Buscar

Globalização: Integração entre Povos e Economias

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 32 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O que é globalização?
Fonte: http://dynamic.pixton.com/comic/2/o/n/l/2onla3eegrro4vey.png 
   Desde a antiguidade clássica que o mundo procura se interligar através de redes de trocas de bens e simbólicas. Isto quer dizer que a muito tempo a humanidade assiste a circulação de produtos e ideias entre as diferentes populações, usualmente pelo meio das rotas comerciais que ligavam as regiões produtoras com os consumidores dos diferentes mercados. Se pensarmos em globalização enquanto a integração econômica, social, cultural e política entre os povos, esta teria se iniciado a séculos, ou até mesmo milênios, como querem alguns. A diferença atualmente seria na velocidade destas trocas a nível mundial pelo avanço das tecnologias de transporte e comunicação, que teriam alterado significativamente a maneira pela qual os povos se relacionam entre si, imprimindo a necessidade de novas políticas internacionais e mecanismos reguladores das relações entre os países a nível global.
Antigo mapa da rota da seda.
Fonte: http://www.portogente.com.br/arquivos/id_25669_t02.jpg
    Mas as diferenças não estariam apenas aí. Uma característica marcante do processo atual é o mesmo se dar sob a égide de um modo de produção específico da humanidade: o capitalismo. Assim a globalização se liga a alguns aspectos deste sistema econômico, o que determina o caráter que esta assume. Um destes aspectos é a divisão social do trabalho e a divisão internacional do trabalho, incialmente com a especialização a nível local do processo produtivo e então a reprodução desta especialização a nível global. 
"Assim, sociedades baseadas na divisão do trabalho exigem
níveis mais elevados de capacitação, autonomia
e cooperação do que as baseadas na subsistência e na
autossuficiência. Esse processo implica a troca de bens
e serviços através de fronteiras nacionais, por parte de
produtores independentes, mas também veio a envolver
uma crescente tendência entre os próprios produtores
a se organizarem como companhias globais e a operarem
em escala internacional. Todos os de maior parte
operam entre fronteiras nacionais, com subsidiária em
muitos países. Eles exercem um impacto poderoso sobre
os níveis de atividade econômica nos países que os
recebem e são em geral capazes de dominar mercados
estrangeiros e eliminar a competição no plano doméstico.
Está associada a isso uma GLOBALIZAÇÃO de
processos e possibilidade tecnológica. Em um mercado
mundial cada vez mais unificado, todos os produtores
devem adotar a nova tecnologia mais eficiente a fim de
sobreviver, enquanto os produtores maiores são capazes
de promover seus produtos internacionalmente, levando
à homogeneização dos padrões de consumo, bem como
de processo de produção" (OUTHWAITE, W.; BOTTOMORE, T. Dicionário do pensamento do século XX. Rio de
Janeiro: Zahar, 1996, p. 222, grifo do autor).
Fonte: Tavares, Fábio Roberto - Ética, política e sociedade / Fábio Roberto Tavares,
Márcia Bastos de Almeida, Sergio de Goes Barboza. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
A nova divisão internacional do trabalho.
Fonte: https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQOBfS4t3vQ0y-_hVWetqCCkj-0o6qyNf_B5dLHGZ2XvQIGjw-kVw 
    Para conhecermos as implicações na política internacional destes acontecimentos, devemos estudar as relações internacionais a partir da análise de quem são os atores, os fenômenos e processos que ocorrem a nível mundial como resultado da globalização e do sistema econômico capitalista. Desta forma devemos investigar as relações entre os Estados-Nações, quais os interesses que estes defendem, como se ajustam uns aos outros na conciliação de seus objetivos e, principalmente, quais as instâncias políticas que regram suas interações.
O xadrez das nações.
Fonte: http://www.plazademayo.com/wp-content/uploads/2012/12/politica-internacional.jpg
