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DIREITO AMBIENTAL Unidade I – Princípios de Direito Ambiental e Competências Ambientais 1 – Princípios 1.1 – Princípio do desenvolvimento sustentado: é aquele que determina a harmonização entre o desenvolvimento econômico e social e a garantia da perenidade dos recursos ambientais. Tem raízes na Carta de Estocolmo (1972) e foi consagrado na ECO-92. 1.2 – Princípio do poluidor-pagador: é aquele que impõe ao poluidor tanto o dever de prevenir a ocorrência de danos ambientais, como o de reparar integralmente eventuais danos que causar com a sua conduta. O princípio não permite a poluição, conduta absolutamente vedada e passível de diversas e severas sanções. Ele apenas reafirma o dever de prevenção e de reparação integral por parte de quem pratica atividade que possa poluir. 1.3 – Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal: é aquele que impõe ao Estado o dever de garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. O principio impõe ao poder publico a utilização de diversos instrumentos para proteger o meio ambiente. 1.4 – Princípio da participação coletiva ou da cooperação de todos: é aquele que impõe à coletividade (além do Estado) o dever de garantir e participar da proteção do meio ambiente. O princípio cria deveres (preservar o meio ambiente) e direitos (participar de órgãos colegiados e audiências públicas, p. ex). 1.5 – Princípio da responsabilidade objetiva e da reparação integral: impõe o dever de qualquer pessoa responder integralmente pelos danos que causar ao meio ambiente, independentemente de prova de culpa ou dolo (proteção dupla). Em primeiro lugar, fixa-se que a responsabilidade é objetiva, o que impede que o causador do dano deixe de ter obrigação de repará-lo sob argumento de que não agiu com culpa ou dolo. Em segundo lugar, a obrigação de reparar ao dano não se limita a pagar uma indenização, mas impõe que a reparação seja específica, isto é, deve-se buscar a restauração ou recuperação do bem lesado, procurando, assim, retornar à situação anterior. 1.6 – Princípio da prevenção: impõe à coletividade e ao poder público a tomada de medidas prévias para garantir o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. A doutrina faz uma distinção entre este princípio e o princípio da precaução. O primeiro incide naquelas hipóteses em que se tem certeza de que dada conduta causará um dano ambiental. O princípio da prevenção atuará de forma a evitar que o dano seja causado, impondo licenciamentos, estudos de impacto ambiental, reformulações de projeto, sanções administrativas, etc. A ideia aqui é eliminar os perigos já comprovados. Já o segundo incide naquelas hipóteses de incerteza científica sobre se dada conduta pode ou não causar um dano ao meio ambiente. O princípio da precaução atuará no sentido de que, na dúvida, deve-se ficar com o meio ambiente, tomando as medidas adequadas para que o suposto dano de fato não ocorra. A ideia aqui é eliminar que o próprio perigo possa se concretizar. 1.7 – Princípio da educação ambiental: impõe ao poder público o dever de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensaio e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. A educação ambiental deve estar presente em todos os níveis de educação (infantil, fundamental e médio). 1.8 – Princípio do direito humano fundamental: é aquele pelo qual os seres humanos têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com o meio ambiente. De acordo com o princípio, as pessoas têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 1.9 – Princípio da ubiquidade: é aquele pelo qual as questões ambientais devem ser consideradas em todas as atividades humanas. Ubiquidade quer dizer existir concomitantemente em todos os lugares. De fato, o meio ambiente está em todos os lugares, de modo que qualquer atividade deve ser feita com respeito a sua proteção e promoção. 1.10 – Princípio do usuário-pagador: é aquele pelo qual as pessoas que usam recursos naturais devem pagar por tal utilização. Esse princípio difere do princípio do poluidor-pagador, pois o segundo diz respeito a condutas ilícitas ambientalmente, ao passo que o primeiro, as condutas lícitas. Assim, aquele que poluir (conduta ilícita), deve reparar o dano, pelo princípio do poluidor-pagador. Já aquele que usa água (conduta lícita) deve pagar pelo seu uso, pelo princípio do usuário-pagador. A ideia é de que o usuário pague com o objetivo de incentivar o uso racional dos recursos naturais, além de fazer justiça, pois há pessoas que usam mais e pessoas que usam menos dados recursos naturais. 1.11 – Princípio da informação e da transparência das informações e atos: é aquele pelo qual as pessoas têm direito de receber todas as informações relativas À proteção, preventiva e repressiva, do meio ambiente. Assim, por este principio, as pessoas têm direito de consultar os documentos de um licenciamento ambiental, assim como têm direito de participar de consultas e de audiências públicas em matéria de meio ambiente. 