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saude do idoso

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INTRODUÇÃO
O envelhecimento da população brasileira e mundial vem crescendo de forma muito rápida, apresentando um dos maiores desafios para a saúde pública. No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000), estima-se que até o ano de 2020 existam 32 milhões de idosos, o que corresponderá a aproximadamente 14% de sua população, devendo, por isso, haver, cada vez mais, interesse dos órgãos públicos, das políticas sociais e da sociedade em geral. (PERRACINI; RAMOS, 2002)
Sabe-se que o processo de envelhecimento determina uma maior probabilidade o desequilibro entre as condições de saúde e doença, aumentando a vulnerabilidade físico-funcional e a fragilidade (isso conhecido como "perdas em cascata" que agravam progressivamente o estado de saúde do idoso, levando a um colapso de funções até a morte).Esse processo pode ser devido, dentre outros fatores, ao aumento da expectativa de vida, à diminuição da taxa de fecundidade e à redução da mortalidade entre as pessoas mais idosas, estes fatores alteraram os indicadores demográficos do País.
Durante o envelhecimento, ocorrem alterações do número e da sensibilidade dos sensores, do limiar de excitabilidade dos centros reguladores e da eficiência dos efetores, facilitando principalmente as quedas, que são muito frequentes nos idosos. O envelhecimento não é uniforme, portanto não é possível escolher um indicador único, pode-se dizer que é o conjunto das alterações estruturais e funcionais do organismo que se acumulam progressiva e especificamente com a idade. BANDEIRA, et al, (2006)
Alterações estruturais e funcionais 
Mobilidade 
Capacidade de um indivíduo se mover em um dado ambiente, função básica para a execução de tarefas, realizar atividades de vida diária – AVDs e manter sua independência.
 Independência
Capacidade de auto cuidar e realizar as atividades da vida diária – AVDs sem auxílio de outra pessoa. 
Dependência
 Incapacidade de realizar uma ou mais atividade da vida diária – AVDs, sem auxílio. É definida em graus, leve, moderada e avançada. 
Autonomia 
Capacidade e direito do indivíduo de poder eleger, por si próprio, as regras de conduta, a orientação de seus atos e os riscos que está disposto a correr durante sua vida. Conceito amplo: inclui poder decisório (integridade cognitiva) 
Capacidade Funcional
 Define-se como a manutenção plena das habilidades físicas e mentais desenvolvidas ao longo da vida, necessárias e suficientes para uma vida com independência e autonomia. É o grau de preservação da capacidade de realizar as Atividades Básicas de Vida Diária – AVDs ou autocuidado e o grau de capacidade para desempenhar Atividades Instrumentais de Vida Diária – AIVDs. 
A fim de proporcionar uma melhoria significativa da qualidade de vida da população idosa, e considerando toda a complexidade do envelhecimento, torna-se necessária a aprovação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa instituída pela Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006, que busca garantir atenção adequada e digna para a população idosa brasileira. Em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde – SUS direciona medidas individuais e coletivas em todos os níveis de atenção à saúde. Em seu conteúdo a portaria ressalta a atenção aos dois pilares da saúde da pessoa idosa: preservação da autonomia e da independência funcional dessa população. SILVA (2006)
Atenção à saúde do idoso no Programa de Saúde
De acordo com a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idoso, o principal problema que pode afetar o idoso, como consequência da evolução de suas enfermidades e de seu estilo de vida, é a perda de sua capacidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para a realização de suas atividades básicas e instrumentais da vida diária. BRASIL (1999)
No entanto, a articulação em rede é um fator estruturante para a superação desses obstáculos. No tocante à saúde da pessoa idosa, algumas estratégias ganham destaque, tais como: a conformação de equipes multiprofissionais com formação em saúde da pessoa idosa; a educação permanente e capacitação de profissionais e cuidadores; a atenção aos idosos em contextos de fragilidade, etc. Mendes destaca, por exemplo, que “os atendimentos contínuos de idosos frágeis devem ter como foco a avaliação e monitoramento da capacidade funcional, a avaliação e monitoramento dos medicamentos, a redução dos riscos de queda e o monitoramento do autocuidado e do trabalho dos cuidadores e da família” (MENDES, 2011, p.217).
Nesse cenário, destaca-se a importância de alguns pontos de atenção ambulatorial especializada integrar a rede de cuidados às pessoas idosas, em especial as frágeis ou em risco de fragilização.
• Centros de Especialidades Odontológicas: demonstram que as condições de saúde bucal das pessoas idosas podem comprometer sua qualidade de vida e acarretar outros problemas de saúde.
• Centros Especializados em Reabilitação (CER), pontos de atenção ambulatorial especializada que realizam diagnóstico, avaliação, orientação, estimulação precoce e atendimento especializado em reabilitação, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, servindo de referência para a rede de atenção à saúde no território.
• Centros de Atenção Psicossociais – CAPS: atua no campo da saúde mental que visa oferecer atendimento individual e em grupo.
