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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Química Geral Aula 5 Prof. Arion Zandoná Filho CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Na aula de hoje abordaremos eletroquímica. A eletroquímica é a parte da química que estuda a relação entre a corrente elétrica e as reações químicas de transferências de elétrons (reações de oxirredução). Há vários casos de interesse particular para a Eletroquímica. Um deles é o emprego controlado de reações espontâneas de oxirredução para gerar corrente elétrica (como ocorre nas pilhas e baterias). Denomina-se cela galvânica um dispositivo no qual a ocorrência espontânea de uma reação de oxirredução permite a geração de corrente elétrica. Vamos entender como esse mecanismo funciona e o associaremos ao nosso dia a dia. Pronto para começar? No material online, o professor Arion Zandoria apresenta os tópicos que serão abordados nesta aula. Não perca! Contextualizando Olhe ao seu redor e veja como a eletroquímica está presente no nosso cotidiano. Podemos encontrá-la em pilhas e baterias utilizadas em aparelhos eletrônicos, como celular, controle remoto, lanternas, filmadoras, calculadoras, brinquedos, rádios, computadores, e em muitos outros equipamentos. Ela também está presente em macroestruturas, como na rede elétrica que é distribuída para as nossas casas e na fotoquímica dos geradores alternativos de energia. Perceba que o mundo precisa cada vez mais de desse tipo de energia e, consequentemente, de mais tecnologia para produzi-la. A eletroquímica é uma área da química que estuda as reações de oxidação e redução (REDOX) que produzem corrente elétrica por meio das trocas de elétrons entre os átomos e os íons. O Conceito de Eletricidade A corrente elétrica é um fluxo de partículas carregadas. Essas partículas podem ser idênticas como no caso do metal em que os elétrons de valência (também chamados elétrons livres) se movimentam por meio da rede cristalina de cátions vibrando. Neste caso, o processo é chamado de condução eletrônica CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 ou metálica. Porém, normalmente duas ou mais classes de partículas participam desse processo de condução, assim como em uma solução eletrolítica, na qual os íons de ambos sinais se movimentam em um processo chamado de condução iônica ou eletrolítica. Uma das principais características dos sólidos metálicos é a facilidade de transportar corrente em temperatura ambiente, já que os cernes iônicos positivos num cristal de um condutor metálico vibram em torno das respectivas posições de equilíbrio e têm, portanto, energia cinética. Os elétrons livres trocam continuamente energia com os íons da rede por meio de colisões elásticas e inelásticas. Quando não há um campo elétrico exterior, o movimento dos elétrons é aleatório, e sem o movimento preferencial dos elétrons numa determinada direção, não há uma corrente elétrica global. Portanto, a corrente elétrica só ocorrerá em um movimento ordenado de cargas elétricas através de um condutor elétrico. Se um campo elétrico de intensidade E for aplicado ao condutor, os elétrons serão acelerados até uma determinada velocidade no sentido oposto ao do campo aplicado. Assim, os elétrons colidem periodicamente com os cernes iônicos na rede e perdem energia cinética. Observe isso na figura a seguir: A região do espaço onde existe uma força elétrica recebe o nome de campo elétrico. Essa força permite que as cargas se movimentem por meio de uma fonte qualquer de corrente contínua (um gerador ou uma bateria). Quando um campo é aplicado a um metal, os elétrons migram transportando carga CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 negativa. Porém, o condutor mantém a neutralidade elétrica porque os elétrons que saem de uma região são substituídos por outros elétrons que migram de outra região por unidade de tempo. A corrente elétrica é o movimento