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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA FUNDAMENTOS DA GESTÃO CONTÁBIL ESPÍRITO SANTO 2 CONCEITOS E TIPOS DE CONTABILIDADE http://www.intelectacursos.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/02/saber-contabilidade-cursos-online.jpg INTRODUÇÃO A Contabilidade é um dos conhecimentos mais antigos e não surgiu em função de qualquer tipo de legislação fiscal ou societária, nem embasada em princípios filosóficos, ou em regras estipuladas por terceiros, mas pela necessidade prática do próprio gestor do patrimônio, normalmente seu proprietário, preocupado em elaborar um instrumento que lhe permitisse, entre outros benefícios, conhecer, controlar, medir resultados, obter informações sobre produtos mais rentáveis, fixar preços e analisar a evolução de seu patrimônio. Esse gestor passou a criar rudimentos de escrituração que atendessem a tais necessidades. Muitas tentativas foram sendo elaboradas, ao longo dos séculos, até que o método das partidas dobradas (que consiste no princípio de que para todo débito em uma conta, existe simultaneamente um crédito, da mesma maneira que a soma do débito será igual a 3 soma do crédito, assim como a soma dos saldos devedores será igual à soma dos saldos credores) mostrou-se o mais adequado, produzindo informações úteis e capazes de atender a todas as necessidades dos usuários para gerir o patrimônio. Com a formação de grandes empresas, a Contabilidade passou a interessar a grupos cada vez maiores de indivíduos: acionistas, financiadores, banqueiros, fornecedores, órgãos públicos, empregados, além da sociedade em geral, pois a vitalidade das empresas tornou-se assunto de relevante interesse social. Assim, pode-se dizer que a Contabilidade surgiu ou foi criada em função de sua característica utilitária, de sua capacidade de responder a dúvidas e de atender as necessidades de seus usuários. Conjunto este de características que não só foi eficiente para o surgimento da Contabilidade como também para sua própria evolução. A Contabilidade formatou-se em concordância com o ambiente no qual opera. Como as nações têm histórias, valores, e sistemas políticos diferentes, elas também têm padrões diferentes de desenvolvimento financeiro-contábil. A Contabilidade no Brasil não é como a de outros países. De fato, o que se observa é a diversidade, pois os sistemas e métodos contábeis diferem muito em cada país devido, principalmente, sua cultura e ao seu desenvolvimento econômico (o desenvolvimento de cada ciência está intimamente ligado ao desenvolvimento econômico de uma nação). Esta diversidade é uma pequena parte da variedade de ambientes empresariais ao redor do mundo e a Contabilidade tem se mostrado sensitiva ao ambiente no qual opera. É interessante notar, também, que quando o ambiente empresarial dos países é similar, seus sistemas financeiro-contábeis também tendem a ser similares. Em alguns países, tais como os Estados Unidos, a informação financeira é dirigida principalmente às necessidades dos investidores e credores, e a “utilidade da decisão” é o critério para julgar sua qualidade. Entretanto, em outros países, a Contabilidade tem um enfoque diferente e desempenha papéis diferentes. Por exemplo, em alguns países, esta 4 é designada primeiramente para assegurar que o montante apropriado do imposto de renda seja arrecadado pelo governo. Este é o caso de muitos países sul americanos. No Brasil este enfoque ainda permanece, a Lei nº 6.404/76 contempla o tratamento tributário, porém está mais voltada à proteção dos credores da entidade. Em outros países (Europa continental e Japão), a Contabilidade é designada para auxiliar no cumprimento das políticas macroeconômicas, tais como o alcance de uma taxa pré-determinada de crescimento na economia nacional. Dentre os vários modelos existentes, cada um com suas particularidades, atendendo a interesses específicos, percebe-se que a Contabilidade tem uma dinâmica e uma maleabilidade muito grande e se adapta perfeitamente em qualquer contexto em que esteja inserida. Evolução da Contabilidade http://www.apejesp.com.br/Uploads/fotos/original/201552413471411.jpg Pré-história: 8.000 a.C. até 1.202 d.C. (empirismo, conhecimento superficial): experiências e práticas vividas pelas civilizações do mundo antigo, destacando- se os estudos sumérios, babilônios, egípcios, chineses e romanos. 5 Idade Média: 1.202 d.C., com a obra “Leibe Abaci”, de Leonardo Fibonacci: período de sistematização dos registros. Idade Moderna: 1494, com a publicação da obra “Tratatus Particularis de Computis et Scripturis” (Tratado Particular de Conta e Escrituração), do frei e matemático Luca Paccioli, em Veneza, onde este fez o estudo sobre o método das “Partidas Dobradas”, tornando-se um marco na evolução contábil. Idade Contemporânea: do século XVIII, é o período científico da Contabilidade, quando esta deixa de ser mera “arte” para tornar-se “ciência”. A partir daí surgiram várias doutrinas contábeis, como: Contista, Controlista, Personalista, Aziendalista e Patrimonialista. Obs. 1 – Na Contabilidade, como em todos os outros ramos, o saber humano distingue-se em dois aspectos: pelo raciocínio através da investigação dos fatos e pela prática através da aplicabilidade. O primeiro aspecto corresponde à ciência como um sistema de conhecimentos e o segundo à arte como um sistema de ações. A ciência depende da arte para ser útil à vida e a arte torna-se esclarecida e consciente de seus fins e potencialidade com o auxílio da ciência. Obs. 2 - As doutrinas contábeis foram introduzidas por diversas escolas de época que conceituaram a Contabilidade sob diversos aspectos. 6 - Contista: define a Contabilidade como a ciência das contas. - Controlista: limita a Contabilidade em função do controle das entidades. - Personalista: enfatiza a relação jurídica entre as pessoas como objetivo da Contabilidade. - Aziendalista: define a Contabilidade como a ciência da administração da entidade. - Patrimonialista: define a Contabilidade como a ciência que estuda o patrimônio. - Neopatrimonialista: consiste em uma nova corrente científica que se aplicou na direção de classificar e reconhecer especialmente as relações lógicas que determinam a essência do fenômeno patrimonial, as das dimensões ocorridas e, com ênfase “no porque ocorrem os fatos”, ou seja, qual a verdadeira influência dos fatores que produzem a transformação da riqueza (e que são os dos ambientes interno e externo que envolvem os meios patrimoniais). 7 A CONTABILIDADE NO BRASIL http://www.pronatec.coltec.ufmg.br/pronatec/images/eventos/Curso_Tec_Contabilidade/T%C3%A9cnico-em- Contabilidade.jpg Até 1940 Mercado incipiente com economia agrária; Profissão ainda muito desorganizada com o predomínio do “guarda-livros”. Decreto Lei nº 2.627 de 1940 Influência da escola italiana; Em 1494, em Veneza (Itália), foi estabelecido o “Tratado particular de conta e escrituração”, pelo frei e matemático Luca Paccioli; Sociedades formadas por familiares; Visão escritural: registro, controle e atendimento ao fisco. 