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1 Unifran Ano: 2.018 Curso: Tecnologia em Gastronomia Turma: 1º A Disciplina Higiene e Segurança Alimentar Contaminantes Alimentares Prof.: Olírio ASR Aula 01 2 O que é a deterioração microbiológica? Refere-se aos estragos alimentares causados por microrganismos (bactérias, bolores e/ou leveduras). Os microrganismos crescem em praticamente todos os tipos de produtos alimentícios. Devido aos microrganismos estarem presentes em todos os lados, á nossa volta, existe sempre um risco de deterioração microbiológica. Existem milhares de microrganismos, a maior parte deles é capaz de crescer numa serie de produtos sob as condições corretas. O crescimento esta dependente do tipo de alimento, tipo de microrganismo, temperatura e outros fatores. Produtos secos tais como o pão e as bolachas não contem umidade suficiente para permitir o crescimento bacteriano. Normalmente a deterioração destes produtos é causada por bolores. Produtos amargos, salgados ou doces não proporcionam um meio bom para o crescimento da maior parte dos microrganismos. Podem ser danificados por uma microflora especifica que já esteja adaptada. A maior parte dos microrganismos não é perigosa. Um produto estragado não é necessariamente perigoso, mas pode fazer mal. Para maior segurança, é aconselhável não ingerir produtos que estejam estragados. CONTAMINATES ALIMENTARES Natureza da contaminação: Perigo Físico Corpos estranhos como pedaços de metal, pedaços de borracha, pedaços de plástico, areia, parafusos, pedaços de madeira, cacos de vidro ou pedras. Durante o processamento ou preparo de alimentos pode ocorrer uma contaminação física no produto. Estas contaminações provêm, principalmente, dos próprios equipamentos que podem, por causa de uma manutenção inadequada, soltar pedaços de metais e/ou plástico e/ou borracha (especialmente em equipamentos com agitadores mecânicos), parafusos etc., ou das matérias-primas que trazem consigo sujidades aderidas aos produtos no momento da colheita ou do transporte. Entre esses corpos estranhos estão terra e pedras. Perigo Químico O mercúrio, assim como os demais metais pesados, é considerado um perigo químico. Compostos químicos tóxicos, irritantes ou que não são normalmente utilizados como ingrediente. Podem ser: agrotóxicos, inseticidas, hormônios (sintéticos), antibióticos, detergentes, metais pesados, óleos lubrificantes, entre outros. Desde o momento da produção até o consumo, os alimentos estão sujeitos à contaminação química. Esta contaminação pode ocorrer no próprio campo através da aplicação de inseticidas, herbicidas, hormônios dentre outros agentes para controles de pragas na agricultura. 3 A contaminação pode ser ocasionada também pela contaminação do solo com metais pesados que passe de organismo em organismo da cadeia alimentar até chegar ao homem ou outros extremamente tóxicos como as dioxinas e outros poluentes orgânicos persistentes que são capazes de serem levados pelo ar. Perigo Biológico Os micróbios (bactérias, fungos e vírus) são seres vivos muito pequenos que só podem ser vistos com ajuda do microscópio. Eles se multiplicam e produzem substâncias que são tóxicas para o homem, causando doenças. Bactérias Em condições adequadas, uma bactéria se desenvolve a cada 20 ou 30 minutos; Em poucas horas, um só micróbio pode formar uma população maior que a da cidade de São Paulo; Um único tipo de alimento contaminado pode transmitir doenças a várias pessoas. Cultivo de Salmonelas, um dos contaminantes mais habituais nos alimentos. São os microrganismos (protozoários, fungos, bactérias e vírus), principais causas de contaminação de alimentos e causadores de toxinfecções alimentares. Os alimentos possuem uma composição bastante complexa, ou seja, possuem um número muito grande de componentes. Estes componentes são em sua maior parte água, proteínas, lipídios e carboidratos, além de outros importantes como sais minerais, vitaminas (co- fatores) e ácidos nucléicos. Tal como o corpo humano, que consegue aproveitar significativa parte destes compostos, uma grande variedade de espécie de microrganismos também estão habilitados a fazê-lo. Isto faz com que os alimentos sejam locais ideais para a proliferação destes organismos. É um dos grupos mais conhecidos e numerosos. Podem ser deteriorantes, quando causam alterações nas propriedades sensoriais (cor, cheiro, sabor, textura, viscosidade etc.) ou patogênicas, que são