ordenado de cargas elétricas através de um condutor elétrico. Ela pode ser definida como corrente elétrica real (movimento dos elétrons) e corrente elétrica convencional (movimento de cargas positivas). Para isso acontecer, duas coisas são fundamentais: uma diferença de potencial capaz de atrair os elétrons e um meio de propagação que permita sua passagem. As figuras, a seguir, representam graficamente essa convenção. Há dois tipos de corrente elétrica: a contínua e a alternada. Corrente contínua é aquela cujo sentido se mantém constante. Exemplo: corrente de uma bateria de carro, pilha, etc. Corrente alternada é aquela cujo sentido varia alternadamente. Exemplo: corrente usada nas residências. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 A corrente elétrica que circula por meio dos resistores pode transformar energia elétrica em energia térmica sob o efeito joule. Mas para uma solução permitir a condução de corrente, uma coisa é fundamental: a presença de íons. Os íons funcionam como “caronas” que permitem o fluxo eletrônico. Dessa forma, as substâncias iônicas (quando líquidas ou em solução) liberam íons que conduzem a corrente elétrica. Já as substâncias moleculares (quando em solução) não conduzem corrente elétrica, a não ser que sofram ionização. Existem três tipos de condutores: líquidos, gasosos e sólidos. Condutores líquidos: os condutores líquidos são soluções básicas, ácidas ou salinas. Nestes condutores, a corrente elétrica é constituída pelo movimento de íons nos dois sentidos (cátions no sentido de campo elétrico e ânions no sentido oposto). Estes condutores são chamados eletrólitos. Condutores gasosos: temos como exemplos de condutores gasosos: o sódio, o fósforo, o mercúrio, o néon etc. Os gases em geral são isolantes, mas, quando ionizados tornam-se condutores. Condutores sólidos”: normalmente os metais (como o ouro, a prata e o cobre) são citados como condutores. Nos metais a corrente elétrica é constituída pelo movimento de elétrons que vão passando de um átomo a outro com grande facilidade, deslocando-se em sentido oposto ao do campo. Já outros sólidos (como a madeira, o papel e o plástico) são citados como não condutores, pois não permitem a passagem do fluxo de elétrons, ou deixam passar apenas um pequeno número deles. Leitura Obrigatória: Faça uma leitura do subitem 20.1 do livro base e leia com atenção os exercícios resolvidos. BROWN, Theodore L., LEMAY, H. Eugene, BURSTEN, Bruce E., BURDGE, Julia R. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005. E. B. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Quer saber uma curiosidade sobre a eletroquímica na atualidade? Clique no artigo indicado a seguir! http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Curiosidades-a-Eletroqu%C3%ADmica- Na-Atualidade/31643029.html Que tal aprofundar os seus conhecimentos sobre os conceitos envolvendo a eletroquímica? Assista à explicação do professor Arion Zandoria no material online. Saiba Mais Que tal um pouco de história? Clique no link, a seguir, e assista um documentário sobre a história da eletricidade. https://www.youtube.com/watch?v=8NN880JDP8M Corrente Elétrica Os elementos envolvidos em uma reação eletroquímica são caracterizados pelo número de elétrons que possuem na eletrosfera de valência. Uma reação na qual ocorrem oxidação e redução é chamada de reação redox. Veja como as seguintes reações acontecem. Reação de oxirredução: há transferênciade elétrons. Oxidação: perde elétrons e o Nox aumenta. Redução: ganha elétrons e o Nox diminui. Agente redutor: provoca a redução e sofre oxidação. Agente oxidante: provoca a oxidação e sofre redução. Os metais apresentam diferentes tendências à oxidação, como por exemplo, em presença de ar e umidade nota-se que o ferro tem maior tendência a se oxidar do que o níquel e o ouro. Analise, a seguir, o exemplo do ferro oxidado a óxido de ferro (ferrugem): CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Se