8 Necessidades de Mudanças Evolução da economia: abertura do capital das empresas e influências de firmasde auditoria; Ampliação da quantidade e maior confiabilidade nas informações. Mudanças Significativas Contabilidade vista como sistema de informações; Aprimoramento das Demonstrações; Introdução da Demonstração de Lucros e Prejuízos Acumulados, mostrando de forma clara o lucro ou prejuízo do exercício; Introdução da Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, mostrando a eficiência da administração; Obrigatoriedade das Notas Explicativas para fornecer informações complementares; Escrituração e registros desvinculados da legislação fiscal (mais importante); Contabilidade elaborada para a entidade; Valorização do profissional; Novas funções e áreas de atuação: gerencial, custos, auditoria, analista financeiro, perito contábil, consultoria, tributarista, controller; Classificação das contas no Balanço; Horizonte temporal: distinção do curto e longo prazo; Definição do Exercício Social. 9 ABORDAGENS UTILIZADAS PARA O ESTUDO DA TEORIA CONTÁBIL http://contabilrh.com.br/wp-content/uploads/2014/06/contabilidade.jpg O estudo da Contabilidade a partir de qualquer das abordagens é igualmente válido, desde que propicie o desenvolvimento da ciência contábil. Abordagem Ética: coloca em evidência a questão da ética, na qual a informação deveria ter alto grau de fidedignidade e o profissional deve ser imparcial a qualquer interesse. Abordagem da Teoria do Comportamento: está ligada à sociologia e à psicologia do comportamento e enfatiza que a informação deve ser divulgada de acordo com sua utilidade a cada usuário. 10 Abordagem Macroeconômica: mostra a afinidade da Contabilidade com a Economia, de acordo com estas a informação deve considerar as políticas econômicas adotadas. Abordagem Sociológica: enfoca que a Contabilidade deve divulgar as relações entre a entidade e a sociedade, fornecendo informações qualitativas que demonstrem o favorecimento do bem-estar social. Abordagem da Teoria da Comunicação: mostra a importância de a Contabilidade externar seus resultados, de forma clara e objetiva. Abordagem Pragmática: enfoca a praticidade, a utilidade e a relação custo x benefício da informação. CONCEITOS A Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio, objetivando representá-lo graficamente, evidenciar suas variações, estabelecer normas para sua interpretação, análise e auditagem e servir como instrumento básico para a tomada de decisões de todos os setores direta ou indiretamente envolvidos com a empresa. Ë a ciência que estuda e pratica, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação 11 desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza econômica. (Hilário Franco) FUNÇÕES http://www.csmsoft.com.br/img/54132de5c7dfc.jpg As principais funções da Contabilidade são: registrar, organizar, demonstrar, analisar e acompanhar as modificações do patrimônio em virtude da atividade econômica ou social que a empresa exerce no contexto econômico. Registrar: todos os fatos que ocorrem e podem ser representados em valor monetário; Organizar: um sistema de controle adequado à empresa; 12 Demonstrar: com base nos registros realizados, expor periodicamente por meio de demonstrativos, a situação econômica, patrimonial e financeira da empresa; Analisar: os demonstrativos podem ser analisados com a finalidade de apuração dos resultados obtidos pela empresa; Acompanhar: a execução dos planos econômicos da empresa, prevendo os pagamentos a serem realizados, as quantias a serem recebidas de terceiros, e alertando para eventuais problemas. FINALIDADES http://www.pmr.pt/image/contabilidade%20Geral_02.jpg Desde os seus primórdios que a finalidade básica da Contabilidade tem sido o acompanhamento das atividades realizadas pelas pessoas, no sentido indispensável de 13 controlar o comportamento de seus patrimônios, na função precípua de produção e comparação dos resultados obtidos entre períodos estabelecidos. A contabilidade faz o registro metódico e ordenado dos negócios realizados e a verificação sistemática dos resultados obtidos. Ela deve identificar, classificar e anotar as operações da entidade e de todos os fatos que de alguma forma afetam sua situação econômica, financeira e patrimonial. Com esta acumulação de dados, convenientemente classificados, a Contabilidade procura apresentar de forma ordenada, o histórico das atividades da empresa, a interpretação dos resultados, e através de relatórios produzir as informações que se fizerem precisas para o atendimento das diferentes necessidades. As finalidades fundamentais da Contabilidade referem-se à orientação da administração das empresas no exercício de suas funções. Portanto a Contabilidade é o controle e o planejamento de toda e qualquer entidade socioeconômica. Controle: a administração através das informações contábeis, via relatórios pode certificar-se na medida do possível, de que a organização está agindo em conformidade com os planos e políticas determinados. Planejamento: a informação contábil, principalmente no que se refere ao estabelecimento de padrões e ao inter-relacionamento da Contabilidade e os planos orçamentários, é de grande utilidade no planejamento empresarial, ou seja, no processo de decisão sobre que curso de ação deverá ser tomado para o futuro. 14 A CONTABILIDADE APLICADA https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQHszyvhSYaZ-rr5yzUKWuVM- g095FDYQiKP35gsZHv5GUepKWQ A Contabilidade, enquanto ciência que estuda o patrimônio das entidades, encontra aplicações em todas estas, independentemente do tipo, ramo de atividade, segmento econômico ou localização geográfica. Assim, a identificação do campo de aplicação da Contabilidade também pode ser analisada através da definição do patrimônio, como o conjunto de bens, direitos e obrigações relacionados a uma pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, com ou sem fins lucrativos. A ideia de que a Contabilidade do setor público é diferente do setor privado ou, ainda que a Contabilidade de uma entidade filantrópica é diferente da entidade privada, não é correta, pois cada entidade, dentro do seu ramo de atividade e das suas peculiaridades apresenta especificidades próprias, só encontradas naquele segmento, ou seja, em uma entidade filantrópica a Contabilidade será exercida observando toda a legislação que envolve este tipo de entidade. 