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MULTICULTURALISMO NA ATUALIDADE

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MULTICULTURALISMO NA ATUALIDADE
RESUMO
Este trabalho visa ressaltar algumas das temáticas que se enquadram dentro do assunto do Multiculturalismo e sua atuação na atualidade, destacando o desenvolvimento sócio-cultural de algumas das principais sociedades pelo ponto de vista antropológico e histórico, o conceito de cultura e de multiculturalismo e as influências que cercam cada cultura. Aborda ainda o conflito do Multiculturalismo vs Universalismo, com menção à teoria Relativista. Destaca-se também o papel desempenhado pelos Direitos Humanos, uma breve história sobre suas origens e a dificuldade e aplicação destes de forma igualitária devido as diferenças de uma cultura para a outra (um dos maiores dilemas enfrentados pelo Direito atualmente por consequência do Multiculturalismo). No âmbito da modernidade, enfatizamos alguns conflitos cotidianos decorrentes da coexistência de inúmeras culturas em mesmo momento, sendo eles a Criminalização do Funk e a Marginalização da Cultura Afro-Brasileira, ambas peças-chave da cultura brasileira e que devem receber melhor reconhecimento e respeito.
INTRODUÇÃO
No primeiro momento o trabalho retrata o Multiculturalismo, onde inicia ressaltando os seus princípios antropológicos da pré-história até os dias atuais. Relaciona com o tempo cronológico e afirma que cada sociedade é caracterizada pelo contexto em que está inserida, o que consequentemente as tornam únicas. No período da globalização há um avanço de informações que provoca uma aproximação e a influência de uma cultura por outra.
Quando falamos de Universalismo as visões se tornam opostas ao Relativismo. O primeiro carrega consigo as definições permitindo que as ideias se propaguem existindo diferentes pensamentos, sendo um denominador mínimo. Já para o segundo não há necessidade de critérios mínimos para um diálogo com a liberdade de valores e direitos. 
Os Direitos Humanos apresentam detalhadamente seu desenvolvimento gradativo. Após relaciona-se este direito com as culturas, utilizando como exemplo o pensamento do cientista político Samuel Huntington para relatar a diferença dos polos culturais, utilizando alguns países de exemplo. Cita também a igualitariedade e grupos minoritários refletindo as desvantagens presentes. 
Existem diversos exemplos de descriminalização multicultural que se estendem até o judiciário. Uma exemplificação atual seria a criminalização do funk, que de certa forma gera divergência entre culturas, que não toleram a manifestação e expressão do próximo. O processo de criminalização do funk é um exemplo extremamente claro de rivalidade de culturas que está presente, criminalizando simplesmente pelo aspecto de sentir-se superior e dentre outros diversos fatores.
Somos um país democrático, porém os direitos humanos e as liberdades fundamentais, como a liberdade de expressão por vezes se tornam esquecidas e não exercidas. O exemplo que temos disso é das diversas formas que agridem a cultura afro-brasileira, principalmente a religião entre elas estão a Umbanda e o Candomblé, a depredação de imagens e a queima de terreiros/barracões, geram medo e insegurança para quem decidem segui-las. Mesmo o Estado visando uma proteção através de leis, isso não ocorre na prática. Devemos pensar que essas culturas nada mais são do que o nosso passado e assim reconhecer e respeitar todas as diversidades.
DESENVOLVIMENTO SÓCIO CULTURAL ATÉ A ATUALIDADE
O termo “cultura” foi utilizado, em seu sentido antropológico, pela primeira vez no livro Primitive Culture (1871) de Edward Tylor (1852-1917) que sintetizou dois termos de origens distintas, transformando-os no vocábulo inglês Culture, admitido como:
“Um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade.” (LARAIA, 1996, p. 25).