a oxidação pode ocorrer de maneira natural (espontânea) ou induzida, como determinamos a reação de oxirredução? Podemos fazer isso mantendo- nos informados sobre os números de oxidação de todos os elementos envolvidos na reação. Esse procedimento nos diz quais elementos (se houver algum) variam o estado de oxidação. Por exemplo: o oxigênio não está presente na oxidação do zinco, que pode ser escrito da seguinte forma: Escrevendo o número de oxidação de cada elemento acima ou abaixo da equação podemos ver as variações de estados de oxidação de cada um deles. Observe que o estado de oxidação de Zn varia de 0 para +2, enquanto o estado de oxidação de H varia de +1 para 0. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 A figura, a seguir, representa outra reação. Observe as moléculas: O zinco perde elétrons à medida que Zn(s) é convertido em Zn2+(aq) e o hidrogênio ganha elétrons à proporção que H+(aq) se transforma em H2(g). Em outras reações os estados de oxidação variam, mas não podemos dizer que uma substância literalmente ganhou ou perdeu elétrons. Por exemplo, considere a combustão do gás hidrogênio: O hidrogênio foi oxidado do estado de oxidação 0 ao +1 e o oxigênio foi reduzido do estado de oxidação O a -2. A equação acima representa uma reação de oxirredução. Entretanto, a água não é uma substância iônica, por isso não existe transferência completa de elétrons do hidrogênio para o oxigênio conforme a água é formada. Usar os números de oxidação, portanto, é uma forma conveniente de “fazer uma contabilidade”, porém, geralmente não se deve igualar o estado de oxidação de um átomo a sua carga real em um composto químico. Em qualquer reação redox, tanto a oxidação quanto a redução devem ocorrer. Em outras palavras, se uma substância for oxidada, a outra deverá ser reduzida. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 A substância que torna possível a oxidação é chamada de agente oxidante ou simplesmente oxidante. O reagente oxidante remove elétrons de outra substância, adquirindo-o para si mesmo, portanto, o agente oxidante é reduzido. Analogamente, um agente redutor ou redutor é uma substância que fornece elétrons, fazendo com que outra substância seja reduzida. Então, o agente redutor é oxidado no processo. O H+(aq) é o agente oxidante e Zn(s) o agente redutor. A espécie reduzida é o agente oxidante. (H+ oxida Zn retirando-lhe elétrons). A espécie oxidada é o agente redutor. (Zn reduz H+ dando-lhe elétrons). Os elétrodos que fornecem elétrons (ânodo) são colocados acima do hidrogênio, ficando com o sinal negativo. E os elétrodos que recebem elétrons (cátodo) são colocados abaixo do hidrogênio, ficando com o sinal positivo. Você se lembra o que é um ânodo e um cátodo? Confira as suas definições. Ânodo: eletrodo para onde se dirigem os ânions (polo negativo) ocorrendo a corrosão, com consequente perda de massa e oxidação dos ânions, pois aumenta o número de elétrons livres. Cátodo: eletrodo para onde se dirigem os cátions (polo positivo). Nesse elétrodo ocorre sempre depósito (aumento da massa) e também redução dos cátions CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Leitura Obrigatória: Faça uma leitura do subitem 20.2 e 20.5 do livro base e leia com atenção os exercícios resolvidos. BROWN, Theodore L., LEMAY, H. Eugene, BURSTEN, Bruce E., BURDGE, Julia R. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005. E. B. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005. Ainda está com alguma dúvida em relação aos principais aspectos da corrente elétrica ou ao número de oxidação (NOX)? O professor Arion Zandoria explica tudo isso no material online. Não perca! Saiba Mais Esta matéria é bem importante, por isso deve ser bem estudada. Aprofunde os seus conhecimentos sobre este conteúdo assistindo o vídeo indicado a seguir! https://www.youtube.com/watch?v=dIog2ZwGmJ0 Eletroquímica Para que uma solução seja considerada condutora de eletricidade, ela deve ser capaz de permitir que suas cargas internas se movam de um ponto a outro, de modo que completem o circuito. Nas soluções de eletrólitos, os portadores de carga têm liberdade de movimento, pois cada íon experimenta um movimento oposto à carga do eletrodo. Um sistema eletroquímico consiste basicamente de: Um condutor eletrônico em contato com um condutor iônico, que faz com que os íons fiquem em movimento. Interações íon-solvente; Interações íon-íon. Nas correntes iguais, para cada elétron doado em um eletrodo deve haver um íon para recebê-lo em outro eletrodo. Fazer com que as correntes sejam CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 iguais em cada eletrodo é papel da difusão. Nela, os gradientes de concentração nos eletrodos irão se ajustar de modo igualitário. As reações espontâneas acontecem em células eletroquímicas. Entretanto, elas podem ocorrer em outros tipos de células. Saiba quais são elas a seguir. Células em que ocorrem reações espontâneas: Concentração (diluição e expansão); Precipitação; Neutralização (pilhas, concentração, neutralização, redox); Reações redox. A energia liberada em uma reação redox espontânea pode ser usada para realizar um trabalho elétrico. Essa tarefa é efetuada por uma célula voltaica (ou galvânica), um dispositivo no qual a transferência de elétrons ocorre pelo caminho externo, e não diretamente entre os reagentes. Se uma lâmina de zinco é colocada em uma solução de sulfato de cobre, os elétrons gerados são transferidos do zinco para o íon Cu2+, formando íons Zn2+ e Cu(s). À medida que a reação prossegue, o zinco se dissolve, a cor azul de Cu2+(aq) se descolore e o cobre metálico (o material escuro na lâmina de zinco) deposita-se no fundo do béquer. Essa reação espontânea ocorre quando a tira de zinco é colocada em contato com uma solução contendo Cu2+. À medida que a reação prossegue, a cor azul dos íons Cu2+(aq) desaparece e o cobre metálico deposita-se no zinco, que começa a se dissolver. Considere a reação de óxido-redução na pilha eletroquímica (Pilha de Daniell): Zn(s) + Cu2+ (aq) → Zn2+ (aq) + Cu(s) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Ânodo (semi-reação de oxidação) Zn(s) Zn2+ (aq) + 2e- Cátodo (semi-reação de redução) Cu2+ (aq) + 2e- Cu(s) A reação ocorre espontaneamente quando mergulhamos uma barra de zinco metálico em uma solução aquosa de CuSO4, sendo que a mudança de cor caracteriza a dissolução do íon de cobre. Na célula, os elétrons tornam-se disponíveis à medida que o zinco metálico é oxidado no ânodo. Eles fluem pelo circuito externo do cátodo, onde são consumidos à medida em que Cu2+(aq) é reduzido. Como Zn(s) é oxidado na célula, o eletrodo de zinco perde massa e a concentração da solução de Zn2+ aumenta conforme a pilha funciona. De forma semelhante, o eletrodo de Cu ganha massa, tomando a solução de Cu2+ menos concentrada à medidaque Cu2+ é reduzido. Para uma célula voltaica funcionar, as soluções nas duas semicélulas devem permanecer eletricamente neutras. Devido a Zn ser oxidado no compartilhamento do ânodo, os íons Zn2+ entram na solução. Igualmente, a redução de Cu2+ no cátodo remove carga positiva da solução, deixando um excesso de carga negativa na semicélula. Assim, os íons positivos migram para dentro do compartimento enquanto os íons negativos migram para fora dele. Na figura, a seguir, um disco de vidro poroso, que separa os dois compartimentos, permite uma migração de íons, mantendo assim, a neutralidade elétrica das soluções. Nesse caso, uma ponte salina serve a esse propósito. O eletrólito geralmente é incorporado em um gel para que sua solução não escorra do tubo U quando a oxidação e a redução ocorrerem nos eletrodos, já que neste momento os íons da ponte salina migram para neutralizar a carga nos compartimentos da célula. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Qualquer que seja o meio usado para permitir que os íons migrem entre as semicélulas, os ânions sempre migram no sentido do ânodo e os cátions no sentido do cátodo. Portanto, não ocorrerá nenhum fluxo mensurável de elétrons entre os eletrodos a menos que seja fornecido um meio para os íons migrarem de um compartimento para outro da solução. A diferença significativa entre as duas montagens é que Zn metálico e Cu2(aq) não estão diretamente em contato na célula voltaica. Em vez disso, o Zn metálico é colocado em contato com Zn2+(aq) em um compartilhamento da pilha, bem como Cu metálico é colocado em contato com Cu2+(aq) em outro compartimento. Em consequência, a redução de Cu pode ocorrer apenas pelo fluxo de elétrons por um circuito externo, ou seja, o fio que conecta as fitas Zn e Cu. Podemos representar essas reações por meio de suas meias reações, sendo que os padrões delas estão relacionados ao fato de termos transformações químicas envolvendo transferências de elétrons entre as espécies, ou seja, alguém perde elétrons (oxida), enquanto alguém ganha (reduz) da solução. Perceba que enquanto o Zn metálico corrói lentamente (o eletrodo é consumido), o zinco sólido é oxidado e os íons cúpricos são reduzidos: Mas, atenção: a tendência mostrada nessa reação depende apenas da natureza, estados e concentrações de reagentes e produtos. Somente nessas condições os elétrons se transferem do Zn(s) para Cu2+ (aq) . CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Leitura Obrigatória: Faça uma leitura do subitem 20.3 do livro base e leia com atenção os exercícios resolvidos. BROWN, Theodore L., LEMAY, H. Eugene, BURSTEN, Bruce E., BURDGE, Julia R. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005. E. B. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005. No material digital o professor Arion Zandoria explica um pouco mais sobre o sistema eletroquímico. Confira! Saiba Mais: Vamos relembrar as reações de oxirredução de uma pilha? O vídeo indicado a seguir revela o passo a passo desse processo. Confira! https://www.youtube.com/watch?v=lu8LNRvs4XU Célula Eletroquímica As células eletroquímicas podem ser células galvânicas ou eletrolíticas. Na eletrólise, a passagem de uma quantidade suficiente de eletricidade por meio de uma solução produz uma reação não-espontânea, desta forma podemos produzir Na(s) e Cl2(g) a partir do NaCl(l). Assim como o sódio, o alumínio, o magnésio e o cobre, são metais obtidos industrialmente por eletrólise. Nas pilhas, através de uma reação espontânea, produz-se uma quantidade de eletricidade capaz de acender uma lâmpada ou fazer funcionar um pequeno motor. É difícil imaginar algum aparato eletrônico que funcione sem uma pilha, desde um relógio de pulso, uma lanterna, uma calculadora e até os celulares. A indústria automobilística usa em larga escala baterias de chumbo. Porém, não podemos deixar de mencionar a grande importância e ascensão das células de combustível, que produzem energia elétrica e térmica a partir das reações eletroquímicas do hidrogênio com o oxigênio sem que seja preciso a ocorrência de combustão, o que traz uma alternativa promissora para a produção de energia limpa. Devemos lembrar também que, algumas vezes, a formação de uma célula galvânica é responsável pela corrosão observada na junção de dois CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 metais diferentes. Analise a célula voltaica a seguir. Veja que o compartimento da esquerda contém 1 mol/L de CuSO4 e um eletrodo de cobre, enquanto o compartimento da direita contém 1 mol/L de ZnSO4 de um eletrodo de zinco. As soluções estão conectadas por um disco de vidro poroso, que permite o contato entre elas. Os eletrodos metálicos estão conectados por um voltímetro que indica um valor de corrente potencial da célula de 1,10 V. O símbolo representa as interfases ou junções. Nesta representação, o ânodo é colocado à esquerda. Quando existe ponte salina, tem-se o símbolo . A expressão para a pilha formada pelo eletrodo Zn Zn 2+ (aq) (1M) e