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CRIMINOLOGIA (1)

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CRIMINOLOGIA 
 
2. DIFERENCIAÇÃO: Dogmática x Zetética 
Essa é uma diferenciação de filosofia do direito, não é um conceito propriamente 
criminológico, porém, é preciso invocar essa divisão para conseguir diferenciar o que é 
criminologia e o que é direito penal. 
 
A criminologia é uma ciência zetética. O direito penal é uma ciência dogmática. 
 
“O que você entende por ladrão?” , foi a pergunta de Aristóteles para um soldado. 
 
a) Dogmática 
 
Dogmática vem da expressão alemã Dokaine(?), que significa ensinar, doutrinar. 
Dogmática parte de um objeto de pesquisa com limites bem definidos. 
Renúncia à pesquisa independente, vinculando-se a questões finitas, como por exemplo, 
os limites impostos pela lei que regulamenta determinada situação. Dogmática aponta 
solução para determinados problemas baseados em valores incontestáveis que são 
chamados de dogmas. Dogmas, então, são valores incontestáveis. 
 
Dogmática é a ciência do dever-ser do mundo ideal, do mundo abstrato. Além disso, a 
dogmática despreza qualquer elemento externo à ordem posta, isso quer dizer que a 
dogmática não admite interdisciplinalidade. 
 
Dogmática está ligada a tarefa de interpretação e sistematização de normas e princípios no 
ordenamento jurídico, voltando -se, primordialmente, ao problema de aplicação deste. 
 
b) Zetética 
Ciência zetética deriva da expressão alemã “Zertein”, que significa “perquerir”, descobrir. 
Zetética desintegra opiniões e premissas anteriormente concebidas (o que é ladrão? O que 
você entende por ladrão?). 
Cria teorias, não dogmas. 
Questões zetéticas têm função de especulação infinita, o objeto é questionado em todas as 
direções. 
Zetética visa descobrir as coisas, por isso é a ciência da realidade, do ser, ela se aproxima 
da realidade, ela foge do mundo da abstração, do mundo ideal. 
 
3. MODELO TRIPARTIDO DAS CIÊNCIAS CRIMINAIS 
Seria a criminologia o estudo do crime, da criminalidade e do criminoso? 
Von Lizst criou o modelo tripartido das ciências criminais de acordo com o qual direito 
penal, criminologia e política criminal operassem de forma harmônica, respeitando, 
preservando as respectivas autonomias. 
 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
O modelo tripartido do Von Lizst vai dividir as ciências criminais em três: a) direito penal 
(ciência dogmática); b) criminologia (ciência zetética); c) política criminal. 
 
a) Direito Penal: conjunto de princípios que subjaz o ordenamento jurídico penal e que 
deve ser explicitado de forma sistemática. É você pegar os princípios, organizar e aplicar 
no caso concreto. 
 
b) Criminologia: 
“Ciência empírica e interdisciplinar (MÉTODO DA CRIMINOLOGIA), que se ocupa do 
estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social (OBJETOS DA 
CRIMINOLOGIA) do comportamento delitivo e que trata de subministrar uma informação 
válida contrastada sob a gênese, dinâmica e variáveis principais do crime –contemplando 
este como problema individual e social -, assim como sobre os programas de prevenção 
eficaz, as técnicas de intervenção positiva no criminoso e na vítima, além dos diversos 
modelos ou sistemas de resposta ao delito (FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA)”. (Antônio 
Garcia Pablos de Molina) 
 
● É um método da criminologia. Empírico é o método consistente na observação da 
realidade. Interdisciplinar é a possibilidade de outras ciências influenciarem a 
criminologia. 
 
Diferenças da criminologia e do direito penal 
 
CRIMINOLOGIA DIR. PENAL 
1) conhece a realidade para depois 
explicá-la (postura zetética de 
Aristóteles) 
1) valora e orienta a realidade 
(postura do soldado) 
2) aproxima-se do fenômeno delitivo 
sem qualquer mediação, não tem 
nenhum obstáculo 
2) aproxima-se limitado pela 
fragmentariedade e seletividade, 
sempre através dos tipos penais (só 
interessa para o direito penal o que 
está dentro da moldura) 
 
3) método empírico 3) método dogmático (dedutivo) 
1 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
4) método interdisciplinar 4) método normativo 
 
 
 c) Política Criminal: 
Política Criminal e a disciplina que oferece aos poderes públicos as estratégias mais 
adequadas para o controle do crime. servindo de ponte eficaz entre a criminologia e o 
Direito Penal. 
Política Criminal pode ser preventiva (campanhas, revitalização de uma determinada área) 
assim como repressiva (legislação penal).. 
Todos os entes federativos fazem política criminal. De igual modo, todos os poderes 
(Legislativo, Executivo e Judiciário) também tratam de Políticas Criminais. 
A criminologia está lá conhecendo a realidade, o direito penal está tentando ordenar a 
realidade. 
 
O que liga uma a outra é a política criminal. Então, a política criminal é uma ponte que liga 
a criminologia ao direito penal. 
 
No fundo, quando a gente falar em política criminal, estamos falando de estratégia para 
lidar com a criminalidade. É uma estratégia adotada pelo Estado para lidar com o problema 
da criminalidade. Política criminal é a disciplina que oferece aos poderes 
públicos as opções científicas mais adequadas para o controle do crime, servindo de ponte 
eficaz entre a criminologia e o direito penal. 
 
Existe uma ciência que vai produzir conhecimento, a criminologia. Existe uma ciência que 
vai tentar controlar a sociedade , que é o direito penal. E o que vai ligar uma a outra é a 
política criminal. 
 
Na época do Von Lizst, ele só pensava em política criminal repressiva, geralmente a 
política criminal de coação, de repressão é o direito penal. O problema é que não 
necessariamente a política criminal desemboca no direito penal, ela pode desembocar em 
outras medidas não penais. 
 
Então, a política criminal, de fato, vai absorver o conhecimento criminológico, vai 
transformar esse conhecimento em algumas opções para os governantes, isso geralmente 
desemboca no direito penal. Mas, pode ser que isso desemboque em medidas preventivas 
e não necessariamente repressivas, que é o direito penal, ela também pode ser uma 
política criminal preventiva. 
 
2 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
A política criminal pode ser repressiva (direito penal), mas também pode ser preventiva 
(ex.: melhorar iluminação pública, campanha de conscientização, redução da desigualdade 
social). 
 
Política criminal é feita por todos os poderes (executivo, legislativo e judiciário), nas três 
esferas federativas (união, estado e município). 
 
4. FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA 
 
I) Obtenção de um núcleo de conhecimentos seguros sobre a criminalidade: ​E chegar 
mais perto possível de um conhecimento real. 
 
II) Resolução de problemas e conflitos concretos: 
A criminologia é a ciência do ser, ela quer resolver concretamente o problema, não adianta 
fazer um a teoria criminológica p ra ficar no papel, se aquela teoria não resolver o problema 
concreto, não adianta, tem que resolver o problema concreto. A criminologia não é 
abstrata, é uma ciência pragmática.III) Prevenir eficazmente a criminalidade: 
A criminologia não se contenta com a resposta meramente normativa, pois dependendo do 
crime, fazer uma lei que criminaliza uma certa conduta, piora a situação (ex.: aborto – será 
que criminalizar o aborto não piora a situação da gestante?). A criminologia não se 
contenta com uma resposta simples. 
 
IV) Intervir no responsá vel pelo desvio (criminoso) e na vítima: 
É entender como o criminoso age e como ele incorpora esse rótulo de criminoso e qual é o 
efeito disso na vítima. 
 
5. DELEGADO E CRIMINOLOGIA 
“A programação normativa baseia-se em uma realidade que não existe e o conjunto de 
órgãos que deveria levar a termo essa programação atua de forma completamente 
diferente ” (Zaffaroni – Em Busca das Penas Perdidas). 
 
A criminologia ajuda a entender a realidade social em que o delegado vai trabalhar. 
 
Entender a realidade é o primeiro passo. 
 
O delegado tem uma função muito importante no sistema de justiça, geralmente o que o 
delegado coloca no relatório de um inquérito vai ser espelho lá no acórdão, dificilmente 
aquilo vai ser mudado na prática. 
 
3 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
 
AULA 02 
CONCEITOS CRIMINOLÓGICOS BÁSICOS 
(OBJETOS DA CRIMINOLOGIA) 
 
1. CRIME 
O que é crime? 
O conceito analítico de crime (fato típico, antijurídico e culpável) não serve para a 
criminologia, porque a criminologia quer entender na realidade o que é crime. 
Para a criminologia não é suficiente o conceito unitário de crime, uma vez que cada escola 
criminológica possui uma definição distinta do que é crime. 
Todavia, é possível elencar os requisitos que uma determinada conduta deve possuir para 
ser criminalizada. 
 