as que causam doenças. Um grande número de espécies de bactérias é conhecido como patogênicas, entre estas se destacam: Salmonella typhi, Bacillus cereus, Clostridium botulinum, Clostridium perfringens, Vibrio cholerae, Vibrio parahaemolyticus. Fungos São divididos em fungos filamentosos (bolores) e leveduras. Sua ocorrência é mais comum em alimentos com baixo percentual de água e/ou elevada porção de lipídios como amêndoas e castanhas, por exemplo. Os fungos são os principais perigos biológicos destes alimentos. Seu risco está na produção de mico toxinas por algumas espécies. Estes compostos ao serem ingeridos acumulam-se no organismo causando uma série de transtornos, desde ataques ao fígado a alguns tipos de câncer. Vírus Em sua maior parte, o grupo de microrganismos mais associados aos perigos biológicos são as bactérias e os fungos. Contudo, atualmente tem se dado maior destaque a vírus, como o caso da febre aftosa ou da gripe aviária. Contaminação que pode ser ser adquirida pelo ser humano. 4 Como saber se um produto esta estragado? Normalmente, a deterioração microbiológica não se vê. A melhor maneira de prevenir a deterioração é através da manipulação correta do alimento. Se um alimento cheira ou tem um mau aspecto, não deve ser consumido. Bactéria X Alimentos Patogênico Deteriorador Benéfico FATORES QUE INFLUENCIAM O CRESCIMENTO MICROBIANO • FATORES INTRÍNSECOS (inerentes; próprios do alimento) - pH - Atividade de água - Potencial Redox: é a espontaneidade, ou a tendência de uma espécie química adquirir elétrons e, desse modo, ser reduzido. - Composição e conteúdo de nutrientes (constituintes antimicrobianos, estruturas biológicas, micro biota do alimento) • FATORES EXTRÍNSECOS (INERENTES AO AMBIENTE) - Temperatura - Umidade Relativa - Atmosfera UTILIZAÇÃO DO SAL – Conservação dos alimentos O sal provoca à diminuição da atividade de água dos alimentos, que é um fator de necessidade para a reprodução microbiana, aumentando desta forma a conservação dos alimentos. Os alimentos salgados podem, assim, ser mantidos à temperatura ambiente. É o caso do charque, do bacalhau, sardinhas e de outros pescados. A salga dos alimentos pode ser feita a seco ou através de salmoura. Na salga a seco, o sal é aplicado na superfície da carne e tende a retirar umidade, e penetrar até que a concentração de sal seja praticamente uniforme em todo o produto (em média 4,5%). Na salga em salmoura, usa-se imersão do produto em solução salina, podendo também auxiliar a penetração através de injeções de sal de cura. Pode-se também, usar o sistema misto (passar o alimento em uma salmoura primeiro, e em seguida utilizar a salga a seco). Os microrganismos mais problemáticos para os alimentos salgados são os halofílicos (uma vez que cloro é um halogênio - halo: de halogênio e filo: afinidade), estas bactérias vêm com o próprio sal utilizado e produzem nos alimentos o "vermelhão".É importante, portanto, a utilização de um sal de boa qualidade. Também é importante salientar que, após a retirada do sal dos alimentos, o mesmo se torna suscetível ao ataque dos demais microrganismos, pois a atividade de água deixou de ser limitante, motivo pelo qual o alimento deverá ser rapidamente consumido ou processado. 5 UTILIZAÇÃO DO AÇÚCAR – Conservação dos alimentos O uso do açúcar na produção de alimentos funciona como um bom agente para sua conservação. Isto porque aumenta a pressão osmótica, diminuindo a sua atividade de água, criando um ambiente desfavorável para a multiplicação das bactérias e da maioria dos bolores e leveduras. São exemplos de produtos conservados pelo uso do açúcar: geleias, doces em massas, frutas cristalizadas, frutas glaceadas, leite condensado, melaço e mel. Estes produtos são conservados em geral, mas não obrigatoriamente, em recipientes hermeticamente fechados. MICRORGANISMOS INDICADORES de CONTAMINAÇÃO Fatores importantes: Avaliação da qualidade microbiológica Água Alimentos Grupos ou espécies Contaminação de origem fecal Provável presença de patogênicos Potencial de deterioração Condições sanitárias desfavoráveis Alguns critérios devem ser respeitados para a escolha dos microorganismos ou grupo indicador. Indicadores de contaminação fecal ou da qualidade higiênico sanitária do alimento Coliformes totais Capazes de fermentar lactose com produção de gás a 35-37ºC, por 48 hs Escherichia, Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella Obs: a presença de coliformes totais