    O mundo atual notabiliza-se pelo seu aspecto multipolar nas relações internacionais. Se durante a Guerra Fria o que imperava era a bipolaridade, com os EUA e a antiga URSS liderando dois blocos de interesses sócio-político e econômicos antagônicos, hoje assistimos diversos protagonistas tendo voz e poder de decisão a nível global. Por outro lado verficamos igualmente o surgimento de novos blocos políticos regionais procurando influir na política internacional, como é o caso de BRICS, a união dos países emergentes com altas taxas de crescimento.
O BRICS.
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTcrbHLpu95mFMs7aEo0V8elN9_z1TCO51YjEf_JcDkpp4mCydb
    Para entendermos as relações internacionais é imprescindível conhecermos os organismos internacionais, quais suas áreas de atuação, qual o poder real que têm em impor suas determinações sobre os diferentes países e que interesses estes defendem. Precisamos ter em mente ainda a razão do surgimento destes organismos e como eles se ligam a constituição do estado de direito democrático e ao reconhecimento dos direitos humanos fundamentais.
Um organismo internacional, a OMC.
Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcT_5KHu36tSDTx5McktQB2DlqnExowl846Auj-iW5ci9fw8lhLD 
 Para saber mais sobre globalização:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o 
Fontes:
- Pecequilo, Cristina Soreanu. - Manual do Candidato – Política Internacional / Cristina Soreanu Pecequilo -- Brasília : FUNAG, 2012.
- Tavares, Fábio Roberto - Ética, política e sociedade / Fábio Roberto Tavares,
Márcia Bastos de Almeida, Sergio de Goes Barboza. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
 Já dissemos anteriormente que o processo de globalização atual deve algumas de suas suas características a lógica do modo de produção capitalista. Isto nos permite uma abordagem deste fenômento a partir do pensamento social clássico que refletiu sobre este sistema econômico. Vejamos, querid@ alun@ alguns aspectos do capitalismo que nos ajudam a compreender a globalização.
Capitalismo e Globalização.
Fonte: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcR2AMRbT3R5hVTCKNIdFkOiut444GIF9tF8z1Ci9GAlGAmVIXMdgw 
    Segundo Weber o capitalismo teria promovido uma crescente racionalização do mundo, a globalização seria então uma etapa superior desta racionalização, onde o resultado da mesma, e seu pressuposto, decorre do avanço tecnológico e científico promovido pelo capitalismo como condição para sua existência, expansão e domínio. Podemos entender ainda a globalização sob a perspectiva teórica weberiana como produto da, cada vez maior, burocratização da sociedade, em função do modo de produção capitalista e de sua racionalidade própria, impondo o cálculo, a contabilidade, a ordem jurídica, a eficácia, a produtividade e o lucro a todas as esferas sociais. A globalização desta forma seria o resultado de processos e dinâmicas característicos do capitalismo.
Burocratização.
Fonte: http://www.dicionario10.com.br/images/significado/b/burocratizacao-27862dYMpNJfGAT.jpg 
    Para Durkheim no modo de produção capitalista o que mantém a sociedade unida é a solidariedade orgânica, ou seja, a interdependência resultante da divisão social do trabalho. Desta forma a globalização é produto desta divisão social do trabalho capitalista impondo-se a nível mundial. Na visão de Alves (ALVES, Giovanni. - Dimensões da globalização. O capital e suas contradições. Práxis : Londrina, 2001) do pensamento durkheimniano:
[...] a globalização poderia ser considerada expressão de
um desenvolvimento ampliado do capitalismo moderno,
que tenderia a impulsionar a divisão do trabalho social
compreendida como sendo a especialização ligada à
produtividade do trabalho. Enfatiza a coordenação das
tarefas, principalmente sob a solidariedade orgânica,
correspondente a nossa época, onde a diferenciação das
atividades produtivas ocorre de acordo com os critérios
de eficácia e de competência.
Fonte: Tavares, Fábio Roberto - Ética, política e sociedade / Fábio Roberto Tavares,
Márcia Bastos de Almeida, Sergio de Goes Barboza. –Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
A solidariedade orgânica.
Fonte: http://images.slideplayer.com.br/7/1756548/slides/slide_7.jpg 
    