1.1 Requisitos para uma conduta ser criminalizada: 
a) incidência massiva: ​não há que se falar em criminalização se o fato foi 
episódico/isolado, acontecer uma vez só e pronto (ex.: molestamento de cetácio - crime 
ambiental - colocar palito de picolé no respirador de uma baleia encalhada); A justificativa 
tem por base a caça de baleias em águas brasileiras. 
 
b) incidência aflitiva: ​uma conduta para ser criminalizada deve gerar dor, angústia, 
prejuízo; Se não causa sofrimento ou efetiva dor não pode ser tida como criminalizada. 
 
c) persistência espaço-temporal: ​a conduta deve apresentar uma certa persistência ao 
longo do tempo e do território. Não há que se falar em criminalização de uma moda, de 
algo passageiro (ex.: rolezinho); 
 
d) inequívoco consenso acerca da origem do crime (etiologia – estudo das causas): 
para criminalizar uma conduta, tem que se ter certeza que a criminalização vai atingir a 
causa da conduta e não a conseqüência (ex.: aborto, uso de drogas). 
 
1.2 Processo de Criminalização: 
 
a) Criminalização Primária: 
 
É a lei penal, é o ato de fazer uma lei penal. É o ato de legislar em matéria penal. 
Apenas o poder legislativo é quem faz a criminalização primária. 
A criminalização primária tem como características fazer menção a condutas abstratas, 
genéricas e a pessoas indefinidas. Ela é erga omnes, vale para todo mundo. 
 
b) Criminalização Secundária: 
4 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
É o ato de aplicar a lei penal. 
Quem faz a criminalização secundária? O sistema de justiça em geral (poder judiciário, MP, 
advogados, defensor público), polícias (militar e civil), administração penitenciária e 
exército. 
A criminalização secundária tem como característica básica é dizer respeito a pessoas 
específicas, por condutas concretas. 
 
1.3 Processos de Prevenção: 
Há três modelos de prevenção para o crime, que é aplicada de acordo com o momento em 
que essa prevenção incide. 
A prevenção primária incide antes do crime acontecer, a secundária acontece depois do 
crime e a terciária acontece muito depois do cometimento do crime. 
 
a) Processo de Prevenção PRIMÁRIA: 
É a prevenção que se dirige as raízes do crime e que se confunde com políticas 
sociais de: educação, habitação, saúde e emprego. Atua a longo prazo. 
Ela incide muito antes do crime ocorrer, se manifestar. Basicamente, essa prevenção é 
aquela que tende a tornar a sociedade um pouco mais justa, igualitária e com essa redução 
da desigualdade social tende a reduzir a criminalidade. 
Ela é muito eficaz, se investir pesadamente em saúde, emprego, moradia e educação, você 
vai ter uma chance muito alta de reduzir a criminalidade. 
O problema é que ela não tem um efeito imediato, o governante que investe em prevenção 
primária não vai colher os frutos hoje, é preciso passar por algumas gerações de pessoas 
para começar a produzir efeitos, por isso é pouco implementada. Aqui, a gente tenta 
prevenir o crime antes dele acontecer. 
 
b) Processo de Prevenção SECUNDÁRIA: 
Se confunde com repressão penal. Aqui, o agente cometeu o crime e o Estado acredita que 
punindo esse sujeito logo depois do crime isso vai evitar novos crimes. Tem haver com as 
finalidades da pena. 
Confunde-se com a dissuasão penal e as finalidades declaradas da pena (prevenção geral 
e especial). 
A prevenção secundária acontece logo após o cometimento do crime, baseada na crença 
de que punir o criminoso vai evitar novos crimes. 
E pouco eficaz pois o crime já ocorreu. 
 
 
c) Processo de Prevenção TERCIÁRIA: 
Prevenção terciária é sinônimo de ​prevenção tardia, pois incide muito tempo depois do 
cometimento do crime, isto é , após a condenação do agente e do cumprimento da pena. 
Visa essencialmente evitar a reincidência criminal e se confunde com as políticas de 
atenção ao egresso e a ressocialização do condenado. 
5 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
Aqui, na prevenção terciária, tem comprovação empírica de que ela é muito pouco 
eficaz, prova disso são os altos índices de reincidência. 
 
 
2. CRIMINOSO 
Para o Direito Penal, criminoso e a pessoa que pratica um ​fato típico, antijurídico e 
culpável​. Do mesmo jeito que para cada escola criminológica há um conceito de crime, 
para cada escola há um conceito de criminoso. 
 
Dadas as diferentes perspectivas, e em face de todas as discussões 
posteriores às concepções originais formuladas, entende -se que o criminoso 
é um ser histórico, real, complexo e enigmático (...). Por isso, as 
diferentes perspectivas não se excluem, antes, completam -se e permitem 
um grande mosaico (...)”. (SHECAIRA). 
 
Esse conceito quer dizer que não há conceito certo, ma s sim que todos os conceitos se 
complementam e formam um mosaico. Ou seja, não há definição unitária sobre o 
criminoso, uma vez que cada escola criminológica possui a sua respectiva definição. 
 
3. VÍTIMA 
Conceito Lato/abstrato/geral: vítima é um indivíduo ou comunidade que sofre diretamente 
as conseqüências, os efeitos, do crime. 
Como que se portou a vítima ao longo da história no que tange a persecução penal? 
Nem sempre a relação processual penal correu na forma que a gente entende hoje. 
Hoje em dia a vítima tem um papel de meio de prova para conseguir a condenação doréu, 
mas nem sempre foi assim. 
Antigamente, lá nos primórdios da história, a vítima era protagonista da resolução do 
conflito (do processo), ela era a maior interessada. Hoje em dia não, hoje a vítima tem 
papel auxiliar no processo. 
 
3.1. FASES DA VÍTIMA NA PERSECUÇÃO PENAL 
a) Fase da Idade de Ouro 
Antes da existência de um Estado consolidado, cada lugar, por exemplo Europa, não 
existia um estado unitário, então cada território resolvia os conflitos de uma maneira local, 
regionalizada. Nesse aspecto, se me furtasse, eu vítima, tinha o direito de ir lá perante esse 
infrator e exigir a reparação do dano (ex.: devolver o objeto furtado), se o sujeito 
conseguisse reparar o dano acabava, não existia um processo essencialmente punitivo, a 
resolução de conflitos nessa época tinha mais a ver com reparação de danos do que com 
punição. É claro que se o sujeito não conseguisse ou não quisesse reparar o dano, isso 
autorizaria a vítima a ir lá e punir o sujeito. Ou seja, a vítima era a protagonista. 
Dentro dessa Fase Idade de Ouro, a vítima era a protagonista, ela resolvia o conflito. 
6 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
Antes da criação do estado moderno, a vítima era protagonista da resolução do conflito 
penal. A própria vítima tinha o direito de exigir a reparação do dano e de eventualmente 
punir o infrator. 
O direito penal, nesta época, tinha um caráter mais reparador e menos punitivo. 
 
b) Fase de Neutralização da Vítima 
Com a criação do Estado Moderno, a vítima é excluída da resolução do conflito penal e 
passa se tornar mero meio de prova para a acusação. 
É nesta época que surge o “Ministério Público” (procuradores do rei), o qual substitui a 
vítima no processo penal. 
O direito penal perde o caráter reparador e se torna essencialmente punitivo. 
 
c) Fase de Revalorização do Papel da Vítima 
Recentemente, alguns institutos tentam recuperar os interesses da vítima no processo 
penal – ex.: fixação de indenização no âmbito da sentença condenatória. 
Mas hoje em dia, a vítima ainda está de escanteio, salvo nos casos de ações penais 
privadas. 
 
(aula 03) 
3.2. PROCESSOS DE VITIMIZAÇÃO 
a) Processo de Vitimização PRIMÁRIA: 
É o processo sofrido diretamente pela vítima em sentido estrito. A vitimização em sentido 
estrito, aquela relação que se dá entre o criminoso e a vítima em decorrência do 
cometimento de um crime. 
É a relação de vitimização que ocorre entre a vítima em sentido estrito e criminoso. O 
sujeito sofre um crime, ele é vítima primária desse crime. VITIMA vs AUTOR 
 
b) Processo de Vitimização SECUNDÁRIA: 
Uma mulher sofreu um estupro, ou seja, foi vítima primária. Foi para a delegacia e tomou 
um chá de cadeira, quando ela foi depor o escrivão tratou ela mal, o delegado começou a 
expor demais a pessoa, isso vai causar um sofrimento naquela pessoa que já foi vítima 
primária. Um ano depois, a vítima foi ao fórum prestar declarações e ela tem que relembrar 
d e toda a violência que sofreu para um juiz homem, promotor homem, defensor homem, 
então é uma coisa que já incomoda, tudo isso também é vitimização, também vai causar 
dor, angústia e prejuízo na pessoa que já foi vítima primária. 
Vitimização secundária é a vitimização que decorre da relação entre a vítima primária e o 
Estado (ex.: excesso de exposição, insensibilidade, burocracia excessiva etc). 
VÍTIMA PRIMÁRIA vs ESTADO 
 
c) Processo de Vitimização TERCIÁRIA: 
Seguindo o mesmo exemplo da mulher vítima do estupro, vítima primária, que ja sofreu 
excesso de exposição, vítima secundária perante o Estado, quando ela voltou para a casa 
7 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
o muro da casa dela estava pichado “também com essa roupa que usa, mereceu ser 
estuprada, é uma vagabunda”. Essa situação também é uma vitimização, é uma 
vitimização entre a vítima primária e o meio em que ela está inserida. 
A vitimização terciária é aquela que decorre da relação entre a vítima primária e o meio 
social em que ela está inserida. 
VÍTIMA PRIMÁRIA vs SOCIEDADE(MEIO SOCIAL( 
 
4. CONTROLE SOCIAL 
Toda sociedade necessita de mecanismos que garantam a convivência harmônica 
entre os indivíduos e esses mecanismos, chamados controle social, podem ocorrer de duas 
maneiras: informal ou formal. 
 