não indica contaminação fecal ou enteropatôgenos Coliformes fecais e Escherichia Coli Coliformes totais capaz de fermentar lactose com produção de gás a 44 a 45,5ºC. Informações sobre as condições higiênicas do produto. Alimentos vegetais frescos: único indicador é E. coli Alimentos frescos de origem animal: elevado índice de Enterobacteriaceae, indica falha de manipulação e ou armazenamento inadequado. Alimentos processados: elevado índice de Enterobacteriaceae e coliformes indica, processamento inadequado, recontaminação pós-processamento. Enterococos: o nº elevado indica práticas sanitárias inadequadas e ou exposição do alimento a condições que propiciam a multiplicação. Grupos que quando presentes em números elevados nos alimentos poderão causar deterioração ou redução da vida de prateleira. Fornecem informações sobre as condições gerais do processamento. Um nº elevado de microrganismo indica que o alimento é insalubre. Indicadores gerais de contaminação do alimento Contagem de bactérias psicrotróficas e termófilas (grau de deterioração de alimentos refrigerados ou submetidos a algum tratamento térmico). Contagem de bactérias anaeróbias houve condições favoráveis de multiplicação de microrganismos patogênicos anaeróbios (ex. Clostridium botulinum e Clostridium perfringens). Contagem de bolores e leveduras em alimentos ácidos e de baixa aw, o crescimento dos fungos é maior que o das bactérias. Podem produzir micotoxinas. Baixas contagens de bolores e leveduras são normais em alimentos frescos e congelados. 6 Outros indicadores Estafilococos Clostrídios Contagem de esporos termófilos Contagem de bolores em equipamentos Para se produzir um alimento seguro: Deve ser inócuo. É o que não apresenta risco à saúde e integridade física do consumidor. É o alimento produzido em condições que garantam o controle dos perigos. É aquele produzido com Boas Práticas de Manipulação. Doenças Transmitidas por Alimentos o Doença Transmitida por Alimentos (DTA): síndrome ou doença originada pela Ingestão de alimentos e/ou água contaminados por microrganismos, toxinas e outros agentes químicos ou físicos. o Epidemiologia das DTA: estudo da freqüência, distribuição e fatores determinantes das DTA para a aplicação de medidas de saúde para controle e prevenção. o Importância das DTA: globalização da economia, intensa mobilização da população, hábitos alimentares, mudança no protótipo de surtos, etc.. Intoxicação ou toxinoses: ocorre pela ingestão do alimento com toxina pré-formada (ex. Botulismo, estafilocócica e B. cereus emético) Infecção: ocorre pela ingestão de células viáveis presentes no alimento, que irão colonizar e/ou invadirem o epitélio intestinal. Toxinfecção: liberação da toxina in vivo sem a colonização pelo microrganismo produtor (ex. C. perfringens , ingestão elevada desta bactéria na forma vegetativa) PRINCIPAIS DOENÇAS VEICULADAS POR ALIMENTOS (DTAs) Um interessante estudo feito por Bryan (1976), nos Estados Unidos, listou as condições que mais freqüentemente foram apontadas como causas predisponentes para os surtos de toxiinfecções ocorridas. Quatro décadas se passaram, mas os dados continuam atuais. PRINCIPAIS CAUSAS DE TOXIINFECÇÕES DE ORIGEM ALIMENTAR A lista de causas é a seguinte: 70,8 % dos surtos - Refrigeração inadequada. 24,8% - Manipuladores portadores de micróbios. 22,3% - Alimentos preparados com mais de um dia de antecedência. 7,4% - Instalações deficientes. 5,2% - Má higiene dos manipuladores. 4,6% - Equipamento mal lavado. 4,1% - Matérias primas contaminadas. 3,3% - Deficiência no cozimento ou reaquecimento. 1,4% - Contaminação por roedores. 1,1% - Equipamento de construção inadequada. 0,5% - Manutenção inadequada de equipamentos. Obs: há mais de uma causa relacionada com os surtos investigados. 7 Variáveis do Hospedeiro Idade Saúde geral: gravidez, desordens metabólicas, alcoolismo, cirrose, doenças malignas, etc. Quantidade de alimento consumido Variações da acidez gástrica: antiácidos e variações naturais. Distúrbios genéticos Estado nutricional Imunidade Antecedentes cirúrgicos Ocupação AGENTES ETIOLÓGICOS DE DOENÇAS DE ORIGEM ALIMENTAR Agentes Surtos % Bactérias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Vírus. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Parasitas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Substancias Químicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
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