    Do ponto de vista marxista a globalização representaria a ampliação do desenvolvimento capitalista a nível mundial. Desta forma a globalização pode ser entendida como a possibilidade atual e a condição presente da reprodução do capital em escala internacional, a partir da realidade que se apresenta no pós guerra. Isto por que o capital tende a derrubar toda e qualquer barreira espacial que se oponha ao comércio, isto pela racionalização e encurtamento do tempo pelos avanços tecnológicos, tendo em vista a expansão do mercado. Globalização assim articula-se com o domínio do capital a nível global, representado pelo poder das empresas, conglomerados e corporações transnacionais imposto a todas as nações, bem como pelas instituições técnico-estruturais, pela cultura de massas e pelo mercado mundial que se impõem e dominam as práticas e crenças nacionais e regionais.
Marxismo e globalização.
 
Fonte: http://kdfrases.com/frases-imagens/frase-substitua-burguesia-por-globalizacao-e-eis-o-mundo-atual-descrito-por-marx-alain-touraine-119452.jpg  
    Para entender as relações entre o sistema capitalista e a globalização assista ao seguinte documentário:
https://www.youtube.com/watch?v=K6EIIQNsoJU 
 No atual mundo globalizado alguns desafios se apresentam a política internacional. Um destes consiste na problemática da democracia, uma vez que é este sistema político que permite o exercícios dos direitos e da própria viabilização das condições para que os direitos sejam garantidos e vividos. Dentro desta perspectiva os organismos internacionais se valem da democracia como dado de referência quanto a política internacional, sendo esta condição para o atendimento das reinvidicações de cada nação por aqueles que dominam politicamente o mundo. 
A democracia avança.
Fonte: http://envolverde.com.br/portal/wp-content/uploads/2014/05/SsuSudaf.jpg 
    Uma vez que a globalização liga-se a expansão capitalista podemos ver como um reflexo desta na política internacional a criação e crescente importância dos blocos econômicos regionais. Estes têm visto crescer seu protagonismo na cena política internacional, passando a influenciar de maneira decisiva as relações entre as diferentes nações do mundo, engendrando e influenciando a atuação dos organismos internacionais. Estes blocos atuam decisivamente na integração econômica do mundo, promovendo e refletindo assim o próprio processo de globalização.
Os atuais blocos econômicos a nível mundial.
Fonte: http://www.grupoescolar.com/a/b/3A1BD.gif 
    Um terceiro aspecto relaciona-se com a revolução técnico-científica atual, também chamada de "Terceira Revolução Industrial" que promoveu a redefinição do mercado mundial do trabalho, demandando uma qualificação maior da mão de obra e da infraestrutura necessária a produção, e que reorganiza o espaço geográfico através da instalação de empresas de caráter transnacionais em todo o planeta, levando a necessidade de políticas internacionais que garantam e regulem este processo.
Terceira revolução Industrial.
Fonte: http://images.slideplayer.com.br/2/352819/slides/slide_6.jpg 
Fontes: 
- Schwengber, Valdir Luiz - Política internacional : livro didático / Valdir Luiz Schwengber, Morgana Aparecida de Matos ; design instrucional Carolina Hoeller da 
Silva Boeing, Karla Leonora Dahse Nunes. – Palhoça : UnisulVirtual, 2006. 
- Tavares, Fábio Roberto - Ética, política e sociedade / Fábio Roberto Tavares,
Márcia Bastos de Almeida, Sergio de Goes Barboza. – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2014.
Prezad@ acadêmic@ vimos que a globalização pode ser entendida como um processo histórico relacionado a interconexão mundial, consistindo na ampliação e no aprofundamento do estabelecimento da economia de mercado e da divisão social do trabalho (próprios da lógica capitalista) em todo o planeta. Vimos também que este processo se acelerou nos últimos anos, em virtude de determinados avanços tecnológicos ligados ao transporte e a comunicação. Mas você saberia dizer, prezad@ alun@, quais os pontos negativos e positivos destes acontecimentos sobre as relações internacionais?
Avanços tecnológicos na comunicação - comunicação em rede.
Fonte: https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQDkmYtLuGXpg8DmmjY3Vg7NgQxF7lv_HAd_7XOxDvB_tQQMbaUfQ
    Poderíamos destacar como pontos positivos o aumento na cooperação e a crescente interdependência entre os Estados e as sociedades, bem como uma percepção mais sensível aos males e perigos compartilhados, especialmente quanto aos desafios sociais, ambientais, políticos e econômicos que nos afetam a todos igualmente. Em termos negativos destaca-se o caráter assimétrico da globalização, favorecendo os países desenvolvidos do norte, com uma distribuição desigual dos recursos e benefícios da economia globalizada e ainda a relativização da soberania nacional e uma fragmentação política em reação a universalização de princípios e a abertura de fronteiras.
Organizações de integração internacionais e regionais.
Fonte: http://pt.reingex.com/master/Master-Relacoes-Internacionais.gif 
    A globalização pode ser entendida ainda como comportando aspectos não só econômico-tecnológicos e políticos, mas também culturais. Do ponto de vista econômico e tecnológico assistimos a diluição das fronteiras nacionais, a volatilidade do capital, a imposição de novos paradigmas produtivos (devedores da lógica do mercado livre) sobre as estruturas tradicionais dos países subdesenvolvidos, desequilibrando suas economias e sucitando ondas de desemprego, inflação e exclusão social. Na perspectiva da cultura vemos a imposição da cultura de massa produzida nos EUA exaltando o american way of life e diluindo as identidades nacionais, levando a um emprobecimento da cultura e a um sentimento de perda de raízes.
Cultura de massa e dominação cultural.
Fonte: http://images.slideplayer.com.br/1/42474/slides/slide_19.jpg 
    Mas embora a globalização seja um fenômeno predominante em nossa época, esta se dá de maneira desigual e ainda não se constituiu completamente no fator dominante da nova ordem mundial, tendo em vista a força ainda existente na soberania nacional. De fato, apesar da aceleração nos acontecimentos ligados a interdependência e transnacionalização do mundo, as contradições e disparidades do processo de globalização têm gerado quadros de reafirmação dos princípios nacionais, à fragmentação política e a reação a universalização do pensamento através da criação de blocos regionais. A regionalização apresenta-se assim com um duplo aspecto: tanto reação, como produto da globalização. 
O estado nacional e a transnacionalização.
Fonte: http://images.slideplayer.com.br/2/363151/slides/slide_5.jpg 
Para saber mais sobre globalização e regionalismo:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-73291999000100007&script=sci_arttext 
Para aprofundar seu conhecimento sobre globalização e relações internacionais:
http://www.faap.br/revista_faap/rel_internacionais/rel_01/racy.htm 
http://esamcuberlandia.com.br/revistaidea/index.php/idea/article/view/37/38 
Fonte:
- Pecequilo, Cristina Soreanu. - Manual do Candidato – Política Internacional / Cristina Soreanu Pecequilo -- Brasília : FUNAG, 2012.
“(...) ‘globalização’ é o destino irremediável do mundo, um processo irreversível” (BAUMAN,1999, p. 5).
 
