Buscar

TIG BACIAS HIDROGRAFICAS - CORREGO BONSUCESSO BELO HORIZONTE MG

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MICRO BACIA DO CÓRREGO BONSUCESSO 
MICRO BASIN BROOK BONSUCESSO 
 
Caroline Oliveira de Brito1; Euclides David Alves Brandão2; Filipe Lazarino Campidelis3; 
Izabella de Souza Taranto4; Kely Cristina Soares5; Leandro Felipe Corrêa Ribeiro6; Wilson 
Loreno Soares Fernandes7 
Taiza de Pinho Barroso Lucas8 (Orientadora) 
 
Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG 
 
1carolineoliveira1505@hotmail.com; 2dayvidgeografia@yahoo.com.br; 
3filipelaza@yahoo.com.br; 4izabellataranto@hotmail.com; 
5kellyteixeira.geo@hotmail.com; 6leandrofcorrea@uol.com.br; 7wilsonloreno@gmail.com; 
8taiza.lucas@prof.unibh.br 
 
Resumo: O trabalho partiu de uma contextualização da Barragem de contenção do Bonsucesso que favoreceu na 
redução dos índices de inundações, coleta de esgoto sanitário e perdas materiais através da intervenção do 
programa DRENURBS. Foi realizado estudos no local, levantamentos de dados sobre a Bacia Hidrográfica do 
Córrego Bonsucesso e mapa de possibilidades. 
PALAVRAS-CHAVE: Barragem Bonsucesso. Drenurbs. Bacia Hidrográfica. Protocolo de avaliação rápida . 
 
ABSTRACT: This work began with a contextualization of the Bonsucesso's containment dam which favored reducing 
the rates of flooding, sewage collection and material losses through the intervention of DRENURBS program. 
Studies was conducted at the site, collecting data about the Basin of Bonsucesso and possibilities map. 
KEYWORDS: Bonsucesso Dam. Drenurbs. Rapid assessment protocol. 
____________________________________________________________________________ 
 
