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Apostila Captação de Água

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CAPTAÇÃO DE ÁGUA
Eng.º Oséias Felippe Nery Agosto/2002
CAPTAÇÃO DE ÁGUA
1. ESCOLHA DO LOCAL DE CAPTAÇÃO:
No estudo de um manancial para fornecer água potável a uma cidade impõe-se o local de captação, justamente aquele que proporciona a solução mais conveniente. Essa tarefa é relativamente fácil, em alguns casos e em outros é trabalhosa. A verdade é que, nos casos mais complexos, fazem-se dispensáveis, para os prováveis locais de aproveitamento dos mananciais, análise de água, medições de descarga, dados pluviométricos, pesquisas geológicas, levantamentos topográficos, etc.
As análises físicas, químicas e bacteriológicas, em complementação às investigações de campo, recomendam-se para possibilitar um julgamento sobre a necessidade ou não de tratamento, e se for o caso, a modalidade deste.
Não raras vezes, os tratamentos só podem ficar definidos através de análises periódicas, como em se tratando de rios cujo grau de turbidez é função das estações, acentuando-se nos períodos chuvosos, como ocorre nos rios Atibaia e Capivari.
As medições de descarga impõe-se quando, à simples vista, ou através de informações colhidas, o engenheiro fica em dúvida sobre a possibilidade do manancial poder atender, em qualquer época do ano e com uma folga satisfatória, à demanda estimada para etapa final do suprimento.
Procedem-se às medidas de vazão em poços freáticos e artesianos, para que se determine quantos são necessários ao atendimento de certa demanda e qual o afastamento que deve existir entre eles para prevenir ou limitar o fenômeno da interferência. Além do mais, através dos testes de vazão, consegue-se definir a profundidade do nível dinâmico nos poços e, consequentemente, a altura geométrica de recalque.
Dados pluviométricos fazem-se necessários, sobretudo em se tratando de riachos intermitentes, que forçosamente impõem a construção de reservatórios de regularização, ou de riachos perenes, que exigem os ditos reservatórios pelo fato de possuírem vazão mínima menos que a demanda da cidade, apesar da média anual ser maior.
A partir dos dados pluviométricos, da área da bacia contribuinte, complementados pelo grau de permeabilidade do terreno e pela taxa de evaporação, pode-se determinar o volume de água que se escoa, durante o ano, na seção cogitada para a implantação da barragem.
As sondagens do solo fazem-se necessárias, sobretudo para a determinação tanto da granulometria e da espessura das camadas permeáveis que constituem os lençóis aquíferos, como da resistência do terreno onde serão construídas as barragens ou outras unidades de captação.
Os levantamentos topográficos, mesmo quando feitos em caráter expedito servem para determinar as áreas das bacias contribuintes e hidráulicos, confirmas a possibilidade dos suprimento por gravidade, indicar a grandeza da altura geométrica de recalque ou da altura de carga disponível, definir a distância do ponto de captação, etc.
Nas linhas que seguem, serão feitas algumas apreciações visando a facilitar a escolha do local de captação das águas de fontes, rios, riachos, de infiltração dos rios e subterrâneas propriamente ditas.
Não abordaremos os lagos e lagoas, porque são raros, entre nós, os exemplares passíveis de aproveitamento. Além do mais, porque neles o local escolhido para a captação é, geralmente, o que proporciona adução mais econômicos.
Local de captação das águas de fontes
As águas das fontes de encosta são geralmente aproveitadas no local de afloramento, uma vez que nele, via de regra, além de possuírem melhores características, cota mais elevada e maior volume, podem ser protegidas de modo mais fácil que em qualquer ponto a jusante.
A água, quando é captada no ponto de afloramento, pode dispensar qualquer tratamento, desde que seja potável. Todavia, se for captada a jusante, o tratamento impõe-se pelo menos como medida de segurança, já que, ao se escoar pelo terreno, essa mesma água fica sujeita ao perigo potencial de poluição.
A água de fonte que permito o suprimento por gravidade se captada no nascedouro, poderá ainda permiti-lo se aproveitada mais abaixo, nesta caso sob condições inferiores, desde que implique no emprego de adutora de maior diâmetro, evidentemente mais cara, em consequência da redução da carga disponível. 
Local de captação de cursos d’água
Para o aproveitamento dos cursos d’água, as apreciações sobre o ponto de captação diferem em função, sobretudo, da grandeza da descarga.