4.1. CONCEITOS DE CONTROLE SOCIAL 
Toda sociedade necessita de meios de controle para garantir a convivência harmônica 
entre os cidadãos. Este controle pode ocorrer de duas formas. 
 
a) Controle Social INFORMAL : 
Controle Social Informal e o tipo de controle social realizado pela própria sociedade Civil, é 
aquele que se confunde com a sociedade civil (família, escola, religião) Características do 
Controle Social Informal: opera de forma branda, educando o indivíduo ao longo de toda 
sua vida. Opera educando e socializando o indivíduo. Feito pela sociedade Civil. 
 
b) Controle Social FORMAL: 
Controle Social Formal é aquele que se confunde com o Estado, confunde-se com o 
aparelho estatal, isto é, polícia, sistema de justiça etc. Identifica-se com o aparato policial 
do Estado. 
É abrupto, violento, e atua de forma pontual e episódica (fatos isolados) na vida do 
sujeito. 
Polícia comunitária é o que? Ela é ​sui geniris​, ao mesmo tempo que formalmente ela está 
enquadrada no estado, ela possui algumas características de controle social informal. 
 
4.2. MODELOS DE RESPOSTA AO DELITO 
O Estado pode reagir de diversas maneiras perante o fenómeno da criminalidade, não 
necessariamente atuando de forma punitiva. 
 
a) Modelo Dissuasório Clássico: 
Se baseia na crença de que a criminalidade deve ser punida de forma implacável. 
Baseia-se, ainda, na rápida aplicação do castigo. A intervenção estatal tem a intenção de 
evitar que o agente volte a se criminalizar novamente. Se propõe a reduzir a criminalidade, 
Os interesses da vítima não são contemplado neste modelo. A vítima é no máximo um 
meio de prova. Este modelo não contempla os interesses da vítima. 
 
8 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
b) Modelo Ressocializador: 
É aquele que agrega um fator humanitário ao dissuasório clássico, isto é, a pena é aplicada 
para ressocializar o indivíduo. 
No Brasil, na teoria aplica-se o modelo ressocializador, mas na prática é aplicado o modelo 
dissuasório clássico. 
 
c) Modelo Integrador: 
Se baseia na mediação e na composição(conciliação) de todos os interesses e 
responsabilidades envolvidos no crime, inclusive o interesse da vítima. Pressupõe a 
reparação do dano. 
Pretende, ainda, reparar o dano causado à vítima. De acordo com este modelo, a solução 
para o conflito deve ser encontrada internamente pelos próprios envolvidos. 
 
 
1. PRECURSORES 
 
1.1. ESCOLA CLÁSSICA DA CRIMINOLOGIA - (Etapa pré-científica da Criminologia ​– 
 
1.1 A Formação do Estado Absolutista 
a. Origem: Ascensão da burguesia mercantil exigiu a consolidação dos territórios 
europeus e a unificação do poder nasmãos de apenas uma pessoa (o Rei 
Soberano). 
b. Teóricos: Maquiavel e Thomas Hobbes: de acordo com Hobbes na passagem do 
estado de natureza para o estado civil através da celebração do contrato social, o 
súdito cede todos os seus direitos ao Soberano, o que confere a este todos os 
poderes, inclusive de vida e de morte da população. 
 
Hobbes escreveu ​O Leviatã​, que fala que o homem vive no estado de natureza, só 
que nesse estado de natureza o homem é o lobo do homem, ou seja, um homem 
mata o outro. Por isso os homens não podem ficar sem governo e assinam um 
contrato social, cedendo todos os seus direitos para o soberano, inclusive, o direito 
de vida, de honra, de propriedade, fundando, assim, o Estado Civil. Essa é a teoria 
contratualista de Hobbes. 
 
c. Formação (consolidação) do Estado Absolutista: 
A consolidação do estado moderno exigiu a incorporação dos saberes da igreja católica a 
qual detinha os saberes da época, Isso vai ser determinante para a construção do sistema 
punitivo do estado moderno. 
 
 
1.2 A Inquisição 
9 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
A Igreja Católica incumbiu algumas equipes responsáveis por apurar a verdade julgar e 
condenar as pessoas acusadas de cometerem pecado. Nesse ponto, a noção de pecado 
começa a se confundir com a noção de delito, surgindo assim o processo inquisitorial o 
qual seria mais tarde incorporado ao estado moderno (fase de neutralização da vítima) o 
crime não atinge a vítima e sim o estado. 
 
1.3 As Penas no Antigo Regime 
 
a. Sanções corporais e estigmas​: penas corporais, mutilações e deformações. 
Estigma = MARCA. 
b. Castigo e Espetáculo: ​as penas no estado absolutista aconteciam mediante 
suplício público (filme coracao de leao). A dor alheia se torna um espetáculo. As 
penas eram muito desproporcionais, pois quanto maior o castigo mais demonstrava 
aos súditos quem de fato mandava. 
c. Trabalhos Forçados: ​Ex: Casas de raspagem (raspar madeira do Pau Brasil para 
fazer tinta.) 
d. Reclusão: era a última das penas pois não era interessante ao rei segregar pois 
ninguém veria o cumprimento da pena, a qual normalmente ocorria nas masmorras. 
Tinha caráter cautelar (provisória) até o julgamento. Não tinha prazo de duração 
razoável para o julgamento. 
 
1.4 Iluminismo: 
Para Locke na passagem do estado civil para o estado de natureza, a humanidade 
conserva parte de seus direitos os quais deveriam ser respeitados pelos soberano. 
 
1.5 Escola Clássica 
Finalidade da Pena: o homem que cometia um crime violava o contrato social, fazia de 
forma racionalmente, já que era dotado de livre arbítrio. 
 
Autor Principal: Cesare Bonesana – Marquês de Beccaria 
Obra: Dos Delitos e das Penas 
Palavras-chave: garantias penais, iluminismo, livre-arbítrio, racionalidade, castigo 
como utilidade​. 
 
A pena para Beccaria não pode representar uma mera vingança estatal, mas deve estar 
ligada a culpabilidade do ato ilícito de modo que o autor do fato entenda exatamente a 
reprovabilidade do ato. 
 
Limitações ao poder de castigar: 
O Sistema Punitivo deixa de ficar exclusivamente na mão do rei e passa a ser dividido 
entre os poderes Estatais. Tal Sistema punitivo deve ser submetido a certos princípios. 
10 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________ 
Visa evitar o direito penal do terror, de sangue. Tem haver com contenção do poder 
punitivo, isto é, limitação do direito penal através da defesa de princípios e garantias. 
 
legalidade, vedação ao confisco, respeito a hora. vedação dos serviços forçados dentre 
outros princípios. 
 
A Escola Clássica não está preocupada em descobrir a causa do crime (não e etiológica) 
tão pouco faz estudos empíricos (etapa pré-científica da criminologia). A principal 
motivação da escola clássica e reduzir o poder estatal. 
 
Natureza da pena: 
Para a escola clássica a pena tem caráter retributivo mas não se trata de mera vingança 
estatal. 
 
1.6 Crítica e utilitarismo Penal: 
 
 
2. POSITIVISMO CRIMINOLÓGICO – Lombroso, Ferri e Garófalo 
 
2.1: Imperialismo: 
Industrialização Europeia e Colonização da África e da Ásia. 
 
2.2 Antecedentes Científicos: 
Dela porta e Lavater: retrato do homem que tem a maldade 
 
Frenológicas: estudo do cérebro humano e das atividades psíquicas. 
 