1 INTRODUÇÃO 
O programa DRENURBS (Programa de Recuperação 
Ambiental de Belo Horizonte) foi lançado com uma 
visão mais inovadora dos recursos hídricos no meio 
urbano, vem com a ideia de que a canalização dos 
cursos naturais não seria a melhor opção, e não 
resolveria os problemas futuros. A melhor solução 
seria a integração desses cursos na paisagem urbana. 
O principal objetivo seria o tratamento dos problemas 
sanitários e ambientais ocorrentes na área das bacias. 
Esse projeto foi implantado para abranger 51% da 
área total de Belo Horizonte e abranger cerca de 47 
sub bacias, e a população que seria favorecida com 
esse projeto chegaria a 45% do total do município de 
Belo Horizonte. 
A implantação do programa DRENURBS parte das 
seguintes etapas: 
1° fase consistia na caracterização e diagnóstico da 
área, onde envolvia a integração de macro e micro 
drenagem, tendo também uma análise dos cursos 
d’água a partir da ajuda do sistema de informação 
geografia (SIG), esta etapa foi concluída em 2001. 
2° fase parte da simulação de sistemas reais de macro 
drenagem das bacias do ribeirão onça e arrudas, 
tendo objetivo de prever certos comportamentos 
futuros. Análise e monitoramento da qualidade da 
água, bem como o monitoramento das inundações, 
também teve o auxilio do SIG na questão da 
drenagem, concluída em 2011. Sendo assim, o 
programa vem com a intenção de intervenção em 5 
sub-bacias: Córrego 1° de Maio, Córrego Engenheiro 
Nogueira, Córrego Baleares, Córrego Bonsucesso e 
Córrego AV. Nossa Senhora de Fátima. Sendo que 
das cinco, quatro já foram entregues e uma que ainda 
está em andamento. Após o término dessa etapa, o 
projeto pretende direcionar e abranger as outras sub-
bacias. 
Para um melhor resultado adotou também os 
seguintes procedimentos: Implantação de vegetação 
arbórea nos leitos dos córregos para melhor 
permeabilidade do solo, introdução de parques e 
áreas de preservação, criação de bacias de detenção 
para a prevenção de inundações, bem como a 
participação das comunidades locais nas decisões de 
conservação e recuperação dos cursos d’água, 
também a orientação pelo projeto DRENURBS sobre 
a importância de conservação ambiental desses 
cursos d’água no meio urbano. 
Dentre as sub-bacias contempladas com o projeto 
DRENURBS, encontra-se a Bacia do Bonsucesso, 
com alto índice de ocorrências de inundações ao 
longo da bacia hidrográfica. Tais problemas ocorrem 
pela falha dos mecanismos do sistema de drenagem 
pluvial, em que há um aumento da impermeabilidade 
do solo, favorecendo maiores índices de inundações, 
onde foi construída a bacia de detenção da água para 
tentar minimizar tal problema, projeto finalizado em 
2010. 
A Barragem de contenção do Bonsucesso favoreceu 
na redução dos índices de inundações, perdas 
materiais, intervenção e eliminação das famílias das 
áreas de risco, também a população foi favorecida 
com a coleta de esgoto e a construção de áreas de 
lazer para as famílias das áreas de risco, mas também 
gerou impactos sociais como problemas na remoção 
das famílias, nos valores de indenização dos imóveis, 
mudanças na rotina de vida das famílias residentes 
próximo das obras, alteração na qualidade da água, 
além da alteração da paisagem. Entretanto, houve os 
impactos ambientais como: disposição incorreta de 
lixos no córrego com leito aberto, mau cheiro devido 
ocorrência de despejo de esgotos, assoreamento, 
dentre outros. 
A PBH (Prefeitura Belo Horizonte), vendo a 
necessidade de revitalização de suas bacias 
hidrográficas, através do projeto DRENURBS, 
interveio na área da bacia do Bonsucesso, visto 
também que a área onde teve esta nova concepção 
de drenagem urbana já necessitava de uma 
intervenção. A partir desde contexto, teve um 
levantamento de dados para se avaliar qual seria a 
melhor forma de intervir neste local. 
Diante da tal temática de uso e ocupação do solo na 
bacia do Bonsucesso e das metodologias de 
intervenção por parte do poder público municipal, 
infere-se como problemática da pesquisa: Qual a 
influência da construção da barragem e sua 
complexidade para a micro bacia do alto Bonsucesso? 
A bacia hidrográfica do Córrego Bonsucesso, que se 
situa na regional Barreiro possui uma área de 
1.192m². Nesse local, estima-se uma população 
entorno de 34.000 habitantes, e que possui uma 
extensão em seus cursos d'água de 22.000 metros. 
Segundo Ziviane, et al (2009), a área do alto 
Bonsucesso ainda possui grande parte de áreas 
verdes. O alto Bonsucesso (sub-bacia do Bonsucesso) 
tem seu uso e ocupação do solo, em sua margem 
esquerda, casas de padrão de construção média e 
baixa, e na margem direita as novas áreas industriais, 
do bairro Olhos D’água. 
Com variações de declividade em torno de 10 a 30 % 
com presença de vertentes côncavas ou planas, 
formados por seqüências de morros e colinas, 
variando de 1041 a 1300 metros de altitude, o Córrego 
Bonsucesso situa-se ao arcabouço geológico de 
seqüência metassedimentar do paleo-proterozoico do 
grupo Itabira, Piracicaba e Sabará, pertencente ao 
super grupo de Minas, onde predomina a formação de 
canga e laterita nas formações superficiais, nas áreas 
de maiores cotas altimétricas caracterizados pela 
presença de campos de altitude. 
 Segundo Gomes (2005), a parte norte da área é a 
que apresenta os maiores problemas, pois embora 
tenha as mesmas características fito-geológicas e 
geomorfológicas do restante da área, sofre a atuação 
de mineradoras e a ocupação imobiliária pouco 
ordenada, principalmente no Bairro Olhos D’água, que 
embora seja classificada pela lei como Zona de 
Adensamento Restrito (ZAR), “de suas condições de 
infra-estrutura e topografia”, foi, e ainda é, alvo da 
atuação de mineradoras que tiveram seus efeitos 
maléficos acentuados devido à sua topografia 
acidentada e ao grande volume de material retirado. 
Assim, este estudo teve por objetivo identificar os 
pontos positivos e negativos da construção da 
barragem para a micro bacia do Bonsucesso (alto 
curso) e propor um modelode gestão mais adequado 
as necessidades sociais, econômicos e ecológicos. 
Constituiu-se objetivos específicos a pesquisa relativa 
a gestão de recursos hídricos atual da micro bacia do 
Bonsucesso estava de encontro as necessidades 
sociais e ambientais, correlacionados os dados sociais 
e ambientais da área de estudo, aplicando o protocolo 
de diagnóstico ambiental preliminar de cursos d’água 
urbano, tratar e georeferenciar os dados utilizando 
técnicas do SIG (Sistema de Informação Geográfica) e 
produzido um mapa de possibilidades de gestão para 
a área do alto curso do Bonsucesso. 
Este estudo teve como relevância alguns fatores de 
interesse comum para as comunidades locais e a 
população urbana de Belo Horizonte. A começar pela 
necessidade de exacerbar a extrema importância da 
microbacia Bonsucesso como de qualquer outra, para 
o dinamismo e qualidade de vida nos centros urbanos, 
principalmente no caso da área, objeto deste estudo 
que englobou algumas nascentes; a possibilidade de 
uma análise da real condição ambiental do trecho do 
alto curso do córrego Bonsucesso se torna 
fundamental para um melhor planejamento urbano. 
Outro relevante tópico abordado foi de 
conscientização das comunidades locais em relação à 
importância da conservação das áreas de nascentes 
como de toda a microbacia Bonsucesso para uma 
melhor qualidade de vida. Para tanto é necessária a 
quebra de paradigmas sobre a ideia de que tampar os 
leitos naturais dos rios é a melhor solução, ao invés de 
incluí-lo na paisagem, permitindo um convívio com os 
cursos d’água e preservá-los de maneira sustentável, 
o que contribuiria para o progresso urbano. E por 
último, a geração de dados ambientais e sociais, que 
forneçam material útil para futuros projetos de 
urbanização que favoreçam a preservação e a 
integração dos cursos d’água em seu leito natural no 
dinamismo urbano. 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
Cabe aqui uma breve discussão sobre as categorias 
de análise da pesquisa geográfica como paisagem e 
área, essas relevantes para esta pesquisa, bem como 
a discussão sobre questões relacionadas a drenagem 
urbana e a gestão dos recursos hídricos no contexto 
urbano e os aspectos socioambientais, que se 
encontram dentro da mesma além de alternativas e 
metodologias de intervenção em bacias hidrográficas. 
Para Miyazaki (2008), as categorias de análise devem 
estar articuladas e relacionadas aos aspectos 
culturais, econômicos, políticos, naturais, entre outros; 
e que cada corrente do pensamento geográfico deram 
sua contribuição para diversas perspectivas de 
abordagem dessas categorias. 
Segundo diversas Dantas (2008), compreender a 
categoria de análise geográfica paisagem é 
necessário avaliar todas as vertentes teórico-
metodológicas envolvidas, já que a paisagem é 
analisada em uma dialética entre duas dinâmicas a do 
visível e invisível, o que se a oposição entre paisagem 
natural e paisagem transformada. 
Mediante a uma análise ampla pode-se compreender 
as problemáticas da ciência geografia, particularmente 
da paisagem. Esse conceito foi se moldando ao longo 
da história. Para Dantas (2008), até o século XVI o 
conceito de paisagem estava muito mais relacionado à 
noção de fração do espaço, ideia de território e lugar 
que se refere a aspectos estéticos. Entretanto, a partir 
do século XVII ela ganha dimensão individual 
vinculada à percepção do individuo, ou seja, valor 
estético, a partir da pintura. 
Dentro desse conceito de paisagem voltado a 
percepção do individuo pode-se citar dois autores: 
Luchiari (2001), diz que a paisagem é forma e 
aparência dada pelo individuo e que ela revela seu 
conteúdo por meio das funções sociais a que são 
dadas ao longo da história. Confirmando a importância 
do mesmo, Gomes (2001) fala da apreensão do olhar 
do individuo para a representação da paisagem e que 
esse olhar esta condicionada a filtros fisiológicos, 
psicológicos, socioculturais e econômicos, estando 
sua existência condicionada à capacidade do individuo 
de reter, distinguir e reproduzir elementos 
significativos para a construção do mosaico que é a 
paisagem. 
De acordo com a percepção individual citada pelos 
autores, Dantas (2008) faz uma abordagem mais 
coerente já que o homem é sem duvidas quem dá 
sentido a paisagem, não só por ele ser o interprete do 
mundo mais por ser o grande agente transformador da 
paisagem, a partir da sua atuação. 
Segundo Schier (2003), tanto para a abordagem 
fundamentalista quanto para a positivista, os 
elementos da paisagem podem ter significado 
denotativo de claro significado, já na perspectiva 
interpretativa, ela é conotativa envolta de símbolos, 
sensações; com tal ambigüidade se percebe que não 
existe uma geografia que sirva a todos os níveis de 
paisagem, pois sua complexidade não permite apenas 
