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Aula 00 Demonstrativa Direito Constitucional Téc TRT 10

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Noções de Direito Constitucional – Técnico do TRT 10ª REGIÃO 
Área Administrativa – Aula Demonstrativa 
Prof. Marcio Damasceno 
 
 Professor MARCIO DAMASCENO www.voceconcursado.com.br 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
TÉCNICO JUDICIÁRIO (ÁREA 
ADMINISTRATIVA) - TRT 10ª REGIÃO 
AULA DEMONSTRATIVA 
 
Professor Marcio Damasceno 
 
Noções de Direito Constitucional – Técnico do TRT 10ª REGIÃO 
Área Administrativa – Aula Demonstrativa 
Prof. Marcio Damasceno 
 
 Professor MARCIO DAMASCENO www.voceconcursado.com.br 2 
 
 
Olá meus alunos! Futuros Técnicos do TRT 10ª REGIÃO! 
Meu nome é Marcio Damasceno, sou Analista do Banco Central do Brasil 
e atualmente em exercício na Procuradoria do Banco Central. Sou bacharel em 
ciências militares pela Academia Militar das Agulhas Negras (2002) e em 
Engenharia Elétrica pelo Instituto Militar de Engenharia (2008) e pós-graduado 
pela Fundação Getúlio Vargas em Administração de Empresas (2009). 
Durante a minha jornada na vida de concurseiro consegui algumas 
aprovações, sendo convocado para assumir o cargo nos seguintes órgãos: 
Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) - Engenharia Elétrica (1º 
lugar) em 2009. Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade 
Industrial (Inmetro) - Pesquisador-Tecnologista em Metrologia e Qualidade (2º 
lugar) em 2009. Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) - Especialista em 
Regulação de Serviços Públicos de Energia em 2010. Empresa de Pesquisa 
Energética (EPE) - Analista de Pesquisa Energética (2º lugar) em 2012. 
Secretaria do Tesouro Nacional (STN) - Analista de Finanças e Controle em 
2013 e, finalmente, no Banco Central do Brasil (BCB) - Analista de 
Contabilidade e Finanças em 2013. 
O nosso curso, está estruturado em 12 aulas, incluindo esta aula de 
apresentação, nas quais trabalharemos, de forma detalhada, todos os temas 
propostos no edital do concurso de 2013, elaborado pela banca CESPE. 
O cronograma do curso é o seguinte: 
Data Prevista Conteúdo 
Aula Demonstrativa 
Disponível 
1 Constituição: conceito, classificações, princípios 
fundamentais. 
Aula 01 
05/01/2018 
2 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres 
individuais e coletivos (Parte I). 
Aula 02 
26/01/2018 
2 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres 
individuais e coletivos (Parte II). 
Apresentação 
Curso licenciado para , .
 
Noções de Direito Constitucional – Técnico do TRT 10ª REGIÃO 
Área Administrativa – Aula Demonstrativa 
Prof. Marcio Damasceno 
 
 Professor MARCIO DAMASCENO www.voceconcursado.com.br 3 
Aula 03 
16/02/2018 
2 Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres 
individuais e coletivos (Parte III). 
Aula 04 
09/03/2018 
2. Direitos sociais, nacionalidade. 
Aula 05 
30/03/2018 
2. Cidadania, direitos políticos, partidos políticos. 
Aula 06 
20/04/2018 
3 Organização político-administrativa: União, estados, 
Distrito Federal, municípios e territórios. 
Aula 07 
11/05/2018 
4 Administração pública: disposições gerais, servidores 
públicos. 
Aula 08 
01/06/2018 
5 Poder Legislativo: Congresso Nacional, Câmara dos 
Deputados, Senado Federal, deputados e senadores. 
Aula 09 
22/06/2018 
6 Poder Executivo: atribuições do presidente da República e 
dos ministros de Estado. 
Aula 10 
14/07/2018 
7 Poder Judiciário. 7.1 Disposições gerais. 7.2 Órgãos do 
Poder Judiciário: competências. 7.3 Conselho Nacional de 
Justiça: composição e competência. 
Aula 11 
04/08/2018 
8 Funções essenciais à justiça: Ministério Público, advocacia 
e defensoria públicas. 
 
A programação será seguida de maneira pontual. Entretanto, podem vir 
a acontecer eventos que alterem a data de disponibilização da aula, tal como a 
publicação do aguardado edital. Lembrem-se sempre, caso haja dúvidas 
recorram ao fórum. Terei a máxima satisfação em esclarecê-las e sedimentar o 
seu entendimento sobre a matéria. 
Nessa aula introdutória trataremos dos primeiros itens do seu edital. 
Mas para ambientá-lo na matéria, permitam-me adicionar alguns aspectos 
conceituais básicos que irão facilitar a sua trajetória. 
Quem sai junto, chega junto! Vamos comigo! 
Bons estudos! 
Para contato: prof.marcio.cf@gmail.com 
 
Noções de Direito Constitucional – Técnico do TRT 10ª REGIÃO 
Área Administrativa – Aula Demonstrativa 
Prof. Marcio Damasceno 
 
 Professor MARCIO DAMASCENO www.voceconcursado.com.br 4 
Sumário 
 
1. Aspectos Introdutórios .............................................................................. 5 
1.1 O Direito Constitucional e a Constituição .................................................. 5 
1.2 Aspectos conceituais básicos ................................................................... 8 
1.3 Aplicabilidade das normas constitucionais ................................................. 14 
1.3.1 Classificação por José Afonso da Silva ................................................... 15 
2. Classificação das constituições .................................................................. 18 
2.1 Quanto à origem ................................................................................... 18 
2.2 Quanto à forma .................................................................................... 19 
2.3 Quanto ao modo de elaboração ............................................................... 19 
2.4 Quanto à alterabilidade ou estabilidade .................................................... 19 
2.5 Quanto à extensão ................................................................................ 19 
2.6. Quanto ao conteúdo ............................................................................. 20 
2.7 Quanto à finalidade ............................................................................... 20 
2.8. Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico ou classificação 
de Karl Loewenstein) .................................................................................. 21 
2.9 Quanto ao conteúdo ideológico ............................................................... 21 
2.10 Quanto à sistemática ........................................................................... 22 
2.11 Classificação da CF 88 ......................................................................... 22 
3. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 ............................... 24 
3.1 Composição ......................................................................................... 24 
3.1.1 Preâmbulo ........................................................................................ 24 
3.1.2 Parte Dogmática ................................................................................ 26 
3.1.3 Ato das Disposições Transitórias (ADCT) ................................................ 26 
3.3 Princípios Fundamentais da CF 88 ........................................................... 28 
3.4 Separação dos Poderes .......................................................................... 34 
3.5 Objetivos Fundamentais da RFB .............................................................. 35 
3.6 Princípios que regem o Brasil nas suas relações internacionais .................... 36 
4. Questões Comentadas: .............................................................................. 39 
4.1 Classificação das constituições ............................................................... 39 
4.2 A Constituição da República Federativa do Brasil e Princípios Fundamentais ..46 
5. Gabaritos ............................................................................................... 61 
6. Questões apresentadas nessa aula ............................................................. 63 
 
 
Curso licenciado para , .
 
Noções de Direito Constitucional – Técnico do TRT 10ª REGIÃO 
Área Administrativa – Aula Demonstrativa 
Prof. Marcio Damasceno 
 
 Professor MARCIO DAMASCENO www.voceconcursado.com.br 5 
 
 
 
1. Aspectos Introdutórios 
 
1.1 O Direito Constitucional e a Constituição 
 
Segundos Bulos (2017, p.55) a terminologia “Direito Constitucional” 
formalizou-se em 1791, quando a Assembleia Constituinte francesa 
determinou às faculdades de direito que ministrassem aulas sobre a 
constituição da França1. Imerso nessa atmosfera liberal, surge o 
constitucionalismo, movimento que tem como cerne a tutela das liberdades 
individuais e o enfraquecimento do poder do Estado. 
Considerando o amadurecimento dos mecanismos de limitação desse 
poder, divide-se o constitucionalismo em antigo e moderno. A transição do 
antigo para o moderno aconteceu justamente com o advento do Estado 
Liberal e a derrocada do modelo absolutista, momento em que a 
concentração do poder nas mãos do monarca estava sendo bastante 
questionada. Devido à maior importância para o nosso estudo, começaremos 
nossa viagem a partir do constitucionalismo moderno. 
A partir do final do século XVIII, surgem as primeiras constituições 
escritas, legítimas representantes do constitucionalismo moderno. São 
precursoras desse movimento as constituições norte-americana de 1787 e a 
francesa de 1789, de caráter eminentemente liberal. 
Segundo o Prof. José Joaquim Gomes Canotilho, uma constituição 
liberal é detentora das seguintes caraterísticas: 
a) Deve ser escrita; 
b) Deve conter um rol de liberdades e garantias individuais; 
c) Deve adotar um sistema democrático formal, que garanta 
participação do povo; e 
d) Deve prever mecanismos de limitação do poder do Estado. 
Com o passar do tempo, esse modelo puramente liberal revelou suas 
mazelas. A mera igualdade formal e o absenteísmo do Estado Liberal em 
face das questões sociais, agravado pela eclosão da Revolução Industrial, fez 
com que boa parte da classe trabalhadora fosse submetida a condições 
desumanas e degradantes. 
Objetivando uma sociedade mais justa, visualiza-se o Estado como 
provedor de garantias institucionais aos direitos sociais e trabalhistas. É o 
 
