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Contestação (aula, roteiro) NCPC (1)

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CONTESTAÇÃO
1. Conceito
Modalidade de resposta do RÉU, na qual devem ser oferecidas todas as defesas (art. 336 NCPC – princípio da concentração, do qual decorre o princípio da eventualidade), sob pena de preclusão.
2. Princípios
	Contraditório e ampla defesa - assegura a igualdade de tratamento às partes na relação processual, devendo haver ciência bilateral dos atos e termos do processo com a possibilidade de contra argumentos pela parte contrária.
	Concentração e eventualidade - é o dever do RÉU de concentrar todo e qualquer tipo de defesa que tiver, na contestação, sob pena de preclusão. Deverá fazê-lo para que, se a primeira for rechaçada, pelo juiz, este possa apreciar todas as demais, a fim de dar justa solução ao litígio. Mesmo que as defesas sejam contraditórias, elisivas uma das outras, ainda assim devem ser elas concentradas na contestação, a fim de permitirem ao juiz, que conheça de todas, eventualmente, ou seja, se a primeira for considerada inidônea o juiz apreciará a segunda, a terceira, e, deste modo, sucessivamente.
3. Preclusão
Se o RÉU não o fizer, perderá o direito de alegar as demais defesas, que ficarão preclusas, salvo hipóteses excepcionais, como as contidas no art. 342 do NCPC. É que a sentença, afinal, ficará adstrita a apreciar os fatos e os fundamentos jurídicos expostos na inicial e na contestação, nos termos do artigo 141 do NCPC, pois se não for assim, o juiz decidirá "ultra, citra ou infra petita”, o que lhe é defeso em lei.
4. Prazo
	A contestação deve ser apresentada em 15 (quinze) dias da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver auto composição; ou ainda do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4o, inciso I; e ainda, como previsto no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos, conforme dispõe o art. 335 NCPC.
5. Conteúdo e forma
A contestação deverá ter necessariamente duas partes, a saber, primeiramente a defesa contra o processo, procurando perimi-lo, com a alegação das matérias elencadas nos artigos 485 e 337 do NCPC. Em segundo lugar, deverá o RÉU alegar toda e qualquer matéria com a qual se insurge contra o mérito, direta ou indiretamente, para que todas elas, mesmo que contraditórias, sejam objeto de exame e decisão na sentença compositiva do litígio. 
6. Defesas
O RÉU tem o ônus da impugnação especificada dos fatos, defesas processuais e defesas de mérito. 
	no plano processual – art. 337 do NCPC – preliminares 
Preliminares dilatórias: são vícios processuais considerados sanáveis, que não possuem o condão de extinguir o processo sem resolução do mérito.
Exemplos: incompetência absoluta e relativa e conexão que, acolhidas, resultam, respectivamente, na remessa dos autos do processo ao juízo considerado competente ou prevento.
O Novo CPC, em seu artigo 352 determina: “Verificando a existência de regularidades ou vícios sanáveis, o juiz determinará sua correção em prezo nunca superior a 30 (trinta) dias.”
Preliminares peremptórias: as preliminares peremptórias, uma vez arguidas pelo réu e verificadas existentes pelo juiz, possuem o condão de extinguir o processo sem resolução do mérito, artigo 485 CPC, uma vez que tratam-se de vícios processuais considerados insanáveis.
Exemplos: perempção, litispendência e coisa julgada.
Deve o RÉU primeiro, tentar extinguir, destruir, perimir, o processo para livrar-se das consequências de um eventual julgamento do mérito, com o acolhimento do contido na peça exordial oferecida pelo AUTOR. E a matéria que poderá alegar na contestação, antes de se insurgir contra o mérito, é aquela constante do elenco do artigo 337 do NCPC, que tem o seguinte teor:
Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:
I – inexistência ou nulidade da citação;
II – incompetência absoluta e relativa;
III – incorreção do valor da causa;
IV – inépcia da petição inicial;
V – perempção;
VI – litispendência;
VII – coisa julgada;
VIII – conexão;
IX – incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X – convenção de arbitragem;
XI – ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII – falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII – indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.