Irreversível, senha para compreensão do mundo, solução para todos os problemas ou a causadora de todos os males... assim Bauman nos estimula a pensar a globalização.
É claro que este tema nos remete à atualidade, ao presente, ao nosso cotidiano. Mas como chegamos até aqui? Como nos ‘globalizamos’? Como esta ideia foi construída e interpretada ao longo do tempo?
Poderíamos voltar às civilizações antigas, ao império de Alexandre ou ao Império Romano que controlavam e influenciavam o norte da África, o centro sul da Europae o oriente médio como um modelo de expansão política e militar e de integração cultural. Podemos também pensar nas cruzadas durante a Idade Média como uma tentativa de divulgação de uma determinada visão de mundo e da tentativa de conquista de outras áreas e populações. Todas estas são, de certa forma, experiências “globalizantes”. Mas estão um pouco distantes histórica e teoricamente do que vivemos hoje.
A partir do final do século XV e início do século XVI, com a unificação dos países europeus e o início das grandes navegações que – de fato – integraram o mundo transformando-o no que conhecemos hoje, é que podemos usar o termo com mais proximidade da ideia atual.
              As grandes navegações integraram o mundo, as civilizações, os interesses, a economia e a política mundial. A partir daí o que aconteceria em cada um dos países teria relação com o resto do mundo. Seria determinante e determinado pela história dos demais. Esta influência mútua pode ser verificada na colonização da América, na divisão e exploração da África, nos efeitos da revolução industrial, nas duas guerras mundiais – em suas causas e em seus efeitos políticos e econômicos posteriores-, na Guerra Fria já em meados do século XX. Todos estes fatos só podem ser compreendidos se levarmos em conta as relações globais entre os países e seus interesses.
Do desenvolvimento da Guerra Fria, isto é, a disputa entre os dois blocos econômicos – capitalista e socialista-, construiu-se na Europa um modelo capitalista de bem-estar social, onde o Estado se responsabilizou pelo atendimento das necessidades básicas de saúde, educação, transporte e assistência, e uma legislação trabalhista menos desfavorável aos trabalhadores. Nos EUA também houve mudanças, uma fase de aumento dos salários, expansão do mercado consumidor e do emprego. Foram os anos de ouro do capitalismo que também se refletiram, de certa forma, no Brasil dos anos 1950-1970.
Este modelo entrou em crise no final dos anos 1970 e um novo modelo, chamado neoliberal, passaria a prevalecer daí em diante. Este modelo prega a abertura econômica dos países, aumento da concorrência, redução seletiva da intervenção do Estado e das barreiras de proteção alfandegárias, redução dos direitos trabalhistas, entre outras coisas, ou seja, um retorno às teses liberais anteriores à década de 1930. Quase ao mesmo tempo, no final dos anos 1980, o modelo socialista soviético entrou em colapso, com consequências sobre a Alemanha que se reunificaria, China e Cuba. O modelo capitalista se fortalece, assim como o poder dos grandes conglomerados econômicos, de poder transnacional.
Por outro lado, os anos 1990 – e daí em diante – são marcados por grande desenvolvimento científico e tecnológico, uma revolução na informática e nas comunicações: celulares e internet passaram a conectar todos os cantos do mundo instantaneamente. Esta maior integração e o aumento da concorrência entre e dentro dos países, a nova orientação dos governos e estados nacionais, o aumento das transações e da interdependência dos países configuram a estrutura básica do que chamamos atualmente de globalização.
Até os anos 1990 tínhamos basicamente duas possíveis divisões que nos permitiam entender o mundo. Uma divisão Norte-Sul, sendo o Norte a parte desenvolvida e o Sul a subdesenvolvida, e uma divisão entre dois grandes conjuntos de países, os capitalistas e os socialistas – e a zona de influência de cada um deles.
Figura 1 - VESENTINI, 1999, p.24.
Estas divisões, embora importantes para explicar a evolução e o como chegamos até aqui, não expressam mais o mundo atual, marcado por uma fragmentação muito maior do poder e com aumento dos blocos regionais, com uma importância econômica muito maior da China do que no início dos anos 1990.
Figura 2 - VESENTINI, 1999, p.25.
 