1 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 10ªed. São Paulo: Saraiva, 2017, 
p. 55. 
Aula Demonstrativa 
 
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Prof. Marcio Damasceno 
 
 Professor MARCIO DAMASCENO www.voceconcursado.com.br 6 
surgimento do Estado Social de Direito ou Constitucionalismo Social. 
Essa nova fase tem como precursoras as constituições da Alemanha (Weimar 
- 1919) e do México (1917). Ao apresentarem nítida preocupação com 
direitos culturais, sociais e econômicos, almejando a busca da igualdade 
material, vão além das suas antecessoras, as constituições liberais. 
Nesse diapasão, fortalece-se o modelo de constituição que defina 
programas e metas a serem concretizadas pelo Estado. A esse modelo deu-se 
o nome de constituição Programática ou Dirigente, adotado pela nossa atual 
constituição2. Percebe-se também um aumento da preocupação com os 
direitos humanos e com ideais de fraternidade e solidariedade. 
O constitucionalismo, como movimento dinâmico que é, passa para uma 
nova fase: o constitucionalismo contemporâneo, que apresenta como 
principais correntes o neoconstitucionalismo e o 
transconstitucionalismo. 
No neoconstitucionalismo, também denominado constitucionalismo 
pós-moderno ou pós-positivismo3, prioriza-se a busca da efetividade; a 
efetiva prestação material dos direitos consagrados na constituição. De um 
sistema em que as prescrições contidas no texto constitucional tinham um 
caráter mais formal, evolui-se para um modelo em que tais dispositivos 
possuem força vinculante em relação a todo o ordenamento jurídico. É a 
mudança do Estado Legislativo de Direito para o Estado Constitucional de 
Direito. 
Observa-se que no modelo neoconstitucional a constituição ocupa a 
posição central do sistema jurídico4, em face do seu reconhecimento como 
verdadeira norma jurídica, com força vinculante e obrigatória, dotada de 
supremacia e intensa carga valorativa. Considera-se que todo o seu conteúdo 
é dotado de normatividade, devendo ser concretizado ainda que na 
ausência de legislação infraconstitucional. Nota-se também um 
fortalecimento da eficácia horizontal do direito constitucional, uma vez que se 
intensifica sua aplicação na esfera privada, na relação entre particulares. 
No caso do transconstitucionalismo, segundo Bernardes e Ferreira5 
(2017, p.62), busca-se unificar e consagrar juridicamente os ideais humanos 
através: 
• Do fortalecimento do sistema jurídico-político internacional; 
 
2 Exemplo claro dessa característica é o art. 3º, que estabelece os objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil. 
3 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 
71. 
4 Um bom exemplo disso pode ser encontrado no art.1º da Lei 13.105 de 2015, atual Código 
de Processo Civil: “Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado 
conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República 
Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código”. 
5 BERNARDES, Juliano Taveira. FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito constitucional, 
7ª edição, Tomo I. Ed. JusPODIVM. 2017, p.62. 
Curso licenciado para , .
 
Noções de Direito Constitucional – Técnico do TRT 10ª REGIÃO 
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 Professor MARCIO DAMASCENO www.voceconcursado.com.br 7 
• Da primazia do direito internacional fundado em valores e normas 
universais, em detrimento do direito nacional; e 
• Da elevação da dignidade da pessoa humana a pressuposto não 
limitável por nenhum movimento constitucional6. 
Os reflexos dessa tendência podem ser verificados em alguns 
julgamentos do STF em que, não raro, são invocados ordenamentos jurídicos 
de outros países para fundamentar decisões judiciais em solo pátrio. 
Uma vez feito esse breve apanhado histórico, voltemos as nossas 
atenções para o Direito Constitucional. De acordo com Bulos7 (2017, p. 56) a 
nossa disciplina pode ser definida como a ciência encarregada de estudar a 
Teoria das Constituições e o ordenamento positivo dos Estados. 
O direito constitucional é considerado um ramo do direito público. Sua 
importância como fonte de preceitos fundamentais, na organização e 
funcionamento do Estado, bem como no estabelecimento das bases da 
estrutura política, o qualificou, nos dizeres de José Afonso da Silva, como 
“Direito Público fundamental”, exercendo influência sobre todos os demais 
ramos do direito. 
O objeto desse nobre ramo do direito é o estudo das constituições. Mas 
afinal, do que se trata uma constituição? Pode parecer o contrário, mas essa 
não é uma tarefa fácil. Nos dizeres de Bulos8 (2017, p.102) a constituição é 
um conceito em crise, pois inexiste consenso a seu respeito, pluralizando-se 
sobre múltiplos enfoques. Falar desses enfoques nos permitiria uma visão 
mais completa sobre o assunto, contudo esse é um assunto extenso e não 
previsto no seu edital, motivo pelo qual não nos aprofundaremos nesse tema. 
De maneirageral, sem adentrar nos aspectos mencionados no 
parágrafo anterior, podemos conceituá-la como a lei fundamental e 
suprema de um estado, que rege a sua organização político-jurídica.9 
Dentre as questões que devem ser abrangidas por ela, podemos citar os 
direitos e garantias fundamentais, a separação dos poderes, a limitação dos 
poderes do Estado e a sua organização política. 
Nas aulas seguintes, vocês perceberão que saber esse histórico ajudará 
em vários assuntos, como por exemplo, gerações de direitos fundamentais. 
Antes de entrar no estudo da nossa Carta Magna, foco da nossa aula, 
tratarei de alguns aspectos básicos para facilitar a nossa jornada. Vamos lá! 
 
 
6 BERNARDES, Juliano Taveira. FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito 
Constitucional, 7ª edição, Tomo I. Ed. JusPODIVM. 2017, p.62. 
7 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 10ªed. São Paulo: Saraiva, 2017, 
p. 56. 
8 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 10ªed. São Paulo: Saraiva, 2017, 
p. 102. 
9 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 5ª 
Edição. Ed. Método, 2010, p. 4. 
 
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1.2 Aspectos conceituais básicos 
Meus alunos, o objetivo desse item é tratar de alguns tópicos não 
previstos explicitamente no edital, mas que são de extrema importância para 
o seu entendimento. Durante a resolução de questões você poderá se deparar 
com um desses termos e, caso você os desconheça, a sua 
compreensão poderá ficar prejudicada, induzindo-o ao erro. E isso é tudo que 
nós não queremos que aconteça, certo? 
A constituição tem como fundamento a Soberania Nacional, traduzindo-
se na independência e autonomia para sua auto-organização política e 
jurídica. Ela emerge do que é denominado Poder Constituinte Originário, 
que, como o próprio nome diz, é aquele que inicia uma nova ordem jurídica, 
inaugurando um novo Estado, seja pela criação da primeira constituição 
(histórico), seja pelo rompimento com o ordenamento anterior 
(revolucionário). 
A constituição é “lei fundamental”, já que organiza os elementos 
essenciais do Estado: forma do Estado, forma de seu governo, modos de 
aquisição e exercício do Poder e direitos e garantias fundamentais dos seus 
cidadãos. 
Contudo, por mais que o texto da Carta Magna seja claro, é necessário 
que o seu conteúdo seja interpretado, a fim de que possa ser aplicado. A 
interpretação das normas jurídicas é objeto de estudo da hermenêutica 
jurídica, ciência responsável pela determinação do real sentido e do alcance 
das normas constitucionais. 
Um dos princípios utilizados por essa ciência é o da Supremacia da 
Constituição. De acordo com esse princípio a constituição se encontra no 
ápice do ordenamento jurídico, em posição de superioridade, de modo 
que nenhuma norma jurídica pode contrariá-la material (conteúdo) ou 
formalmente (procedimento para construção da norma), sob pena de 
inconstitucionalidade. 
Deve-se a Hans Kelsen a teorização da Supremacia Constitucional, 
que por meio de uma visão piramidal, indicou a estrutura escalonada da 
ordem jurídica do Estado. Essa teoria tem como pressupostos: 
▪ A existência de uma estrutura legal hierarquizada; 
▪ As normas inferiores tiram seu fundamento de validade das 
normas que ocupam um nível superior, de forma sucessiva, até 
chegar à norma que ocupa o ápice da pirâmide do ordenamento 
jurídico, a constituição. 
Adequando essa teoria ao nosso ordenamento jurídico, no ápice 
encontram-se as normas positivadas na constituição, quer 
originariamente, quer pelo processo de Emenda Constitucional (EC). Essa 
posição de total hegemonia decorre do princípio da Supremacia da 
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Prof. Marcio Damasceno 
 
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Constituição, decorrente do fato de a nossa constituição ser classificada, 
quanto à estabilidade, como rígida. 
 