Além dessas matérias, deverá o RÉU alegar outras, dentre as previstas no artigo 485 do NCPC e que não constam deste dispositivo ora em comento, como:
I – indeferir a petição inicial;
II – o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III – por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; 
IV – verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V – reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; 
VI – verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII – acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; 
VIII – homologar a desistência da ação;
IX – em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; 
X – nos demais casos prescritos neste Código
	no plano do direito material – defesas de natureza direta, negando o fato constitutivo do direito do AUTOR, alegado na petição inicial, e/ou indiretas, alegando fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito, postulando a improcedência do pedido autoral.
Assim sendo, o RÉU poderá negar a existência e a veracidade dos fatos alegados pelo AUTOR, na inicial, a título de fatos constitutivos. Com isso, deverá provar tais fatos, durante a instrução. 
Tais negativas, contudo, não podem ser genéricas. É que, no nosso sistema, ressalvadas algumas exceções plenamente justificáveis, não se admite mais a contestação por negação geral (art. 341 parágrafo único do NCPC). Com efeito, o RÉU, ao negar os fatos asseverados pelo AUTOR, deve mencionar outros que infirmem aquelas assertivas delineadas na peça exordial, devendo prová-los. 
Poderá o RÉU reconhecer a real existência e veracidade dos fatos alegados pelo AUTOR, mas negar-lhes as conseqüências jurídicas alvitradas na peça exordial. Com isso, o AUTOR, ante à confissão do RÉU, em torno dos fatos constitutivos daquele, fica liberada do ônus de prová-los.
Todavia, o RÉU asseverará, em sua postura defensiva, que os fatos não produzem os efeitos jurídicos pretendidos, que, assim, não poderá merecer a tutela jurisdicional que pleiteia na exordial. O tema, que será abordado na sentença, afinal, pelo juiz, girará apenas em torno do exame do direito que foi invocado pelo AUTOR, para se verificar se, realmente, ele tem razão, ou não.
Poderá, também o RÉU, confessar os atos alegados pelo AUTOR e aduzir outros que infirmem aqueles, de molde a retirar-lhes as conseqüências jurídicas pretendidas. Neste caso, ambas as partes deverão provar os atos por si alegados (art. 373, incisos I e II do NCPC).
Finalmente o RÉU poderá, outrossim, confessar os fatos alegados pelo AUTOR e aduzir outros modificativos, extintivos ou impeditivos do direito postulado, na inicial. O AUTOR ficará liberada de provar os fatos que alegou, ou seja, os fatos constitutivos de seu direito. O RÉU terá que demonstrar os fatos modificativos, extintivos ou impeditivos alegados na contestação (art. 373, inciso II do NCPC). Tal opção de defesa é o que a doutrina chama de defesa indireta contra o mérito ou de exceção material.
Fato modificativo é aquele que tem o condão de alterar a postulação contida no pleito do AUTOR. Fato impeditivo é aquele que tolhe a pretensão, que obsta o seu pedido, que anula o que ela deseja. Fato extintivo é o que elimina, extingue, torna sem valor, a obrigação assumida, porque ela não mais é exigível. 
7. Observações
	Na contestação, osfatos deverão ser narrados, em ordem cronológica, do ponto de vista do RÉU, com especial atenção ao ônus da impugnação especificada dos fatos alegados pelo AUTOR (art. 341 do NCPC), sob pena de confissão ficta. 
	Incompetência em razão da matéria/ função e territorial deve ser argüida em contestação. 
	Será necessário que você conteste cada um dos pedidos, observando-se sempre o ônus da prova – artigo 373, CPC. 
8. Estrutura da peça de contestação (arquivo à parte).

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