uma abordagem. 
O autor confirma a necessidade da compreensão de 
todos os níveis da paisagem e que esta contribui para 
uma análise que atenda a complexidade a que ela 
esta envolvida. “Discutir essa pluralidade conceitual e 
cognitiva é, no âmbito da geografia, sem dúvida um 
grande desafio” (SCHIER, 2003, p 85). 
A categoria de análise conhecida como área que 
determina um espaço delimitado devido as suas 
características sejam elas físicas, econômicas, entre 
outras; também como as demais esta associada ao 
acúmulo desigual do tempo segundo Santos (2006) 
refere-se a um conjunto indissociável de objetos e 
ações. 
A área também está sujeita às mudanças culturais, 
econômicas e sociais ocorridas ao longo da história, 
uma área que antes tinha determinada característica 
pode vir a se transformar. Assim ela passará a uma 
nova representação mais que sem dúvidas irá refletir 
seu tempo histórico. 
Segundo Miyazaki (2008), para se compreender as 
dimensões analíticas da geografia é fundamental que 
se aborde as categorias de forma articulada. Para o 
estudo geográfico ocorrer de forma completa 
atendendo a toda sua complexidade a utilização em 
uma mesma pesquisa de categorias diferentes é o que 
permite entender todas as relações envolvidas no que 
se define como espaço geográfico. 
Segundo Theodoro (2003), uma gestão de recursos 
hídricos que atenda as demandas atuais somente será 
possível se for mantido um direcionamento de gestão 
institucional ambiental em Minas Gerais. Para o 
surgimento e a consolidação de novos mecanismos de 
controle de qualidade ambiental com incremento de 
espaços que possibilitem a participação da sociedade 
civil, concretizando assim o modelo alternativo de 
gestão priorizando aspectos ambientais a sociais, 
suplantando o modelo tradicional sustentável até 
então vigente, que demonstrou não atender as 
demandas sociais. O modelo compartilhado de gestão 
onde a sociedade civil participa de forma intensiva 
vem sendo apontado pelos estudiosos da área como a 
melhor alternativa de modelo de gestão de recursos 
hídricos, já que envolve a comunidade permitindo que 
a mesma exponha suas demandas. 
Segundo Vargas (1999) , a gestão tradicional está 
ligada ao pensamento técnico e gerencial da 
engenharia ainda muito comprometido com estratégia 
da oferta e, sobretudo a rigidez dos circuitos de 
financiamento dos serviços, que dificulta a 
generalização de programas de economia de água 
face às necessidades crescentes de receita para 
amortizar investimentos realizados na securitização do 
abastecimento urbano de água potável. A gestão de 
recursos hídricos mesmo com todas as dificuldades 
tem dito ganhos no que se refere a novos 
instrumentos de gestão em quase todos os países.Quanto aos desafios ambientais relativos à gestão das 
águas, o novo paradigma de gerenciamento integrado 
ou sustentável dos recursos hídricos está baseado na 
racionalização do uso da água, no gerenciamento de 
demandas, na proteção aos mananciais e na 
conservação dos recursos hídricos, pois a água é um 
recurso natural finito e sua utilização deve ser feita de 
maneira consciente e o gerenciamento por parte dos 
órgão atribuídos sua gestão deve ser direcionando 
para sua conservação para todos os seres vivos 
possam usufruir dos seus benefícios. (VARGAS, 
1999). 
Os cursos d'água e as cidades sempre mantiveram 
ligações na história da humanidade. Seja pela 
facilidade de suprimentos para consumo, atividades 
agrícolas, na comunicação, comércio e transporte, ou 
até mesmo para necessidade de evacuação de 
dejetos e higiene humana, foram produtos que 
favoreceram que estes recursos fossem realizados as 
margens de rios ou córregos povoando e 
aglomerando-os (CASTRO et al,2004). 
Historicamente, em áreas urbanas devido à 
construção do espaço geográfico, os cursos d'água 
(rios, córregos, ribeirões) sempre sofreram 
intervenções no que respeitam a canalização. Outro 
importante fator é que as cidades se desenvolveram 
bordeados por rios ou cursos de água. 
Para as mudanças geradas pelo processo de 
urbanização, conforme afirma Sales (2008), o 
processo de produção e ocupação do espaço urbano, 
frequentemente efetuado de forma acelerada e 
desordenada, acarreta diversas modificações nas 
condições naturais do meio, como a interferência no 
ciclo hidrológico e a gradativa poluição das águas. Os 
cursos d'água, que desempenham importante papel 
no desenvolvimento das cidades e na construção de 
paisagens, vêm sofrendo fortes impactos, decorrentes 
tanto das alterações de processos em função da 
urbanização como também de intervenções diretas. 
Com efeito, as alternativas de intervenção em cursos 
de água usualmente adotadas em áreas urbanas - 
baseadas na sua canalização e retificação - com 
vistas à contenção de inundações e estruturação do 
sistema viário, não têm se mostrado satisfatórias, 
tanto do ponto de vista hidrológico como do ponto de 
vista ambiental, com a potencialização dos impactos 
negativos da urbanização. 
Segundo Coutinho et al (1999) , a urbanização 
impacta de forma negativa no ciclo hidrológico, 
gerando perdas de potencialidades da água. Estes 
impactos resultam na impermeabilização do solo 
(maior velocidade de escoamento superficial da água; 
maior número de casos de inundações; poluições 
difusas), e o consumo de água no quadro urbano, 
esgotos lançados nos cursos de água com ou sem 
tratamento. 
Segundo Reichert (2007) e apude Sales (2008), os 
ecossistemas aquáticos vem sofrendo intervenções 
antrópicas, ameaçando seus aspectos e funções 
ambientais, sociais e culturais. Dentre alguns 
exemplos temos o estreitamento de rios, para uma 
posterior expansão de rua (urbanização). 
O sistema de drenagem de Belo Horizonte se baseou 
até o fim do século XIX em duas correntes que se 
apoiavam nos conceitos higienistas adotados da 
França junto ao conceito Racional Norte-americano. 
Para a concepção higienista pressupõem a ideia da 
evacuação rápida das águas pluviais do meio urbano, 
evitando empoçamentos, considerando-os como fonte 
de doenças. Já o método Racional de cunho 
mecanicista, não considerando as complexidades da 
urbanização no ciclo da água. Visto estes parâmetros 
seria preciso conceitos mais sustentáveis e mais 
susceptíveis para Belo Horizonte. 
Ao longo do final do século XX, em meados da década 
de 1990, o sistema de drenagem urbana de Belo 
Horizonte, que priorizava somente a demanda de 
diminuição de inundações, começou-se a adaptar as 
novas concepções e pensamentos de rede de 
drenagem urbana. O que antes privilegiava tão 
somente a canalização, com avenidas sanitárias, para 
posterior aumento de trafego urbano (por via de carros 
e maior consumo deste mesmo produto) ganha novos 
rumores de drenagem urbana. 
Segundo Pompêo (2000), as complexidades das 
relações homem e meio e sistema natural e sistema 
artificial devem passar por arcabouços das 
perspectivas de sustentabilidade, bem como o 
conceito de drenagem urbana. A sustentabilidade tem 
a capacidade de reintegração da água ao meio urbano 
passando pelo ciclo hidrológico e tangenciando pilares 
de aspectos paisagísticos, ambientais e de forma de 
lazer. 
Diante desse quadro, a implantação de um sistema de 
drenagem e tratamento a ser dado aos cursos de 
água, passam por escolhas de grande relevância que 
conotam seus efeitos na urbanização, podendo somá-
los e ou equivale-los. 
Segundo o plano municipal de saneamento de Belo 
Horizonte de 2008/2011, atualização 2010, para a 
definição das bacias com prioridade em investimentos, 
é necessário atribuir pesos a diversos indicadores, 
índices e variáveis. Esta definição e feita pela 
metodologia do próprio plano municipal, que entre 
estes indicadores leva em consideração vários índices 
como o de salubridade ambiental (saneamento), 
densidade populacional, percentual de população 
residente em vilas e favelas e taxa de internação da 
população ente 0 e 5 anos por diarréia. 
Este tipo de metodologia é muito importante para a 
definição das prioridades dentro das bacias e micro 
bacias hidrográficas do município de Belo Horizonte já 
que os recursos financeiros são limitados que eles 
através das obras de infra-estrutura atendam a 
população mais vulnerável aos critérios estabelecidos 
melhorando assim sua qualidade de vida. 
As intervenções em curso d’água infelizmente ainda 
seguem alternativas tradicionais como as 
canalizações e retificações que são insatisfatórias na 
resolução dos diversos impactos nas áreas urbanas. 
Segundo Cardoso (2008), a adoção de novas 
abordagens mais integradas aos aspectos ambientais 
tem despontado como solução alternativa de 
intervenção. Para a definição de alternativas de 
intervenção a autora propõe uma nova metodologia 
que se baseia na avaliação qualitativa de impactos 
com base em indicadores como hidrológicos, 
hidráulicos, ambientais, sanitários e sociais. Baseado 
nesse diagnósticos, os objetivos de intervenção são 
definidos. A avaliação de alternativas é realizada 
mediante a adoção de pesos aos indicadores. 
Uma concepção de intervenção nos cursos d’água 
mais integrada e menos tradicional vai de encontro 
com o desafio ambiental das grandes cidades o de 
integrar os rios e córregos a paisagem urbana 
promovendo o bem estar da população. 
O plano diretor de drenagem de Belo Horizonte 
(2010), propôs para solucionar um dos grandes 
problemas da cidade relacionado à gestão de águas 
pluviais. A partir da implantação de um Sistema de 
Monitoramento Hidrológico e Alerta Contra 
Inundações. 
Devido à complexidade do evento de inundação vários 
órgãos do município foram envolvidos para o 
desenvolvimento deste sistema. Obras de infra-
estrutura foram realizadas e estudos foram feitos para 
definir os motivos e identificação das áreas onde 
ocorrem as inundações. Um banco de dados foi criado 
para consulta e monitoramento houve também e 
envolvimento da comunidade destas áreas de risco 
para o alerta dos moradores através do treinamento 
de voluntários (Plano Diretor de Drenagem de Belo 
Horizonte, 2010). 
O Sistema de Monitoramento Hidrológico e Alerta 
Contra Inundações é de extrema importância para as 
populações que vivem nestas áreas de risco já que as 
inundações provocam grandes perdas materiais e de 
vidas, além das ações preventivae interessante que o 
plano diretor de drenagem realizou ações de 
intervenção com obras de infra-estrutura. 
Na área de estudo da micro bacia do Bonsucesso 
foram realizadas obras cujo investimento foi de 142,5 
milhões de reais, estas obras fazem parte do 
programa DRENURBS. 
O Programa de Recuperação Ambiental de Belo 
Horizonte – DRENURBS - tem como uma das 
diretrizes o tratamento integrado dos problemas 
sanitários e ambientais, estocagem de água pluvial, 
integração dos cursos d’água na paisagem urbana e a 
participação popular na gestão dos recursos hídricos. 
 