Sendo a cultura, do ponto de vista da Antropologia, um conceito tão amplo – diferentemente de seu significado no senso comum onde é apenas sinônimo de erudição – é impossível que admitamos um início para esse fenômeno natural, visto que desde os primórdios o homem não só executa atos relacionados à arte, crenças, costumes, etc., como também adquire meios para transmiti-los às seguintes gerações. É, portanto, inegável que a cultura acompanha o ser humano desde sua origem, e que todas as formas conhecidas de expressão de cultura são válidas e de mesmo valor para a Antropologia, não existindo cultura superior ou sociedade culturalmente mais evoluída.
Se tomarmos como exemplo inicial o homem pré-histórico, perceberemos que já existia cultura no Período Paleolítico; o homem nômade que praticava cultos religiosos aos mortos, sua rudimentar linguagem articulada e sua economia coletora fazem parte da cultura pré-histórica, que não deve ser inferiorizada se comparada a outras, como a cultura Egípcia, de economia baseada na agricultura, religião politeísta e antropozoomórfica e seu alto conhecimento nas áreas da matemática, arquitetura e engenharia.
Por se tratar de um conjunto de hábitos, costumes e conhecimentos, a cultura é influenciada de forma direta pelo tempo e pelo contexto, ou seja, o multiculturalismo sempre esteve presente, antes mesmo de ser reconhecido como fenômeno, pois duas sociedades diferentes nunca poderiam possuir exatamente a mesma cultura se uma vivesse cercada por oceanos e a outra estivesse estabelecida em meio ao deserto. Entram então o tempo (seja ele cronológico ou psicológico) e o contexto (inter-relação de circunstâncias que acompanham um fato ou uma situação) como modificadores de pensamento, crenças, forma de agir, arte e conhecimentos – tudo o que constitui a cultura –. Atenas e Esparta faziam parte do mesmo território Grego, estavam no mesmo tempo cronológico, porém, em tempos psicológicos muito distantes, o que fazia suas culturas serem tão diferentes. Enquanto Atenas possuía uma política em constante evolução por conta da Filosofia, Esparta estava imersa na preparação militar, gerando uma política estática e uma economia ainda agricultora.
O tempo cronológico que separa duas (ou mais) sociedades é também muito importante para que entendamos a(s) cultura(s) presentes nessas diferentes civilizações; o tempo traz novas experiências, novos aprendizados e, por conseguinte, novas expressões culturais, por isso estamos em constante desenvolvimento sociocultural. Ao analisarmos o sistema feudal que marcou a Idade Média, o qual atingiu seu ápice entre os séculos X e XII, seus principais traços incluíam a economia de subsistência, a relação de suserania e vassalagem e o teocentrismo. A cultura medieval girava em torno do centro de poder da época, a Igreja Católica, que exercia esse poder de forma coercitiva, utilizando-se do medo e da pouca instrução popular para manter sua autoridade.
Com grande avanço do tempo cronológico, já na Idade Contemporânea, a Revolução Francesa (1789-1799) juntamente com os ideais iluministas e com o Liberalismo Econômico modificaram o pensamento Medieval, questionando e abolindo costumes e hábitos da “Idade das Trevas” porém, não é possível afirmar que a cultura contemporânea é mais avançada que a medieval por deixar de ser subordinada à Igreja Católica, é necessário levar em conta que o tempo e o contexto das duas culturas são opostos e cada uma atende às necessidades de sua época.
Atualmente, vivemos o período da Globalização, caracterizado pelo aumento da população mundial, integração social, política e econômica, e a facilidade na comunicação. Graças aos avanços tecnológicos, é possível o deslocamento entre localidades em pouco tempo e a troca instantânea de informações, o que provoca aproximação entre as diferentes sociedades e consequentemente a influência de uma cultura por outra, configurando o grande empecilho em que o Direito enfrenta nos dias de hoje, o Multiculturalismo, que nada mais é que a coexistência de várias culturas.