Teoria da Evolução das Espécies. Darwin 
 
Aqui vamos falar sobre 03 autores positivistas: Lombroso, Ferri, Garófalo 
 
I – Lombroso – “pai” do positivismo criminológico. 
Lombroso era um determinista biológico, ele acreditava que pode definir, prever o 
comportamento humano através das características físicas, biológicas do indivíduo. 
Lombroso escreve o livro “O Homem Delinquente ”. Em síntese, Lombroso foi muito 
influenciado pela teoria da evolução das espécies de Darwin e deu uma deturpada nessa 
teoria. Nesta obra, Lambroso desenvolve a teoria do “Delinquente Nato” 
11 
Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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Para Lombroso o indivíduo criminoso padece de uma doença chamada ​Regressão 
Atávica​, isto é, uma regressão na escala evolutiva que faz com o que o indivíduo se 
comporte de maneira violenta ou primitiva. 
 
Para Lombroso o delinqüente nato era um indivíduo doente, o qual não possuía livre 
arbítrio (critica a escola clássica), isto é, estava fadado ao cometimento de crimes. 
 
Em outras palavras, o que Lombroso faz é criticar a escola clássica de Baccaria o qual 
dizia que o homem era dotado de livre arbítrio o que para Lambroso no aconteceria, vez 
que entendia ser o homem um delinquente nato o qual padeceria de uma Regressão 
Atávica o que fazia com que o homem se portasse de forma violenta e primitiva. Partindo 
deste paradigma, Lombroso e o positivismo em geral apresenta proposta da política 
criminal fundada na pena de morte ou nas medidas de segurança. 
 
Lombroso errou na premissa, primeiro porque era uma premissa racista, não se pode julgar 
ninguém pela aparência, e segundo porque ele errou na amostra, ele achou que criminoso 
era só aquele sujeito que tava dentro da cadeia, ele esqueceu que tinha gente fora da 
cadeia que comete crime e não vai pra preso, esqueceu da cifra oculta, a seletividade 
penal. 
 
Mas Lombroso tem um mérito, por mais que a premissa seja equivocada, ele foi o primeiro 
cara que resolveu fazer a criminologia de forma empírica – ele ficava fazendo autópsia, 
fazendo entrevista com os presos. 
 
O positivismo criminológico inaugura a etapa científica da criminologia, bem como a 
etiologia (estudo das causas) criminal. 
 
A criminologia depois do Lombroso passa a ser científica e etiológica, porque ele adota 
o empirismo e ele passa a descobrir a causa do crime. Foi o primeiro a fazer uso do 
empirismo (pesquisas, amostras, estatistica, medições) e inaugura a etapa científica da 
criminologia bem como a etiologia criminal. 
 
As principais propostas Político Criminais do Positivismo Criminológico seria a aplicaçãode 
penas tais como a de morte e medida de segurança. 
 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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O principal reprodutor de Lombroso no Brasil é o autor Nina Rodrigues. 
 
Resumo da Obra “​Raça e criminalidade na obra de Nina Rodrigues: Uma 
história psicossocial dos estudos raciais no Brasil do final do século 
XIX” 
1 Introdução 
Raimundo Nina Rodrigues foi um médico brasileiro que no final do século XIX buscou, 
entre outras coisas, desvendar os mistérios da mente e do espírito dos negros brasileiros. 
Racista, eugenista, conservador, foi um intelectual rejeitado a partir da segunda metade do 
século XX por conta destas características que, se não eram, à época, exclusivas dele, 
tornaram-se malditas: hoje em dia seu nome quase não é citado, a não ser em revisões 
críticas da história dos estudos raciais. Sua produção não foi muito extensa temporalmente 
– cerca de vinte anos – mas foi intensa, no sentido de que escreveu muito sobre temas 
diversos, apesar de ter se mantido fiel aos chamados estudos do negro. 
Nina Rodrigues nasceu em Vargem Grande, município do Maranhão, em 1862. Aos 20 
anos de idade mudou-se para a Bahia, a fim de cursar a Faculdade de Medicina. Já com o 
título de doutor ​1​, Nina Rodrigues, em 1888, foi para a cidade de São Luís do Maranhão, 
onde clinicou durante algum tempo, tendo, neste período escrito artigos sobre higiene 
pública e também um trabalho sobre a lepra, no qual se encontra a sua primeira tentativa 
de um quadro classificatório das raças no Maranhão. Em 1889 voltou para a Salvador a fim 
de assumir a Cadeira de Clínica Médica na Faculdade de Medicina da Bahia e no mesmo 
ano passou a fazer parte da redação da Gazeta Médica da Bahia, uma das mais 
importantes publicações médicas do País (Oda, 2003; Schwarcz, 1993). Em 1891, foi 
transferido para a disciplina de Medicina Legal, primeiramente como substituto, sendo 
oficializado no cargo quatro anos depois. Até sua morte, em 1906, Nina Rodrigues 
permaneceu neste cargo, desempenhando importante papel na institucionalização da 
Medicina Legal no país. 
A produção de Nina Rodrigues foi ampla, abarcando diversas áreas da medicina – sendo 
mais efetiva na medicina legal, mas não restrita a ela. Entre os anos de 1890 e 1892, 
escreveu sobre as epidemias de abasia astasia ocorridas no Maranhão e na Bahia, além 
de textos voltados à discussão da mestiçagem, como "Mestiçagem, Degenerescência e 
Crime". 
Publicou o seu primeiro livro - "As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil" – 
em 1894, hoje considerada uma de suas mais importantes obras. Este livro era, segundo o 
autor, um "estudo das modificações que as condições de raça imprimem à 
responsabilidade penal" (Rodrigues, 1957, p.27), com o objetivo de sistematizar as suas 
lições na disciplina de Medicina Legal (Oda, 2003). 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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Em 1895, já como titular na cátedra de Medicina Legal, ajudou a fundar, juntamente com 
Juliano Moreira e Alfredo Britto, a Sociedade de Medicina Legal da Bahia, sendo eleito 
presidente. Ainda neste ano foi aceito como membro da Médico-Legal Society de Nova 
Iorque (Corrêa, 2001; Oda, 2003). 
Nos primeiros anos da década de 1900, Nina Rodrigues se dedicou a uma série de escritos 
sobre Medicina Legal voltados à perícia médica, e outros de especial interesse para a 
psicologia, tais como "Atavisme psychique et paranóia", publicado nos Archives de 
Anthropologie Criminel de Lion em 1902 e "La paranóia chez les nègres", do ano seguinte, 
publicado na mesma revista. Raimundo Nina Rodrigues faleceu precocemente em julho de 
1906, deixando uma obra de importância ímpar para os estudos sobre raça no Brasil. 
De acordo com Ana Maria Oda (2003), pode-se classificar a produção de Nina Rodrigues 
em quatro pontos, são eles: os estudos de organização sanitária pública; medicina legal, 
psiquiatria forense e antropologia física; os estudos de psicopatologia comparada e, 
finalmente, a etnografia dos povos africanos da Bahia. Exceto o primeiro item, que 
apresenta um limite temporal específico – o início da carreira de Nina Rodrigues –, todos os 
outros temas estão presentes ao longo dos seus vinte anos de produção, sendo que o 
tema da criminalidade entre negros e mestiços perpassa boa parte de sua obra. 
A atuação de Nina Rodrigues dentro da Medicina Legal foi muito ampla, podendo ser 
localizada em diversos âmbitos que vão desde a organização sanitária até a psiquiatria 
forense. Aqui interessam, principalmente, seus trabalhos sobre antropologia física e 
criminal e psiquiatria forense, dentro dos quais o estudo do corpo e da mente do negro se 
sobrepõe. Voltado principalmente ao tema da criminalidade racial, Nina Rodrigues analisou 
diversos casos de delitos envolvendo negros e mestiços, nos quais os corpos, cabeças, 
mentes e história de vida dos sujeitos eram avaliados no intuito de desvendar as 
motivações de seus crimes. 
 