3 MATERIAIS E MÉTODOS 
Para a construção deste trabalho e para obtenção de 
um resultado satisfatório na pesquisa, foram adotados 
alguns procedimentos metodológicos, que por sua vez 
foram divididos em três etapas: 
A primeira foi a pesquisa em artigos científicos, livros 
acadêmicos, sites de instituições reconhecidas que 
abordam a temática da pesquisa. Essa fase objetivou 
elucidar os principais conceitos e a definição dos 
marcos teóricos que permeiam a pesquisa, permitindo 
assim um maior grau de amplitude sobre o tema. 
Na segunda etapa partiu-se para pesquisas no local, 
foram feitas pesquisas em campo, coleta de imagens 
e dados sobre a bacia hidrográfica do Alto 
Bonsucesso, localizada as margens da BR-040. 
Também foram realizados levantamentos de dados e 
indicadores, entrevistas, como a coleta de relatos dos 
moradores da área em relação às enchentes, 
inundações e perdas materiais. 
Ainda na pesquisa exploratória de campo, também foi 
realizado análises de avaliação de impactos 
ambientais através de um protocolo de avaliação 
rápida de cursos d'água urbanos. O protocolo de 
avaliações rápidas é um material utilizado para 
analisar a qualidade da água em diferentes ângulos, 
sendo de fácil aplicação e entendimento, bastante 
utilizado para os monitoramentos ambientais. Esse 
procedimento foi aplicado em diferentes pontos do 
córrego, em que a partir de variáveis pode ser 
atribuídos pesos para distinguir a situação de 
degradação de uso e ocupação do solo e poluição 
difusa do córrego. 
As variáveis (tipologias) observadas foram a 
Qualidade da água (cor, odor, materiais em 
suspensão, presença de resíduos sólidos e presença 
de esgotos) e o Uso e ocupação do entorno (focos de 
erosão nas margens, vegetação ciliar, distância de 
equipamentos urbanos, presença de obstrução para a 
fluidez da água, canalização e retificação). 
Foram selecionados diferentes pontos de observação, 
considerando principalmente as formas de uso e 
ocupação à montante. A essas variáveis são 
determinados pesos em percentuais que podem variar 
de acordo com a área estudada. Também foram feitas 
coletas de altimetria, localização e a caracterização 
física e a densidade populacional localizada as 
margens do alto Bonsucesso. 
Na terceira etapa, reuniu todo material coletado a 
partir de todas as fontes, a fim de analisá-los e 
construir assim a redação final, bem como a 
construção do mapa de possibilidades para a Bacia. 
Para isso foram utilizados alguns procedimentos para 
a construção do mesmo como Mapa de possibilidades 
foi feito no software ArcGis Map 2010, utilizando-se 
das coordenadas SIRGAS 2000 - UTM Fuso 23s. Para 
sua elaboração utilizou-se limites para delimitar a 
bacia em questão a partir de bases cartográficas 
fornecidas pela Prodabel - Empresa de informática e 
informação do Município de Belo Horizonte. 
Utilizou-se também de imagens do Google Earth que 
tem uma melhor resolução para identificar e distinguir 
as diferentes tipologias da área (áreas urbanas, solo 
exposto, vegetação arbórea e rasteira). 
Com relação as técnicas utilizadas no SIG (Sistema 
de informações Geográficas) por meio do software 
ArcGis Map 2010 primeiramente foi feito o 
Georreferenciamento da imagem do Google, onde 
foram adicionados o limite e a imagem da bacia, 
utilizando-se da ferramenta Georreferencing. 
Constituiu a segunda etapa a vetorização do uso do 
solo e cálculo da área, onde será criada uma tabela 
para identificar e calcular cada tipo de tipologia da 
bacia do Bonsucesso, utilizando-se da ferramenta 
Dissolve. 
Em seguida foi feito o cálculo da APP de uso do solo 
dentro da própria APP e a vetorização das nascentes 
do Córrego Bonsucesso a partir ferramentas Buffer, 
Merge, Dissolve, Clip e intersect. 
Por fim, a elaboração do mapa de possibilidades, u foi 
um produto importante para as análises, essas 
também se deram a partir das leituras, observações, 
levantamentos, percepções dos integrantes do grupo 
considerando as possibilidades de intervenção no 
curso d’água para melhor conservação do mesmo. 
 