Outra característica importante do atual momento é que o final da Guerra Fria e da polarização Leste-Oeste não significou uma redução dos conflitos ou o fim da história, como pensavam alguns. Ao contrário, houve uma multiplicação e uma fragmentação dos conflitos por motivos antigos, como petróleo e interesses geopolíticos tradicionais, mas também por polarizações religiosas que se acirraram recentemente. Com isso temos o aumento do número de refugiados, tentativas de fechamento da fronteira dos países próximos, aumento da xenofobia, enfim, contradições permanentes que não nos permitem visualizar um mundo melhor ou mais pacífico, apesar de muito mais integrado.
 
“A globalização tanto divide como une; divide enquanto une” (BAUMAN,1999, p. 5).
 
Para saber mais leia o artigo de Carlos Estevam Martins: Da globalização da economia à falência da democracia. Disponível em: http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643185/10729 acesso em 27 maio 2017.
 
 
Resumo:
 
A globalização, nos termos em que conhecemos hoje, iniciou-se a partir dos anos 1990, decorrente da necessidade de expansão dos capitais, da falência do modelo socialista, do desenvolvimento das tecnológicas de informação e comunicação e do desenvolvimento das teses e práticas neoliberais iniciadas a partir dos anos 1970.
Entretanto, este não é um processo inédito na história da humanidade, nem independente da história anterior. Já tivemos experiências semelhantes, em especial a partir das grandes navegações do século XVI que moldaram os países e relações políticas internacionais que perduram até hoje. Desde então o mundo é interligado, conectado e dependente do que ocorre em cada país, principalmente os mais desenvolvidos e influentes.
A falência do modelo social democrata, construído a partir da Guerra Fria e do pós-guerra, no final dos anos 1990, gerou um novo modelo, mais concorrencial, mais agressivo, que exigia maiores mercados consumidores, produção em larga escala, busca de melhores condições de produção, aumento das taxas de lucro baseadas também no aumento da exploração do trabalho para redução de custos.
Disseminadas pelo mundo após a falência do modelo socialista existente até 1990, que potencializou a ideia de que o modelo capitalista seria o único possível, reduzindo o poder de barganha dos trabalhadores, estas práticas ajudaram a desmontar o modelo social democrata dos anos de ouro do capitalismo, vividos entre os anos 1950-1970.
Ao mesmo tempo, o aumento do poder econômico e político dos grandes impérios econômicos fragilizou as fronteiras e os governos nacionais, em especial os mais frágeis. O aumento das tecnologias de comunicação e informação potencializou este processo de integração e interdependência mundial como nunca visto anteriormente.
Outra característica importante deste processo é a formação de novos blocos regionais a partir dos anos 1990, e, contraditoriamente, um aumento das disputas e dos conflitos armados regionais, sejam por motivos ‘antigos’ como o petróleo, seja por novas disputas territoriais e religiosas.
 
 Referências Bibliográficas:
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
MARTINS, Carlos Estevam.  Da globalização da economia à falência da democracia. In: Economia e Sociedade, Campinas (6), 1996, p. 1-23. Disponível em: http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643185/10729 acesso em 27 maio 2017.
SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração, 1999.
VESENTINI, José William. Sociedade e Espaço. São Paulo: Ática, 1999.
Globalização e Neoliberalismo
Até a década de 1920, nos países capitalistas vigorava um modelo liberal. De acordo com esta visão, o Estado deveria funcionar como um guarda noturno, que apenas mantem a ordem, protege a vida, os bens públicos e a propriedade privada. Alguns chamam isso de não-interferência do Estado na economia. Mas não seria essa uma forma de regulação, ou seja, interferência?
A crise de 1929 mostrou as deficiências deste modelo. O mundo foi inundado por mercadorias, gerando uma crisede superprodução. Além disso, a livre concorrência aniquilou os concorrentes mais fracos, gerou monopólios, concentrou riqueza e renda.
1 Schmidt, 1999, p. 119.
Seria o fim do período hegemônico do liberalismo econômico. Passaram a ganhar força a intervenção do Estado na economia e outros modelos políticos e econômicos como o socialismo, o fascismo e a social democracia.
Em 1936, Keynes publica a “Teoria geral do emprego, do juro e da moeda”, defendendo a necessidade da intervenção do Estado na economia. Segundo esta tese, os governos deveriam agir para regular o mercado, definir áreas prioritárias, reduzir as crises cíclicas do capitalismo e ampliar sua capacidade produtiva, conforme a figura abaixo:
O modelo keynesiano
Fonte: Elaborado pelo Autor.
 