2 Raça, crime e punição 
A conversão absoluta de Nina Rodrigues ao campo da Medicina Legal pode ser datada na 
publicação de"As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil", de 1894. O livro 
é dedicado aos consagrados médicos e juristas da área, como Lombroso, Ferri, Garófalo e 
Lacassagne ​2​, "em homenagem aos relevantes serviços que os seus trabalhos estão 
destinados a prestar a medicina legal brasileira, atualmente simples aspiração ainda" 
(Rodrigues, 1957, p.21). De acordo com Maio (1995), além disso, percebe-se também uma 
identificação do autor com as teorias eugênicas de Galton e com o darwinismo social de 
Spencer. 
Mas, foi principalmente baseado nas teorias lombrosianas que Nina Rodrigues 
desenvolveu as ideias apresentadas em "As Raças Humanas", no qual o autor considerava 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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um "simples ensaio de psicologia criminal brasileira" (Rodrigues, 1957, p.24). 
Fundamentado, sobretudo, nas aulas que vinha ministrando na disciplina de Medicina 
Legal da Faculdade de Medicina da Bahia, o livro tinha como propósito apresentar as 
modificações que as condições de raça imprimiriam à responsabilidade penal, assim como 
criticar o Código Penal Brasileiro de 1890. 
Neste livro, considerado por Leite (1992) a exposição explícita de preconceito contra índios 
e negros, Nina Rodrigues defendeu um tratamento diferenciado para negros, índios e 
mestiços – produtos das chamadas raças inferiores – no Código Penal Brasileiro. Seu 
argumento partia do pressuposto de que haveria uma diferença fundamental entre as raças 
no que se referia à sua constituição mental: 
A concepção espiritualista de uma alma da mesma natureza em todos os povos, tendo 
como conseqüência uma inteligência da mesma capacidade em todas as raças, apenas 
variável no grau decultura e passível, portanto, de atingir mesmo num representante das 
raças inferiores, o elevado grau a que chegaram as raças superiores, é uma concepção 
irremessivelmente condenada em face dos conhecimentos científicos modernos 
(Rodrigues, 1957, p.28). 
Para embasar sua proposta de um código diferenciado, Nina Rodrigues utilizou longas 
citações de autores como Tarde ​3 e Garófalo para sustentar que a própria noção de crime 
se altera conforme o tempo e a sociedade. Assim, lembra que o grande crime na Grécia 
Antiga era deixar os pais sem sepultura, na Idade Média era o sacrilégio, tendo o homicídio 
pena muito mais leve. Se a ideia de crime se alterou ao longo do tempo, nada mais natural 
que a ideia de justiça se modificasse também. Para que todos tivessem a mesma noção de 
justiça e responsabilidade, era necessário, segundo o autor, que houvesse uma 
homogeneidade populacional, o que era impensável, uma vez que as populações se 
encontravam em níveis distintos de evolução mental. Assim, Nina Rodrigues concordou 
com Tarde quando este afirmou que para se chegar a homogeneidade populacional era 
preciso que: 
As inclinações naturais, quaisquer que sejam, tenham recebido, em larga escala, do 
exemplo ambiente, da educação comum, do costume reinante, uma direção particular que 
as tenha especificado [...]. Quando a sociedade tem fundido assim à sua imagem todas as 
funções e todas as tendências orgânicas do indivíduo, o indivíduo não faz um movimento, 
um gesto, que não seja orientado para um fim designado pela sociedade. Além disso, é 
preciso que, em larga escala também, as sensações brutas fornecidas pelo corpo e a 
natureza exterior em face um do outro, tenham sido profundamente elaboradas pelas 
convenções, pela instrução, pela tradição, e convertidas deste modo em um conjunto de 
ideias precisas, de juízos e de prejuízos, conformes em maioria às crenças dos outros, ao 
gênio da língua, ao espírito da religião ou da filosofia dominante, à autoridade dos avós ou 
dos grandes contemporâneos. Depois disso, pense o que pensar o indivíduo, ele há de 
pensar com o cérebro social" (Tarde apudRodrigues, 1957, p.45). 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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Uma vez que a cada fase da evolução social de um povo corresponderia um tipo específico 
de criminalidade (de acordo com o desenvolvimento intelectual e moral) e que a análise 
científica mostrava a impossibilidade de uma homogeneidade populacional, o pressuposto 
da vontade livre, ou livre arbítrio – doutrina que estaria, segundo Oda (2003), de acordo 
com a Escola Clássica de Direito, na qual se baseava o sistema penal brasileiro à época –, 
não ofereceria a mínima consistência porque não escaparia, segundo Nina Rodrigues, às 
contingências do desenvolvimento evolutivo. Seguindo a teoria spenceriana ​4​, o autor 
acreditava que toda e qualquer ação seria determinada pelas conexões psíquicas geradas 
pela experiência – que poderiam ser mesmo anterior à existência do indivíduo – e que 
estavam acumuladas na sua constituição. Assim, o autor concluiu que, a cada fase da 
evolução da humanidade, se se comparassem raças distintas, corresponderia uma 
criminalidade própria em harmonia e em acordo com o grau do desenvolvimento. De forma 
que a noção de vontade só poderia ser aplicada a um grupo social homogêneo, o que não 
era, nem de longe, o caso da sociedade brasileira. 
Aplicando tais conceitos à realidade do Brasil, Nina Rodrigues sustentou que os crimes 
cometidos por indígenas, negros ou mestiços só poderiam ser analisados a partir de um 
ponto de vista racial que levasse em conta os valores morais e as noções de justiça 
vigentes nos seus respectivos grupos, ao que Oda dá o nome de "ética étnica" (2003, 
p.215). Afirma Nina Rodrigues: 
Ora, desde que a consciência do direito e do dever, correlativos de cada civilização, não é 
o fruto do esforço individual e independente de cada representante seu; desde que eles 
[índios, negros e mestiços] não são livres de tê-la ou não tê-la assim, pois que essa 
consciência é, de fato, o produto de uma organização psíquica que se formou lentamente 
sob a influência dos esforços acumulados e da cultura de muitas gerações; tão absurdo e 
iníquo, do ponto de vista da vontade livre, é tornar os bárbaros e selvagens responsáveis 
por não possuir ainda essa consciência, como seria iníquo e pueril punir os menores antes 
da maturidade mental por já não serem adultos, ou os loucos por não serem sãos de 
espírito (Rodrigues, 1957, p.79). 
Os selvagens – negros e índios – teriam, de acordo com Nina Rodrigues, um código de 
conduta próprio, estabelecido nos seus locais de origem e que difeririam muito dos códigos 
de conduta dos povos ditos civilizados. 
Os negros africanos são o que são: nem melhores nem piores que os brancos: 
simplesmente eles pertencem a uma outra fase do desenvolvimento intelectual e moral. 
Essas populações infantis não puderam chegar a uma mentalidade muito adiantada e para 
esta lentidão de evolução tem havido causas complexas. Entre essas causas, umas podem 
ser procuradas na organização mesma das raças negríticas, as outras podem sê-lo na 
natureza do habitat onde essas raças estão confinadas. Entretanto, o que se pode garantir 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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com experiência adquirida, é que pretender impor a um povo negro a civilização européia é 
uma pura aberração (Rodrigues, 1957, p.114). 
Como exigir, questiona o autor, que todas as diferentes raças encontradas no Brasil 
respondam por seus atos perante a lei com igual plenitude de responsabilidade penal? É 
possível admitir que os índios e negros, bem como seus mestiços, tenham discernimento 
para decidir entre cometer ou não um crime? Seria correto, pergunta ainda Nina, conceber 
que a consciência do dever e do direito destas raças seja a mesma da dos brancos? Nina 
Rodrigues não pôde responder a estas questões. 
Assim, para o autor, um negro que cometesse um crime de honra, por exemplo, não 
poderia ser julgado da mesma maneira que um branco que tivesse cometido o mesmo 
crime. Suas aptidões mentais, suas formas de ver o crime e seus códigos de conduta eram 
outros. O branco deveria ser punido mais severamente que o negro, pois ele teria domínio 
sobre o código da civilização. Sua superioridade mental o obrigaria a ter consciência e 
pensar racionalmente sobre o crime que porventura viesse a cometer, diferentemente do 
negro, que seria acometido por suas emoções, que dominariam sua consciência, 
incapacitando-o para a racionalidade. O caso do indígena (puro) era o mesmo que o do 
negro. 
Basta refletir um instante em que só os africanos e os índios conservam, mais ou menos 
alterados, do novo meio social, os seus usos e costumes, como ainda em que fazem deles 
com os novosum amalgama indissolúvel, para se prever que nas suas ações hão de influir 
poderosamente as reminiscências, conscientes ou inconscientes da vida selvagem de 
ontem, muito mal contrabalançadas ainda pelas novas aquisições emocionais da civilização 
que lhes foi imposta (Rodrigues, 1957, p.79). 
Desta forma, não havia duvidas de que negros e índios necessitavam de um código que 
previsse sua incapacidade e atenuasse sua responsabilidade. No caso dos mestiços, a 
situação se complicaria mais. 
Para Nina Rodrigues, a escala da mestiçagem poderia ir desde o "produto inteiramente 
inaproveitável e degenerado ao produto válido e capaz de superior manifestação da 
atividade mental" (Rodrigues, 1957, p.134). A mesma escala deveria percorrer a 
responsabilidade moral e penal, uma vez que o autor não considerava que todos fossem 
irresponsáveis. Nina Rodrigues acreditava que os mestiços poderiam ser distribuídos em 
três grupos distintos: o primeiro corresponderia aos mestiços superiores que, ou pela 
predominância da raça civilizada em sua constituição, ou por uma feliz combinação mental, 
poderiam ser considerados perfeitamente equilibrados e plenamente responsáveis; ao 
segundo grupo pertenciam os mestiços evidentemente degenerados, os quais devem ser 
considerados parcial ou totalmente irresponsáveis; por fim, no último grupo estariam os 
mestiços comuns, que mesmo superiores às raças selvagens das quais descendiam, 
traziam o desequilíbrio causado pelo cruzamento, não podendo ser equiparados àquelas 
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raças, de forma que se encontravam em constante iminência de cometer ações anti-sociais 
e não deveriam, por isso, ser plenamente responsáveis. 
A sugestão proposta por Nina Rodrigues foi de que cada região do país possuísse seu 
próprio código, adaptado às condições raciais e climáticas de cada uma delas, 
abandonando a unidade legal que era defendida pelo direito clássico. Mas, como bem 
lembra Oda, é claro que a distinção no código proposta pelo autor implicaria não apenas na 
imputabilidade penal, mas, também, na "relativização da capacidade civil, isto é, da 
cidadania no sentido amplo" (2003, p.217). 
Após "As Raças Humanas", Nina Rodrigues passou a escrever frequentemente sobre a 
relação entre raça e crime. Nesses textos, sempre defendeu a responsabilidade 
diferenciada como a melhor forma de tratar os casos criminais, para comprovar suas 
teorias, utilizava-se, sobretudo, de observações empíricas. Encontram-se exemplos desse 
método em textos como "Depeçage Criminel", "Lucas da Feira", aqueles sobre o conflito de 
Canudos, como "Antônio Conselheiro e os Jagunços", entre outros. 
 