Todavia, quando uma comunidade se encontra próxima do mar, justamente na desembocadura de um curso d’água, o aproveitamento deste, seja qual for o seu volume, para abastecê-la, só poderá ser feito bem a montante, onde a ação da maré não se refere à presença de salinidade.
Quanto à grandeza da descarga e para efeito da escolha do ponto de captação, poderíamos classificar os cursos d’água em : grandes rios, rios médios, riachos perenes e riachos intermitentes.
Grandes rios, seriam aqueles, como o Amazonas e o São Francisco, cujo volume de água cobre, com bastante folga, as necessidades de todas as cidades por onde passam. Rios médios, aqueles de porte bem menor que os anteriores, porém com capacidade suficiente para atender, também com bastante folga, pelo menos à demanda de uma pequena comunidade. Riachos perenes, os que apesar de correrem sempre, como o nome já diz, possuem descarga aproximadamente igual à demanda prevista para cidade, e que tornam indispensável, por isso mesmo, um estudo cuidadoso sobre a variação, no tempo, dessa mesma descarga. E, finalmente, riachos intermitentes, os que deixam de correm em certas épocas do ano.
Grandes rios: Em trechos extensos dos grandes rios, a água corre em pequena declividade e apresenta características praticamente invariáveis de um ponto para outro.
Por motivos de ordem sanitária, todavia, o ponto de captação deve ficar situado um pouco a montante da cidade, evitando-se com isso, o aproveitamento de água potencialmente mais poluída.
Em certos casos, porém, esta precaução é posta de lado, em face da economia resultante do aproveitamento do rio em outro local, mesmo situado a jusante, sem que tal proceder mereça séria objeção, já que é muito grande o poder diluído desses cursos d’água.
Seria o caso, por exemplo, de um local que facilitasse as obras de captação, ou que melhor protegesse esta contra correnteza, impactos de corpos flutuantes, assoreamentos, desmoronamentos, inundações etc.
Os trechos retos dos rios, para efeito de captação, são melhores que os curvos. Por sua vez, a margem côncava é superior à convexa, porque é nesta onde ocorre a maior deposição do material em suspensão na água.
Rios médios: O que foi dito, a respeito de grandes rios, pode ser estendido aos rios médios, podendo ocorrer, todavia, para estes, condições um pouco diferentes. São menores, por exemplo, tanto as possibilidades diluidoras, como as extensões para as quais a água se apresenta com características praticamente invariáveis, e, maiores, as declividades do leito, a ponto de permitirem, algumas vezes, suprimento por gravidade.
Em vista do exposto, pode-se encontrar, no trecho em que esses rios são passíveis de aproveitamento econômico, pontos mais convenientes que outros para a captação, sem que a menor distância conduza à melhor solução.
Riachos perenes. Para os riachos perenes, como já foi dito, faz-se indispensável um estudo cuidadoso sobre a variação de sua descarga.
Local de captação dos lençóis subterrâneos
A escolha do local de captação de um lençol subterrâneo fica condicionada à comprovação da existência desse mesmo lençol, para o que se lança mão da prospecção geofísica e da orientação geológica, esta apenas para os lençóis freáticos.
Para facilitar a localização da água subterrânea, recomenda-se o seguinte:
1- As condições superficiais do solo podem sugerirlocais com maior possibilidade para o encontro do lençol freático, o que raramente ocorre com o lençol artesiano.
2- A grande maioria dos vales possui águas subterrâneas.
3- Quanto mais baixo for o ponto escolhido para abertura de um poço, maiores serão as possibilidades de ser encontrada água subterrânea.
4- Em determinada bacia, geralmente todos os poços artesianos, que venham a ser perfurados, encontrarão o mesmo número de lençóis, situados a profundidades praticamente iguais em todos os poços.
5- No aproveitamento de um lençol freático, a vazão de que é capaz um poço é tanto maior quanto mais próximo o seu fundo estiver da camada impermeável.
6- No caso em que numa mesma bacia sejam invariáveis a permeabilidade e a espessura dos lençóis, os poços perfurados nos pontos baixos do terreno dão maior vazão que os perfurados nos pontos altos.
2. CAPTAÇÃO DE ÁGUAS SUPERFICIAIS:
Entende-se por obras de captação , o conjunto de estruturas e dispositivos construídos ou montados junto a um manancial, para a tomada de água destinada ao sistema de abastecimento. Os mananciais de superfície, os rios, córregos, lagos e reservatórios artificialmente formados. Estes últimos, muitas vezes, são construídos como parte integrante do sistema de captação, visando assegurar a obtenção da vazão necessária.