As normas constitucionais podem ser originárias e derivadas. As normas 
originárias são criadas na elaboração da nova Constituição, integram, 
portanto, o texto constitucional desde que foi promulgado. Já as normas 
derivadas são fruto do processo de emenda constitucional, cujo rito 
para a sua incorporação à constituição encontra-se previsto no art. 60, §2° 
da CF 8810. No nosso ordenamento jurídico, a alteração das normas 
constitucionais, que se dá pelo processo de aprovação de ECs, possui 
procedimento legislativo mais dificultoso que o das normas 
infraconstitucionais. Em outras palavras, alterar a constituição é mais 
“difícil” que criar ou alterar as demais normas. 
É justamente devido a essa caraterística que nós temos uma constituição 
classificada como rígida. Nas constituições rígidas há hierarquia formal 
entre norma constitucional e as demais leis. Por isso, podemos dizer que o 
princípio da Supremacia da Constituição decorre da rigidez. 
 
Ainda tratando do ápice da nossa pirâmide, de acordo com a EC nº 45, 
de 2004, os tratados e convenções internacionais sobre direitos 
humanos que forem aprovados de acordo com o rito processual das ECS 
(aprovação em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três 
quintos dos votos dos respectivos membros), terão status de norma 
constitucional (CF 88, art. 5°, §3°). Situam-se, portanto, no nível mais alto 
da pirâmide, juntamente com as demais normas constitucionais. 
 
Para que um tratado ou convenção internacional seja incorporado ao 
ordenamento jurídico pátrio, com status constitucional, é necessário que: 
1. Verse sobre direitos humanos; 
2. Seja aprovado pelo mesmo rito das emendas constitucionais 
(ECs). 
 
 
10 Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: § 2º A proposta será 
discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se 
aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
 
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Descendo para o 2° nível, encontram-se as normas supralegais. Esse 
conjunto é formado pelos tratados ou convenções internacionais que 
tratem sobre direitos humanos, mas que não sejam incorporados ao 
ordenamento jurídico pátrio pelo rito das ECs. Ocupam, portanto, posição 
inferior às normas constitucionais, mas superior às demais leis. 
No 3° nível situam-se as espécies normativas de 1° grau. Essas 
normas têm, regra geral, o condão de inovar o ordenamento jurídico, sempre 
à luz das diretrizes traçadas pela Carta Maior. 
 Espécies normativas do 3° nível: 
1. Leis complementares; 
2. Leis ordinárias; 
3. Leis delegadas; 
4. Medidas provisórias; 
5. Decretos legislativos; 
6. Resoluções; 
7. Decretos autônomos; 
8. Tratados internacionais incorporados ao 
ordenamento pátrio que não versem sobre 
direitos humanos. 
 
Finalmente, no 4° nível, temos atos infralegais: decretos 
regulamentares, portarias, etc. Têm a função de regulamentar a lei que lhes é 
superior, sendo-lhes vedado inovar o ordenamento jurídico. 
 
Ao falarmos de hierarquia entre normas, é importante que você tenha claro 
na sua mente as seguintes distinções: 
1- Normas constitucionais e tratados e convenções internacionaissobre 
direitos humanos aprovados pelo mesmo rito das ECs. 
2- Normas Supralegais: tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos aprovados pelo rito ordinário.
3- Leis complementares, ordinárias, delegadas, MPs, decretos legislativos, 
resoluções, decretos autônomos e tratados internacionais incorporados ao 
ordenamento pátrio que não versem sobre direitos humanos.
4- Normas infralegais: decretos regulamentares, Portarias, etc.
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1. Não existe hierarquia entre as normas constitucionais originárias e 
as normas derivadas. Não é pelo fato de a norma ser incluída no texto 
constitucional por Emenda que ela possuirá hierarquia inferior às que 
constam originalmente na constituição. De maneira análoga, também 
inexiste qualquer hierarquia entre as normas constitucionais 
originárias. Assim sendo, são hierarquicamente equivalentes as normas 
que compõem o corpo permanente da constituição e as que constam no 
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Também nessa linha, 
podemos afirmar que as cláusulas pétreas se encontram, 
hierarquicamente, no mesmo patamar das demais normas 
constitucionais. 
 
As cláusulas pétreas são dispositivos constitucionais que gozam de 
proteção especial, uma vez que não poderão ser abolidos pelo 
processo de emenda constitucional. Essa salvaguarda tem como 
objetivo proteger certas características básicas da nossa constituição, de 
modo a evitar que reformas futuras acabem desfigurando totalmente a 
sua natureza. As cláusulas pétreas estão dispostas no art. 60, § 4º da CF 
88. São elas: 
▪ A forma federativa de Estado; 
▪ O voto direto, secreto, universal e periódico; 
▪ A separação dos Poderes; e 
▪ Os direitos e garantias individuais. 
 
2. Em relação ao que eu disse no item anterior, é necessário estar atento ao 
seguinte detalhe: a única diferença entre uma norma constitucional 
originária e uma oriunda de emenda é o fato dessa última estar 
sujeita ao controle de constitucionalidade. Em outras palavras, uma 
norma inserida na constituição por EC pode ser declarada inconstitucional, 
mas uma norma originária não poderá. 
3. Os Estados, o Distrito Federal e Municípios se auto-organizam mediante as 
Constituições Estaduais, a Lei Orgânica do Distrito Federal e as Leis 
Orgânicas dos Municípios, respectivamente. Em decorrência do Princípio 
da Supremacia da Constituição, a Constituição Federal é 
hierarquicamente superior a todas elas. Assim, no nível mais alto, 
temos a Constituição Federal; logo abaixo temos as Constituições dos 
Estados e a Lei Orgânica do Distrito Federal; e, num patamar inferior, 
 
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devendo obediência à Constituição do Estado em que se encontram e à 
Constituição Federal, temos a Lei Orgânica dos Municípios11. 
4. Em relação às leis, a situação muda de figura. Não existe hierarquia 
entre leis federais, estaduais, distritais e municipais. Eu explico. A 
Constituição Federal é norma suprema que fundamenta a validade de 
todas as regras jurídicas dos entes federativos (União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios). O próprio texto constitucional, mediante a adoção 
do Princípio da Predominância do Interesse, estabeleceu as matérias 
atinentes a cada um dos entes federativos. Em decorrência disso, uma lei 
federal, estadual, distrital ou municipal só será válida se obedecer ao seu 
âmbito de atuação, estabelecido na Constituição Federal. 
Caso uma lei federal invada a competência legislativa de outro ente 
federativo, esse conflito não será resolvido por hierarquia e sim com base 
na competência estabelecida a cada ente pela constituição federal. Assim, 
caso a lei federal esteja, por exemplo, invadindo competência do 
município, a lei municipal é que prevalecerá. A lei federal restará 
prejudicada, padecendo de vício de inconstitucionalidade. 
 
CESPE – 2010 – MPS – Agente Administrativo 
Segundo a estrutura escalonada ou piramidal das normas de um 
mesmo sistema jurídico, no qual cada norma busca sua validade em 
outra, situada em plano mais elevado, a norma constitucional situa-
se no ápice da pirâmide, caracterizando-se como norma-origem, 
porque não existe outra que lhe seja superior. 
Comentário: 
Exatamente. Segundo a estrutura escalonada, prevista por Hans Kelsen, as 
normas inferiores retiram seu fundamento de validade das normas que 
ocupam um nível superior, de forma sucessiva, até chegar à norma que 
ocupa o ápice da pirâmide do ordenamento jurídico, a constituição, 
considerada, como norma-origem, da qual derivam todas as outras. 
Gabarito: Item CERTO. 
 
