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TCC Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes CONCLUIDO

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Sistema de Ensino Presencial Conectado
SERVIÇO SOCIAL
FERNANDA CRISTINA FERNANDES
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
IBAITI/PR.
2016
 FERNANDA CRISTINA FERNANDES
ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Assistente Social.
Profª. Orientadora: Maria Ângela Santini
IBAITI/PR.
2016
Dedico este trabalho, em especial, aos meus pais e meu noivo, por toda dedicação e compreensão no período de minha vida acadêmica.
AGRADECIMENTOS
 A Deus, por todas as oportunidades que pôs em meu caminho;
 A todos os professores que me forneceram informações preciosas que formaram a base desse trabalho;
	A professora Orientadora Maria Ângela Santini, por toda a atenção a mim dedicada na orientação deste trabalho;
	A professora Tutora Vanessa Mara Solcia Borges pela colaboração e presteza na organização dos estudos;
	A professora Tutora Presencial Graceliz Aparecida Cibello, pela orientação metodológica;
 A todos que direta e indiretamente me ajudaram e contribuíram para realização deste trabalho.
 Foi uma enorme experiência para minha vida.
Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.
 Charles Chaplin
FERNANDES, Fernanda Cristina. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES. 2016. 51 p. Trabalho de Conclusão de Curso para titulação em Bacharelado em Serviço Social – UNOPAR/Universidade do Norte do Paraná. Ibaiti/PR. 2016.
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso trata-se de um tema bastante intrigante no conceito da sociedade em geral. É o Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes que significa um meio de atendimento a situações precárias de menores, omissão da família em casos de doenças, abandonados ou não, negligência, abuso dos pais e familiares, em situações de risco dentro do contexto familiar, problemas com alcoolismo, drogas, moradores de rua e tantos outros problemas que estão presentes no contexto social. Portanto, o abrigo, casa lar, casa de passagem ou qualquer outra denominação popular servem como meio de amparo, proteção, e que cumpre o papel social determinante por zelar a integridade física, emocional e até moral de crianças e adolescentes. É uma medida social constante no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e os princípios preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA. O trabalho propõe um estudo onde se conhece todas as leis que envolvem a proteção às crianças e aos adolescentes, cita a criação de diversos organismos oficiais e não oficiais que objetivam dar assistência e proteção, analisou-se a forma com se estrutura o funcionamento de uma instituição de acolhimentos, quais os profissionais que estão envolvidos e especialmente, e o papel importante de atuação do profissional da Assistência Social. Um os aspectos relevantes do presente trabalho é que o serviço prestado nas instituições de acolhimento, o atendimento com as crianças e adolescentes e bem como suas famílias, sendo está de fundamental importância para a reorganização psicológica e social do atendido, onde os profissionais que ali se encontram precisam necessariamente de compreender a dimensão social e afetiva que se encontra a família, respeitando as particularidades e históricos de cada uma, coletar dados dos aspectos socioeconômicos, culturais, étnicos, raciais e religiosos, uma vez que é um local onde deve ser praticado o fator diálogo como meio de comunicação, para favorecer a estabilidade do ambiente e da garantia de um trato mais humano para crianças e adolescentes durante o período de acolhimento. Importante também especificar que cabe ao Ministério Público, ao Conselho Tutelar, ao Juizado de Menores, rede de apoio, do CRAS, CREAS e Assistentes Sociais de observarem no seio da comunidade, seja pela dimensão do próprio trabalho, seja através de denúncias, anônimas ou não e outros meios de comunicação, chegarem até o núcleo do problema instalado e a partir da constatação efetivar o processo de deliberação para o encaminhamento de atendimento mais adequado para a criança e/ou o adolescente. Utilizou para a fundamentação teórica do presente, a pesquisa bibliográfica como metodologia, qualitativa e exploratória onde foram realizadas e estudadas em trabalhos acadêmicos como dissertações, monografias, artigos e toda contribuição que está disponível na tecnologia da rede mundial de computadores.
Palavras-Chave: Acolhimento. Criança. Adolescentes. Proteção. ECA. 
FERNANDES, Fernanda Cristina. INSTITUTIONAL RECEPTION FOR TEENS. 2016. 51 p. Work Completion of course for titration in Bachelor of Social Work - UNOPAR / University of Northern Parana. Ibaiti / PR. 2016.
ABSTRACT
This course conclusion work it is a very intriguing topic in the concept of society in general. It is the Home Institucional Children and Adolescents which means a way of answering the precarious situation of smaller, family omission in cases of illness, abandoned or not, neglect, abuse of parents and relatives, at risk within the family context, problems with alcoholism, drugs, homeless and so many other problems that are present in the social context. Therefore, housing, house home, passing home or any other popular names serve as a means of support, protection, and meets the determining social role by ensuring the physical, emotional and even moral integrity of children and adolescents. It is a constant social measure in the National Plan for the Promotion, Protection and Defense of the Right of Children and Adolescents to Family and Community Coexistence and the principles adopted by the Child and Adolescent / ECA. The paper proposes a study where he knows all the laws involving the protection of children and adolescents, cites the creation of several official and unofficial agencies that aim to provide assistance and protection, analyzed the way to structure the operation of a acolhimentos institution, which professionals involved and especially, and the important role of professional social assistance activities. A relevant aspect of this work is that the service in the host institutions, the care with children and adolescents and their families, and is of fundamental importance to the psychological and social reorganization attended, where the professionals that were present They are necessarily need to understand the social and emotional dimension that is the family, respecting the particularities and history of each one, collect data from the socioeconomic, cultural, ethnic, racial and religious aspects, since it is a place where it should be practiced factor dialogue as a means of communication to promote the stability of the environment and ensuring more humane treatment for children and adolescents during the reception. It is also important to specify that it is up to the prosecutor, the Guardian Council, the Juvenile Court, support network, the CRAS, CREAS and social workers to observe in the community, is the size of the work itself, either through complaints, anonymous or and not other media, get to the core of the problem and installed from finding actualize the deliberation process for the referral of more adequate care for the child and / or adolescent. Used for the theoretical basis of this, the literature as a methodology, qualitative and exploratory which were performed and studied in academic papers and dissertations, monographs, articles and every contribution that is available on the World Wide Web technology.
Keywords: Home. Child. Teens. Protection. ECA.LISTAS DE SIGLAS
CMAS – Conselho Municipal de Assistência Social
CMDCA – Conselho Municipal da Criança e do Adolescente
CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social
CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
CRAS – Centro Regional de Assistência Social
CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social
CT – Conselho Tutelar
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
DNC – Departamento Nacional da Criança
FMAS – Fundo Municipal de Assistência Social
FUNABEM – Fundação Nacional do Bem Estar do Menor
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social
OT – Orientações Técnicas
PNBEM – Política Nacional de Bem-Estar do Menor
PNCFA - Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária.
SAM – Serviço de Atendimento ao Menor
SUAS – Sistema Único de Assistência Social
UNICEF – Fundo Nacional das Nações Unidas para a Infância
SUMÁRIO
	1 INTRODUÇAO .................................................................................................10
2 DESENVOLVIMENTO......................................................................................12
	