As obras de captação devem ser projetadas e construídas de forma que, em qualquer época do ano, sejam asseguradas condições de fácil entrada da água e, tanto quanto possível, da melhor qualidade encontrada no manancial em consideração. Outrossim, deve-se ter sempre em vista, ao desenvolver um projeto, facilidades de operação e manutenção ao longo do tempo.
	
Por tratar-se, geralmente, de estruturas construídas junto ou dentro da água, sua ampliação é, por vezes, muito trabalhosa. Por isso, recomenda-se a construção das partes mais difíceis numa só etapa de execução, mesmo que isto acarrete maior custo inicial.
Captação direta
A captação neste caso limita-se à tomada, que é o único dispositivo existente entre o manancial e a adutora com a qual se conecta.
A captação direta é empregada, normalmente, em cursos d’água perenemente volumosos, sujeitos a pequena variação de nível. Em se tratando de leito rochoso, praticamente nenhuma obra se faz necessária para justificar o orçamento, em separado, das obras de captação. A tomada é desse modo incluída no orçamento da adução.
Em se tratando de leito sujeito á erosão, recomenda-se, como obra complementar à simples tomada, um muro de sustentação à margem do rio, o qual pode ser de alvenaria, de pedra, ou o revestimento de um trecho dessa mesma margem.
A tubulação em cuja extremidade fica a simples tomada pode ficar apoiada sobre pequenos pilares de alvenaria, de concreto ou de madeira, ou sobre estrutura metálica.
Quando a simples tomada é um crivo, recomenda-se que entre ele e a tubulação seja intercalada uma curva de 45º, esta com seu eixo no plano vertical de modo tal que as aberturas fiquem voltadas contra o sentido da correnteza. Assim sendo, o crivo fica menos sujeito quer a obstruções, quer a impactos de corpos flutuantes.
A mesma proteção do crivo contra impactos pode ser obtida através de uma gaiola de madeira, concreto ou metal.
Em rios cujo nível d’água sofre grandes flutuações, há possibilidade também do emprego da simples tomada, desde que esta fique fazendo parte de um sistema flutuante integrados pelas bombas.
As aberturas da tomada devem possuir uma área total bem maior que a seção da tubulação com a qual se conecta, a fim de que as obstruções que nelas vão se processando e que causam o aumento da perda de carga não imponham freqüentes limpezas.
Barragem de Nível
A barragem de nível é o tipo de captação mais generalizado para o aproveitamento de pequenos cursos d’água, sobretudo quando o suprimento é feito por gravidade e o leito se apresenta rochoso no local em que a mesma barragem vai ser implantada.
A barragem de nível só pode ser utilizada quando a vazão mínima do curso d’água supera a demanda média do dia de consumo máximo. É uma das soluções de que se lança mão, quando a captação direta não pode ser utilizada, pelo simples fato do riacho apresentar uma lâmina d’água de pequena altura, incapaz de comportar o crivo com a devida folga nos períodos de vazão mínima. A finalidade da barragem nada mais é do que elevar o nível da água no local da captação, permitindo assim uma lâmina de altura satisfatória acima do crivo.
	
Com a barragem, consegue-se uma decantação das partículas suspensas, em decorrência do represamento da água que sem dúvida, melhora a qualidade.
Por economia, desde que o leito do riachos seja rochoso, recomenda-se a barragem de alvenaria de pedra com seção trapezoidal.
Com a barragem, consegue-se uma decantação das partículas suspensas, em decorrência do represamento da água que sem dúvida, melhora a qualidade.
Por economia, desde que o leito do riachos seja rochoso, recomenda-se a barragem de alvenaria de pedra com seção trapezoidal.
Canal de derivação 
O canal de derivação nada mais é, do que o desvio parcial das águas de um rio a fim de facilitar a tomada.
O excesso de água retorna ao rio pela parte oposta do canal.
Na entrada do canal geralmente é instalada uma grade para reter o material grosseiro em suspensão.
O canal de derivação, quando empregado na captação de água com elevado teor de material em suspensão, pode ser provido de uma caixa de areia.
A caixa de areia é dimensionada para remover as partículas em suspensão que vão ter acesso à adutora, por serem prejudiciais às bombas, causando-lhes vida curta pelo desgaste. 