Cu Cu 2+ (aq) (1M) fica: Zn(s) Zn 2+ (aq) (1M) Cu 2+ (aq) (1M) Cu(s). Ou seja, a fórmula completa do soluto em cada compartimento incluindo a concentração fica: Zn(s) ZnSO4(aq) (1M) CuSO4(aq) (1M) Cu(s) Na condução eletrolítica ocorrem reações químicas de oxidação-redução no instante em que os íons do líquido entram em contato com os eletrodos. Assim, ocorre uma oxidação do ânodo e uma redução do cátodo. Nela, diferentemente da condução metálica, o aumento da temperatura geralmente aumenta a condutividade da solução. Isto porque nessas soluções, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 com o aumento da temperatura, não apenas a energia cinética média dos íons aumenta como a viscosidade do dissolvente diminui, o que faz com que os íons se movam com maior velocidade, melhorando a condutividade. A tensão (voltagem) de células, ou seja, as diferenças de potencial entre os eletrodos, estão entre as medidas científicas mais precisas. Porém é difícil determinar o potencial de um eletrodo individual. Os eletrodos são metais ativos na operação da célula, ou seja, eles são dissolvidos ou formados à medida que as reações avançam. Por isso para obter o potencial da semi-reação mede-se a tensão de um eletrodo em relação a outro ao qual é atribuído arbitrariamente o valor zero. A substância química utilizada nesse caso é o Hidrogênio (H2), chamado de Eletrodo Padrão de Hidrogênio (EPH) ou Standard Hydrogen Electrode (SHE). Assim, por convenção internacional, atribui-se à semi-reação H2 (gás-íon) o potencial zero. O eletrodo-padrão de hidrogênio é válido quando reagentes e produtos estão nas condições padrão: temperatura de 25°C, pressão de 1atm e concentração molar da solução do íon [M+] = 1M, igual a 1molar. A condição padrão é análoga à medida de entalpia padrão ou calor de reação de um elemento a partir dele mesmo (∆Hf0=0). Assim, a célula e as semi-reações para o eletrodo de hidrogênio, atuando como ânodo são: Também por convenção internacional, o potencial do eletrodo significa potencial de redução. Então, o potencial padrão de um elemento é a diferença de potencial expressa em volts (V) entre o elemento e uma solução 1M de seus íons, em relação ao eletrodo padrão de hidrogênio. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Além do eletrodo de hidrogênio podem ser usados outros elementos de referência como, por exemplo, calomelano, prata-cloreto de prata e cobre-sulfato de cobre. Outro exemplo podeser o do Cobre com platina. Observe: O potencial padrão de célula é a diferença de potencial de uma célula construída com dois eletrodos padrão. Por exemplo, eletrodos de Ag(s) imersos em solução de AgNO3, atuando como ânodo ou como cátodo, os respectivos diagramas de célula são: Empregado como ânodo: Ag(s) Ag (aq) + a semi-reação de ânodo: Ag(s) → Ag (aq) + e – Empregado como cátodo: Ag (aq) +Ag(s) a semi-reação de cátodo: Ag (aq) + e - → Ag(s) Qualquer substância à direita irá reduzir qualquer substância mais alta do que ela à esquerda. Zn pode reduzir H+ e Cu2+. H2 pode reduzir Cu 2+ mas não Zn2+. Cu não pode reduzir H+ ou Zn2+. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Na tabela a seguir são apresentados os diversos potencias de redução e de oxidação. Qualquer substância à direita irá reduzir qualquer substância mais alta do que ela à esquerda. Zn pode reduzir H+ e Cu2+. H2 pode reduzir Cu 2+ mas não Zn2+. Cu não pode reduzir H+ ou Zn2+. O potencial ou tensão gerada por uma célula eletroquímica associada a uma reação de oxirredução dá uma ideia da espontaneidade das reações, como também das grandezas termodinâmicas. A entropia (S) e energia livre de Gibbs (G) darão ideia de espontaneidade das reações. Define-se em termodinâmica, a entropia (S) como o aumento da desordem do sistema e a energia livre de Gibbs, G, como a quantificação da CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 perda de energia quando um sistema realiza trabalho (W). A relação