Para saber mais sobre a história do capitalismo e como chegamos até aqui, leia o artigo do professor Marcelo Proni:
 PRONI, Marcelo Weishaupt. História do capitalismo: uma visão panorâmica. Campinas, Unicamp/Cesit, 1997. Disponível em: http://www.cesit.net.br/cesit/images/stories/25CadernosdoCESIT.pdf. Acesso 3 jun. 2017.
 
Esta nova política contribuiu para superar a depressão econômica entre as guerras e gerar os “anos dourados” do capitalismo após a década de 1950 - marcados pelo Welfare State - o Estado de bem-estar social, na Europa, e pelo Fordismo, nos Estados Unidos -, um momento de alta produção, alto consumo e, portanto, altos salários. Tudo isso influenciado fortemente pela disputa com o modelo socialista, em ascensão a partir do sucesso bélico, político e econômico no período.
Registra-se, nesta conjuntura, um aumento da produtividade, do poder sindical e trabalhista, dos investimentos dos governos nas áreas sociais e da distribuição de renda.
Este contexto se modifica a partir do final dos anos 1970, quando as necessidades crescentes de impostos para manter o Estado de bem-estar social começaram a incomodar aos grandes capitalistas. Além disso o modelo mostrou-se insuficiente para enfrentar a crise do petróleo que se iniciava nesta época.
A transformação das multinacionais em transnacionais e a reestruturação produtiva, isto é, a introdução de novos métodos de trabalho, com maior eficiência e controle, o uso da informática, o ajuste da produção à venda, as terceirizações e novas formas de gestão da mão de obra também exigiam a redução do papel do Estado, especificamente no que se refere aos gastos sociais e a redução dos direitos trabalhistas. Isso iria potencializar as margens de lucro e concentrar novamente a renda e a riqueza, como podemos ver no mapa gráfico abaixo.
 
A produtividade dos trabalhadores nos países desenvolvidos aumentou, mas seus salários não subiram na mesma proporção
Oxfam 2016, p. 20. Disponível em: https://goo.gl/eSuYNL.  Acesso em 3 jun. 2017.
Junto a todo este processo, a privatização de empresas estatais construídas ao longo das décadas anteriores e a exigência de abertura das fronteiras para importações por parte dos países subdesenvolvidos, constituem características importantes do denominado novo liberalismo, ou neoliberalismo, as quais foram traduzidas no Consenso de Washington, dos anos 1990. Por isso é que dizemos ser difícil pensar de forma desvinculada o capitalismo neoliberal e a globalização.
O mapa abaixo mostra que a globalização acaba concentrando riquezas em poucos países: Canadá, Estados Unidos, parte da Europa, Austrália, Japão e alguns outros. O relatório da Oxfam de 2016, por sua vez, mostra que 1% da população mundial detém mais patrimônio que os demais 99%.
Disponível em: https://goo.gl/Q3joLH  Acesso 3 jun. 2017.
Esta discrepância e suas consequências, somadas aos diversos conflitos regionais que se multiplicaram nos últimos anos estimularam uma enorme onda de migrações, como vemos nos jornais todos os dias. Em contrapartida, há um aumento da xenofobia e uma tendência ao fechamento das fronteiras nacionais por parte dos países mais ricos.
A crise econômica mundial – iniciada no EUA e que logo contaminou a Europa e o resto do mundo a partir de 2008 - deveria colocar em xeque o modelo neoliberal. Mesmo porque, ao contrário das teses liberais, as medidas que conseguiram minimizar os efeitos desastrosas da crise foram justamente as intervencionistas, com grandes injeções de capital público nas empresas, visando reduzir os danos. Isso deveria mostrar a deficiência teórica e prática das teses liberais, mas, contraditoriamente, a redução dos lucros de modo generalizado fez com que as grandes empresas – seguidas pelas demais – buscassem recuperar suas margens através de novo ataque aos direitos trabalhistas. É neste momento que nos encontramos agora.
 
Resumo:
 É impossível separar os conceitos de neoliberalismo, globalização e capitalismo. São ideias conexas e interligadas que nos ajudam a compreender o mundo atual.
O capitalismo neoliberal é a retomada, em outras bases, das teses liberais vigentes até a década de 1920, potencializadas pela reestruturação produtiva e pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Trata-se de uma tentativa, até agora vitoriosa, de desmontar o Estado de bem-estar social vigente entre os anos 1950-1970, em especial nos países europeus.
As políticas neoliberais têm favorecido a concentração de renda e riqueza em alguns países e aumentado os conflitos regionais, o que acarreta grandes movimentos migratórios. A alternativa encontrada pelos países ricos é o fechamento das fronteiras e o aumento da xenofobia.
 