15 Se compararmos a Contabilidade pública com a Contabilidade privada, observaremos que enquanto a pública não tem objetivo de apurar resultados (lucros), a privada tem. O conjunto de bens da área pública recebe um tratamento contábil específico, enquanto na área privada esses mesmos bens recebem outro tratamento. Note-se que enquanto no setor público os bens não são depreciados e corrigidos monetariamente, no setor privado estes bens têm objetivos de gerar resultados, ou seja, são realizados através da depreciação e são corrigidos monetariamente para manter o seu valor atualizado. Muitos outros exemplos poderiam ser expostos para demonstrar que a Contabilidade é igual em qualquer entidade, tendo como diferença entre elas asespecificidades de cada entidade. Assim, concluímos que independentemente do tipo de atividade, do setor, da entidade, etc., a Contabilidade tem a mesma finalidade, o mesmo objetivo e utiliza-se das mesmas técnicas e métodos para registrar e controlar os patrimônios das entidades. A entidade econômico-administrativa é o patrimônio de propriedade pública ou privada, que tem como elementos indispensáveis: o trabalho, a administração e o patrimônio, e tem finalidades: sociais, econômicas e socioeconômicas. Sociais: que possuem a riqueza como meio para atingir seus fins. Ex: associações beneficentes, educacionais, esportivas, culturais e religiosas Econômicas: são as que têm a riqueza como meio e fim e têm como objetivo aumentar seu patrimônio, obtendo lucro. Ex: empresas mercantis. 16 Socioeconômicas: que possuem a riqueza como meio e fim, porém o aumento do patrimônio que possuem serve para beneficiar toda a comunidade. Ex: instituto de aposentadorias e pensões e fundações. A Contabilidade distingue-se em duas grandes ramificações: a pública e a privada. Contabilidade Pública: ocupa-se com o estudo e registro dos fatos administrativos das pessoas de direito público e da representação gráfica de seus patrimônios, visando três sistemas distintos: orçamentário, financeiro e patrimonial, para alcançar os seus objetivos, ramificando-se conforme a sua área de abrangência em federal, estadual, municipal e autarquias. Contabilidade Privada: ocupa-se do estudo e registro dos fatos administrativos das pessoas de direito privado, tanto as físicas quanto as jurídicas, além da representação gráfica de seus patrimônios, dividindo-se em civil e comercial. Contabilidade Civil: é exercida pelas pessoas que não têm como objetivo final o lucro, mas sim o instituto da sobrevivência ou bem-estar social. Divide-se em: 17 Contabilidade Doméstica: exercida pelas pessoas físicas em geral, individualmente ou em grupo. Contabilidade Social: usada pelas pessoas que têm como objetivo final o bem- estar social da comunidade, tais como: clubes, associações de caridade, sindicatos, igrejas, etc. Contabilidade Comercial: é exercida pelas pessoas que exploram atividades que objetivam o lucro. Divide-se em: Contabilidade Mercantil: usada por pessoas com objetivo social de compra e venda direta de mercadorias. Ex: Supermercados, sapataria e açougues. Contabilidade Industrial: exercida por pessoas que têm como objetivo social a produção de bens de capitais ou de consumo, através do beneficiamento ou da transformação de matérias-primas, do plantio, da criação ou extração de riquezas. Ex: Indústria de móveis, pecuária, agricultura. Contabilidade de Serviços: é usada pelas pessoas que têm como objetivo social a prestação de serviços. Ex: Estabelecimento de ensino, telecomunicações e clínicas médicas. 18 Áreas de Atuação em Geral https://encrypted- tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTJrQfPmrFJdMqJnTCSzAbTpx19rDETWFA4iGaKTrKd6_gcVFnA Fiscal: auxilia na elaboração de informações para os órgãos fiscalizadores, do qual depende todo o planejamento tributário da entidade. Pública: é o principal instrumento de controle e fiscalização que o governo possui sobre todos os seus órgãos. Estes estão obrigados à preparação de orçamentos que são aprovados oficialmente, devendo a Contabilidade pública registrar as transações em função deles, atuando como instrumento de acompanhamento dos mesmos. A Lei nº 4.320/64, constituindo-se na carta magna da legislação financeira do País, estatui normas gerais para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços públicos. Gerencial: auxilia a administração na otimização dos recursos disponíveis na entidade, através de um controle adequado do patrimônio. 19 Financeira: elabora e consolida as demonstrações contábeis para disponibilizar informações aos usuários externos. Auditoria: compreende o exame de documentos, livros e registros, inspeções e obtenção de informações, internas e externas, relacionadas com o controle do patrimônio, objetivando mensurar a exatidão destes registros e das demonstrações contábeis deles decorrentes. Perícia Contábil: elabora laudos em processos judiciais ou extrajudiciais sobre organizações com problemas financeiros causados por erros administrativos. Áreas de Atuação Específica Análise Econômica e Financeira de Projetos: elabora análises, através dos relatórios contábeis, que devem demonstrar a exata situação patrimonial de uma entidade. Ambiental: informa o impacto do funcionamento da entidade no meio ambiente, avaliando os possíveis riscos que suas atividades podem causar na qualidade de vida local. Atuarial: especializada na Contabilidade de empresas de previdência privada e em fundos de pensão. Social: informa sobre a influência do funcionamento da entidade na sociedade, sua contribuição na agregação de valores e riquezas, além dos custos sociais. 20 Agribusiness: atua em empresas com atividade agrícola de beneficiamento in-loco dos produtos naturais. USUÁRIOS DA CONTABILIDADE http://vemprariobranco.com.br/wp- content/uploads/2014/11/introducao_a_contabilidade.jpg Os usuários são as pessoas que se utilizam da Contabilidade, que se interessam pela situação da empresa e buscam nos instrumentos contábeis as suas respostas. Podem ser divididos em: usuários internos e usuários externos. 21 Usuários Internos: são todas as pessoas ou grupos de pessoas relacionadas com a empresa e que têm facilidade de acesso às informações contábeis, tais como: Gerentes: para a tomada de decisões; Funcionários: com interesse em pleitear melhorias; Diretoria: para a execução de planejamentos organizacionais. O usuário interno principal da informação contábil na entidade moderna é a alta- administração que pela proximidade à Contabilidade, pode solicitar a elaboração de relatórios específicos para auxiliar lhe na gestão do negócio. Os relatórios específicos podem, além de abranger quaisquer áreas de informação (fluxo financeiro, disponibilidades, contas a pagar, contas a receber, aplicações financeiras, compra e vendas no dia ou no período e os gastos gerais de funcionamento), ser elaborados diariamente ou em curtos períodos de tempo (semana, quinzena, mês, etc.), de acordo com as necessidades administrativas. Usuários Externos: são todas as pessoas ou grupos de pessoas sem facilidade de acesso direto às informações, mas que as recebem de publicações das demonstrações pela entidade, tais como: 22 Bancos: interessados nas demonstrações financeiras a fim de analisar a concessão de financiamentos e medir a capacidade de retorno do capital emprestado; Concorrentes: interessados em conhecer a situação da empresa para poder atuar no mercado; Governo: que necessita obter informações sobre as receitas e as despesas para poder atuar sobre o resultado operacional no que concerne a sua parcela de tributação; Fornecedores: interessados em conhecer a