UNIVERSALISMO VS MULTICULTURALISMO
Multiculturalismo é a forma que descrevemos uma sociedade, onde, em um mesmoterritório, abriga povos de origens culturais e de tradições distintas entre si. Existe uma grande diferença nas visões sobre a vida e nos valores. O multiculturalismo é pluralista, em razão da sua aceitação de diversos pensamentos sobre um mesmo tema.  O que pode ocorrer entre estes diversos grupos são processos de aceitação e tolerância e/ou rejeição e conflito, mas há o diálogo entre culturas diversas para que haja uma convivência pacífica que tragam bons resultados para ambas as partes. 
O problema que está diretamente relacionado ao multiculturalismo é que existe a possibilidade de que seja relacionado tanto com o relativismo quanto com o universalismo. O relativismo traz uma proposta que pode ser vista como negativa, pois não precisam ser estabelecidos critérios mínimos para um diálogo entre culturas, e com isso, tudo está certo e tudo é aceito, e nessa concepção não se pode falar em direitos humanos universais, pois cada cultura tem liberdade para decidir e estabelecer seus próprios valores e direitos. 
O universalismo no multiculturalismo permite que novas ideias se propaguem, além de permitir o convívio de diferentes ideias e pensamentos opostos. Mas isso só acontece desde que exista um denominador mínimo entre as duas partes, para que assim se dê início a um diálogo. Este mínimo se trata dos direitos humanos.
 No multiculturalismo universalista é possível defender a forma geral da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), e isso seria a base para o bom convívio entre todos os povos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos visa que a proteção destes não deve se limitar somente ao âmbito interno dos Estados. 
DIREITOS HUMANOS EM RELAÇÃO À CULTURA 
Pode-se afirmar que cultura é praticamente o sinônimo de história, constituída de valores desenvolvidos na convivência social, os quais caracterizam a diversidade dos povos. Logo, os direitos humanos reconhecem que cada indivíduo pode desfrutar de seus direitos sem distinção de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outro tipo, origem social ou nacional ou condição de nascimento ou riqueza. 
A relação entre as culturas e aos direitos humanos está diretamente ligada no desenvolvimento conjunto que existe entre as partes. Tanto pelo modo civilizatório que a sociedade está inserida em determinado período, quanto pelos movimentos sociais, políticos e econômicos, ou seja, há crescimento simultâneo entre esta relação. Estes direitos humanos foram ampliando-se gradativamente, além dos direitos individuais, vieram os direitos políticos, sociais e econômicos nas constituições modernas.
Após a primeira grande guerra mundial, emergiu a 2º Dimensão dos direitos humanos no que se refere aos direitos econômicos e sociais. Logo em 1919 foi criado um acordo comum conhecido como Liga das Nações. Desta maneira em contra resposta da falência do sistema surgiu a Organização das Nações Unidas (ONU), definindo importantes objetivos para alcançar o desenvolvimento do direito da humanidade. Ao longo do tempo algumas condutas foram modificando-se, após o outro estágio da guerra, surgiu também o Estado do Bem Estar Social, onde triunfa-se a teoria da indivisibilidade para a sociedade. Neste avanço gradativo é de extrema relevância destacar a existência do conflito de diferentes culturas dentre diversas localidades, que na qual havia e existe fortemente até os dias atuais a dificuldade de aplicar os direitos humanos igualitariamente para este amplo Multiculturalismo. Cada povo tem sua característica marcante que advém de sua própria cultura, esta cultura por sua vez é parte de uma história de um conjunto de indivíduos. Para efetivar os direitos humanos de forma igualitária, de maneira uniforme, é necessário diálogo, aproximação e principalmente o respeito entre os povos.
Segundo Samuel Huntington: “Os choques das civilizações são a maior ameaça à paz mundial”. Tendo isto em vista é evidente o fato de conflitos entre grupos diferenciados de culturas, justamente pela intolerância que há entre as partes. Mas com esta disputa fortemente presente, surgem então algumas reflexões. Como aplicar direitos humanos igualitários ao Multiculturalismo e onde as civilizações são completamente distintas? Como por exemplo no Estado Islâmico onde acontecem massacres em massa, enquanto na cultura hinduísta a vaca é sagrada pelo fato de ser “pura” por isto não deve ser morta e nem ao menos ferida? Outro breve exemplo é a religiosidade. No índice de países mais religiosos do mundo a Tailândia apresenta 94%, logo a China 7% que se encontra nos territórios de menores percentuais de entrevistados que se identificaram como crentes.