3 O caso de Lucas da feira 
Seguindo o método de Nina, vamos aqui nos detalhar na apresentação de seu ensaio 
sobre Lucas da Feira, publicado em 1985. É comum que, à primeira leitura deste texto, não 
lhe seja dada muita relevância: parece ser apenas mais um dos textos racistas de Nina 
Rodrigues, no qual o corpo do negro fora medido, analisado e profanado. Uma segunda 
leitura, mais aprofundada, nos mostra que o texto ultrapassa esta primeira visão e pode ser 
localizado entre as obras chave do que, penso, ser a transição de um Nina Rodrigues 
simplesmente cientificista e médico para um Nina Rodrigues afetado pela importância dos 
indicadores sociais. 
Adepto da teoria lombrosiana do criminoso nato, logo no início o autor afirma crer que 
"poucas populações estarão, como a do Brasil, em condições de oferecer à escola 
criminalística italiana uma confirmação mais brilhante às doutrinas que ela defende" 
(Rodrigues, 2006, p.104). Ironicamente, ao longo do texto percebe-se que ele mais se 
afastou do que aproximou das doutrinas que tanto elogiava. Vejamos o caso de Lucas. 
Lucas da Feira foi um negro escravo fugido que, em 1828, juntou um bando de negros – 
escravos como ele – cometendo diversos crimes ao longo de vinte anos. Em 1848, Lucas 
foi preso, negando seus crimes de início, mas, após intenso interrogatório, acabou por 
admitir ter matado mais de vinte pessoas, roubado e raptado, além de ter violado seis 
moças (Rodrigues, 2006). Ainda assim, e mesmo sabendo que seus dias estavam 
contados, afirmou que não entregaria nenhum de seus comparsas por ser este um ato de 
traição para com aqueles que tanto o ajudaram. Não era este o comportamento previsto 
por Lombroso para os criminosos: estes sempre buscariam atenuar seus atos acusando 
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outros e reclamando terem cometido seus crimes sob influência e domínio dos cúmplices. 
Contudo, não foi somente o comportamento de Lucas depois de preso que não estava de 
acordo com a teoria italiana; seu comportamento durante a vida e seu corpo após a morte 
não se pareciam em quase nada com a descrição do criminoso nato. 
Durante a vida de crimes, Lucas evitou, sempre que pôde, assaltar e assassinar pessoas 
da vila, porque os conhecia: "Assim, pois, como verdadeiro selvagem, a vila e seus 
habitantes representavam para ele sua pátria, sua tribo, seu clã: os outros não eram mais 
do que estrangeiros em face dos quais ele não se julgava obrigado a ter considerações" 
(Rodrigues, 2006, p.108). 
Este comportamento de Lucas – que, mesmo fugindo, também respeitou seus senhores e 
nunca os machucou, além de só ter matado quem ele entendia tê-lo traído de alguma 
forma, certo que com requintes de grande crueldade – demonstrava para Nina Rodrigues 
que Lucas era sim um verdadeiro criminoso, porque tinha instintos sanguinários, mas não 
era um criminoso nato. 
Por fim, o estudo de seu crânio demonstrou que, ao contrário do que o médico esperava, 
Lucas da Feira não possuía nenhum traço étnico marcante; à primeira vista parecia um 
crânio perfeitamente normal, com caracteres próprios aos crânios dos negros, mas também 
àqueles "pertencentes aos crânios superiores, medidas excelentes, iguais às da raça 
branca" (Rodrigues, 2006, p.106). Lucas era filho de negros africanos e sua negritude era 
comprovada por todos os que o conheceram, de forma que a ideia de que ele tivesse um 
mínimo de sangue branco era muito pouco provável. As medidas do crânio de Lucas, 
somadas ao seu comportamento em vida, mostravam a Nina Rodrigues que ele era um 
criminoso para os brasileiros, que viviam sob civilização europeia, porque provavelmente 
na África ele teria sido um rei, um guerreiro, um herói. 
E assim, Nina Rodrigues chegou à conclusão que o verdadeiro estudo da criminalidade não 
poderia se firmar somente na craniometria: 
Compreende-se assim o valor que se deve dar à ausência de caracteres criminais no 
crânio de Lucas e vê-se como não podemos criticar os dados da antropologia criminal, 
prendendo-nos preconcebidamente aos caracteres físicos com a exclusão de uma sábia 
análise psicológica. É preciso, antes de tudo, fazer dos criminosos um estudocompleto 
(Rodrigues, 2006, p.164). 
Essa análise completa compreendia, além dos exames osseométricos, um estudo 
detalhado da vida psicológica da pessoa e o conhecimento do meio social e climático no 
qual a pessoa vivia, tal como feito pelo autor no ensaio sobre Antônio Conselheiro. 
Pode-se analisar o caso de Lucas da Feira por diferentes prismas. Entretanto, para este 
trabalho, sua relevância encontra-se, sobretudo, no fato de Nina Rodrigues não haver 
encontrado no corpo de Lucas importantes marcas, traços e características físicas, 
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materiais, de sua degenerescência ou de seu atavismo psíquico. Sim, sabia-se que o 
ex-escravo era um criminoso, assim como constatava-se que era negro. Sabia-se também 
que era canhoto – marca indiscutível de degenerescência –, que tinha um "olhar peculiar" 
(Rodrigues, 2006, p.105) e que possuía uma leve anormalidade no formato do crânio. 
Anomalias estas, aliás, que poderiam também ser encontradas em um indivíduo branco. 
Ou melhor, que poderiam ser encontradas em qualquer pessoa. Mas Lucas não era 
qualquer pessoa. Lucas tinha atacado e saqueado diversos vilarejos durante vinte anos. 
Tinha violado e assassinado, muitas vezes com requintes de crueldades, podendo seus 
atos serem comparados aos dos assassinos mais bárbaros. Mas, diferentemente dos 
casos analisados pelo autor em "As Raças Humanas", Lucas possuía um rígido código de 
conduta: ele só matava quando, em sua avaliação, isto era necessário; não matava 
conhecidos – mas matava conhecidos traidores, caso em que usava da Lei de Talião além 
de outros castigos. 
Assim, Nina Rodrigues perguntou-se como poderia um negro supostamente degenerado 
em função de sua raça, cuja mentalidade inferior se comprovaria por seus crimes, possuir 
um código de conduta tão elaborado? Lucas era, antes de mais nada, um produto de seu 
meio. Hoje poder-se-ia dizer, inclusive, que Lucas era o que a sociedade e a cultura 
fizeram dele. Resposta não muito distante da dada pelo médico maranhense em finais do 
século XIX. 
 