4 DISCUSSÕES E RESULTADOS 
O crescimento urbano junto a suas conseqüências, 
como o aumento de áreas construídas, a diminuição 
de áreas verdes, a impermeabilização dos solos e a 
degradação dos cursos de água, abrangem as várias 
discussões do cenário urbano. 
Uma bacia hidrográfica no ambiente urbano passou e 
ainda passa por todas essas alterações e ou 
adequação. Visto assim, há várias possibilidades que 
se tem em distintas realidades dentro de um mesmo 
contexto urbano, aliada a intervenções cada vez mais 
“sustentáveis” e “ecológicas” vem ganhando status. 
Dentro desta concepção, partiu-se de uma 
metodologia de mostrar as probabilidades de 
intervenção em diferentes problemas encontrados 
dentro do entorno da Bacia do Alto do Bonsucesso. 
Área 1 no bairro Olhos d'água que fica a norte da 
bacia do Alto Bonsucesso, onde existem várias 
nascentes, todas elas em ambiente urbano. 
A nascente localizada na rua 4, não foi encontrado 
materiais em suspensão, ou seja, lixo na água ou 
próximo a nascente, mas com vegetação às margens 
moderada (gráfico 1) indicando que a população 
reside próxima a nascente. 
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
C o r 	
  d a 	
  á g u a Ma t e r i a l 	
  e m
s u s p e n s ã o
P r e s e n ç a 	
  d e
e s g o t o
Ve g e t a ç ã o 	
  n a s
m a r g e n s
O b s t r u ç ã o 	
  a
f l u i d e z 	
  d a
á g u a
Ár e a 	
  1
Gráfico 1 
 