Para tentar encontrar as repostas destas perguntas existe uma forma clara de compreender, o princípio da isonomia: É a ideia de que todas as pessoas merecem ser tratadas de forma igual, na medida do possível e do legal. 
Art. 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade […]”.
Este artigo é importante neste aspecto de igualitariedade, pois visa garantir legalmente que todos os cidadãos brasileiros e os estrangeiros recebam um tratamento igualitário por todo o território nacional. Um dos exemplos é a igualdade de acesso à justiça, entre outros. Tendo isto em vista, existem dois modos consideráveis dentro do direito igualitário: “A igualdade formal” e a “Igualdade material”. Ambas com o mesmo objetivo, porém de maneira diferente de aplicá-las. A primeira citada está presente na Constituição Federal art. 5º, logo a igualdade material considera o que é possível ser realizado diante de limitações, cujas deve-se ser tratado de forma diferenciada. Esse tratamento distinto representa uma forma de proteção e de preservação do princípio da igualdade. “Todos os indivíduos, de certa forma, devem buscar preservar e garantir o princípio da igualdade em suas relações e em sua vivência na sociedade”.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1848, onde tornou-se um marco histórico extremamente significativo nos direitos humanos. Elaborado por representantes de diferentes origens jurídicas e culturais de todas as regiões na qual foi traduzida mais de 500 idiomas, inspirando as constituições de muitos estados e democracias. Estabelecendo, pela primeira vez, a proteção universal dos direitos humanos e sucedendo-se o documento mais traduzido do mundo. Uma das ramificações destes direitos é o Relatório dos direitos humanos que está presente atualmente. Hoje na 18º edição, visa levantar dados de políticas públicas e propostas tornando-se uma documentação histórica de analises, conforme acontecimentos atuais, como por exemplo no ano de 2017 um dos pontos destacados é a reforma trabalhista e o sistema previdenciário.
Para que possa existir uma continuidade destes desenvolvimentos, onde todos apresentam-se com propósitos semelhantes e extremamente importante, é necessário compreender a necessidade da pratica de direitos humanos para grupos minoritários e marginalizados. Este fator é vital para garantir o futuro destes grupos marginalizados, povos indígenas, os trabalhadores migrantes e refugiados. Para prosseguir com afirmação é necessário que todos indivíduos estejam comprometidos e então ter um processo que assegura a afirmação de suas vozes, visto que todos estes indivíduos, necessitam de ser empoderados para ultrapassarem as suas posições de desvantagem.
Lei Nº 7.716, de 05 de janeiro de 1989 – Essa lei é a principal arma do cidadão(ã), na luta pela punição dos crimes decorrentes do racismo, preconceito e discriminação racial em nosso país. Para sua aplicabilidade é necessário o seu total reconhecimento, para podermos agir conscientemente contra os males citados. O parágrafo terceiro, tipificando a injúria com utilização de elementos relacionados a raça, cor, etnia, religião ou origem, e determinandoas penas de todos os crimes referidos.
O PROCESSO DE CRIMINALIZAÇÃO DO FUNK 
O início da década de 60 no Brasil foi marcado pela ditadura militar, que se estendeu por longos 21 anos de censura. A música tinha um papel fundamental para a formação de opinião e os regimes autoritários que atuavam na época preferiram “abafar” a voz dos artistas com o intuito de manter o seu poder equilibrado. O fato é que com o retorno da democracia, o Brasil voltou a ter a sua liberdade de expressão, podendo assim continuar com as suas manifestações culturais. Anos após o fim da Ditadura, assistimos um episódio parecido, houve também a criminalização de certas culturas, como a do samba e da capoeira, onde o simples ato de caminhar com um instrumento musical poderia levar a prisão, pois era considerado “vadiagem”.