Referências Bibliográficas:
 COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo, Moderna, 2010.
FERREIRA, Pedro Roberto Política e sociedade: as formas do Estado. Capítulo 9, in: TOMAZI, Nelson D. Iniciação à Sociologia. São Paulo, Atual, 2000.
MARTINS, Carlos Estevam.  Da globalização da economia à falência da democracia. In: Economia e Sociedade, Campinas (6), 1996, p. 1-23. Disponível em: http://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ecos/article/view/8643185/10729 acesso em 27 maio 2017.
OXFAM. Uma economia para o 1%. 2016. Disponível em: https://www.oxfam.org.br/sites/default/files/arquivos/Informe%20Oxfam%20210%20-%20A%20Economia%20para%20o%20um%20por%20cento%20-%20Janeiro%202016%20-%20Relato%CC%81rio%20Completo.pdf  Acesso 3 jun. 2017.
PRONI, Marcelo Weishaupt. História do capitalismo: uma visão panorâmica. Campinas, Unicamp/Cesit, 1997. Disponível em: http://www.cesit.net.br/cesit/images/stories/25CadernosdoCESIT.pdf Acesso 3 jun. 2017.
SCHMIDT, Mario. Nova História Crítica. São Paulo, Nova Geração, 1999.
O Brasil no Mundo Globalizado
 
 A globalização impactou o Brasil fortemente. Como você sabe o capitalismo neoliberal ganhou força na Europa e nos EUA a partir do final da década de 1970, devido à reação dos grandes grupos econômicos, da incapacidade do modelo keynesiano em superar uma nova crise do capitalismo sem maiores custos para o capital, devido à reestruturação produtiva e à potencialização das tecnologias de informação e comunicação. Tudo isso foi favorecido e ao mesmo tempo favoreceu a escolha de Margareth Thatcher para primeira ministra do Reino Unido em 1979 e a eleição de Ronald Reagan para a presidência dos EUA em 1980. A partir daí as ideias neoliberais iriam se difundir pelo mundo de acordo com os interesses dos principais centros políticos e econômicos do capitalismo.
Entretanto, no Brasil estas ideias iriam demorar um pouco a chegar aqui. Estávamos saindo da ditadura e vivendo uma grave crise decorrente do modelo econômico adotado pelos militares. Aliás, esta crise também tem relação com uma etapa anterior das disputas internacionais que envolveram o Brasil. Vamos voltar um pouco no tempo.
Início da década de 1960: o país vivia o reflexo da Guerra Fria que se traduzia aqui em duas vertentes políticas e econômicas. O “problema” da época era como fazer o país crescer. Por um lado, setores mais nacionalistas e trabalhistas, e apoiados pela esquerda, defendiam um crescimento impulsionado pelo desenvolvimento de indústrias de base nacional. Isso se traduzianas chamadas “reformas de base”, aumento do salário mínimo, reforma agrária, entre outros pontos. De outro lado, setores mais conservadores e ligadas ao capital internacional defendiam um crescimento mais acelerado, baseado na abertura da economia ao capital estrangeiro, seja por empréstimos ou por investimentos diretos.
Esta disputa teve como consequência o golpe de 1964. O governo militar liberou a taxa de lucro enviada ao exterior, atraindo investimentos. Ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, centralizou a política e a economia e desenvolveu setores estratégicos nacionais, sustentou todo este desenvolvimento no capital internacional, principalmente através de empréstimos a juros flutuantes, isso é, futuros. Esta política iria gerar o chamado “milagre econômico” (grande crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)) que duraria até meados da década de 1970. A crise mundial do petróleo, o aumento da taxa de juros internacionais, a maturação quase simultânea do enorme volume de investimentos feitos nos anos anteriores e o início do vencimento destas dívidas geraram a crise brasileira do final dos anos 1970 e dos anos 1980.
 
1Evolução da Dívida Externa brasileira. Elaborado pelo autor com dados do Banco Central disponíveis em: http://www.antigofgvdados.fgv.br. Acesso em 10 jun. 2017.
 