Canal de regularização
Há riachos de pequena largura que correm em leito de terra e apresentam durante o estiagem ocorre uma lâmina d’água de altura reduzida.
Para o aproveitamento desses cursos d’água, pode-se empregar um canal de regularização. Sua finalidade, é uniformizar o leito numa determinada extensão do curso d’água, através de um revestimento de alvenaria de pedra ou concreto, permitindo que se lance mão de um recurso para elevar o nível d’água. 
A elevação do nível d’água pode ser obtida por meio de entroncamento de pedras ou de um pequeno muro situado no canal, a jusante da tomada. Neste caso é comum instalar-se na crista do muro um vertedor para a medição de descarga ou uma comporta.
Quando se emprega o canal de regularização e a adução de água bruta se processa por recalque, duas alternativas são utilizadas para a instalação dos tubos de sucção das bombas. Ou ficam situados ao lado do próprio canal, ou dentro de um poço de forma cilíndrica alimentado por uma tubulação.
Como os canais de derivação, os de regularização também podem ser providos de caixa de areia. 
Torre de Tomada
É uma modalidade de captação utilizada geralmente em mananciais de superfície sujeitos a grande variação de nível e nos quais a qualidade da água varia com a profundidade.
Em decorrência da grande flutuação do nível d’água nos reservatórios de regularização, também neles se utiliza a torre de tomada.
Como nos lagos a água de melhor qualidade se encontra afastadas das margens , a sua captação em certos casos torna-se mais indicada também com o emprego da torre de tomada, sobretudo quando o nível da água sofre flutuação ponderável.
A torre de tomada fica sempre envolvida pela água. O nível desta internamente acompanha as flutuações do nível externo.
A torre é provida de várias tomadas, no mínimo duas, situadas em níveis distintos. Fica aberta a mais próxima da superfície, a fim de dar acesso à água de melhor qualidade.
O ingresso da água no interior da torre através de cada tomada é permitido ou interrompido graças a uma válvula (registro) ou comporta, comandada por um volante ou pedestal de manobra situado no piso superior. Neste também podem ficar instalados os conjuntoselevatórios.
A torre de tomada é geralmente construída em concreto armado.
Poço de Derivação
O poço de derivação é uma torre de tomada situada à margem do curso d’água.
O seu emprego é mais indicado quando essa margem se prolonga no interior do rio com declividade acentuada.
Como o poço de derivação não é sempre envolvido pela água, pelo menos nos períodos de vazante, comumente possui tomadas não mais situadas na própria parede como ocorre nas torres, mas sempre em pontos afastados.
Não se deve confundir o poço de derivação (poço molhado) como o poço seco. Ao interior deste, onde ficam instalados os conjuntos moto-bombas, a água não tem acesso.
3. CAPTAÇÃO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Caixa de tomada
A caixa de tomada nada mais é que um dispositivo destinado tanto a proteger a fonte de encosta como a facilitar a tomada de água.
Se o afloramento da água ocorrer em um só ponto, a caixa de tomada poderá ter dimensões mínimas, suficientes apenas para permitir o acesso d um homem a seu interior, para efeito de inspeção.
A caixa de tomada pode ser de concreto ou alvenaria. É provida de uma abertura de inspeção com tampa, do tipo sanitário, e de degraus de acesso feitos com barras de ferro.
No interior da caixa, além, do crivo, através do qual a água tem acesso à adutora, instalaram-se um extravasor e uma tubulação de descarga com registro, situada ao nível do fundo.
Desde que a água possua areia em suspensão, costuma-se dividir a caixa em dois ou três compartimentos, a fim de que esse material não atinja o último compartimento, do qual parte a adutora.
A caixa também pode ser projetada visando-se assim diminuir as possibilidades de poluição do líquido durante as inspeções.
Galerias Filtrantes
As galerias filtrantes constituem um meio para captação do lençol freático ou água de infiltração de rios.
Para fazer uma galeria, abre-se uma vala no terreno, a fim de ser instalada uma tubulação, provida de orifícios, ou cujos tubos deixem entre si pequenos afastamentos, destinados a passagem da água.
Para dificultar a penetração da areia na tubulação, envolve-se esta com uma camada de pedregulho.
A água captada é conduzida para uma caixa coletora para daí ser aduzida por gravidade (fonte de encosta com afloramento em vários pontos) ou por recalque (fonte de fundo de vale ou água de infiltração de rio).