Possibilidades: são as criações de APPs (Áreas de 
Preservação Permanente) em nascentes, visto que as 
mesmas precisam ser preservadas e neste caso 
revitalizadas. Outra possibilidade é a criação de 
registro de nascentes (mapeamento), e a realização 
de campanhas sociais de proteção e revitalização das 
nascentes. Essas campanhas populacionais podem 
ser feitas com travessias na bacia com os moradores, 
o uso de meios de comunicação online(facebook, 
twitter e entre outros) com o intuito de conscientização 
sobre a revitalização das nascentes da bacia e de 
todos os problemas ambientais ali encontrados. 
Outra expectativa seria o plantio de espécies nativas 
ao redor dos cursos de água encontrados em leito 
natural. A concepção de corrégo canalizado também 
merece olhares holístico, como a promoção de 
campanhas de conscientização das pessoas quanto a 
não canalização dos cursos de água. 
E quanto ao esgotamento clandestino (foto 1), o 
mesmo deve passar por interceptações de tratamento, 
mobilizando o poder público, associações de bairros e 
indústrias. 
 
Foto 1 – Esgoto Clandestino 
 
Área 2 no bairro Olhos D'água. 
Neste ponto também localizado na rua 4 encontramos 
uma nascente em outra concepção de drenagem, pois 
nesta já se observa a impermeabilização do solo com 
a utilização de gabião, o que nos permite visualizar as 
diversidade no que se refere a gestão de recursos 
hídricos nas grandes cidades. 
0
1
2
3
4
5
67
8
9
10
Cor da água Material em
suspensão
Presença de
esgoto
Vegetação
nas margens
Obstrução a
fluidez da
água
Área 1
Gráfico 2 
 
Possibilidades: são as criações de APP's (Áreas de 
Preservação Permanente) em nascentes, visto que as 
mesmas precisam ser preservadas e neste caso 
revitalizadas. Outra possibilidade é a criação de 
registro de nascentes (mapeamento), e a realização 
de campanhas sociais de proteção e revitalização das 
nascentes. Essas campanhas populacionais, podem 
ser feitas com travessias na bacia com os moradores, 
o uso de meios de comunicação online(facebook, 
twitter e entre outros) com intuito de conscientização 
sobre a revitalização das nascentes da bacia e todos 
os problemas ambientais ali encontrados. 
Outra expectativa seria o plantio de espécies nativas 
ao redor dos cursos de água encontrados em leito 
natural. A concepção de córrego canalizado também 
merece olhares holístico, como a promoção de 
campanhas de conscientização das pessoas quanto a 
não canalização dos cursos de água. 
E quanto ao esgotamento clandestino, o mesmo deve 
passar por interceptações de tratamento, mobilizando 
o poder público, associações de bairros e indústrias. 
Área 3 na Barragem Bonsucesso (foto 2), onde é 
captado o excedente de água nos períodos chuvosos 
da microbacia do Alto Bonsucesso. 
 
Foto 2 – Captação de água excedente no período 
chuvoso 
 
Foi encontrada uma água mais escura mas sem 
odores, com provável presença de esgoto e com 
significativa presença de vegetação (gráfico 3) a 
margem do córrego. 
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Cor Residuos
solidos
Vegetação nas
margens
Canalização
Área 3
Gráfico 3 
 
Possibilidades: sua vegetação ao fundo é bastante 
alterada, uma possível intervenção seria o plantio de 
mudas e vegetação nativa, para a revitalização da 
área verde. Enquadrando nesta vertente de 
esperanças, para uma melhor qualidade da água 
poderia se pensar em buscar quais os tipos de 
poluição existentes, buscando a sua despoluição 
através da mobilização popular e utilizando os planos 
de políticas que cada vez mais vem se 
descentralizando, permitindo a contribuição dos 
diversos agentes sociais. 
Através dos dados obtidos, foi elaborado os gráficos 4 
e 5 a seguir: 
0
2
4
6
8
10
Cor Odor Material em
suspensão
Residuos Esgoto
Area 1
Area 2
Area 3
 Gráfico 4 
0
2
4
6
8
10
Erosão Vegetação nas
margens
Ocupação e
equipamentos
Canalização
Area 1
Area 2
Area 3
Gráfico 5 
 