situação da entidade para poder continuar ou não as transações comerciais com a entidade, além de medir a garantia de recebimento futuro; Clientes: interessados em medir a integridade da entidade e a garantia de que seu pedido será atendido nas suas especificações e no tempo acordado.23 OS FUNDAMENTOS CIENTÍFICOS DA CONTABILIDADE http://www.microbytejoinville.com.br/img/cursonline/1359651074.png Postulados Ambientais Os postulados são uma proposição ou observação de certa realidade não sujeita a verificação e constituem a lei maior da Contabilidade, pois definem o ambiente econômico, social e político no qual está deve atuar, o seu objeto de estudo e a sua existência no tempo. Os postulados contábeis, segundo alguns autores consultados são: a entidade e a continuidade. Postulado Contábil da Entidade: define a entidade contábil, dando, a esta vida e personalidade própria, pois determina que o patrimônio de toda e qualquer unidade 24 econômica que manipula recursos econômicos, independente da finalidade de gerar ou não lucros, de ser pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, não deve se confundir com a riqueza patrimonial de seus sócios ou acionistas, ou proprietário individual e nem sofrer os reflexos das variações nela verificadas .Ex: quando uma firma individual paga uma despesa é o caixa da firma que está desembolsando o dinheiro e não o dono da empresa, embora materialmente, muitas vezes, as duas coisas se confundem. Observa-se que este postulado é importante na medida em que ele identifica o campo de atuação da Contabilidade, pois onde existir patrimônio administrável existirá certamente a Contabilidade. Postulado Contábil da Continuidade: determina que a entidade é um empreendimento em andamento, com intenção de existência indefinida, ou por tempo de duração indeterminado, devendo sobreviver aos seus próprios fundadores e ter seu patrimônio avaliado pela sua potencialidade de gerar benefícios futuros, e não pela sua capacidade imediata de ser útil somente à entidade. Ex: o balanço patrimonial somente reflete adequadamente a situação econômico-financeira do patrimônio no momento de sua elaboração quando há presunção de que a entidade prosseguirá no processo contínuo de realização de suas atividades, pois se estas forem interrompidas, a realização dos valores patrimoniais não será processada de acordo com o balanço, devido a motivos como a imediata interrupção de suas receitas e não dos custos fixos, que prosseguem na fase de liquidação, quando há cessação das atividades da entidade. Princípios Contábeis Os princípios originaram-se da necessidade do estabelecimento de um conjunto de conceitos, princípios e procedimentos que não somente fossem utilizados como elementos disciplinadores do comportamento do profissional no exercício da 25 Contabilidade, seja para a escrituração dos fatos e transações, seja na elaboração de demonstrativos, mas que permitissem aos demais usuários fixar padrões de comparabilidade e credibilidade, em função do conhecimento dos critérios adotados na elaboração dessas demonstrações. Além de delimitar e qualificar o campo de atuação da Contabilidade, os princípios servem de suporte aos postulados. E através da evolução da técnica contábil em função de novos fatos socioeconômicos, modificações na legislação, novos pontos de vista, ou outros fatores, um princípio que hoje é aceito, poderá ser modificado, para atender às inovações ocorridas na vida empresarial. Os princípios básicos, essenciais ao exercício da Contabilidade são: o princípio do custo como base de valor, o princípio da realização da receita e confrontação da despesa, o princípio do denominador comum monetário e o princípio da competência. Princípio do Custo como Base de Valor: sua aplicação é importante para a Contabilidade na medida em que ele descarta a possibilidade do uso de valores subjetivos para o registro dos bens, estabelecendo que seja utilizado o valor que a entidade sacrificou no momento de sua aquisição. Ex: Uma entidade adquiriu um imóvel que devido ao seu estado de conservação, o mercado o avalia em 10 unidades monetárias. Considerando que a entidade tenha feito uma excelente negociação, ela pagou por este imóvel 06 unidades monetárias. Analisando o fato, observa-se que a entidade estaria ganhando na aquisição do imóvel 04 unidades monetárias, uma vez que ele vale 10 e ela só sacrificou 06 na compra. 26 O princípio do custo como base de valor, irá resolver a questão ao estabelecer que o imóvel seja registrado pelo valor de 06 que representa quanto saiu do patrimônio para a aquisição do mesmo. A diferença de 04 unidades representa um valor subjetivo que não é realizado, é apenas uma expectativa para uma venda futura que, se caso ocorra, a Contabilidade irá registrar o valor que entrar no patrimônio, apurando o resultado de 04 unidades monetárias de lucros ou ganhos realizados. Princípio da Realização da Receita e Confrontação da Despesa: determina o momento em que a receita deve ser considerada como realizada para compor o resultado do exercício social. Da mesma forma, determina que a despesa que foi necessária à obtenção daquela receita seja igualmente confrontada na apuração do resultado. De acordo com a teoria contábil do lucro, as receitas são consideradas realizadas no momento da entrega do bem ou do serviço para o cliente e neste momento, todas as despesas que foram necessárias à realização daquelas receitas devem ser computadas na apuração do resultado. Assim, ao relacionar as despesas com as receitas, o resultado estará sendo apurado e poderá refletir o mais próximo possível a realidade da entidade. Como exemplos têm a incorporação de imóveis, pois quando a legislação estabelece que as receitas recebidas antecipadamente sejam registradas como receitas futuras, e na medida em que a entidade vai incorrendo em despesas, dá-se a realização gradativa das receitas. Este procedimento evita que a entidade tenha em um exercício excesso de receitas e não tenha ainda incorrido em despesas correspondentes à realização daquelas receitas. 27 Este princípio impede que as entidades registrem suas receitas em regime de caixa, devendo obedecer ao regime de competência dos exercícios, no qual as receitas e as despesas, realizadas e incorridas em cada exercício social, devem ser levadas à apuração do resultado daquele exercício social independente de terem sido recebidas, ou pagas. Princípio do Denominador Comum Monetário: estabelece que a Contabilidade seja processada em uma única moeda, oferecendo maior consistência aos registros e maior confiabilidade às informações constantes nos relatórios contábeis. Considerando que as entidades realizam transações com base em outras moedas, esse princípio torna-se muito importante por estabelecer que as transações sejam convertidas em moeda nacional no momento do registro contábil, evitando a impossibilidade de se comparar os diversos fenômenos patrimoniais e de reuni-los em um só balanço demonstrativo, pois não se podem somar ou comparar coisas heterogêneas. Ex: registro no valor da moeda nacional de equipamentos importados pagos em dólar. Princípio da Competência: estabelece que as receitas e as despesas devem ser atribuídas aos períodos de sua ocorrência, independentemente de recebimento e pagamento. Como exemplo temos a folha de pagamento de funcionários no mês de dezembro, que será registrada como despesa de dezembro, mesmo que na prática o pagamento só seja efetuado no início do mês de janeiro. 