A tubulação, geralmente de concreto ou cerâmica, pode dar lugar a condutos de concreto ou de alvenaria de seção retangular.
A galeria pode ser alimentada de um só lado, como ocorre quando utilizada nas fontes de encosta com vários pontos de afloramento, ou dos dois lados, nas fontes de fundo de vale.
No caso de água de infiltração de rio, a galeria terá sua produção aumentada se for alimentada pelos dois lados. Isso será feito se as condições locais propiciarem a abertura de um canal iniciando e terminando o próprio rio, envolvendo a galeria.
A captação direta no rio, em substituição à galeria, teria a inconveniência de impor o tratamento do líquido.
Acontece que com o decorrer do tempo vai se processando a colmatação das camadas filtrantes situadas entre o rio e a galeria, principalmente quando a turbidez é elevada, a ponto de, em certos casos, reduzir de muito a descarga.
Não são raros os exemplos de galeria abandonadas por decréscimo de produção,
A galeria deve ficar aproximadamente a 10 metros da margem e a 2 metros abaixo do nível de água, dados que e referem aos períodos de estiagem.
A galeria é utilizada na captação de lençol freático quando este é de pequena espessura e fica situado a pequena profundidade. Nessas condições, o emprego de uma bateria de poços, em substituição, seria impraticável ou onerosa
 Drenos
Os drenos representam uma modalidade de captação da água de lençóis freáticos que afloram em vários pontos de terreno no fundo dos vales.
Os drenos são feitos de tubulações, geralmente manilhas de grês-cerâmico providas de orifícios, através dos quais a água tem livre passagem. Tais orifícios podem ser substituídos ou complementados por afastamentos deixados entre os tubos.
A depender da topografia local, as tubulações que constituem os drenos, vistas em planta, apresentam-se paralelas entre si, em forma de grelha ou espinha de peixe, ou convergem para um só ponto (poço coletor). São instaladas em valas de pequena profundidade, onde são envolvidas por camada de cascalho.
Em todos os casos a água é conduzida para um poço coletor de onde, geralmente sofre recalque.
4. CAPTAÇÃO DE RIOS
A captação de rios tem sido em muitas regiões do País, a forma mais usual de utilização das águas de mananciais de superfície para o abastecimento de cidades em extensas regiões do país. As obras são relativamente simples, na maioria dos casos.
Freqüentemente, os cursos de água no ponto de captação, acham-se localizados em cota inferior à cidade; por isso, as obras de tomada estão quase sempre associadas a instalações de bombeamento. Essa circunstância faz com que o projeto das obras de captação propriamente ditas, fique condicionado às possibilidades e limitações dos conjuntos elevatórios.
5. EXAME PRÉVIO DAS CONDIÇÕES LOCAIS
A elaboração de qualquer projeto de captação deverá ser precedida de uma criteriosa inspeção local, para exame visual prévio das possibilidades de implantação de obras na área escolhida.
Na falta de dados hidrológicos, devem ser investigados, cuidadosamente, nessa ocasião, todos os elementos que digam respeito às oscilações do nível de água entre períodos de estiagem ou de cheia e por ocasião das precipitações torrenciais, apoiando-se em informações de pessoas conhecedoras da região.
Quando não se conhecem os dados sobre as vazões médias e mínimas do rio, torna-se necessária a programação de um trabalho de medições diretas. Através de correlações com dados de precipitações e de comparações com vazões específicas conhecidas de bacias vizinhas, é possível chegar-se a dados aproximados.
Deverá ser investigado, também, na inspeção local, se não existem nas proximidades possíveis focos de contaminação e, igualmente, se a geologia ou a natureza do solo na região atravessada pelo rio favorece a presença de areia em suspensão na água. Serão colhidas amostras da água para exames de laboratório, complementando os que já tenham sido realizados.
A escolha preliminar do tipo de tomada poderá resultar dessa inspeção e reconhecimento, com base nas informações que forem colhidas. Seguem-se então, os trabalhos de levantamento topográfico detalhado da área circunvizinha às obras, de batimetria do rio e de sondagens geológicas.
6. Princípios gerais para a localização de tomada
As obras de captação de um rio deverão ser implantadas, de preferência em trechos retilíneos do mesmo ou, quando em curva, junto à sua curvatura externa ( margem côncava ), onde as velocidades da água são maiores. Evitam-se, assim, os bancos de areia que poderiam obstruir as entradas de água. Nessa margem côncava as profundidades são sempre maiores e poderão oferecer melhor submersão da entrada de água.