Os dados dos gráficos 4 e 5 mostram que apesar das 
áreas de coletas terem características distintas, elas 
tem condições relacionadas aos indicadores de 
qualidade ambiental muito parecidas, classificados 
segundo o protocolo de análise rápida para cursos 
d'água em áreas urbanas como trechos 
alterados. Este resultado mostra que o alto 
Bonsucesso, área onde estão localizadas as 
nascentes, tem trechos em sua maioria alterados o 
que compromete toda a qualidade da água da bacia 
do Bonsucesso, já que ela é responsável pelo seu 
abastecimento. Assim temos nas possibilidades 
indicadas para cada ponto de análise, o mais 
adequado no que se refere a gestão de 
recursos hídricos para a micro bacia do alto 
Bonsucesso. 
Para a área 3 retoma-se a pergunta norteadora do 
trabalho sobre a influência da barragem de contenção 
para o alto Bonsucesso, onde conclui-se que tem 
pouca influência, porém, devido as intervenções como 
canalizações e impermeabilização dos córregos, 
houve um aumento da sua vazão o que para as áreas 
do médio e baixo curso, era causa de grandes 
inundações assim com a construção da barragem 
para conter o volume das inundações. Este evento 
tem sido controlado, o que trouxe melhoria na 
qualidade de vida dos moradores das áreas do 
entorno, no que se refere aos transtornos causados 
pelas inundações. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A forma da ocupação espacial do homem no planeta 
deve-se muito aos rios e cursos d’água existentes 
sobre a superfície terrestre, pois, tais elementos 
naturais sempre nortearam os locais onde o ser 
humano se fixaria, devido aos atrativos 
contemplativos, e principalmente ao poder de 
abastecimento que os recursos hídricos 
representavam em forma de alimentos, transportes, 
energia, irrigação. Sendo assim,podemos dizer que 
quase todos os grandes centros urbanos do mundo 
moderno surgiram através da luta por solo e água, e 
com isso se formaram em espaços geográficos 
bastante adensados que são grandemente 
entrecortadas por bacias hidrográficas e por afluentes 
das mesmas, mesmo que muitas das vezes a maior 
parte de suas populações atuais, nem saiba que 
existem vários cursos d’água abaixo de suas ruas ou 
em locais inesperados de suas amadas cidades. Esse 
desconhecimento deve-se geralmente a um processo 
que conhecemos como retilinização e canalização que 
são os processos de diminuir os contornos e 
meandros de um rio ou córrego fazendo-o ficar mais 
reto, ou mesmo colocá-los dentro de tubulações 
subterrâneas ou em canais de concreto com o objetivo 
de evitar enchentes e alagamentos e também criar as 
conhecidas avenidas sanitárias, e estes processos 
sempre são apresentados com a finalidade de 
estruturar o bem comum ou a produção de benefícios 
para a população local. 
Quando se fala em águas que tem sua dinâmica em 
centros urbanos ou águas urbanas, podemos dizer 
que elas tem em âmbito histórico mundial algumas 
fases, sendo a primeira a fase pré-higienista que 
perdurou até o início do século XX, tendo como 
características esgotos em fossas ou direto na 
drenagem, sem coleta ou tratamento e a fonte da 
água mais próxima sendo o poço ou rio, esta fase 
gerou algumas consequências resumidamente como 
doenças e epidemias, grande mortalidade e várias 
inundações; em seguida temos a fase propriamente 
higienista que durou até final da década de 1960, 
caracterizada pelo transporte dos esgotos para longe 
das populações, mas sem visar a bacia como um 
todo, e canalização do escoamento superficial, tendo 
como consequência desta fase a redução de algumas 
doenças, porém produzindo a contaminação de vários 
rios, impactos nas nascentes e gerando grandes 
inundações. 
Na próxima fase buscou-se corrigir os processos que 
vinham sendo utilizados até então, pois, viu-se que 
estavam produzindo mais malefícios que benefícios 
aos adensamentos urbanos, essa fase perdurou de 
1970 até cerca de 1990, houve a busca pelo 
tratamento dos esgotos domésticos e industriais e a 
preocupação com o amortecimento do escoamento, 
produzindo melhores resultados para a sociedade com 
projetos de recuperação de rios, mesmo assim, 
restando ainda o problema da poluição difusa; a 
realização de varias obras hidráulicas e de impacto 
ambiental. Após 1990 e com a chegada do termo 
“Desenvolvimento Sustentável”, entramos na última 
fase das águas urbanas, que caracterizou-se pelo 
tratamento adequado dos sistemas de escoamentos 
pluviais, e a criação de projetos de desenvolvimento 
que preservam a dinâmica natural dos cursos d’água, 
prezaram por conservação ambiental, houveram 
significativas diminuições das inundações e a ideia 
máxima de aliar progresso urbano à qualidade de 
vida. 
Grandes exemplos de mudança de paradigmas nas 
concepções de gestão de recursos hídricos urbanos, 
contrariando as primeiras fases das águas urbanas, 
esta a cidade de Seul na Coréia do Sul, referencia 
mundial em humanização de cidades, o rioCheonggyecheon foi renaturalizado, não somente pela 
despoluição das águas, mas, porque seus parques 
lineares devolveram o contato das margens com os 
moradores locais. O rio estava totalmente canalizado, 
foi reaberto chegando a se derrubar um viaduto, três 
anos depois, parte do canal de 80 metros de largura 
foi aberto ao público, foram entregues aos moradores 
cerca de 400 hectares de áreas verdes ao longo de 
oito quilômetros de extensão. Não somente a Coréia 
do Sul, mas países como Alemanha, França, Itália 
dentre outros seguem o mesmo exemplo. 
Infelizmente no Brasil ainda estamos na ainda 
estamos na fase higienista em razão da falta de 
tratamento de esgotos domésticos e industriais, 
transferência de inundação na drenagem e falta de 
controle dos resíduos sólidos. No Brasil, a cobertura 
de fornecimento de água é alta, cerca de 91% da 
população, mas, em compensação a cobertura de 
coleta e tratamento de esgotos é muito baixa, a coleta 
chegando a somente 67% e o tratamento a ínfimos 
28% segundo dados do Sistema Nacional de 
Informações Sobre Saneamento (SNIS, 2004). 
Podemos ver os reflexos do pensamento higienista, 
nos moradores locais; em virtude de respostas dadas 
à pesquisas realizadas em pontos aleatórios da micro 
bacia do Bonsucesso, em todos os casos moradores 
há mais de dez anos na região, a maioria desconhece 
a importância de um curso d’água saudável e 
incorporado ao ambiente urbano, como a sua função 
como regulador climático;manutenção da 
biodiversidade e da vida, sem contar como lugar de 
apropriação pública para o lazer. Pensamentos esses 
refletidos em respostas como a de Alessandra, 33 
anos, moradora há 28 anos próxima ao córrego 
Bonsucesso, indagada sobre a importância do córrego 
para ela e sua família: “Nenhuma, não vejo a 
importância dele para eu e minha família, apenas 
jogamos o esgoto nele”, ou respondendo a pergunta 
se era à favor da canalização do córrego e o porquê, 
disse: “Sim, pois, o córrego aberto cheira mal e é feio”, 
ou como Ângela de 59 anos e moradora há 17 anos, 
responde a mesma pergunta: “Sim, sou a favor da 
canalização, antes usávamos a água para lavar roupa, 
tomar banho, fazer comida, o córrego era bonito, 
agora com esse tanto de casa, ele aberto é feio e 
cheira mal”. Sem contar que em sua maioria os 
moradores relataram problemas com insetos como 
baratas, aranhas e animais como ratos em suas 
moradias, o que pode acarretar em proliferação de 
doenças. Existem vários movimentos sociais e 
ambientalistas que são contra a canalização dos 
cursos d’água, mas, no estado atual que nos 
encontramos, a primeira atitude a se tomar deveria ser 
de uma reeducação ambiental com as comunidades 
locais para que se desenvolvam nelas e nas gerações 
futuras uma empatia com a natureza, ideia contrária à 
do higienismo, que por enquanto é a concepção 
dominante no meio popular, a reeducação ambiental 
mudaria a concepção de que a natureza, aqui 
especificamente os cursos d’água, são algo sujo e que 
devem ser mantidos distantes ou “tapados” com 
concreto, mas desenvolveria conhecimentos, 
habilidades e atitudes nos moradores próximos sobre 
a preservação do meio ambiente e a importância da 
inserção dos córregos na paisagem urbana, ou seja, 
precisamos quebrar paradigmas criados no passado 
pela escolha e aplicação equivocada de um modelo de 
drenagem urbana já obsoleto em seus países de 
origem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANDRADE, M. C. Geografia – Ciência da 
sociedade: Uma introdução à analise do 
pensamento geográfico. São Paulo: Atlas, 1987. 
 