• Pontos de atenção ambulatorial especializada: essencial para reduzir a agudização das doenças crônicas e as internações desnecessárias e/ou não programadas.
A regulamentação do SUS estabelece princípios e direciona a implantação de um modelo de atenção à saúde que priorize a descentralização, a universalidade, a integralidade da atenção, a equidade e o controle social, ao mesmo tempo em que incorpora, em sua organização, o princípio da territorialidade para facilitar o acesso das demandas populacionais aos serviços de saúde. 
Com o objetivo de reorganizar a prática assistencial é criado em 1994, pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde da Família (PSF), tornando-se a estratégia setorial de reordenação do modelo de atenção à saúde, como eixo estruturante para reorganização da prática assistencial, imprimindo nova dinâmica nos serviços de saúde e estabelecendo uma relação de vínculo com a comunidade, humanizando esta prática direcionada à vigilância na saúde, na perspectiva da intersetorialidade (Brasil, 1994), denominando-se não mais programa e sim Estratégia Saúde da Família (ESF).
Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República sanciona o Estatuto do Idoso, elaborado com intensa participação de entidades de defesa dos interesses dos idosos. O Estatuto do Idoso amplia a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa, mas não traz consigo meios para financiar as ações propostas. O Capítulo IV do Estatuto reza especificamente sobre o papel do SUS na garantia da atenção à saúde da pessoa idosa de forma integral, em todos os níveis de atenção.
Assim, embora a legislação brasileira relativa aos cuidados da população idosa seja bastante avançada, a prática ainda é insatisfatória. A vigência do Estatuto do Idoso e seu uso como instrumento para a conquista de direitos dos idosos, a ampliação da Estratégia Saúde da Família que revela a presença de idosos e famílias frágeis e em situação de grande vulnerabilidade social e a inserção ainda incipiente das Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso tornaram imperiosa a readequação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI). SILVA (2006)
Em fevereiro de 2006, foi publicado, por meio da Portaria nº 399/GM, o documento das Diretrizes do Pacto pela Saúde que contempla o Pacto pela Vida. Neste documento, a saúde do idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de governo sendo apresentada uma série de ações que visam, em última instância, à implementação de algumas das diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso.
Diretrizes essenciais da Política Nacional de Atençãoà Saúde do Idosa:
• Promoção do envelhecimento ativo e saudável;
• Atenção integral e integrada à saúde da pessoa idosa;
• Estímulo às ações intersetoriais visando à integralidade da atenção;
• A implantação de serviços de atenção domiciliar;
• O acolhimento preferencial em unidades de saúde, respeitando o critério de risco;
• Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa;
• Fortalecimento da participação social;
• Formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa;
• Divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;
• Promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção da saúde da pessoa idosa;
• Apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
Estratégias da política nacional:
• Implantação da Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa;
• Educação e distribuição do Caderno de Atenção Básica nº 19 – Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa;
• Realização do Curso de Educação à Distância em Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa;
• Elaboração do Plano Integrado de Ações de Proteção à Pessoa Idosa SUAS-SUS;
• Edição e distribuição gratuita do Guia Prático do Cuidador;
• Criação e implantação do Programa Nacional de Formação de Cuidadores de Idosos Dependentes na Rede de Escolas Técnicas do SUS (RET-SUS);
• Prevenção e cuidados à osteoporose e quedas (Portaria 3.212 de 2007);
• Ampliação do acesso à consulta no Programa Olhar Brasil;
• Fomento à pesquisa na área de envelhecimento e saúde da pessoa idosa;
• Implementação do Programa de Internação Domiciliar (Portaria GM nº 2.529 de 19/10/06);
• Fomento ao acesso e uso racional de medicamentos.
 
CONCLUSÃO
Diante do assunto abordado pode- se ver que há amplas possibilidades de participação qualificada na atenção à saúde do idoso, seja na prevenção de doenças e na promoção da saúde para eliminação de certos fatores de risco relacionados com a incapacidade funcional e, consequentemente, melhora da qualidade da vida,
REFERÊNÇIAS BIBLIOGRÁFICAS
BANDEIRA, et al. Atenção à saúde do Idoso – Saúde em casa.1ª ed. Secretaria de estado de saúde de minas gerais Belo Horizonte, 2006
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 1.395 de 9 de dezembro de 1999. Aprova a Política Nacional de Saúde do Idoso e dá outras providências. s. Diário Oficial da União, 1999.
BRASIL. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2000. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/populacao/pop_Censo 000.pdf. Acesso em: 08.07.2007.
MENDES, Eugênio Vilaça. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2011.
 PERRACINI, Mônica Rodrigues; Prevenção e manejo de quedas no idoso. Disponível em: http://pequi.incubadora.fapesp.br/portal/quedas. Acesso em: 26.03.2018.
SILVA, Ministério da Saúde
Gabinete do Ministro- Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006.

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