28 Convenções Contábeis As convenções são mais objetivas e têm a função de indicar a conduta adequada que deve ser observada no exercício profissional da Contabilidade. São: convençãoda objetividade, da materialidade, da consistência e do conservadorismo. Convenção da Objetividade: o profissional deve procurar sempre exercer a Contabilidade de forma objetiva, não se deixando levar por sentimentos ou expectativas de administradores ou qualquer pessoa que venha a influenciar no seu trabalho e os registros devem estar baseados, sempre que possível, em documentos que comprovem a ocorrência do fato administrativo. Convenção da Materialidade: a informação contábil deve ser relevante, justa e adequada e o profissional deve considerar a relação custo x benefício da informação que será gerada, evitando perda de recursos e de tempo da entidade. Convenção da Consistência: os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das informações consistentes, para facilitar sua interpretação e análise pelos diversos usuários. Obs.: Quando houver necessidade de adoção de outro critério ou método de avaliação, o profissional deve informar a modificação e apresentar os reflexos que a mudança poderá causar se não for observada pelo usuário. 29 Convenção do Conservadorismo: estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta mais conservadora em relação aos resultados que serão apresentados, evitando que projeções distorcidas sejam feitas pelos usuários. Assim, é preferível ter expectativa de prejuízo e a entidade apresentar resultados positivos, ou seja, se houver duas opções igualmente válidas deve-se optar sempre por aquela que acusa um menor valor para os ativos e para as receitas e o maior valor para os passivos e para as despesas. ALTERAÇÕES NA LEI 6.404/1976 – ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL http://www.rozekcontabilidade.com.br/image/84/big.jpg A contabilidade teve seu desenvolvimento na Revolução Industrial, período de transformações sociais, tecnológicas, econômicas, responsável por ditar novos padrões na sociedade. Visando atender as necessidades de informações dos investidores nasceram os procedimentos contábeis, cujo objetivo é gerar informações sobre os fatos 30 ocorridos no patrimônio da empresa. Atentos ao novo cenário mundial o governo com o intuito de fiscalizar melhor as entidades estabeleceram normas que padronizavam a formação dos registros contábeis. Cada nação possui políticas, valores culturais distintos que são refletidos na contabilidade, pois para atender tais necessidades a contabilidade assume papéis diferentes, dependendo do país. Hoje com a globalização, fusão de culturas, que para Giddens (2003) “é a razão do ressurgimento de identidades locais em várias partes do mundo” um exemplo disso é a coca cola, Mc Donald’s expressões americanas conhecidas em todo o mundo. Em concordância com o ambiente a contabilidade procura adequasse as mudanças ocorridas na sociedade, já que ela é fruto dos empreendimentos humanos. Observando a realidade percebemos que a contabilidade não é aplicada de forma única, os princípios fundamentais diferem de um país para outro e dada a globalização, o crescente número de transações no exterior somados ao advento de multinacionais exigiu que a contabilidade se desenvolvesse de forma a melhor auxiliar os investidores, padronizando os procedimentos contábeis que no Brasil se dá com a criação da Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09 que altera a lei das Sociedades por Ações, alinhando-se as IFRS (International Financial Reporting Standards -relatório padrão internacional de contabilidade financeira) de forma a garantir maior transparência e confiabilidade as operações de investimento. Em 2008 começou a vigorar os dispositivos propostos pela Lei 11.638/2007, são alterações que visam padronizar as normas contábeis brasileiras com as do mercado internacional, procurando também atualizar a legislação vista que ela foi elaborada em 1976 e assim trazer benefícios aos usuários da contabilidade como, por exemplo, mais transparência. Em entrevista a Robson Bezerra para a Revista Contábil e Empresarial Fiscolegis (2008) Lopes de Sá alerta para fraudes e maquiagens que poderão acontecer devido aos ajustes apresentados pelas normas, as quais segundo ele violentaram conceitos e princípios importantes, na mesma entrevista ele pronuncia não ser contra “Normas, nem convergências, desde que fundamentadas na ciência, ou seja, que não cometam deslize”. Eliseu Martins contabilista renomado em entrevista ao Jornal Valor Econômico (2008) nos diz que o país está preparado para tais mudanças e que a discussão toda seria por causa do impacto tributário, onde segundo ele o fisco sempre teve grande interferência na contabilidade o que desviava a aproximação das normas internacionais. 31 Para Eliseu Martins o país está mais propício a estas alterações, sendo decorrente do contexto histórico. Em relevância às modificações introduzidas pela lei descreveremos as principais modificações nela ocorrida, para tanto nos orientaremos pelos pronunciamentos técnicos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) que surgiu através da idealização de algumas entidades de grande importância para a contabilidade, são elas: ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas); APIMEC NACIONAL (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais); BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo); CFC (Conselho Federal de Contabilidade); FIPECAFI (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) e IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil). Segundo a Resolução CFC n° 1.055/05: O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) tem por objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. (CFC, 2005) As Sociedades Anônimas De acordo com Código Civil (2002, p. 49) art. 1.088 “A companhia ou sociedade anônima terá o capital dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas”. As sociedades 32 anônimas são sociedades de capital que se formam principalmente pelo capital social, não tendo importância relevante a pessoa do sócio. Elas são divididas em companhia de capital aberta e fechada. Segundo redação dada pela Lei 10.303/01 “a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”. Sendo assim a companhia será aberta se tiver suas ações negociadas na bolsa de valores ou fora dela por meio de instituições habilitadas e serão fechadas quando suas ações não forem negociáveis fora da empresa. Estrutura do Balanço Patrimonial http://nocate.com.br/images/contabilidade.jpg Para melhor transparência aos investidores, credores, empregados e tantos outros usuários destas informações as demonstrações contábeis receberam uma nova composição alterando pontos do artigo 176 da Lei 6.404. 