BAPTISTA, M.; NASCIMENTO, N.; BARRAUD, S. 
Técnicas Compensatórias em 
Drenagem Urbana. Porto Alegre: ABRH, 2005. 226p. 
 
CASTRO, L.M.A.; BAPTISTA, M.B.; CORDEIRO N., 
Análise multicritério para avaliação de sistemas de 
drenagem urbana – Proposição de indicadores e 
sistemática de estudo. Revista Brasileira de 
Recursos Hídricos, v.9, n.4, p.05-19, 2004. 
 
CASTRO, L.M.A. Proposição de metodologia para a 
avaliação dos efeitos da urbanização 
nos corpos de água. 2007. 305 f. Tese (Doutorado 
em Saneamento, Meio Ambiente e 
Recursos Hídricos) — Escola de Engenharia, 
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo 
Horizonte, 2007. 
 
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 4. ed. 
São Paulo: Ática, 1999. 94 p. 
 
COUTINHO, Marcelo Vargas. O gerenciamento 
integrado dos recursos hídricos como problema 
socioambiental Ambiente & Sociedade. Associação 
Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ambiente 
e Sociedade Brasil: 1999. p. 109 - 134. 
 
DRENURBS. PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO 
HORIZONTE. - Programa de Recuperação 
Ambiental e Saneamento dos Fundos de Vale dos 
Córregos em Leito Natural, Diagnóstico Sanitário e 
Ambiental da Bacia do Córrego Bonsucesso; Belo 
Horizonte: SUDECAP/ Tecisan – Técnica de Eng. Civil 
e Sanitária Ltda., 2002. 
 
GOMES, I.Sistemas naturais em área 
urbanas:Estudo da regional barreiro.Caminhos da 
geografia.2001. ISSN 1678-6343 Disponível em: 
<http://www.ig.ufu.br/caminhos_de_geografia.html>. 
Acesso em:10 abr. 2014. 
 
MIYAZAKI, Vitor Koiti. CATEGORIAS E DIMENSÕES 
DE ANÁLISE NA GEOGRAFIA: AS ARTICULAÇÕES 
E AS INTER-RELAÇÕES. São Paulo: Revista 
Formação Unesp, 2008. 
 
POMPÊO, C.A. Drenagem Urbana Sustentável. 
Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.5, 
n.1, p. 15-23, 2000. 
 
 
 
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE. 
Plano diretor de Belo Horizonte, lei de uso e 
ocupação do solo - estudos básicos. Belo 
Horizonte: SMMA. 1995. 248 p. 
 
REICHERT, P. Concepts of decision support for 
river rehabilitation. Environmental Modelling & 
Software, v.22, p. 188-201, 2007. 
 
SALES, Adriana Cardozo; Desenvolvimento de 
Metodologia para Avaliação de Alternativas de 
Intervenção em Cursos de Água em áreas 
Urbanas. Belo Horizonte: UFMG, 2008. 197 p. 
 
SCHIER, Raul Alfredo. TRAJETÓRIAS DO 
CONCEITO DE PAISAGEM NA GEOGRAFIA. 
Curitiba: UFPR, 2003. 
 
TUCCI, C.E.M. Gerenciamento da Drenagem 
Urbana. Revista Brasileira de Recursos 
Hídricos, v. 7, n.1, p. 05-27, 2002. 
 
VARGAS, Marcelo V. O gerenciamento integrado 
dos recursos hídricos como problema 
socioambiental Ambiente & Sociedade. Núm. 5, p. 
109-134, 1999.

Outros materiais