1.12 – Princípio da função socioambiental da propriedade: é aquele pelo qual a propriedade deve ser utilizada de modo sustentável, com vistas a não só o bem- estar do proprietário, mas também da coletividade como um todo. 1.13 – Princípio da equidade geracional: é aquele pelo qual as presentes e futuras gerações tem os mesmo direitos quanto ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, a utilização de recursos naturais para a satisfação das necessidades atuais não deverá comprometer a possibilidade das gerações futuras satisfazerem suas necessidades. O princípio impõe, também, equidade na distribuição de benefícios e custos entre gerações, quanto à preservação ambiental. 2 – Competência em matéria ambiental A Constituição também traça a competência em matéria ambiental, que se divide em competência legislativa e administrativa. A competência administrativa (depende da edição de leis para que seja exercida) se confere o dever-poder de agir na matéria meio ambiente a todos os entes da federação. Segundo o art. 23/CR88, é competência comum da União, Estados, Distrito Federal e dos Municípios proteger e preservar o meio ambiente. Assim, em matéria de fiscalização, por exemplo, são competentes todos os entes federativos. Pode um agente municipal, portanto, aplicar sanção prevista em lei federal ambiental. Já quanto à competência legislativa, temos, num primeiro momento, competência concorrente entre a União ( que edita leis gerais) e os Estados e o Distrito Federal (que suplementam a legislação federal). Na falta de uma norma geral da União, os Estados exercerão a competência legislativa pela para atender suas peculiaridades. Porém, a superveniência da lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que contrariar. Por fim, ainda no plano legislativo, vale lembrar que o Município poderá legislar sobre matéria ambiental (a princípio, competência da União, Estados e do DF) em questões de interesse peculiar ao respectivo ente, vale dizer, em questões de interesse local, específico daquele Município, sem prejuízo da edição de leis que visem suplementar a legislação federal e estadual, no que couber, ou seja, quanto a questões de interesse local (art. 30, I e II/CR88) UNIDADE II – Áreas de Preservação Permanente, Reserva Legal, Unidade de Conservação e Compensação Ambiental 1 – Área de Preservação de Permanente (APP): área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade,facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. 2 – Área de Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12 (Lei nº. 12.651/12), com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e proteção de fauna silvestre e flora nativa. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanentes observadas os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no art. 68 desta Lei: I – Localizado na Amazônia Legal: a) 80% - florestas b) 35% - cerrado c) 20% - campos gerais II – Localizado nas demais regiões do país: 20%. A amazônia legal é uma área extensa protegida em razão da sua biodiversidade que abrange os Estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso, e as regiões situadas ao norte do paralelo 13º S, dos Estados do Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão. 3 – Áreas Rurais excluídas da Reserva Legal: os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais exigidos nesta Lei. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão provar essas situações consolidadas por documentos tais como a descrição de fatos históricos de ocupação da região, registros de comercialização, dados agropecuários da atividade, contratos com documentos bancários relativos à produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais, na Amazônia legal, e seus herdeiros necessários que possuam índices de Reserva Legal maior do que 50% de cobertura florestal e não realizaram a supressão da vegetação nos percentuais previstos pela legislação em vigor à época poderão utilizar a área excedente de Reserva Legal também para fins de constituição de servidão ambiental, Cota de Reserva Ambiental – CRA e outros instrumentos previstos nesta Lei. 4 – Registro da Reserva Legal: a área de Reserva Legal severa ser registrada no órgão ambiental competente por meio de inscrição no CAR de que trata o art. 29, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, com as exceções previstas nesta Lei. O registro no CAR desobriga a averbação no Cartório de Registro de Imóveis, sendo que, no período entre a data da publicação desta lei (2012) e o registro no CAR, o proprietário ou possuidor rural que desejar fazer a averbação terá direito à gratuidade deste ato.
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