11 Para que você tenha os conceitos de maneira completa na sua mente, é importante saber 
que a Constituição Estadual não pode apresentar imposições à autonomia municipal maiores 
do que aquelas já feitas pela Constituição Federal. 
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CESPE – 2009 – TCU – Analista de Controle Externo 
Quanto à classificação e à supremacia das constituições, julgue os itens a 
seguir. 
Pelo princípio da supremacia da Constituição, constata-se que as 
normas constitucionais estão no vértice do sistema jurídico 
nacional, e que a elas compete, entre outras matérias, disciplinar a 
estrutura e a organização dos órgãos do Estado. 
Comentário: 
Conforme o princípio da Supremacia da Constituição, as normas 
constitucionais se encontram no ápice do ordenamento jurídico, em posição 
de superioridade sobre toda e qualquer norma do ordenamento jurídico. À 
constituição, entre outros papéis, cabe a organização do Estado, de seus 
Poderes e órgãos, exatamente da maneira como foi apresentado pela 
questão. 
Gabarito: Item CERTO. 
 
 
Meus alunos, anteriormente eu expliquei no que consiste o Poder Constituinte 
Originário. Entretanto, para fortalecer as bases do seu conhecimento, faz-se 
necessário aprofundarmos no estudo do Poder Constituinte. Para isso, 
abordaremos o Poder Constituinte Originário, o Derivado, o Difuso e o 
Supranacional. 
O Poder Constituinte Originário (PCO), também denominado inaugural, 
genuíno, inicial ou de 1º grau, é o poder que, como o próprio nome diz, inicia 
uma nova ordem jurídica, criando um novo Estado. Pode ser subdividido em 
histórico (fundacional) ou revolucionário. O histórico é aquele que inaugura 
uma nova ordem jurídica; já o revolucionário, por exclusão, decorre do 
rompimento com um ordenamento jurídico preexistente. 
O Poder Constituinte Derivado (PCD), também denominado instituído, 
constituído, secundário ou de 2º grau, é aquele que, como o próprio nome indica, 
é criado e instituído pelo PCO. Encontra-se previsto na própria Carta Magna, que 
a ele impõe restrições implícitas e explícitas. Divide-se em Reformador (aquele 
que detém a capacidade de alterar a Constituição), Decorrente (aquele que 
possibilita aos Estados a criação das suas constituições) e Revisor12 (aquele que 
é capaz de realizar a Revisão constitucional). 
 
12 A revisão constitucional é um procedimento sumário e simplificado para alteração do texto 
constitucional, previsto no art.3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). 
 
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O Poder Constituinte Difuso assim como o PCD, é um poder de fato (não de 
direito, como o PCO) e que dá fundamento ao processo de mutação 
constitucional. Por meio desse fenômeno, é dada uma nova interpretação ao 
texto constitucional, decorrente de transformações políticas, econômicas e 
sociais. Contudo essa mudança não altera o seu texto, que permanece intacto. 
Sobre o Poder Constituinte Supranacional, segundo Carvalho (2007, p.277, 
apud LENZA, 2014, p. 229), esse poder “busca sua fonte de validade na 
cidadania universal, no pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de 
integração e em um conceito remodelado de soberania13”. Segue, portanto, uma 
tendência de globalização do direito constitucional. Age de fora para dentro, 
estabelecendo parâmetros supranacionais de legitimação das constituições. 
 
Vendo de forma esquematizada: 
 
 
1.3 Aplicabilidade das normas constitucionais 
Apesar de não constar no seu edital, esse assunto é de grande 
importância para seu entendimento da matéria, motivo pelo qual resolvi 
explorá-lo, ainda que de forma superficial. 
A aplicabilidade ou eficácia das normas constitucionais é a capacidade 
de que elas dispõem para produzirem efeitos jurídicos. As normas 
constitucionais apresentam diversos graus de eficácia; compreender esses 
graus é de grande importância, pois nos permite saber até que ponto aquele 
dispositivo produz os efeitos previstos pelo seu texto. 
 
A nossa Carta Magna autorizou a sua realização cinco anos após a promulgação da CF 88 
com o objetivo de facilitar a modificação do texto constitucional caso fosse necessário 
adequá-lo à escolha plebiscitária pela Monarquia ou pelo sistema parlamentarista. A revisão 
constitucional, de fato, aconteceu em 1993/1994, culminando com a promulgação de seis 
emendas constitucionais de revisão. Entende-se que tal processo é único, uma vez tendo 
acontecido no passado, não poderá ser novamente realizado. 
13 LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 
229. 
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Originário
Histórico
Revolucionário
Derivado
Reformador
Decorrente
RevisorDifuso
Supranacional
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Modernamente, considera-se que, regra geral, todas as normas 
possuem eficácia jurídica, outras eficácia jurídica e social. Segundo Temer14 
(1998, p.23): 
“...eficácia social se verifica na hipótese de a norma vigente, isto é, com 
potencialidade para regular determinadas relações, ser efetivamente 
aplicada a casos concretos. Eficácia jurídica, por sua vez, significa que a 
norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de relações concretas; 
mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua simples edição 
resulta na revogação de todas as normas anteriores que com ela conflitam. 
” 
Dessa maneira, podemos dizer que a eficácia jurídica é a aptidão para a 
produção de efeitos, inerente a todas as normas que integram uma 
constituição rígida; já a social está ligada à efetividade, à concretização de 
sua função social, ao atendimento do seu propósito de maneira concreta. 
A eficácia das normas foi objeto de estudo por diversos autores. Nessa 
aula, será abordada a classificação por José Afonso da Silva, adotada pelo 
STF e pela doutrina majoritária. 
1.3.1 Classificação por José Afonso da Silva 
De acordo com esse autor, a eficácia das normas constitucionais pode 
ser classificada como plena, contida ou limitada. 
As de eficácia plena são aquelas que, nos dizeres de Moraes15 (2007, 
p.7), desde a sua entrada em vigor, produzem, ou têm possibilidade de 
produzir, todos os efeitos essenciais, relativamente aos interesses, 
comportamentos e situações, que o legislador constituinte direta e 
normativamente, quis regular. Como já estão aptas a produzirem seus 
efeitos, dispensam a existência de norma integrativa infraconstitucional, ou 
seja, são autoaplicáveis. 
Também têm como característica a aplicabilidade direta 
(autoaplicabilidade), imediata (produzem efeitos desde a sua entrada em 
vigor) e integral (não são passíveis de restrição). 
 
São exemplos dessa categoria as normas que estabelecem 
competências dos entes federados e as relativas à repartição de competências 
tributárias. Segue um dos artigos da CF 88 que se enquadra nessa categoria: 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
As de eficácia contida ou prospectiva são aquelas que também 
possuem aplicabilidade direta e imediata, uma vez que quando em vigor 
já se encontram aptas a produzirem todos os seus efeitos, mas 
 
14 TEMER, Michel. Elementos do direito constitucional. 14ª Ed. revista e ampliada, Malheiros, 
1998, pg. 23. 
15 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 21. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 
 
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possivelmente não integral, já que podem ter sua abrangência limitada 
pelo poder público, o que parte da doutrina classifica como reserva de lei 
restritiva. De acordo com Alexandrino e Paulo16 (2017, p.58), essas 
restrições podem ser impostas: 
1. Pelo legislador infraconstitucional (exemplo: art. 5º, incisos VIII 
e XIII); 
2. Por outras normas constitucionais (exemplo: art. 136 – 
decretação de Estado de Defesa, limitando direitos fundamentais); 
3. Como decorrência do uso, na própria norma constitucional, de 
conceitos éticos-jurídicos consagrados, que comportam um 
variável grau de indeterminação, tais como ordem pública, 
segurança nacional, integridade nacional, bons costumes, 
necessidade ou utilidade pública, etc. Dada a relativa 
indeterminação, o poder público pode, a depender do conceito 
estabelecido, limitar a abrangência de uma norma constitucional. 
É importante saber que, enquanto a norma constitucional de eficácia 
contida não tenha a sua abrangência restringida, ela terá eficácia plena, 
podendo o direito por ela assegurado ser plenamente exercitável desde sua a 
promulgação. 
Finalmente, falemos sobre as normas de eficácia limitada. São as que 
com a sua entrada em vigor não tem condições de produzir todos os seus 
efeitos, dependo para isso de legislação futura. São, portanto, de 
aplicabilidade indireta, mediata e reduzida. Indireta, pois não asseguram, 
diretamente, o exercício do direito, dependendo de norma regulamentadora 
para tal; mediata, pois produzem seus efeitos essenciais ulteriormente, 
depois do advento da norma regulamentadora; e reduzida, devido ao fato de 
que ao entrarem em vigor têm somente eficácia mínima. 
 