O fato é que após tantos episódios marcantes ligados a cultura e após o constante avanço da sociedade, mais uma vez fomos surpreendidos. No século XXI houveram duas situações na qual questionavam a cultura do funk. Em 2015 o Ministério Público efetuou uma denúncia em contraposição de um homem que estava cantando funks conhecidos como “proibidões” na rua, com a justificativa de o indivíduo estar fazendo apologia ao crime ou criminoso. A decisão do juiz da 37º Vara Criminal do Rio de Janeiro Marcos Augusto Ramos Peixoto foi bastante empática. Na sua decisão, ele deixa em evidencia o fato de as letras dessas músicas não serem criminosas, pois se tratam apenas de relatos verídicos do dia a dia nas favelas e da sociedade violenta em que vivemos e que criminalizar seria calar a voz de uma minoria. Para finalizar, ele ainda acrescenta que as letras não dão origem a violência ou ao crime e sim são originadas por elas.
O e-cidadania é um portal criado para que a população possa ficar mais próxima das decisões do Senado Federal e possibilita o cidadão de enviar sugestões para novos projetos de leis, toda sugestão que possua mais de 20 mil apoios será encaminhada para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação participativa do senado. A questão é que no ano de 2017 o empresário Marcelo Alonso sugeriu que o funk fosse considerado crime de saúde pública a criança aos adolescentes e a família, considerando que o ritmo seria uma “falsa cultura”. Com um apoio superior a 20 mil, a proposta foi encaminhada para a Comissão de Direitos Humanos. O relator sorteado para o caso foi o Senador Romário, que em seu relatório deixa claro que o funk é como uma forma de manifestação de jovens periféricos como uma maneira de se sentirem participantes da sociedade, e destaca que a violência, desrespeito ao próximo e o vandalismo sempre estiveram presentes em diversas festividades, não é uma exclusividade do baile funk. O senador se mostra também preocupado com os crimes que acontecem atualmente e manifesta: 
“Nos preocupamos, sim, com os crimes que possam ocorrer durante os bailes funk. Os autores devem ser perseguidos criminalmente e punidos pelo Poder Judiciário. Mas, para tal fim, o direito penal já oferece solução adequada, pois existe a previsão de crimes contra a vida, contra a honra, contra a dignidade sexual, contra a exploração sexual de menores, de tráfico de drogas etc.”
Rejeitada por inconstitucionalidade, a decisão teve base no Artigo 5º da Constituição Federal, que assegura a livre expressão cultural. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; [...] 
É indiscutível que o funk trouxe possibilidade de emprego e mudança de vida para milhares de brasileiros, todo ritmo musical tem uma bagagem cultural, onde expõe a vida e a realidade de um povo especifico, criminalizar o funk seria como dar início a um novo período de censura. Nos dias de hoje, praticamente tudo, tem um lado positivo e um lado negativo, no funk não poderia ser diferente. Os autores de crimes dentro do baile funk devem responder por seus atos individualmente, generalizar uma cultura inteira por conta de uma minoria não seria justo e, os problemas sociais não deixariam de existir. 
MARGINALIZAÇÃO DA RELIGIÃO AFRO-BRASILEIRA
 A cultura afro-brasileira, nasce no período colonial, quando milhares de escravos são trazidos para o Brasil a força dentro navios negreiros, onde eles cultuavam as escondidas a religião africana, devido a única religião legitima naquele tempo ser o catolicismo. Até que em 1930, uma lei criada durante o Estado Novo de Getúlio Vargas já no Brasil, faz com que esses parem de serem perseguidos. Assim, elas passaram a ser celebradas e valorizadas. 
“Até que em 2003, foi promulgada a lei n°10.639 	 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). 	 Exigindo que as escolas brasileiras de ensino Fundamental e médio tenham em seus currículos de história e cultura afro-brasileira.”