entre S e G é dada pela relação: ∆G = ∆H - T∆S. Na qual ∆H é a variação de entalpia. A tabela a seguir demonstra a relação entre as grandezas e a espontaneidade das reações. Corrosão Corrosão é a transformação, destruição ou deterioração de um material devido à reação química ou eletroquímica de seus componentes com o meio. A corrosão manifesta-se por meio de reações químicas irreversíveis acompanhadas da dissolução de um elemento químico do material para o meio corrosivo ou da dissolução de uma espécie química do meio pelo material. Sempre que um elemento químico cede um ou mais elétrons, diz-se que ele se oxida, e quando recebe elétrons, diz-se que ele se reduz. Podemos definir corrosão como a deterioração dos materiais pela ação química ou eletroquímica do meio, podendo estar ou não associada a esforços mecânicos. Há metais que oxidam lentamente e são chamados de pouco reativos (como o ouro), porém há metais que oxidam rapidamente e, consequentemente, são considerados muito reativos. Existem dois tipos de corrosão: aquela em que a transferência dos elétrons ocorre por meio de um mecanismo químico (chamado corrosão química) e aquela em que a transferência dos elétrons ocorre por meio de um mecanismo eletroquímico (chamado corrosão eletroquímica). O estudo da corrosão dos materiais é de grande importância para as engenharias, já que sua ação é muito frequente nas mais variadas atividades. Além disso, em maior ou menor grau, a maioria dos materiais sofre algum tipo de interação em diversos ambientes. Essas interações comprometem sua CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 utilidade, principalmente pela deterioração de suas propriedades mecânicas, físicas ou superficiais. Em relação aos materiais de construção, de equipamentos ou instalações é preciso que eles tenham resistência à ação degradante do meio corrosivo, mantendo tanto as suas propriedades mecânicas como as suas características de fabricação. Afinal, isso é essencial para segurança. Você sabe como funciona o processo de corrosão? Primeiro, formam-se os óxidos na superfície do metal, formando uma película na zona mais exposta ao oxigênio do ar. Com o tempo, essa oxidação vai passando para as camadas mais profundas. Na corrosão eletroquímica ocorrem reações químicas que envolvem a transferência de carga ou elétrons por meio de uma interface entre o metal e o eletrólito. Esse processo eletroquímico de corrosão pode ser decomposto em três etapas principais. Clique nos botões, a seguir, e conheça cada uma delas. Deslocamento dos elétrons e íons: observa-se a transferência dos elétrons das regiões anódicas para as regiões catódicas; Processo anódico: passagem dos íons metálicos para a solução. Processo catódico: recepção de elétrons, na área catódica, por íons ou moléculas existentes na solução. Nos processos de corrosão, as reações que ocorrem na superfície de contato entre o metal e o meio corrosivo são consideradas reações químicas heterogêneas ou eletroquímicas. Levando em conta que todas as reações químicas em que ocorre a cessão ou recepção de elétrons são oxirreduções, podemos considerar os processos de corrosão como reações de oxidação dos metais em que o estes agem como redutores, já que cedem elétrons que são recebidos por uma substância ou oxidante existente no meio corrosivo. Vejamos o caso do Ferro (Fe0). A sua corrosão é eletroquímica, pois envolve REDOX e conduz eletricidade, portanto os elétrons podem mover-se de uma região a outra deste metal. Como o potencial padrão de redução para a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 redução do Fe+2(aq) é menos positivo comparado como a redução do O2, o Fe(s) pode ser oxidado por O2. Quer analisar melhor esta reação? Na prática geralmente o ferro é coberto com um revestimento de pintura ou de outro metal (como estanho ou zinco) para a proteção contra a corrosão. Cobrir sua superfície é uma maneira simples de prevenir a oxidação