É nesse momento que nos encontrávamos, enquanto isso, em muitos países capitalistas, ganhavam força os ventos neoliberais e se aprofundava a globalização.
Estes ventos vão chegar aqui justamente na eleição de 1989, polarizada, de certa forma, pela mesma disputa (entre outras, claro) entre abertura econômica ou desenvolvimento baseado na economia interna. Poucos dias antes da eleição brasileira o muro de Berlim seria derrubado, em 1990 a Alemanha se unificaria e em 1991 seria o fim da URSS. Collor, eleito nesta conjuntura, aderiu ao modelo de capitalismo neoliberal: privatizou várias estatais, abriu a economia à importação e prejudicou a indústria nacional, gerando enorme desemprego e crise econômica. Este contexto aliado às denúncias de corrupção, fez com que o governo Collor acabasse no final de 1992.
A partir das eleições de 1994 notamos uma nova configuração das forças políticas nacionais que se polarizaram em dois blocos, liderados pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e pelo Partido dos Trabalhadores (PT). A política internacional e o ideário do modelo neoliberal continuaram a influenciar o debate e as políticas internas brasileiras. Entre 1995 e 2002, o governo federal do PSDB desenvolveu as políticas neoliberais intensificando as privatizações e abrindo a economia, facilitando as importações para segurar os preços internos.
 
Balança comercial brasileira. Elaborado pelo autor com dados do Banco Central disponíveis em: http://www.antigofgvdados.fgv.br. Acesso em 10 jun. 2017.
 
A partir de 2003, com a eleição de Lula, do PT, outro projeto político foi sendo adotado, estimulando o mercado consumidor interno e a produção nacional, ou seja, controlando a inflação pelo aumento da produção, e não pela redução do consumo ou pela importação. Podemos ver no quadro a inversão da balança comercial, com aumento das exportações bem acima das importações, o que fez com que, em 2008, nossas reservas internacionais estivessem maiores que nossa dívida externa. Vejamos os dados no gráfico abaixo.
3 Evolução da Dívida Externa e das Reservas Internacionais. Elaborado pelo autor com dados do Banco Central disponíveis em: http://www.antigofgvdados.fgv.br. Acesso em 10 jun. 2017.
 
Também após 2003, houve mudança em relação a outras políticas neoliberais como o aumento real do salário mínimo o que influenciou o seu poder de compra, assim como mudanças nos investimentos em áreas sociais.
 
Evolução do valor real do salário mínimo. Elaborado pelo autor com dados do Ipea, disponíveis em: www.ipeadata.gov.br. Acesso em 10 jun. 2017. Colunas cinza indicam período pré-neoliberalismo, anos 1980. Colunas azuis indicam período de clara vigência das políticas neoliberais. E as colunas vermelhas indicam o novo modelo após 2003.
Uma outra forma de separar estes dois projetos políticos, o dos anos 1990 e o que o sucedeu, nos anos 2000, diz respeito à política externa e relações internacionais do Brasil. Na primeira etapa a opção prioritária era aliança com os países do Norte, ou melhor, liderados pelos EUA, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Na segunda etapa a aliança prioritária passou a ser uma maior integração com os países da América do Sul, fortalecendo o Mercado Comum do Sul (Mercosul), que já havia sido criado em 1991.
 
Para saber mais:
GENNARI, Adilson Marques. Globalização, neoliberalismo e abertura econômica no Brasil nos anos 90. In: Pesquisa & Debate, São Paulo, volume 13, n.1 (21), p. 30-45, 2001. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/rpe/article/view/12029. Acesso 10 jun. 2017.
 
Resumo:
A questão internacional é marcante na política interna brasileira desde o descobrimento, até a década de 1930 quando nossa economia toda era voltada às demandas e aos interesses internacionais. A partir dos anos 1950 as características desta relação mudam significativamente, mas ainda seriam decisivas para a compreensão de nossa própria história.
O suicídio de Getúlio Vargas, a renúncia de Jânio Quadros e a derrubada de Jango estão intimamente ligados aos interesses internacionais que se refletiam aqui. Também a crise dos anos 1980 está ligada aos fatores externos, como crise do petróleo e ao endividamento externo, decorrentes da política econômica adotada pelos militares.
A partir dos anos 1990, com a globalização e o neoliberalismo, dois projetos políticos diferentes disputaram e governaram o país, também com reflexos diferentes nas relações internacionais: antes mais ligado aos EUA e apoiando a ALCA, depois dando mais apoio ao Mercosul e às relações com países do Hemisfério Sul em geral. As relações internacionais e comerciais do Brasil a partir de 2003 se intensificaram muito, como vimos nos dados apresentados. Considerando o período de 2002 até 2015, nossas exportações e importações aumentaram muito, em alguns anos, triplicaram.
 
Referências Bibliográficas:
 GENNARI, Adilson Marques. Globalização, neoliberalismo e abertura econômica no Brasil nos anos 90. In: Pesquisa & Debate, São Paulo, volume 13, n.1 (21), p. 30-45, 2001. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/rpe/article/view/12029. Acesso 10 jun. 2017.
MERCOSUL. Disponível em http://www.mercosul.gov.br/ Acesso em 10 jun. 2017.

Continue navegando