É importante estabelecer, com bastante discernimento, as cotas altimétricas de todas as partes constituídas das obras de captação, não perdendo de vista que:
a) - Deverá haver entrada permanente de água para o sistema, mesmo nas maiores estiagens;
b) - Havendo instalação de bombeamento conjugada à captação, os equipamentos, em especial os motores, deverão ficar sempre ao abrigo das maiores enchentes previstas;
c) - A distância entre a bomba e o nível de água mínimo previsto no rio, não deverá ultrapassar a capacidade de sucção do equipamento para as condições locais.
	
Os itens b e c, limitam para instalações comuns de captação com bomba de eixo horizontal, a variação possível de água no rio, entre 6,00 e 7,00 m, no máximo. Sendo ela maior, torna-se necessário terem-se bombas deeixo prolongado ou de estruturas especiais, quase sempre de custo mais elevado e de manutenção mais difícil.
	
Também deverá ser considerada a necessidade de acesso ao local da captação, mesmo ocorrendo fortes temporais e inundações. Por essa razão, é, muitas vezes, contra-indicada a construção de obras em terrenos baixos próximos ao rio, mesmo que a estrutura em si fique ao abrigo das cheias. As estradas que conduzem ao local devem, igualmente, dar livre trânsito em qualquer época.
	
A maneira de levar energia elétrica até a captação, bem como seu custo, deve ser examinada no projeto com bastante cuidado.
7. PARTES CONSTITUTIVAS DE UMA CAPTAÇÃO
	
Os elementos componentes de uma captação em rio compreendem essencialmente:
a) - barragens ou vertedores para manutenção do nível ou para regularização de vazão;
b) - órgãos de tomada d’água com dispositivos para impedir a entrada de materiais, flutuantes ou em suspensão na água;
c) - dispositivos para controlar a entrada de água;
d) - canais ou tubulações de interligação;
e) - poços de tomada das bombas;
Evidentemente, há instalações em que nem todos os componentes citados encontram-se presentes.
8. BARRAGENS, VERTEDORES E ENROCAMENTOS PARA MANUTENÇÃO DE NÍVEL
São obras executadas em rio ou córrego, ocupando toda a sua largura, com a finalidade elevar o nível a montante e, com isso permitir que seja assegurada submersão permanente de canalizações findos de canaletas e válvulas de pé de bombas.
Em rios profundos, com grande lâmina de água no ponto de captação, dispensa-se a construção desses dispositivos.
O sistema mais simples consta de colocação de pedras no leito do rio, constituindo o que se denomina enrocamento.
Os vertedores são estruturas especialmente projetadas, podendo ser de alvenaria de pedras, de concreto simples ou ciclópico.
Tais dispositivos não devem ser confundidos com as barragens de regularização, que têm por finalidade armazenar a água em períodos de estiagem, quando as vazões reduzidas do curso seriam menores que a demanda do sistema abastecedor.
9. DISPOSITIVOS RETENTORES DE MATERIAIS ESTRANHOS
	
Os materiais estranhos presentes na água e que devem ser impedidos de entrar para o sistema, compreendem:
a) - sólidos sedimentáveis, particularmente, a areia;
b) - materiais flutuantes e em suspensão, como folhas, galhos de árvores, plantas aquáticas ( ex.: aguapés ), etc.
c) - peixes, répteis e moluscos.
Os sólidos decantáveis que se mantêm em suspensão devido à agitação ou velocidade de escoamento da água, são retirados por meio de dispositivos conhecidos por caixas de areia ou desarenadores.
Esses dispositivos asseguram em escoamento a baixa velocidade, com o que as partículas de areia decantam-se no fundo e são posteriormente removidas. Têm, geralmente, formato retangular e são dispostos transversalmente aos cursos de água.
Para o dimensionamento da caixa de areia, deverá ser estabelecido inicialmente o tamanho da menor partícula que se pretende eliminar. É comum exigir-se a remoção de partículas de diâmetro médio igual ou superior a 0,2 mm..
O cálculo baseia-se no princípio de que o tempo de sedimentação, desde a superfície até o fundo, deverá ser igual ao tempo de escoamento horizontal da água na caixa. Nessas condições, uma partícula que se encontra junto à superfície, ao entrar na caixa, portanto, em situação mais desfavorável, deverá atingir o fundo quando alcançar o fim da mesma caixa. Outras partículas que se encontrarem abaixo, ao penetrarem no compartimento, atingirão o fundo antes de ter percorrido o trajeto (longitudinal ) completo da caixa. 