Deve estar muito claro para você que: 
• Normas de eficácia contida: leis podem restringir-lhes o efeito; 
• Normas de eficácia limitada: leis podem ampliar-lhes o efeito. 
Segundo José Afonso da Silva, as normas de eficácia limitada dividem-
se em normas de princípio institutivo ou organizativo e normas de 
princípio programático.16 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 16ª 
edição. Ed. Método, 2017, p. 58. 
 
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As de princípio institutivo são aquelas em que o legislador 
constituinte estabelece estruturas ou atribuições de órgãos, instituições ou 
entidades, para que, futuramente, sejam regulamentadas mediante lei. Para 
deixar o conceito mais claro, segue um exemplo retirado do art. 91 da CF 88: 
§ 2º A lei regulará a organização e o funcionamento do Conselho de 
Defesa Nacional. 
Ainda falando das normas de princípio institutivo, podemos subdividi-
las em impositivas ou facultativas. As impositivas, como o nome sugere, 
impõem a necessidade de edição de norma integrativa. Como exemplo, art. 
88 da CF 88: 
Art. 88. A lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos 
da administração pública. 
As facultativas, ao contrário das anteriores, deixam aberta a 
possibilidade de regulamentação legal. Mais um exemplo para facilitar o 
entendimento, extraído do art. 22 da CF 88: 
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
[...] 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a 
legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste 
artigo. 
Diferentemente das normas de eficácia limitadas definidoras de 
princípio institutivo, as normas de princípio programático, presentes em 
Constituições Dirigentes, estabelecem programas e diretrizes a serem 
instituídos pelos órgãos estatais. Visam à concretização dos objetivos sociais, 
tais como o direito à educação, saúde, justiça social, etc. 
Como exemplos de normas de princípio programático, temos o caput do 
art. 217 e o inciso X do art. 7.º, ambos da CF 88: 
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e 
não-formais, como direito de cada um, observados: 
[...] 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
[...] 
X - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos 
específicos, nos termos da lei; 
As normas programáticas, como legítimas representantes do grupo das 
normas de eficácia limitada, possuem somente eficácia indireta, mediata e 
reduzida. Isso implica dizer que só produzirão efeitos de maneira plena com a 
regulamentação ou concretização dos planos por ela propostos. 
É necessário nesse momento que você recorde o que eu falei sobre 
eficácia jurídica. Pelo simples fato de constarem na constituição, essas 
normas já dispõem de uma certa capacidade de produzirem efeitos, 
 
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externalizada pela sua eficácia negativa, por servirem como parâmetro 
interpretativo de dispositivo constitucional e por possuírem efeito 
vinculativo. 
 A eficácia negativa possibilita a essas normas, além revogar 
disposições contrárias ou incompatíveis com os seus dispositivos, vigentes no 
ordenamento jurídico anterior à nova ordem constitucional (efeito 
paralisante), funcionam como marco constitucional, ensejando declaração 
de inconstitucionalidade do direito superveniente que seja com ela 
incompatível (efeito impeditivo). 
Servem também como parâmetro de interpretação da constituição, 
uma vez que indicam os objetivos do poder constituinte e expressam os 
princípios estruturantes do Estado Social. 
Finalmente, possuem efeito vinculativo, pois impõem ao legislador 
infraconstitucional a necessidade de sua atuação para a concretização do 
direito previsto pela norma e impõem ao Estado a necessidade de 
implementação desses programas. 
 
2. Classificação das constituições 
Ainda que, doutrinariamente, não exista uma posição consensual, 
vejamos as principais classificações das constituições para fins de concursos. 
2.1 Quanto à origem 
▪ Outorgada: é a constituição imposta, de maneira unilateral. É elaborada e 
estabelecida sem a participação do povo. São exemplo as constituições 
brasileiras de 1824, 1937, 1967 e 1969. 
▪ Promulgada (popular ou votada ou democrática): contam com a 
participação popular. Se origina do trabalho de um órgão constituinte 
composto de representantes do povo, eleitos com a finalidade de elaborar e 
estabelecer aquela Constituição. São exemplos as constituições brasileiras 
de 1891, 1934, 1946 e 1988 foram promulgadas. 
▪ Cesarista: assim como a outorgada, são unilateralmente elaboradas pelo 
detentor do poder, contudo dependem de ratificação popular por meio de 
referendo. Apesar da população ser convocada a referendar o documento, 
considera-se esse modelo como não democrático, pois a referida 
participação é apenas formal, já que o documento encontra-se pronto e 
sem possibilidade de nenhuma mudança. 
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2.2 Quanto à forma 
▪ Escrita (instrumental): é a constituição na qual os documentos são 
escritos, inseridos de forma sistematizada e em um único documento, de 
forma codificada. 
▪ Não escrita (ou costumeira, ou consuetudinária): é aquela que não é 
solenemente elaborada por um órgão especificamente encarregado da 
tarefa e que também não está codificada em documentos formais. Se 
baseia principalmente nos costumes, na jurisprudência e em convenções e 
em textos constitucionais esparsos. Como vimos na nossa introdução, as 
constituições escritas começaram a surgir a partir do final do século XVIII. 
Até então preponderavam as Constituições costumeiras. 
2.3 Quanto ao modo de elaboração 
▪ Dogmática: são sempre escritas, elaboradas numa situação específica, 
historicamente determinada, por um órgão competente. Refletem as ideias 
ou dogmas vigentes naquele momento. Podem ser ortodoxas (baseadas 
em uma só ideologias) ou heterodoxas ou ecléticas (agrega diferentes 
correntes ou ideologias). 
▪ Histórica (ou costumeira): são sempre uma constituição não escrita, 
resulta de lenta transformação histórica e da evolução das tradições. 
Representam, pois, uma síntese histórica dos valores consagrados pela 
sociedade. As constituições históricas tendem a ser mais estáveis, uma 
vez que são fruto de um amadurecimento mais lento, levando em 
consideração valores consolidados no seio da sociedade. 
2.4 Quanto à alterabilidade ou estabilidade 
▪ Rígida: como já vimos, é aquela cujo processo de modificação possui 
exigências formais especiais, mais difíceis do que os exigidos para a 
formação e modificação das demais leis. 
▪ Flexível (ou plástica): é aquela que pode ser modificada pelo mesmo 
processo de elaboração e modificação das demais leis do ordenamento 
jurídico. 
▪ Semirrígida: mescla os dois critérios anteriores. Coexistem, na mesma 
constituição, normas que demandam procedimento especial para a sua 
alteração e normas que podem ser modificadas pelo procedimento 
ordinário. 
2.5 Quanto à extensão 
▪ Concisa (sintética, breve, sumária ou sucinta): aborda os assuntos de 
forma sucinta, deixando o detalhamento a cargo da legislação 
 