33 Segundo o CPC Conceitual: O objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as mudanças na posição financeira da entidade, que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão econômica. (CPC - CONCEITUAL, 2008)Uma das mudanças da lei 11.638 define a nova estrutura do balanço patrimonial, onde neste está apresentado de forma ordenada o conjunto de bens, direitos e obrigações da entidade, sendo dividido em Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. No ativo se reúnem os bens e direitos da empresa, sendo apresentadas as contas conforme seu grau de liquidez. Este era divido conforme a lei 6.404/76 art. 178, § 1º em: Ativo circulante; Ativo realizável a longo prazo; Ativo permanente, dividido em investimento, ativo imobilizado e ativo diferido. (BRASIL, 1976) Com a lei 11.638/07 retira-se o ativo realizável a longo prazo como grupo e altera a classificação do ativo permanente, dividido em investimento, imobilizado, intangível e diferido. E com a mais recente Lei 11.941/09 altera-se para: Ativo circulante; Ativo não circulante: Ativo realizável a longo prazo; 34 Investimentos; Imobilizado; Intangível. (BRASIL, 2009) No passivo se reúnem os deveres e obrigações da entidade, segundo a lei 6.404/76 ele assim se divide: Passivo circulante; Passivo exigível a longo prazo; Resultados de exercícios futuros; Patrimônio líquido, divido em: Capital social; Reservas de reavaliação; Reservas de lucros; Lucros ou prejuízos acumulados. (BRASIL, 1976) Com as alterações da lei 11.638/07 acrescenta na estrutura do patrimônio líquido a conta reserva de capital. Segundo a lei 11.941/09 as contas do passivo ficam assim classificadas: Passivo circulante; Passivo não circulante; Patrimônio líquido, divido em: Capital social; Reservas de capital; Ajustes de avaliação patrimonial; Reservas de lucros; Ações em tesouraria; Prejuízos acumulados. (BRASIL, 2009) 35 Critérios de Avaliação do Ativo e Passivo A reforma da Lei 6.404/76 propostas pela Lei 11.638/07 trouxe mudanças à elaboração das demonstrações contábeis. Os critérios de avaliação do ativo, por exemplo, apresentados no art. 183 da Lei das Sociedades por Ações, sofreram alterações e regulamentações significativas com a vigência da 11.638/07. Alguns incisos deste artigo foram revogados, outros tiveram sua redação alterada. Conforme Dias e Caldarelli: De um modo geral, a nova legislação trouxe às empresas brasileiras maior facilidade de inserção em mercados internacionais e aumenta, de forma geral, o grau de transparência das demonstrações financeiras. Além disso, promove a convergência às normas internacionais e propõe alterações significativas que aumentam a confiabilidade dos dados das empresas. (CALDARELLI; DIAS, 2008, p. 16) Conforme as novas regras, alguns ativos das sociedades anônimas “serão registrados não mais pelos seus custos de aquisição, mas, pelo valor a eles atribuídos pelo mercado, o que garante mais realismo na análise das condições de solvência das companhias”. (AZEVEDO, 2008, p. 151) 36 Dias e Caldarelli (2008) destacam que para os ativos aplicados em instrumentos financeiros, a nova legislação propõe a avaliação por valor de mercado ou equivalente. Esta nova regra vale também para os derivativos. Conforme Azevedo (2008, p.151) os derivativos “representam os mercados futuros, a termo, de opções e de swaps, pois têm seus preços derivados do mercado à vista”. A Lei 11.638 de 2007 incluiu no § 1º do art. 183 a alínea “d” onde é exposto que é considerado valor de mercado: d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não compulsória realizada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro: 1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares; 2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou 3) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros. (BRASIL, 2007) O art. 248 trata da Avaliação do Investimento em Sociedades Coligadas e Controladas. A redação apresentada para este artigo pela Lei 6.404/76 foi alterada pela 11.638/07 no que diz respeito à relevância dos investimentos em coligadas ou controladas para serem avaliados pelo Método de Equivalência Patrimonial. Conforme a primeira redação do § 1º do art. 243 da Lei 6.404/76 “são coligadas as sociedades quando uma participa, com 10% (dez por cento) ou mais, do capital da outra, 37 sem controlá-la”. A nova redação dada pela Lei 11.941 de 2009 altera o predisposto acima e afirma que são consideradas coligadas as sociedades em que existe influência significativa da investidora sobre a investida. O § 2º do mesmo art. 243 mencionado anteriormente dispõe que: Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. (BRASIL, 1976) Para Azevedo (2008) a avaliação pelo MEP teve sua aplicação ampliada a partir da nova redação do art. 248, dada pela Lei 11.638, onde se retirou o termo “relevante” para que a participação societária se sujeite ao Método de Equivalência Patrimonial. Além disso, a nova redação proposta pela 11.638/07 incluiu o termo “significativa” à influência que os investimentos em coligadas devem possuir sobre a sua administração. A figura da “influência significativa” introduzida pela nova redação do art. 248 da Lei nº 6.404/1976, é entendida pelas normas internacionais de contabilidade como o poder de participar nas decisões das políticas financeira e operacional da investida, sem, contudo, exercer o controle sobre tais políticas. (AZEVEDO, 2008, p. 241) 38 Ajuste a valor presente Conforme Azevedo (2008) o Ajuste ao Valor Presente é para as Sociedades de Capital Aberto, Capital Fechado e para as Sociedades de Grande Porte (Ltda). Tem como objetivo homogeneizar as operações e permitir comparabilidade entre as empresas, pois estes ajustes terão reflexos nos Ativos Financeiros e no Passivo. Segundo o mesmo autor, o ajuste a valor presente, introduzido pela Lei 11.638/07, veio para corrigir os juros embutidos em transações de venda e compra a prazo, pois as entidades não estavam destacando estes valores nas despesas e receitas, os quais estavam sendo lançados como valores a vista. Em operações à curto prazo, ou seja, de 30 a 90 dias os juros embutidos só deverão ser ajustados ao Valor Presente, quando tiverem seus valores relevantes, estes devem ser ajustados ao fim de cada exercício. Não tendo seus valores relevantes, não serão necessários os ajustes e poderão ser lançados como pagamentos e recebimentos a vista. Conforme Azevedo (2008), com a Lei 11.638/2007, os juros eram embutidos de acordo com o preço de venda. Anteriormente era contabilizado de imediato na DRE como Receitas de Vendas. Com a vigência da nova lei, serão extraídos da DRE e reconhecidos como Receita Financeira conforme o tempo e não como Receita Bruta de Vendas. Nas prestações, antes também levadas de imediatos para DRE como Despesas/Custo Operacionais, serão extraídos da DRE