4 Mestiços e crimes 
Em 1899, Nina Rodrigues escreveu um artigo intitulado "Mestiçagem, Degenerescência e 
Crime", no qual dava exemplos de crimes cometidos por mestiços. Em sua análise, 
buscava distinguir a influência da degeneração nos criminosos. Para tanto, contemplou o 
estudo craniométrico e fisiognômico do criminoso, de acordo com os parâmetros da 
criminologia. Assim, conduziu a análise dos casos de forma a confirmar sua tese de que os 
crimes são mais fruto da degenerescência recorrente pelo cruzamento de raças distintas, 
do que de responsabilidade individual, e por isso deveriam ser atenuados. 
No início deste artigo, Nina Rodrigues discorreu sobre os discursos científicos que, no final 
do século XIX, debatiam a questão da mestiçagem. Os primeiros referiam-se à discussão 
entre poligenistas e monogenistas. A visão monogenista congregou a maior parte dos 
intelectuais que, de acordo com a Bíblia, acreditavam que a humanidade vinha de uma 
fonte comum, sendo as diferenças entre os homens vistas como um gradiente, que iria do 
mais ao menos perfeito (mas sem supor uma noção de evolução). Já a visão poligenista 
provinha de uma interpretação biologicista, baseada na análise dos comportamentos 
humanos, que passaram a ser crescentemente vistos como resultados imediatos das leis 
biológicas e naturais e implicando, portanto, diferentes origens humanas (Schwarcz, 1993). 
Assim, enquanto os primeiros buscavam mostrar o hibridismo dos cruzamentos humanos, 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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os segundos buscavam comprovar a viabilidade de tais cruzamentos. "Assim, o critério de 
viabilidade e de capacidade dos mestiços foi posto no terreno das ciências naturais. Tanto 
como para os animais, esse critério deveria ser a perfeita eugenesia dos mestiços 
humanos, que uns apoiavam e outros negavam" (Rodrigues, 2008, p.1151). No entanto, o 
debate entre os poligenistas e os monogenistas acabou atenuado com a publicação e 
divulgação da teoria evolucionista de Darwin, que passou a constituir, segundo Schwarcz 
(1993), uma espécie de paradigma da época, amenizando antigas disputas. 
Deste modo, segundo Nina Rodrigues, a psicologia mórbida entrou em ação e colocou de 
lado a questão de saber se o mestiço era ou não eugenésico – ou seja, capazes de 
melhorar a sua descendência –, para debater se os mestiços eram um produto normal, 
socialmente viável ou se, ao contrário, constituiriam "raças abastardas inferiores, uma 
descendência incapaz e degenerada" (Rodrigues, 2008, p. 1152). Neste sentido, a 
psicologia coletiva – a partir de nomes como Gobineau ​5​, Spencer, Keane e Le Bon – 
ocupou-se da questão. Já o estudo médico da influência degenerativa da mestiçagem era 
mais recente. Nina Rodrigues lembra que o próprio Morel, "criador da noção clínica de 
degenerescência" (Rodrigues, 2008, p. 1152) a desconhecia. Foi, portanto, a psicologia 
criminal que acabou por acentuar, ou afirmar, a possibilidade desta consequência do 
cruzamento. Mas, ainda assim, poucas ou nulas eram as documentações que apoiassem 
esta teoria: 
A razão principal para essa ausência de documentação é a dificuldade de separar de 
maneira segura a influência do cruzamento da de muitas outras causas, de ordem biológica 
e social que pode ter simultaneamente exercido influência na degenerescência ou na 
decadência precoce desses povos mestiços e que são dadas ou invocadas como provas 
da ação degenerativa da mestiçagem (Rodrigues, 2008, p. 1152). 
Foi justamente por conta desta ausência de documentação que o autor se propôs a 
resolver o problema através da observação direta e imediata: 
A observação, tal como feita até hoje, voltando-se para todo um povo ou para casos muito 
limitados e muito específicos, não pode trazer senão provas muito discutíveis e não pode 
iluminar a questão com as luzes soberanas da verdade. Num país inteiro e sem o recurso a 
estatísticas no caso dos povos que se prestam a essa discussão, é quase impossível 
distinguir a influência da mestiçagem entre as mil outras causas complexas, suscetíveis de 
produzir sua decadência. Em alguns casos muito especiais é sempre justo suspeitar de 
uma exceção ou de uma influência degenerativa local, responsável pela ação imputável ao 
cruzamento (Rodrigues, 2008, p.1153). 
Assim, Nina Rodrigues afirma que tais análises seriam melhor realizadas em cidades 
pequenas, "nas quais é mais fácil distinguir as diferentes causas degenerativas, dado que a 
população local não se distingue em nada do tipo médio geral da província ou estado" 
(Rodrigues, 2008, p.1153) buscando, também, o histórico médico destas populações. A 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
_________________________________________________________________________localidade escolhida, Serrinha – no interior do estado da Bahia –, era composta por 
mestiços, principalmente pardos, além de possuir uma quantidade significativa de negros. 
Serrinha também gozava da reputação de abrigar uma população séria e trabalhadora. No 
entanto, Nina Rodrigues fez questão de mostrar que, apesar da fama, a população local 
estava longe de ser um exemplo, já que se utilizava de métodos atrasados de produção 
agrícola, além de não possuir espírito empreendedor, dificultando o progresso da região. 
Ao longo do texto, o autor apresentou diversos casos de degenerescência entre a 
população de Serrinha no intuito de comprovar a sua frequência entre os mestiços, assim 
como justificar sua tese sobre o fundo degenerativo dos criminosos mestiços: 
A degenerescência dos mestiços devia ter uma influência decisiva e predominante sobre 
sua criminalidade, o que era de prever, mas não seria justo inferir daí que essa 
criminalidade deva ser forçosamente muito elevada, pois compreendemos perfeitamente 
que a degenerescência, sob a influência de causas múltiplas e difíceis de precisar, difíceis 
mesmo de conhecer, pode tomar formas variadas: mais criminosas aqui, mais vesânicas lá, 
e assim por diante (Rodrigues, 2008, p.1166). 
Vê-se, pois, que Nina Rodrigues acreditava que se a violência e a impulsividade das raças 
inferiores afetavam a qualidade dos crimes, não necessariamente influenciava na 
quantidade. O caso de Serrinha era um exemplo de localidade com baixa criminalidade, 
mas na falta de estatísticas confiáveis, era impossível realizar um estudo comparativo com 
outras localidades do estado e outras regiões do país, mas, com base em estudos 
realizados em outros países, o autor acreditava ser possível afirmar que o tipo violento 
predominava na criminalidade da população de cor. Assim, no intuito de comprovar que a 
criminalidade é fruto da degenerescência causada pela mestiçagem, o autor acreditou ser 
suficiente a análise da história de duas famílias, cujos casos de criminalidade 
associavam-se intimamente com as manifestações da degenerescência, de forma a 
demonstrar que a tendência ao crime era hereditária. 
 
