu elemento humano. Ou seja, ainda que o Estado seja um conceito ideal, existem alguns elementos que extraímos da própria experiência do que é o Estado e, a partir daí, podemos ter uma definição objetiva. 
O que é Poder?
Quando a poeta diz assim: “meu exército é pesado, a gente tem poder”, o que ela está chamando de “poder”? Existe uma definição de poder que é muito geral e que, basicamente, diz o seguinte: poder é a capacidade de agir. Se você pega, por exemplo, um remédio e está escrito na bula “poder analgésico”, você verifica que ele tem a capacidade de aliviar a dor. Existem algumas espécies de poder. No estudo geral do poder existe, por exemplo, o poder que o homem exerce sobre si mesmo. Quando você decide que hoje vai para a balada, você decidiu com base no poder que você tem sobre você mesmo, mas isso não é objeto do estudo das ciências sociais, é objeto de estudo da psicologia. Existem dois outros tipos de poder que nos interessam diretamente. O primeiro deles é o que nós chamamos de poder social. O poder social é a capacidade que tem o ser humano de determinar o comportamento de outro, ou de outros, seres humanos. Essa capacidade está ligada a uma série de coisas: a uma espécie de respeito, a uma espécie de ascendência que uns tem sobre outros e ao poder sobre as coisas. O poder sobre as coisas acaba sendo determinante no exercício do poder social. Exemplo: uma frase de um funk que diz “o cartão não tem limite / se você tem o poder, você vira o Brad Pitt / mulher gosta é de dinheiro, quem gosta de homem é bicha” -> se você tem poder sobre as coisas, você consegue alguns relacionamentos desejados. Quando estamos falando de poder, estamos falando também de poder sobre as coisas. O estudo do poder social é muito dependente do poder sobre as coisas, mas, ainda assim, todo poder social pode ser frustrado, porque, se uma pessoa não está disposta a se comportar como você quer, necessariamente você não conseguirá exercer o poder. Em inúmeras situações acontece isso. Por exemplo: seu pai diz que você VAI estudar e você não quer. Aí ele faz a sua matricula na faculdade e você vem pra faculdade, fica na praça de alimentação, fica comendo, fica conversando, vai pro bar, toma todas, cai no chão... então, chega uma hora que seu pai desiste, porque ele já pagou 10 períodos e você não conseguiu cursar UM. O que foi isso? Exercício frustrado do poder. Ele tentou exercer um poder e você não correspondeu. O exercício social do poder pode ser frustrado em inúmeras situações. Só tem um tipo de poder que não há como frustrar, porque, se você frustrar, o uso da força será implementado: o poder do Estado. O poder do Estado é irresistível. Experimenta ficar devendo a Receita Federal, esse órgão nojento, detestável, insuportável. Se você ficar devendo dez centavos para a Receita Federal, ela vaitransformar em dez mil, vai te cobrar juros sobre os dez mil e levar até suas calças. A Receita Federal é aquele órgão que nós estamos o tempo inteiro com medo dele. Todo mundo tem medo de errar qualquer coisa com a Receita. Ou seja, além de tudo eu nós falamos, o Estado tem uma característica: como ele tem o monopólio do uso da força, o que você não faz espontaneamente o Estado te obriga a fazer, mediante o que nós chamamos de coerção. Coerção = capacidade que o Estado tem de usar a força. Quando o Estado pode usar a força, estamos diante do poder potencial. A mera possibilidade do uso da força pelo Estado já te desencoraja a descumprir a Lei. Quando você simplesmente ignora isso e descumpre a Lei, a força é utilizada em estado atual (poder atual). O que chamamos de poder potencial é a possiblidade de uso da força. E o poder atual é a força em ato, em atuação. Portanto, temos aqui uma característica e é exatamente por conta dela que o Direito existe. O Direito são normas impostas coercitivamente. O Estado impõe a norma mediante o uso da força. 
O que é Nação?
O conceito de Nação não se confunde com o conceito de Estado e também não se confunde com o conceito de Sociedade. Qual é a ideia geral de Nação? Nação é um conceito fechado. Significa agrupamento humano, em geral numeroso, no qual os integrantes estão unidos pelos mesmo laços históricos, linguísticos e culturais. Dito de outra forma: Nação não é exatamente um conceito aberto como é o de sociedade. Percebam o seguinte: se pegarmos a história do povo do Amapá, ela é muito diferente da história do povo do Rio Grande do Sul. E se compararmos as histórias do povo do Rio de Janeiro e do povo de Santa Catarina, elas também serão muito diferentes. Se formos comparar a linguagem do Rio Grande do Sul com a linguagem de Pernambuco, vamos observar muitas diferenças regionais. Consequentemente, não conseguimos perceber os mesmos laços linguísticos. E quanto à cultura? Se quisermos um Tacacá (iguaria típica da culinária amazônica) aqui no Rio de Janeiro, teremos que procurar muito, mas se formos ao Acre, acharemos um em cada esquina. Da mesma forma, observamos que os hábitos culturais do povo do Acre são muito diferentes dos hábitos culturais do povo do Paraná. Ou seja, aqui no Brasil nós não somos uma Nação porque, sociologicamente, Nação é agrupamento humano, em geral numeroso, no qual os membros estão unidos pelos mesmos laços históricos, linguísticos e culturais, que na nossa realidade não existem. As nossas histórias são diferentes, os nossos hábitos culturais são diferentes. Então, o correto é dizer que o Brasil é um Estado, que vive no Brasil a sociedade brasileira, mas que nós não somos uma Nação. Aliás, dado o fato de que o mundo hoje é muito globalizado e muito miscigenado, talvez não seja possível falar em Nações propriamente em tempos atuais, sociologicamente falando. Então, talvez eu possa dizer que os Incas, os Maias e o Astecas sejam exemplos de Nações, mas não é adequado dizer que o Brasil é uma Nação, que o Uruguai é uma Nação, que a Argentina é uma Nação. Percebam, então, que o conceito de Nação é muito mais restrito que o de sociedade. E é restrito por conta dos elementos história, língua e cultura.

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