Porém, colocar essa lei em prática não se torna tão simples assim. Mesmo vivendo em um país com uma grande modernidade e diversidade, seja elas de raça, sexo, língua ou religião, o respeito, os direitos humanos e às liberdades fundamentais por vezes são esquecidas e consequentemente não exercidas por milhares de brasileiros. Por isso, quando falamos em religião afro-brasileira, o primeiro pensamento é o preconceito, porque acaba se tornando mais fácil julgar do que propriamente conhecer o ritual/cultura. Por esse motivo, que essas religiões encontram dificuldades de terem seu lugar e também de se afirmarem como uma religião legitima no Brasil. 
Em relação as maiores expressões, cujo o Candomblé e a Umbanda, na época que surgiram eram bem distintas. O Candomblé de matriz africana, com rituais de sacrifícios a animais que serviriam como forma de agradecimento e comida aos orixás, e também um objeto sagrado para eles, era o toque do tambor “para chamar os orixás”. Diferentemente da Umbanda, que vem de uma origem indígena, onde todos os trabalhos eram feitos com ervas da própria mata na época, não havia nenhum tipo de som, somente as canções de pontos de cada entidade. Mas com essa modernidade, onde me referi anteriormente, faz com que essas duas religiões que eram diferentes, acabem então, se misturando nos dias de hoje.
Chegando na atualidade, nos deparamos ainda com diversos ataques aos símbolos (imagens) de orixás e terreiros/barracões sendo depredados frequentemente. A intolerância mexe com a sociedade de uma maneira geral, enquanto os que praticam estes acontecimentos, se acham superiores aos outros e por acharem que a religião deles é a melhor e que só ela possa existir. Trazemos como um exemplo, um fato que ocorreu recentemente, onde uma casa religiosa é invadida por evangélicos, mostrando assim, um ato totalmente desrespeitoso e mais ainda por ser gravado e publicado na internet. 
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.
§ 1º O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional. 
§ 2º A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
§ 3º A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à:
I -  defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro;
II -  produção, promoção e difusão de bens culturais;
III -  formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões;
IV -  democratização do acesso aos bensde cultura;
V -  valorização da diversidade étnica e regional.
Quem segue a cultura afro-brasileira, sofrem diversas perseguições no dia a dia e não se sentem seguras nem mesmo em suas próprias casas de santo. Entretanto, por mais que haja uma lei visando sim a proteção dessas culturas, o próprio Estado não cumpre com seus deveres e cabe aos donos dessas casas, terem que instalar câmeras e alarmes para tentar garantir uma segurança e “evitar” com que essas depredações ocorram novamente. 
Referindo-nos as denúncias, elas são encaminhadas a defensoria pública, delegacias e promotorias e cada vez os dados estatísticos vem crescendo, devido a tamanha violência contra fieis de determinada religião, mas por um outro lado essas estatísticas nos mostram um fator positivo: a mobilização contra a intolerância. 
“O movimento vem se fortalecendo desde 2008, quando quatro pessoas invadiram o Centro Cruz de Oxalá, imagens foram quebradas e fiéis xingados. Foi criada então, a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR), formada por grupos da sociedade civil e religiosos de diferentes crenças.”
Já os casos, que são levados e denunciados à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, vão de insultos à violência física, passando por invasões de terreiros e se tratando de negócios, ocorre também uma recusa por parte dos vendedores. Um relato deste acontecimento é de Fábio Oliveira, que frequenta a casa Ilê Axé Oxum. 
“Compramos um terreno em uma comunidade em Campo Grande para erguer um barracão. Na semana seguinte, fomos informados de que o tráfico do local não queria “macumbeiros” ali. Tivemos que desistir do espaço – conta.”
Hoje nós criticamos o que acontece no presente, porém não reconhecemos e nem tão pouco procuramos saber do nosso passado. Se hoje o Brasil tem uma diversidade tão grande de cultura, como a música, o esporte, a culinária, não somente a religião, devemos isso aos nossos imigrantes, sendo o respeito o principal modo de viver em paz.