5 Desmembramento criminal 
Em 1898, no artigo "Des Conditions Psychologiques du Depeçage Criminel", Nina 
Rodrigues tratou dos casos de mutilação criminosa. Iniciou o texto citando Lacassagne, 
que diz que o desmembramento seria um fenômeno presente desde sempre nas culturas 
primitivas, merecendo, portanto, um estudo mais detalhado, pois seria uma das 
características mais marcantes do instinto destruidor. Em seus dias, ainda segundo 
Lacassagne, não havia mais tantos casos como antigamente, não porque os primitivos 
tivessem aceitado as leis e os costumes da civilização – como pensariam os antropólogos 
– mas por serem ainda caracterizados por seus instintos atávicos. Assim, para 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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Lacassagne, os primitivos do final do século XIX ainda eram condenados à imitação, tal 
como seus antecedentes. 
Uma vez que o Brasil era, segundo Nina Rodrigues, um país com grande número de 
pessoas de raças inferiores e, pior, com grande número de produtos do cruzamento entre 
raças, tinha uma boa parte da população com instintos atávicos e logo o estudo do 
desmembramento poderia ser muito bem aplicado em nossa terra. Assim, Nina Rodrigues 
resolveu debruçar-se sob o assunto e estudar o fenômeno do desmembramento no Brasil a 
partir dos três tipos propostos por Lacassagne – a saber, o desmembramento "religioso" ou 
"sacrificial"; o "judicial" e o "criminoso", além de um último tipo proposto pelo próprio Nina 
Rodrigues, o desmembramento "guerreiro" ou "ornamental". 
O desmembramento guerreiro – ou de guerra – era comum entre as tribos indígenas que 
aqui estavam antes da chegada de Portugal. Segundo o autor, era comum que os índios 
usassem como troféus crânios e membros de seus inimigos, cujos ossos serviam, 
igualmente, como decoração de corpos e casas. 
Esta prática existe ainda hoje e com a mesma finalidade entre as tribos selvagens que 
ocupam as extensas zonas desertas do país. Ela existe igualmente entre os descendentes 
semi-civilizados, puros ou mestiços, do índio e do negro, ainda que atenuada, porque 
transformada em crime, mas o caráter e os instintos guerreiros ainda são facilmente 
percebidos nestes povos. Nos pontos distantes do litoral, onde pouco se sente a influência 
da civilização, estes povos nômades vivem em incursões, exatamente como viviam seus 
antepassados selvagens aqui, na América, ou na África. Estas pessoas estão 
constantemente envolvidas com assaltos à mão armada onde se revela todos os 
sentimentos e instintos bárbaros ainda mal contidos de seus ancestrais (Rodrigues, 1898, 
p.7 [tradução livre]). 
A título de exemplo, o autor descreve – com riqueza de detalhes – um caso onde um 
fazendeiro foi morto a tiros por um bando de capangas enquanto dormia, produto de uma 
vingança dos filhos de um fazendeiro vizinho. Não satisfeitos com o assassinato, o grupo 
de homens – mestiços – arrastou o corpo até a frente da casa, onde o espancaram e 
esquartejaram, largando-o no meio do pasto dos animais, ato após o qual atearam fogo nas 
cabanas dos trabalhadores da fazenda. 
A mutilação e a antropofagia religiosa – segundo tipo – também eram comuns entre os 
índios e entre os negros, tendo sido encontrado não somente na América Central, mas 
também no Brasil: 
Nas minhas pesquisas para um trabalho no qual me ocupo atualmente, sobre a 
criminalidade entre os negros brasileiros, cheguei a descobrir traços desta abominável 
prática no Brasil. Pude constatar em uma antiga província do atual Estado do Maranhão, a 
existência de casos de exumação clandestina de cadáveres de recém-nascidos para a 
confecção de feitiços (fetiches) ou sortilégios de negras feiticeiras. É quase certo que esta 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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prática tem sido amplamente empregada nos cultos de feitiçaria africana que ainda 
desfrutam de grande prestígio hoje em dia no Brasil (Rodrigues, 1898, p.7; [tradução livre]). 
O terceiro tipo analisado pelo autor é o desmembramento judiciário, feito em nome da lei. O 
exemplo utilizado pelo autor – o esquartejamento de Tiradentes em 1796 – demonstra bem 
a importância do ato como, além de punição, exemplo para aqueles que poderiam pensar 
em se rebelar. 
O quarto – e último – tipo analisado foi o criminal, no qual se encontrava o maior interesse 
do autor. E, uma vez que não era fácil fazer, através das antigas observações, uma análise 
sobre o estado mental dos esquartejadores, "porque, (...) mesmo tendo observações 
deveras interessantes, as doutrinas oficiais – dedicadas ao exame meticuloso dos crimes – 
mostravam desprezo pelo estudo do criminoso" (Rodrigues, 1898, p.10 [tradução livre]), era 
importante, portanto,realizar um novo estudo. 
O autor descreveu alguns casos de mutilações e passou à análise dos criminosos. No 
entanto, antes de passar à sua análise é importante abrir um parêntesis: no primeiro caso, 
um juiz havia esquartejado a amante, ambos brancos. Este, apesar de ser um caso de 
mutilação, não representava um bom exemplo para o autor, uma vez que o juiz "só" havia 
esquartejado a amante para que o corpo coubesse na caixa em que seria enterrado, de 
forma que não houve a intenção do desmembramento. Por coincidência, os casos 
considerados pelo autor como típicos de desmembramento criminal, foram cometidos por 
negros/mestiços. E também, por coincidência, são os rostos dos criminosos negros e 
mestiços que ilustram o artigo. 
A seu ver era lamentável que os criminosos não tivessem sido submetidos a exames 
cuidadosos, porque poderiam seus casos ajudar a melhor compreender o 
desmembramento criminal. No entanto, o autor pôde perceber que os motivos psicológicos 
que levariam ao desmembramento de cadáveres seriam múltiplos e variados. A prática 
obedeceria aos sentimentos mais diversos e conflitantes, não sendo um simples ato, uma 
vez que seria capaz de influenciar direta e imediatamente a transmissão hereditária ou 
atávica aos descendentes dos mutiladores. 
Nina Rodrigues, assim, considerou que as formas religiosas, guerreiras e judiciárias do 
desmembramento possuíam uma função social que as explicariam por si mesmas. Era uma 
prática condenável, sem dúvida, praticada principalmente por povos primitivos, mas que 
continha na sua função social (e cultural) um atenuante. No entanto, o desmembramento 
criminal, por sua vez, provinha de um ato criminoso, individual, causado por um retorno 
atávico. E assim sendo, a degenerescência explicaria – e justificaria – a frequência de 
criminosos negros e mestiços entre os mutiladores. E o que a degenerescência explicava, 
a justiça deveria atenuar. 
Mas, para Nina Rodrigues, não era somente nos crimes que se percebia o quanto os 
negros eram degenerados. A degenerescência explicava a alienação entre os negros e 
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mestiços, e que muitas vezes, o crime e a alienação andavam de mãos dadas. De modo 
que seria difícil dizer, a partir dos casos analisados pelo autor, o que vinha antes: o louco 
ou o criminoso. A única certeza do autor era a de que os negros e mestiços estavam, por 
suas condições raciais, mais propensos a uma vida criminosa do que os brancos. 
 
6 Considerações finais 
Nos anos que trabalhou no Laboratório de Medicina Legal da Faculdade de Medicina da 
Bahia, Nina Rodrigues deve ter visto muitos casos de crimes cometidos por negros e 
mestiços, mais do que por brancos, com certeza. Neste artigo, teve-se por intuito mostrar 
as formas pelas quais o médico procurou explicar tais índices de criminalidade de acordo 
com as teorias que estavam em voga na época. Raimundo Nina Rodrigues foi, neste 
sentido, um intelectual que dialogou com diversos saberes, principalmente europeus, e 
buscou adaptá-los à realidade brasileira. Pode-se perceber através das suas obras que há 
um leve progresso, na falta de palavra melhor, que vai de uma dureza teórica baseada na 
antropologia criminal até um início de uma percepção do relativismo cultural. No entanto, 
com a precocidade da morte de Nina Rodrigues jamais saberemos que rumo seus estudos 
teriam tomado no século XX. Hoje, após anos de luta da população negra contra o 
preconceito racial (luta esta que ainda perdura dia após dia), sabemos que as teorias que 
Nina Rodrigues tanto acreditava, já não são mais passíveis de serem levadas a sério. No 
entanto, rever sua obra nos mostra um pouco do quanto os negros foram tratados como 
objetos pela ciência no Brasil também, e pode deixar a dúvida do quanto tais estudos 
contribuíram e contribuem para a compreensão da visão que se tem desta parte da 
população hoje em dia, não só no senso comum, mas pela própria ciência. 
 
 
II – Henrico Ferri 
Ferri era discípulo de Lombroso, Ferri é positivista, porém ele agrega alguns elementos 
sociais na teoria do delinquente nato. ​O Ferri além dos fatores biológicos constantes na 
teoria de Lambroso, seria necessária também outros fatores, desse modo Ferri 
acrescenta a teoria fatores telúricos e fatores sociais os quais também contribuíram 
para o cometimento do crime) 
Para Ferri ao identificar um criminoso não basta as características físicas, é preciso 
também levar em conta os fatores sociais (onde a pessoa mora, religião, meio social, 
educação etc) e fatores telúricos (clima, estações do ano e temperatura), pois também 
influenciam no comportamento criminoso. 
Ferri escreve o livro Sociologia Criminal, considerando o nome do livro muita gente acha 
que o Ferri está nos EUA, Séc. XX, as escolas sociológicas, mas não!! Ferri é positivista, 
discípulo de Lombroso, na Itália. 
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Anotações - Criminologia 
Ivan Paulo Batista de Aredes 
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Ferri agrega fatores sociais (lugar em que vive, religião, educação etc.) e fatores telúricos 
(clima, estações do ano e temperatura) , à teoria do delinqüente nato. 
Ferri escreve o livro Sociologia Criminal e é considerado o Pai da sociologia criminal, mas 
não confunda com a sociologia criminal do séc. XX – Teorias do Consenso. 
 
III – Rafaeli Garófalo 
Garófalo seguidor de Lambroso, foi o jurista do positivismo, foi principal fomentador de leis 
penais relacionadas ao positivismo criminológico. Garófalo vai desenvolver uma teoria 
falando que indivíduos criminosos, o delinqüente nato, são seres desprovidos de piedade 
(crimes contra a vida) e probidade (crimes contra a propriedade). 
Garófalo foi o principal fomentador, defensor das ​medidas de segurança, porque ele falava 
que o cara que não tinha piedade e probidade, era um sujeito que tinha periculosidade. Ele 
desenvolve, assim, o conceito de “Temerità” (periculosidade). 
Partindo de um pressuposto positivista, o que se faz com as pessoas perigosas? Mata 
ou interna. 
Com base no conceito de periculosidade, ele desenvolve a teoria das medidas de 
segurança. 
 
 
IV- Postulados do Positivismo Criminológico (Italiano) 
Parte de um determinismo biológico, isto é, tenta identificar o comportamento humano 
através das características físicas do indivíduo. Ou seja, e determinista. 
Para o Positivismo o criminoso não tem livre arbitrio, isto e, esta fadado ao comportamento 
criminal (critica a escola clássica). 
O positivismo criminológico defende uma política criminal antiliberal na qual prevalece a 
defesa social em detrimento das garantias individuais. 
 
V- Resquícios do Positivismo Criminológico. 
Dentre os Resquícios do Positivismo temos as medidas de segurança. 
Temos ainda o exame criminológico. Quando falamos que determinada pessoa “tem cara 
de bandido” ou se “determinada pessoa é voltada para o cometimento de crimes”. Nesses 
casos, estamos sendo positivistas, ou

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