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complementar. Além disso, trata somente sobre assuntos de grande 
relevância, como os princípios constitucionais gerais, regras básicas de 
organização e funcionamento do sistema jurídico estatal. 
▪ Prolixa (analítica, extensa, ampla ou desenvolvida): é a de conteúdo 
extenso, que, além dos assuntos característicos de um texto constitucional, 
versa sobre outras matérias, alheias ao direito constitucional propriamente 
dito, mas consideradas como relevantes pelo legislador constitucional. 
Ainda, trata de maneira pormenorizada sobre alguns assuntos, que melhor 
caberiam em normas infraconstitucionais. 
2.6. Quanto ao conteúdo 
▪ Material (ou substancial): é aquela em que serão constitucionais 
somente as matérias cujo conteúdo seja essencialmente constitucional, por 
exemplo, a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos 
fundamentais. O que interessa é o conteúdo da norma, sendo irrelevante o 
modo como as normas foram elaboradas. 
▪ Formal: é aquela que leva em consideração apenas o processo de 
formação, não o conteúdo (matéria) das normas. Ou seja, se ela passou 
por um processo mais solene, mais dificultoso de formação (constituição 
rígida), será formalmente constitucional, não importando sobre que matéria 
venha a tratar. Numa constituição escrita e rígida podemos encontrar: 
▪ Normas formal e materialmente constitucionais são as que, além 
constarem na constituição, satisfazendo o critério formal, versam sobre 
a assuntos essenciais à organização e funcionamento do Estado e sobre 
questões fundamentais à sociedade. 
▪ Normas apenas formalmente constitucionais, apesar de estarem 
inseridas na constituição, não tratam de assuntos a ela atinentes. 
2.7 Quanto à finalidade 
▪ Constituição Garantia: é a aquela cuja principal preocupação é proteger 
os direitos individuais frente aos demais indivíduos e, especialmente, frente 
ao Estado. Impõe limites à ingerência do Estado na esfera individual, por 
isso também chamada de constituição negativa, remetendo à obrigação de 
não-fazer por parte do Estado. Essas características coincidem com as 
constituições de caráter nitidamente liberal, conforme tratado na 
introdução. 
▪ Constituição Balanço (constituição registro): é a que se destina a 
registrar um dado estágio das relações de poder no Estado. Sua 
preocupação é disciplinar a realidade do Estado num determinado período, 
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retratando o arranjo das forças sociais que estruturam o Poder17. É própria 
dos regimes socialistas. 
▪ Constituição Dirigente (Programática ou Compromissória): é aquela 
que, contrapondo-se às constituições-garantia, define programas, planos, 
diretrizes a serem implementados pelo Estado. É a própria constituição que 
estabelece os programas para guiar a atividade estatal e as metas a serem 
perseguidas pelo Estado. 
A característica marcante das constituições dirigentes é a existência de 
normas constitucionais de princípio programático em seu texto. Esse 
tipo de norma, estabelece os objetivos e diretrizes a serem perseguidos 
pelos órgãos estatais, visando à concretização dos objetivos sociais, tais 
como o direito à educação, saúde, justiça social. 
2.8. Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico ou 
classificação de Karl Loewenstein) 
▪ Normativa: é a que existe perfeita sintonia entre o texto constitucional e a 
situação política e social do Estado, ou seja, o que consta na constituição, 
seja estabelecendo direitos, seja limitando o poder do Estado, reproduz-se 
fielmente na vida social. 
▪ Constituição Nominal ou Nominativa: é a que, embora tenham sido 
criadas com o claro intuito de regular a vida do Estado, ainda não 
conseguiram cumprir essa função. Ou seja, o que está na constituição, não 
é exatamente a realidade política e social do Estado. 
▪ Constituição Semântica: é a criada com o objetivo de justificar a 
dominação daqueles que exercem o poder político. Desde a sua elaboração, 
não objetivam regular a realidade política e social do Estado, nem 
tampouco limitar o seu poder. É típica de estados ditatoriais. 
2.9 Quanto ao conteúdo ideológico 
▪ Liberal: correspondem às constituições-garantia, uma vez que se 
preocupam primordialmente com a não interferência do Estado na vida dos 
indivíduos. 
▪ Social: além das prerrogativas atinentes à liberdade, características das 
constituições liberais, estabelecem a necessidade de uma atuação positiva 
por parte do Estado, destacando a importância dos direitos sociais e da 
busca da igualdade substancial (material). Conceito que guarda estreita 
relação com as Constituições Dirigentes. 
 
17 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 16ª 
edição. Ed. Método, 2017, p. 22. 
 
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2.10 Quanto à sistemática 
▪ Codificadas (reduzida): aquelas cujas normas se encontram em um só 
documento, ao invés de se encontrarem distribuídas em vários documentos 
esparsos; 
▪ Legais (variadas): aquelas cujo conjunto está distribuído em vários 
documentos e textos esparsos, formada de várias leis constitucionais. 
 
2.11 Classificação da CF 88 
Agora que você já conhece a classificação das constituições, vejamos 
qual a posição da CF 88 em cada uma delas. 
Existe um mnemônico nesse tópico da matéria: P.E.D.R.A Formal. Ele 
irá te ajudar a decorar a parte mais cobrada desse assunto. Eu explico: 
1. Quanto à origem: Promulgada ou Democrática; 
2. Quanto à forma: Escrita; 
3. Quanto ao modo de elaboração: Dogmática; 
4. Quanto à alterabilidade ou estabilidade: Rígida; 
5. Quanto à extensão: Analítica; 
6. Quanto ao conteúdo: Formal; 
Além dessas, temos também como relevantes: 
7. Quanto à finalidade: Dirigente; 
8. Quanto à correspondência com a realidade (critério ontológico) 
ou à essência: Nominal; 
9. Quanto ao conteúdo Ideológico: Social; 
10. Quanto à sistemática: Codificada. 
 
Para facilitar a sua memorização seguem breves explicações: 
1. Promulgada, uma vez que foi fruto do trabalho da Assembleia Nacional 
Constituinte, órgão constituinte composto de representantes do povo; 
2. Escrita, já que as normas constitucionais estão escritas, sistematizadas, 
num documento único. 
3. Dogmática, pois foi gerada pelo órgão constituinte, num momento 
específico, de acordo com a ideologia reinante à época. 
4. Rígida, pois exige procedimento mais dificultoso para alterações em seu 
conteúdo, conforme previsto no art. 60, §2°, já transcrito nessa aula; 
5. Analítica (prolixa), pois apresenta conteúdo extenso (mais de 350 
artigos, considerando também a parte transitória), inclusive detalhando 
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demasiadamente sobre algumas matérias, não necessariamente típicas 
de uma constituição. 
6. Formal, pois o seu texto foi elaborado por órgão solenemente 
convocado para o assunto, cujo procedimento de modificação, devido à 
sua rigidez, é considerado especial. Como, na nossa constituição, não é 
o “assunto” propriamente dito que determinará se a norma é ou não 
constitucional, podemos nelaidentificar tanto normas material e 
formalmente constitucionais e como também normas apenas 
formalmente constitucionais18. 
7. Dirigente, devido à intensa presença de normas programáticas. 
8. Nominal: a CF 88 nasceu com a proposta de ser normativa (aquela que 
se encontra perfeitamente alinhada à realidade política e social do país), 
mas não conquistou essa finalidade, sendo, pois, exemplo de 
constituição nominalista19. 
9. Social, devido à fixação de deveres ao Estado, que, por meio das 
políticas públicas, deverão assegurar a plena eficácia dos direitos 
previstos na própria constituição. 
10. Codificada, visto que materializada em um só código, de maneira 
concentrada. Importante observar que, com a Emenda Constitucional 
45/2004, possibilitou-se que tratado internacional sobre direitos 
humanos tenha status de constitucional, ainda que não esteja inserido 
formalmente na CF 88. Daí parte da doutrina ter começado a admitir a 
migração da CF 88 para a classificação escrita legal (a que se constitui 
por documentos esparsos). 
De maneira esquematizada: 
 
18 Exemplo de norma formalmente constitucional: “Art. 242 § 2º da CF/88 - O Colégio Pedro 
II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.” 
19 MASSON, Nathalia – Manual de Direito Constitucional, 5ª Edição, 2017, Editora 
JusPODIVM, 2017, p. 46. 
 
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3. A Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, promulgada 
em 5 de outubro de 1988, foi definida por Ulisses Guimarães como 
Constituição Cidadã devido à participação popular durante a sua elaboração e 
pela sua busca pelo fortalecimento da cidadania. Foi fruto do trabalho da 
Assembleia Nacional Constituinte, organismo criado com a incumbência de 
propor uma nova Constituição. 
A CF 88 é formada por três partes essenciais: o preâmbulo, a parte 
dogmática e o Ato das Disposições Transitórias (ADCT). Cada uma dessas 
partes será objeto de explicação nos próximos itens. 
 
3.1 Composição 
3.1.1 Preâmbulo 
O preâmbulo, parte inicial da CF 88, apresenta a seguinte redação: 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional 
Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o 
exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores 
supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, 
fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob 
a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA 
FEDERATIVA DO BRASIL. 
Conforme se depreende de sua leitura, o preâmbulo expressa as 
intenções do poder constituinte originário. Serve como elemento 
Classificação da CF 88: P.E.D.R.A Formal
Promulgada (origem)
Escrita (forma)
Dogmática (modo de elaboração)
Rígida (estabilidade)
Analítica (extensão)
Formal (conteúdo)
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orientador na interpretação do texto constitucional, pois revela os 
princípios e valores fundamentais tomados como base para a sua construção. 
Em que pese a existência de discussão doutrinária sobre se o 
preâmbulo é parte integrante da constituição (o que possibilitaria, por 
exemplo, a declaração de inconstitucionalidade de uma lei com base no seu 
disposto), o Supremo Tribunal Federal já decidiu, em mais de uma 
oportunidade, que o preâmbulo não é norma constitucional. 
 