e reconhecidos como Despesas Financeiras conforme o tempo e não mais como Despesa/Custo Operacional. Investimentos Temporários Segundo Azevedo (2008) os Investimentos Temporários devemfigurar no Ativo Circulante. Para avaliá-los existem somente duas possibilidades: Os investimentos devem ser destinados à negociação imediata - investimentos temporários já destinados a serem negociados, ou seja, com sua negociação devidamente autorizada pela gestão da 39 empresa; Investimentos disponíveis para vendas futuras - se a empresa tiver aplicações financeiras destinadas para futuras vendas, mas essas vendas ainda não estiverem devidamente autorizadas - investimentos esses para os quais a empresa tenha capacidade financeira de manter até o seu vencimento. A utilização da conta Ajuste de Avaliação Patrimonial deverá ser feita para o lançamento do valor justo dos investimentos temporários, por exemplo: se a empresa tiver aplicações financeiras destinadas a vendas futuras e que ainda não foram autorizadas essas aplicações deverão ser reconhecidas em duas etapas. Primeiramente aplicam-se juros e atualizações monetárias a quem for de direito contra o resultado do período. Em seguida, seus valores deverão ser ajustados conforme seu valor de mercado e a contrapartida dessas oscilações serão na conta de Ajustes de Avaliação Patrimonial no grupo de contas Patrimônio Liquido, conforme avalia Azevedo (2008). Ativo Imobilizado Segundo a redação da Lei 6.404/76 o ativo Imobilizado compreende “os direitos que tenham por objetos bens destinados à manutenção das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial e comercial”. A lei 11.638/07 amplia este conceito descrevendo que o grupo tangível compreende bens corpóreos “decorrentes de operações que transferem a entidade os benefícios, os riscos e o controle dos bens”. Os custos do Ativo Imobilizado são reconhecidos segundo o CPC 27 (2009) se gerarem futuros benefícios as entidades e o seu custo sejam mensuráveis com confiabilidade, sendo reconhecidos no momento em que são incorridos. Vale ressaltar que os custos referentes a manutenção periódica não são reconhecidos no valor contábil de um item do ativo imobilizado. 40 Após o reconhecimento de um bem como ativo imobilizado ele deve ser mensurado pelo valor de custo, compreendendo seu preço de aquisição deduzido os abatimentos e descontos comerciais, somando os impostos e quaisquer custos obtidos para colocar o bem no local e nas condições necessárias para seu funcionamento, de acordo com o CPC 27 (2009). O CPC 27 (2009) orienta que a reavaliação dos ativos se dá no período de um ano caso haja mudanças significativas no valor justo do bem, tais avaliações frequentes são desnecessárias quando o valor justo não sofre alterações constantes se dando a cada três ou cinco anos. Quando há reavaliação de ativos a depreciação também deve ser atualizada. Caso o valor aumente em virtude da reavaliação o valor deve ser creditado em uma conta especifica no patrimônio líquido. Quando tratar de reversão, de um decréscimo reconhecido anteriormente que agora resulte em aumento deve ser reconhecido na conta de resultado. A diminuição do ativo deve ser reconhecida no resultado ou no patrimônio líquido quando há saldo na conta reserva de reavaliação. A conta redutora do ativo imobilizado é a depreciação que registra na geral perda do capital aplicado na aquisição do bem, na divulgação das demonstrações contábeis devem salientar os critérios usados na depreciação, a vida útil, taxas de depreciação, critério de mensuração de forma a fornecer a seus usuários informações que os ajudem a revisar as políticas adotadas na administração, assim ressalta o CPC 27 (2009). Ativo Intangível Outra regra contábil imposta pela Lei 11.638/07 foi a criação da conta Intangível. “Ativo intangível é um ativo não monetário identificável sem substância física”. (CPC 04, 2008) Segundo Dias e Caldarelli (2008, p.14) no ativo intangível “serão registrados os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia inclusive o fundo de comércio adquirido. ” 41 Seu reconhecimento igualmente ao ativo imobilizado se dá quando o custo pode ser mensurável e forem prováveis aos benefícios econômicos gerados pelo ativo em benefício da entidade. Quando um ativo adquirido pela combinação de negócios for separável, resultando de direitos legais ou contratuais, o seu valor justo pode ser mensurado com segurança, é o que diz o CPC 04 (2008). Pode a entidade optar, em dadas circunstâncias, pelo método de reavaliação ou de custos, escolhido um critério para a contabilização ele terá que ser mantido, aplicado a todos os itens do grupo, respeitando o princípio da conformidade. Segundo o CPC 01 (2008) o método de custo consiste na apresentação do custo deduzido a amortização e perdas acumuladas. Já o método de reavaliação “corresponde ao seu valor justo à data da reavaliação” CPC 04 (2008) é necessário efetuar a reavaliação constantemente tendo como base um mercado ativo. A amortização deve ser atualizada quando ocorrida reavaliação. A contabilização desse ativo baseia na sua vida útil que para alguns itens pode ser definida ou indefinida, essa avaliação usa como base o período em que o bem deverá gerar fluxos de caixa positivos para a organização, a amortização é aplicada somente à ativos com vida útil definida. Esses são alguns procedimentos de reconhecimento e contabilização de ativos intangíveis estabelecidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis 04 de 2008, de acordo com as normas em vigor devendo as empresas ajustar suas demonstrações aos critérios expostos de forma a corrigir erros. Alterações nas Demonstrações As demonstrações obrigatórias pela Lei 6.404/76 eram as seguintes: Balanço Patrimonial, Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados, Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos. Na lei 11.638/07 não existe mais a demonstração das origens e aplicações de recursos, conhecida DOAR, inclusão da Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) e 42 elaboração das Demonstrações do Valor Adicionado (DVA) apenas pelas companhias de capital aberto. Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) Esta demonstração apresenta a movimentação financeira da entidade através das entradas e saídas de recursos em dinheiro do caixa e a geração de equivalente de caixa o qual de acordo com o CPC 03 (2008) “são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor”. A demonstração de fluxo de caixa possibilita aos usuários contábeis avaliar os ativos líquidos de uma entidade e sua agilidade diante de mudanças inesperadas, na qual está converterá seus investimentos em dinheiro, sem com isso ter perda significativa em seu valor. Segundo o CPC 03: As informações de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como suas necessidades de liquidez. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa bem como da época e do grau de segurança de geração de tais recursos. (CPC 03, 2008) A DFC é composta de três divisões de atividades, conforme o CPC 03 (2008): 43 Atividades Operacionais: são movimentações derivadas das principais atividades geradoras de receita da entidade; Atividades de Investimento: são os resultados das compras ou vendas de ativos de longo prazo; Atividadesde Financiamento: são as captações de empréstimo e outros recursos referentes aos proprietários, sendo subtraído do grupo a amortização de empréstimo e a distribuição de dividendos. A entidade poderá divulgar os fluxos de caixa operacionais utilizando de dois métodos diferentes, o direto e o indireto. O direto de acordo o CPC 03 (2008) é aquele “segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e desembolsos brutos são divulgadas” e o método indireto é aquele “segundo o qual o lucro líquido ou prejuízo é ajustado pelos efeitos”. Os efeitos pelos quais serão ajustados podem ser pelas operações que não envolvam caixa e pelas apropriações por competência, recebimento, pagamento passados ou futuros. De acordo com a Lei 11.638 art. 176 § 6º “A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa”. Demonstração do Valor Adicionado (DVA) A DVA é utilizada para informações sobre as riquezas criadas pela entidade e a forma como está a distribui. Segundo o CPC 09 (2008) através da DVA podemos 44 visualizar o quanto a entidade tem na formação do Produto Interno Bruto (PIB), com algumas diferenças de valores, pois a ciência econômica calcula o PIB pela produção enquanto a ciência contábil calcula pela realização da receita baseada pela competência. A DVA demonstra o quanto a entidade agrega de valor aos insumos adquiridos de terceiros que serão vendidos. Primeiramente a DVA deverá apresentar as riquezas da entidade que será apurada basicamente pela “diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros”, incluindo o “valor adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por terceiros e transferido à entidade”, como apresenta o CPC 09 (2008). De acordo com Ariovaldo dos Santos em palestra ao CFC e FIPECAFI (2008), na DVA riqueza criada não significa faturamento, por exemplo, se uma empresa tem faturamento de R$ 10.000.000,00 mais compra insumos de terceiro no valor de R$ 5.000.000,00 estará criando riqueza de R$ 5.000.000,00, riqueza esta que será a participação da entidade na criação do PIB. No segundo passo a DVA apresentará a distribuição da riqueza criada pela entidade da seguinte forma: Para os empregados pessoal e encargos; Para o Governo impostos, taxas e contribuições; Para financiadores de capital externo juros e aluguéis; Financiadores internos juros sobre o capital próprio (JCP), dividendos, lucros retidos/prejuízos do exercício. (CPC, 2008). Existem alguns casos especiais na formação de riqueza como na atividade de seguro e previdência. Segundo o CPC 09 (2008) os componentes na formação da riqueza nessas atividades são: Receitas com operações de seguro; Receitas com operações de previdência complementar; 45 Provisão para créditos de liquidação duvidosa; Variação das provisões técnicas em operações de seguro; Variação das provisões técnicas em operações de previdência. (CPC 09, 2008) Segundo o CPC 09 (2008) “Nas atividades de seguros e previdência, os sinistros retidos e as despesas com benefícios e resgates, que representam o total das indenizações líquidas a serem pagas aos segurados, devem ser deduzidas das receitas”. Tais deduções são: Sinistro: valores das indenizações que são de competência do exercício. Variação da provisão de sinistros ocorridos, mas não avisados: valor do ajuste da provisão de sinistros ocorridos, mas não avisados. Despesa com benefícios e resgates; valor dos benefícios concedidos e dos resgates efetuados de competência daquele período. Variação da provisão de eventos ocorridos, mas não aviados; valor do ajuste da provisão de eventos ocorridos, mas não avisados à empresa. (CPC 09, 2008) A distribuição da riqueza deverá ser feita da mesma forma das outras empresas para os empregados, o governo, financiadores de capital externo e interno. A DVA por demonstrar a riqueza da empresa e a forma como esta será distribuída é uma das demonstrações que possibilita aos usuários externos e internos, a extração de informações referentes ao desempenho econômico da organização, suas formas de crescimento e distribuição. 46 As entidades estão sujeitas diariamente a diferentes tipos de riscos que são provenientes do ambiente externo e interno, os quais podem afetar o crescimento da riqueza da organização, seja na baixa da receita, pela não confiança de seus clientes ou pelo aparecimento no mercado de um produto concorrente. Para Oliveira, Marins e Rocha: Risco é a possibilidade de um insucesso na área de negócios, que poderá afetar o patrimônio líquido de uma entidade ou ainda, o perigo iminente e relevante de uma perda contingencial irrecuperável, devido à probabilidade de ocorrência de um evento indesejado. (OLIVEIRA; MARINS; ROCHA, 2006, p.02) Sendo assim Santos (2002, p.25), identifica alguns tipos de riscos empresariais: Riscos Provenientes do Ambiente Externo: Riscos Político-Legais; Riscos Econômicos; Riscos Demográficos; Riscos de Fornecedores; Riscos de Concorrentes; Riscos de Produtos Alternativos. (SANTOS, 2002, p.25) 47 Riscos Provenientes do Ambiente Interno: Riscos de Liquidez; Riscos de Crédito; Riscos de Mercado; Riscos Legais; Riscos de Erros; Riscos da Estrutura de Custos; Riscos da Área Administrativa; Riscos da Área de Distribuição. (SANTOS, 2002, p.25) Através da identificação e análise destes riscos é possível gerenciá-los de forma que estes possam ser controlados e não afetem o desenvolvimento econômico e financeiro da organização. De accord com o COSO (Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission): O gerenciamento de riscos corporativos é um processo conduzido em uma organização pelo conselho de administração, diretoria e demais empregados, aplicado no estabelecimento de estratégias, formuladas para identificar em toda a organização eventos em potencial, capazes de afetá-la, e administrar os riscos de modo a mantê-los compatível com o apetite a risco da organização e possibilitar garantia razoável do cumprimento dos seus objetivos. (COSO, 2009) 48 BIBLIOGRAFIA ALMEIDA, M.C. Curso básico de contabilidade: introdução à metodologia da contabilidade. São Paulo: Atlas, 2006. ANDERSEN, A. Normas e práticas contábeis no Brasil. São Paulo: Atlas, 2007. ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico- financeiro. São Paulo: Atlas, 2003. CREPALDI, S.A. Curso de Contabilidade: resumo e teoria. São Paulo: Atlas, 1995. EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. São Paulo: Atlas, 1998. FRANCO, H. Contabilidade Geral. 23º Ed. São Paulo: Atlas, 1999. IUDICIBUS, S. & MARION, J.C. Curso de contabilidade para não contadores. São Paulo: Atlas, 1997. IUDICIBUS, S. & MARION, J.C. Contabilidade Empresarial. São Paulo: Atlas, 1997. MARION, J.C. Contabilidade empresarial. São Paulo: Atlas, 2007. WALTER, M.A. Contabilidade básica. São Paulo: Saraiva, 1996.
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