COMENTÁRIOS
O grupo chegou ao consenso de que o artigo ao retratar diversas temáticas dentro do assunto do multiculturalismo, desenvolveu um pensamento crítico acerca dos direitos humanos, direito individuais, políticos, sociais e econômicos nas constituições modernas. O ponto de vista positivo é os detalhes de cada assunto abordado que agregou bastante para o nosso conhecimento e para elaboração do trabalho. Porém, o lado negativo é o fato que o artigo poderia ser mais especifico e ter uma estruturação melhor dos assuntos abordados, fazendo com que o leitor tivesse melhor compreensão dos temas.
IDEAÇÃO 
Um dos principais elementos que agregaram na nossa concepção referente ao artigo é salientar um assunto que requer destaque, principalmente pelo aspecto de mesmo sendo extremamente contemporâneo ainda apresentam fatores que não deveriam existir a décadas, como por exemplo o conflito e intolerância entre culturas. Através da informação destes temas atuais que traz o conhecimento necessário para um passo da mudança tão desejada e importante para todos. Com isto, introduz para os acadêmicos um questionamento, logo consequentemente um pensamento evolutivo. 
CONCLUSÃO 
Concluímos que por haver uma riqueza de culturas distintas, que ocorrem desde a antiguidade, a grande importância seria o respeito entre ambas, o que se torna um grande desafio atual. O fato de reconhecer e aceitarmos a diversidade faz com que tenhamos uma cultura de paz e principalmente de segurança. Os Direitos Humanos são fundamentais em relação a cultura, pois trata-se da liberdade de expressão, da liberdade das pessoas cultuarem a sua própria crença, do direito de ir e vir de cada cidadão. A intolerância religiosa, nada mais é do que não aceitar a cultura do outro e achar que simplesmente a sua é melhor e superior, e para que isso não se torne rotina no Brasil dando ênfase as depredações de imagens em terreiros, também referindo-nos o retrocesso que seria a criminalização do funk se caso fosse aceita, precisamos trazer a amplitude do assunto para dentro da educação de ensino, dos teles jornais, revistas, fazendo com que a sociedade pense, reflita e mude suas opiniões e suas atitudes. Refletindo assim de onde vieram, da sua identidade cultural (valores, raça, etnias e identidades). 
REFERÊNCIAS 
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http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/04/150414_religiao_gallup_cc
https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/
https://www.mpto.mp.br/intranet/caopdh/Outros/Leis%20que%20garantem%20os%20Direitos%20Humanos%20no%20Brasil.pdf
http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2017-12/relatorio-sobre-direitos-humanos-no-brasil-traz-panorama-de
http://direitosbrasil.com/principio-da-igualdade-todos-sao-iguais-perante-lei/
http://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_06.06.2017/art_215_.asp
https://www.todamateria.com.br/principais-caracteristicas-da-cultura-afro-brasileira/
https://www.imed.edu.br/Uploads/GT3-p136-148.pdf
https://oglobo.globo.com/sociedade/levantamentos-mostram-perseguicao-contra-religioes-de-matriz-africana-no-brasil-13550800
https://www.resumoescolar.com.br/historia-do-brasil/resumo-da-cultura-afro-brasileira/
http://justificando.cartacapital.com.br/2016/09/24/criminalizacao-dos-movimentos-sociais-revive-ditadura/
https://www.brasildefato.com.br/2017/06/28/tentativa-de-criminalizar-o-funk-e-historica-diz-ativista-do-ritmo/
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-funk-e-seus-bailes-regulamentar-ou-criminalizar,589584.html
file:///C:/Users/ferna/Downloads/DOC-Relat%C3%B3rio%20Legislativo%20-%20SF174225971203-20170914.pdf
file:///C:/Users/ferna/Downloads/DOC-RDH%20682017-20170620.pdf
https://veja.abril.com.br/entretenimento/juiz-do-rio-defende-proibidoes-e-os-compara-com-chico-buarque/
https://www12.senado.leg.br/ecidadania/principalmateria

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