De maneira resumida e de acordo com as decisões do STF, o 
preâmbulo da CFRB 8820: 
1. Não é norma constitucional, nem tem força normativa, 
apresentando-se desprovido de relevância jurídica e força cogente21; 
2. Não é norma de observância obrigatória pelos demais entes 
federativos; 
3. Não deve ser usada como parâmetro para o controle de 
constitucionalidade; 
4. Não constitui limitação à atuação do poder constituinte derivado, 
ao modificar texto constitucional. 
Vistas essas características, pode-se afirmar que no Brasil prevalece a 
tese da IRRELEVÂNCIA JURÍDICA. De acordo com essa teoria, o 
preâmbulo não é norma, nem se situa no âmbito do direito, podendo se 
inserir no âmbito da política ou no âmbito histórico. Sua principal 
contribuição é como parâmetro interpretativo da constituição. Vejamos 
agora a decisão do STF que corrobora a teoria explorada nesse item: 
 
 
1. ADI 2.076: em Ação Direta de Inconstitucionalidade movida por partido 
político, contra a Assembléia Legislativa do Acre, por omissão no 
preâmbulo da Constituição daquele estado da expressão “sob a proteção de 
Deus”, o STF decidiu que o Preâmbulo não constitui norma central e não se 
trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não 
tendo força normativa. Consequentemente, a invocação da proteção de 
Deus, presente no preâmbulo da CF 88, não é norma de reprodução 
obrigatória na constituição estadual. 
 
20 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado, 5ª 
edição. Ed. Método, 2010, p. 34. 
21 Normas cogentes são aquelas que devem ser integralmente cumpridas, tornando seu 
cumprimento obrigatório de maneira coercitiva, mesmo que venha a constranger a vontade 
do indivíduo a que se aplica. 
JURISPRUDÊNCIA STF 
 
 
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3.1.2 Parte Dogmática 
Essa parte é o coração da CF 88. É composta por 250 artigos, 
distribuídos em nove títulos. É também chamada de “Parte Permanente”, 
em contraposição às normas do ADCT, que, como o próprio nome já diz, 
possuem natureza transitória. 
Nessa parte estão dispostas as normas que regem os princípios 
fundamentais, os direitos e garantias individuais, organização do Estado, 
organização dos poderes, etc. Boa parte desses assuntos será visto em 
detalhes no nosso curso. 
Além das normas de cunho materialmente constitucional, citadas no 
item anterior e que tratam, basicamente, sobre a estrutura, atribuições e 
competências dos órgãos supremos e das instituições fundamentais do 
Estado, a nossa constituição apresenta também normas com conteúdo 
programático, bem como normas de conteúdo apenas formalmente 
constitucional22. 
 
3.1.3 Ato das Disposições Transitórias (ADCT) 
São normas cuja utilidade básica é integrar um regime 
constitucional anterior a um regime novo. Entretanto, essa parte da 
nossa Carta Magna não se limita a isso, pois apresenta também normas cuja 
eficácia jurídica perdurará somente até que a situação nela prevista venha a 
ocorrer ou até a ocorrência de algum evento específico23. Uma vez produzidos 
os seus efeitos, a sua eficácia é exaurida e o dispositivo passa a apresentar 
somente valor histórico. 
 
22 Exemplo de norma formalmente constitucional: “Art. 242 § 2º da CF/88 - O Colégio Pedro 
II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal.” 
23 Exemplo: “Art. 5º. Não se aplicam às eleições previstas para 15 de novembro de 1988 o 
disposto no art.16 e as regras do art. 77 da Constituição.” 
Preâmbulo
Não é norma constitucional, nem tem força normativa
Não é norma de observância obrigatória pelos demais entes
federativos
Não deve ser usada como parâmetro para o controle de 
constitucionalidade
Não constitui limitação à atuação do poder constituinte 
derivado, ao modificar texto constitucional
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Importante para a sua prova. As normas do ADCT são formalmente 
constitucionais. O que implica, por exemplo, na sua validade como 
parâmetro para declaração de inconstitucionalidade de uma lei que venha a 
contrariá-la e na exigência de que se obedeça, para que sejam alteradas, o 
mesmo rito especial previsto para a alteração das normas da parte 
dogmática. Conforme falamos anteriormente, não existe hierarquia entre os 
dispositivos que constam da parte dogmática e os que constam do ADCT. 
 
 
CESPE – 2011 – EBC – Analista Advocacia 
Julgue o item seguinte, relativo às normas constitucionais. 
As normas previstas no Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias possuem natureza de norma constitucional. 
Comentário: 
As normas do ADCT têm natureza constitucional, possuindo a mesma 
hierarquia das normas constantes da parte dogmática. 
Gabarito: Item CERTO. 
CESPE – 2011 – EBC – Analista Advocacia 
Julgue o item seguinte, relativo às normas constitucionais. 
O preâmbulo da Constituição Federal não faz parte do texto 
constitucional propriamente dito e não possui valor normativo. 
Comentário: 
Exatamente. Revisemos as características do preâmbulo: 
• Não é norma constitucional, nem tem força normativa; 
• Não é norma de observância obrigatória pelos demais entes 
federativos; 
• Não deve ser usada como parâmetro para o controle de 
constitucionalidade; 
• Não constitui limitação à atuação do poder constituinte derivado, 
ao modificar texto constitucional. 
Gabarito: Item CERTO. 
CESPE – 2014 – Câmara dos Deputados – Analista Legislativo 
À luz dos princípios fundamentais de direito constitucional positivo 
brasileiro, julgue o item a seguir. 
Quando um estado da Federação deixa de invocar a proteção de 
 
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Deus no preâmbulo de sua constituição, contraria a CF, pois tal 
invocação é norma central do direito constitucional positivo 
brasileiro. 
Comentário: 
Cobrou-se a jurisprudência prolatada na ADI 2.076, em que o STF entendeu 
que o Preâmbulo não é norma de reprodução obrigatória na Constituição 
estadual, não constitui norma central e não tem força normativa. 
Consequentemente, a invocação da proteção de Deus, presente no 
preâmbulo da CF 88, não é norma de reprodução obrigatória na constituição 
estadual. 
Gabarito: Item ERRADO. 
 
 
3.3 Princípios Fundamentais da CF 88 
Vamos iniciar o estudo do Título I da nossa Carta Magna: “Dos 
Princípios Fundamentais”. Os Princípios Fundamentais, compostos pelos 
artigos 1º a 4º da CF 88, estabelecem as bases políticas, sociais, 
administrativas e jurídicas da RFB. De acordo com Bulos24, os princípios 
buscam: garantir a unidade da nossa constituição, orientar a ação do 
intérprete, tanto particulares quanto dos três Poderes, e preservar o Estado 
Democrático de Direito. 
Os princípios podem ser explícitos ou implícitos. No primeiro caso 
estão previstos de maneira expressa na constituição. No segundo caso, como 
não encontram previsão expressa, são deduzidos pelos intérpretes a partir 
das normas explícitas. São exemplos de princípios implícitos o Princípio da 
presunção de constitucionalidade dos atos do Poder Público, o da 
proporcionalidade e o da supremacia da constituição. Aproveitando, 
saiba que não existe hierarquia entre os explícitos e os implícitos. 
Uma outra dica: todos os artigos do título I são Princípios 
Fundamentais. Logo, se a banca te perguntar se algum Objetivo 
Fundamental da RFB (art. 3º) é um direito fundamental, você vai responder 
que sim, ok? 
 
 
Pessoal, como eu falei, os art. 1° a 4° da nossa constituição tratam sobre os 
princípios. Entretanto, para que você possa se situar, é necessário que nos 
 