10. DISPOSITIVOS PARA CONTROLE A ENTRADA DE ÁGUA
	
Destinam-se a regular ou vedar a entrada de água para o sistema, quando se objetiva efetuar reparos ou limpeza em caixas de areia, poços de tomada, válvulas de pé, ou em tubulações.
São utilizadas para esse fim:
Comportas
Válvulas ou Registros
Adufas
A localização desses dispositivos pode variar de conformidade com o projeto, em função dos trechos ou unidades que se pretende isolar. A escolha do tipo apropriado depende de operação que se procura alcançar.
Comportas
As comportas são dispositivos de vedação constituídos, essencialmente, de uma placa movediça, que desliza em sulcos ou canaletas verticais. São instaladas, principalmente, em canais e nas entradas de tubulações de grande diâmetro.
Os tipos mais simples ( stop-logs ), podem ser formados de colchões de madeira com encaixes, sobrepostos uns aos outros. Devido à dificuldade de colocação e retirada das peças e da menor resistência às pressões, comparativamente às peças metálicas, são utilizadas mais em instalações pequenas e para uso esporádico
Em locais de acesso difícil ou quando o uso for mais freqüente, é preferível empregar comportas de ferro fundido ou de aço, movimentadas por macacos de suspensão ou outros sistemas mecanizados. A indústria de material hidráulico fabrica uma grande variedade de modelos de diferentes tamanhos
Comportas e Gradeamento
A captação de água para abastecimento, depende da finalidade da mesma, é instalada em manancial de superfície (rios, lagos, represas, etc) ou subterrâneo , poço raso, poço profundo, galerias, etc) e a adução desta água dependerá de recalque ou não, conforme a topografia do terreno
O gradeamento, é feito de telas de malhas largas ou telas de malhas finas. É feito para impedir a passagem de materiais sobrenadantes ou submersos, na captação d’água do manancial ou nos recalques das águas do sistema.
Telas de malhas largas: são feitas de material anti-corrosivo, espaçado de 2,5 a 5,0 cm. As telas de malhas largas são aplicadas nos mananciais de superfície para impedir a passagem de sobrenadantes.
Telas de malhas finas: são de metais ou arames não corrosivos, com abertura de 0,35 cm2 ou menos. São aplicados em tomadas de água de mananciais que não recebem materiais grosseiros, ou como crivo de cebolas nas canalizações para bombas de recalque.
Válvulas ou Registros
As válvulas, também conhecidas por registros, são dispositivos que permitem regular ou interromper o fluxo de água em condutos fechados. São fabricadas com maior precisão e permitem controlar a vazão com certa facilidade, quando isto for necessário.
Em obras de captação, as válvulas são empregadas, principalmente, quando se pretende estabelecer uma vedação no meio de trecho formado por uma tubulação longa.
Em casos normais de baixas pressões, será preferível não utilizá-los, sempre que for possível encontrar outras soluções.
A deposição de areia no sulco da gaveta poderá dificultar o fechamento.
Adufas
As adufas são peças semelhantes às comportas, e são ligadas a um segmento de tubo. A placa de vedação é movimentada por uma haste com rosca existente na própria armação da placa, ficando, portanto, imersa em água. A movimentação da haste mosqueada é feita por uma barra de prolongamento, permanente ou removível.
Bibliografia
- Métodos e Técnicas de Tratamento de Água.
 Autor : Luiz Di Bernardo - Volumes 1 e 2
- ABES : Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental.
- Manual de Hidráulica - Volumes 1 e 2
 Autor : José M. de Azevedo Netto.
 Editora Edeard Bluchep Ltda.
- Teoria e Técnicas de Tratamento de Água 
 Autor : Francílio Paes Leme 
 CETESB : Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e de Defesa do Meio Ambiente.
- Técnica de Abastecimento e Tratamento de Água.
* Autores :
- Walter Engrácia de Oliveira
- Sebastião Gaglianon
- Eduardo R. Yassuda
- Paulo S. Nogami
- Benedito E. Barbosa Pereira
- José Augusto Martins
 CETESB : Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e de Defesa do Meio Ambiente.
Elaboração:Eng.º Sinézio aparecido de Toledo
Colaboração: Eng.º Oséias Felippe Nery
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