pela água ou o próprio oxigênio. Se essa proteção é rompida o ferro sofre corrosão, chamada de ferrugem. Na figura a seguir estão representadas formas de oxidação do ferro, bem como as duas regiões estabelecidas (anódica e catódica) com suas meias equações de troca de elétrons. Lembre-se que, nesse caso, a água é o vetor de corrosão. Ainda no exemplo da ferrugem, para prevenir o processo de oxidação do Ferro pode-se usar metais de menor potencial de redução como o zinco, também chamado de eletrodo de sacrifício. Analise os dados demonstrados a seguir. Os potenciais padrão de redução para o ferro e zinco são: Fe+2 (aq) + 2 e- -------- Fe (s) E o red = -0,44 V CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Zn+2 (aq) + 2 e- -------- Zn (s) E o red = -0,76 Como o valor de E ored para a redução do ferro iônico é menos negativo (e mais positivo) do que para a redução do zinco iônico, o Zinco sólido (Zn0) é facilmente mais oxidado do que o Ferro sólido (Fe0). Essa proteção de um metal contra a corrosão torna o cátodo conhecido como proteção catódica, enquanto o metal, que é oxidado, é chamado de eletrodo de sacrifício. Esse processo pode ser melhor entendido observando a figura, a seguir, em que a água desloca o ferro do metal com o uso do Cobre (que possui um Eo red maior que o Ferro) enquanto na presença de Zinco isso não ocorre. Fe+2 (aq) + 2 e- -------- Fe (s) E o red = -0,44 V Cu+2 (aq) + 2 e- -------- Cu (s) E o red = -0,34 V Um exemplo disso pode ser feito em laboratório embebendo pregos galvanizados e sem galvanização em uma solução salina. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Observe as figuras a seguir. No caso de (a) e (b) a corrosão ocorre nas extremidades que foram desgastadas com a liberação de Fe(aq) enquanto em (c), em que o Zn(s) é utilizado como protetor, não ocorre corrosão. Finalmente em (d), com a utilização do Cu para a proteção, o Fe acabasendo oxidado. (a) e (b): corrosão preferencial nas extremidades. (c): proteção com Zinco (d) Cobre não protege o Ferro Leitura Obrigatória: Faça uma leitura do subitem 20.8 do livro base e leia com atenção os exercícios resolvidos. BROWN, Theodore L., LEMAY, H. Eugene, BURSTEN, Bruce E., BURDGE, Julia R. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005. E. B. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005. Vamos recapitular os principais aspectos da célula eletroquímica e da corrosão? No material online o professor Arion Zandoria aborda tudo isso. Confira! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Saiba Mais: Que tal assistir algumas experiências práticas envolvendo os processos de corrosão? Clique nos links indicados a seguir e divirta-se. https://www.youtube.com/watch?v=VuxoKWAsiLE https://www.youtube.com/watch?v=2IES9gOBbPw Na Prática A seguinte reação de oxirredução é espontânea. Uma solução contendo K2Cr2O7 e H2SO4 é derramada em um béquer e uma solução de KI é derramada em outro béquer. Uma ponte salina é usada para unir esses dois recipientes. Um condutor metálico que não reagirá com nenhuma das soluções (como uma lâmina de platina) é suspenso em cada solução; os dois condutores são conectados com fios por meio de um voltímetro ou algum outro dispositivo que detecte corrente elétrica. Dadas as equações para uma reação espontânea e uma descrição de como a célula é construída, escreva as reações que ocorrem no ânodo e no cátodo, bem como os sentidos dos movimentos do elétron e do íon e os sinais dos eletrodos. Depois de encontrar a sua resposta, compare-a com a do professor clicando no material digital. Síntese Que tal assistir às considerações finais do professor Arion Zandoria sobre o conteúdo abordado nesta aula? Acesse o material digital. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 Referências BROWN, T. L.; LEMAY, H. E.; BURSTEN, B.E.; BURDGE, J. R. Química, a Ciência Central. São Paulo: Pearson, 2005.
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