24 BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. 10ªed. São Paulo: Saraiva, 2017, 
p. 507. 
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aprofundemos um pouco mais no assunto. 
O direito se expressa por meio de normas. Dentro das normas, como espécies 
desse gênero, encontram-se as regras e os princípios. 
 As regras são encontradas em qualquer dispositivo legal. São requisitos 
objetivos, de caráter concreto e normalmente disciplinam uma situação 
específica. Se o caso se enquadra no regramento, a regra é aplicada, caso 
contrário, não será (tipo “tudo” ou “nada”). No caso de colisão entre regras, 
aplica-se uma em detrimento da outra; só uma delas irá prevalecer. 
No que pese os princípios serem alvo de crítica por alguns doutrinadores, é 
inegável a importância deles no atual cenário jurídico, principalmente com o 
fortalecimento do neoconstitucionalismo. Essa importância pode ser 
comprovada pelo seu uso frequente como fundamentação de decisões 
judiciais. 
 Os princípios são de natureza mais abstrata e orientam a interpretação e 
a aplicação do direito. São mais vagos; assim sendo, dependem da 
intervenção do legislador ou intérprete para revelação do seu real alcance. 
Representam diretrizes gerais, apresentando campo de incidência mais amplo 
que as regras. Possuem as seguintes funções: normativa (apresentam 
normas – compõem o ordenamento jurídico), interpretativa (auxiliam na 
interpretação do direito) e integrativa (auxiliam no suprimento de lacunas). 
No caso de conflito entre princípios, pondera-se o prevalecimento de um 
sobre o outro, resolvendo-se a questão de acordo com os valores envolvidos. 
O intérprete, à vista do caso concreto, irá aferir o peso que cada princípio 
deverá desempenhar na situação, buscando sempre a máxima preservação 
dos valores envolvidos. 
Nessa linha, podemos afirmar que não existe hierarquia entre eles nem 
princípio absoluto. O limite de um princípio é imposto pelos demais 
princípios. 
Um último esclarecimento: não existe hierarquia entre regra e princípio. 
No nosso ordenamento jurídico as questões são resolvidas tanto com o uso dos 
princípios quanto com o uso das regras, a depender do caso em análise. 
Retornando, o art. 1º trata dos FUNDAMENTOS da RFB e tem a 
seguinte redação: 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania 
III - a dignidade da pessoa humana; 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político. 
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de 
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
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 Professor MARCIO DAMASCENO www.voceconcursado.com.br 30Para seu estudo dos princípios fundamentais, meu conselho para você 
é: MEMORIZE!!!! Sempre que possível, no nosso estudo, vou dar uma dica 
para te ajudar nessa tarefa. O mnemônico do art. 1º, acredito que o mais 
conhecido de todos, quase que separa quem é concurseiro das demais 
pessoas “normais”. É o famoso: SO-CI-DI-VA-PLU. 
 
 
Desse primeiro artigo podemos destacar os seguintes pontos: 
O Brasil adota, como FORMA de GOVERNO25 a REPÚBLICA, 
consagrado na nossa constituição como princípio constitucional sensível26; 
Adota como FORMA de ESTADO24 a FEDERAÇÃO, estabelecida pela 
nossa Carta Magna como cláusula pétrea; 
“Formada pela União indissolúvel dos Estados, municípios e DF”. 
Pessoal, essa indissolubilidade é característica da forma de Estado Federativa. 
Significa dizer que, por exemplo, um Estado não pode romper o pacto 
federativo e criar um novo país. Em outras palavras, é vedado o direito à 
secessão. 
É necessário que você esteja atento à cobrança literal desse dispositivo. 
Você notou que a União não foi citada de maneira explícita como integrante 
da RFB? Mas isso não quer dizer, de maneira alguma, que a União não faça 
parte da RFB (ver CF 88, art. 18, caput). Cuidado com isso, pois pode gerar 
alguma insegurança ao enfrentar uma alternativa em que não conste a União 
como parte integrante da RFB. 
“Constitui-se em Estado Democrático de Direito”. Desse 
dispositivo, extrai-se o Regime Político adotado pelo Brasil: a Democracia. 
 
25 Pessoal, esse assunto será explicado com detalhes na aula de Organização do Estado. 
26 Os princípios constitucionais sensíveis são apresentados no artigo 34, inciso VII, da CF 88. 
Têm como caraterística especial o fato de, quando infringidos, ensejarem a sanção mais 
gravosa imposta a um Estado da Federação: a perda da sua autonomia, resultante da 
decretação de uma intervenção federal. 
FUNDAMENTOS da RFB: SO.CI.DI.VA.PLU
SO: Soberania
CI: Cidadania
DI: Dignidade da pessoa humana
VA: Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
PLU: Pluralismo político
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Esse Regime assenta-se em dois princípios fundamentais: a soberania 
popular e a participação do povo no poder (direta ou indiretamente)27. 
 Com a consagração do princípio democrático, nasce o Estado 
Democrático de Direito. 
O Estado Democrático de Direito é fruto do amadurecimento de 
conceitos como o “Estado de Direito”, em que se buscava a limitação dos 
poderes do Estado, característico das constituições liberais e do “Estado 
Democrático”, que ressaltava a participação popular no exercício do poder. 
Entretanto, esse novo paradigma foi além. Trata-se de um modelo em que as 
leis, a que todos devem obediência, oferecem uma proteção jurídica 
objetivando garantir o efetivo exercício das liberdades civis, direitos 
humanos e garantias fundamentais. É, portanto, um modelo em que se busca 
a efetiva implantação das condições necessárias ao pleno exercício dos 
direitos fundados na dignidade da pessoa humana28. 
A previsão do regime Democrático é reforçada pelo parágrafo único do 
art. 1°, ao prever que todo poder emana do povo. Também decorre desse 
parágrafo o fato que na RFB vigora a democracia semidireta ou 
participativa. Nesse sistema temos características da democracia 
representativa (indireta), aquela em que o poder do povo é exercido por meio 
de seus representantes, e da democracia direta, materializada, por exemplo, 
por meio do plebiscito, referendo e pela iniciativa popular. 
Entrando nos incisos do art. 1°, encontramos como primeiro 
fundamento a soberania, que, segundo Marcelo Caetano29, significa: 
"um poder político supremo e independente, entendendo-se por poder 
supremo aquele que não está limitado por nenhum outro na ordem 
interna e por poder independente aquele que, na sociedade 
internacional, não tem de acatar regras que não sejam 
voluntariamente aceitas e está em pé de igualdade com os poderes 
supremos dos outros povos" 
Decorre desse poder a capacidade de editar as suas próprias normas, 
principalmente sua própria constituição, de modo que qualquer regramento 
externo só será recepcionado nos termos e condições previstos na própria 
constituição, tal como a submissão a tratados e convenções internacionais. 
Em âmbito interno, diz-se que a soberania é ilimitada. Embora 
existam vozes que afirmem ser ela limitada pelos direitos naturais 
(conjunto de normas e direitos que já nascem incorporados ao homem, como 
o direito à vida) e pelo direito grupal (princípios morais que determinados 
 
27 BERNARDES, Juliano Taveira. FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito 
Constitucional, 7ª edição, Tomo I. Ed. JusPODIVM. 2017, p.50. 
28 BERNARDES, Juliano Taveira. FERREIRA, Olavo Augusto Vianna Alves. Direito 
Constitucional, 7ª edição, Tomo I. Ed. JusPODIVM. 2017, p.184. 
29 Caetano, Marcelo. Direito Constitucional. 2. Ed. Rio de Janeiro:Forense. 1987, p. 169 v.1. 
 
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grupos sociais, como a família). Segundo Bernardes e Ferreira30 (2017, 
p.185), no plano externo, a soberania encontra limites no princípio da 
coexistência pacífica das soberanias estatais, implicando a necessidade de 
que se respeitem as decisões de outros Estados soberanos. 
Temos no segundo inciso a cidadania. Modernamente, esse conceito 
abrange tanto os relacionados à capacidade política – capacidade eleitoral 
ativa (votar) e passiva (ser eleito) – quanto os ligados à efetiva participação 
do cidadão nos negócios do Estado. Essa participação pode se dar através 
da fiscalização, monitoramento e controle das ações da Administração Pública 
pelos cidadãos, exercendo o chamado Controle Social. No entendimento do 
Supremo31, também implica deveres, tais como o de se opor a ordem ilegal, 
ainda que emanada de autoridade judicial. 
No inciso III temos a Dignidade da Pessoa Humana. Consagra o ser 
humano como elemento central do Estado. Consiste num valor fonte no 
ordenamento jurídico, do qual decorrem uma série de outros princípios, tais 
como direito a vida, intimidade, etc. Nesse sentido, é classificado por muitos 
doutrinadores como um “sobreprincípio”. 
Segundo Alexandre de Moraes32: 
A dignidade é um valor espiritual e moral inerente a pessoa, que se 
manifesta singularmente na autodeterminação consciente e 
responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito 
por parte das demais pessoas, constituindo-se um mínimo 
invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, 
somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício 
dos direitos fundamentais, mas sempre "sem menosprezar a 
necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres 
humanos. 
Como você perceberá nos julgados abaixo destacados, o STF já pôde se 
manifestar em inúmeras oportunidades sobre a importância desse princípio. 
Seguem alguns exemplos. 
O STF decidiu editar súmula vinculante nº 11 para deixar claro que o 
uso de algemas somente deve ocorrer em casos excepcionalíssimos. A Corte 
entendeu que o uso desnecessário das algemas fere o princípio da 
dignidade humana, bem como direitos e garantias individuais previstos no 
artigo 5º da Constituição Federal. 
 
30 BERNARDES, Juliano Taveira.

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