	2.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO MENOR NO CUIDADO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS BRASILEIRA......................................................................12 
	
	2.2 O Acolhimento de crianças e adolescentes e o atendimento das necessidades basicas..........................................................................................15
	
	 2.3 O Contexto familiar na vida social................................................................22
	
	 2.4 A Família em estado de necessidade de acolhimento institucional e a reinserção familiar................................................................................................25
	
	 2.5 O Funcionamento do acolhimento institucional ..............................................29
	
	 2.6 O papel da assistência social junto ao acolhimento de crianças e adolescentes.........................................................................................................38
	
	
	
	 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................45
	
	
	
	REFERÊNCIAS ...................................................................................................47
	
1 INTRODUÇÃO	
	 O presente trabalho visa buscar um estudo sobre as medidas de acolhimento institucional de crianças e adolescentes. É uma medida social constante no Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária e os princípios preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA.
	 Costumeiramente chamado de abrigo, este termo vem sendo manifestado como um programa de acolhimento e daí a denominação de “acolhimento institucional”. São programas governamentais e não governamentais que são oferecidos como: abrigo institucional; casa-lar e/ou casa de passagem, o termo abrigo, utilizado inicialmente no Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) foi substituído, por meio da Lei 12.010 de 3 de agosto de 2009, por acolhimento institucional.
	 Estes programas estão previstos no art. 101, inciso VII, do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, dentro dos parâmetros instituídos nos artigos 90, 91, 92, 93 e 94 (no que couber) da referida Lei e ainda recebe as orientações técnicas evidenciadas pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) e pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) (2008).
	 Essas medidas e programas de abrigo objetiva asseverar os direitos fundamentais das crianças e jovens, tais como o acesso à educação, lazer, saúde, convivência social, entre outros.
	 O problema levantando se caracteriza na observação de que mesmo com toda legislação vigente em defesa da criança como sujeito de direito, na sua grande maioria, a ideia do acolhimento institucional, do programa de abrigo têm uma conotação que nos remete aos antigos orfanatos, nos quais estão presentes: longa duração de “internamento”; número expressivo de atendidos; isolamento social, pessoal de atendimento sem capacitação adequada, estruturas físicas, entre outros, tal fato advém de uma melhoria na proposição das políticas públicas e o compromisso de uma real transformação desta realidade social que é dar um mínimo de proteção a crianças e adolescentes.
	 Justifica-se o estudo do presente tema, por entender que a forma como é empregada esta política social de acolhimento institucional, mesmo sendo uma medida de proteção social, a mesma tem um caráter paradoxal, isto é, ao mesmo tempo em que se protege o indivíduo, há uma situação de segregação, de exclusão do contexto social.
	 Portanto, é salutar evidenciar um processo de conscientização e esclarecimento sobre a casa de abrigo e suas finalidades, intenções e as contradições que ali se fazem presentes.
	 É foco de atenção do presente, observar o fenômeno de abrigamento, sua relevância social, sua característica, a metodologia utilizada para atendimento e manutenção de jovens e crianças, além do cunho físico, mental, emocional e social dos envolvidos neste programa.
	 O presente trabalho foi construído mediante a realização da pesquisa bibliográfica, que se especificou em estudos dos referenciais e dos marcos teóricos que deram fundamentação aos conceitos e as informações constantes no conteúdo do tema proposto.
2 DESENVOLVIMENTO
	 A literatura nos mostra que o trato dado às crianças e aos adolescentes na sociedade e na cultura política brasileira passou por diversas fases e transformações no decorrer dos tempos. Há relatos que vão desde as ações consideradas repressivas e discriminatórias, até chegar nos conceitos da proteção integral e na instituição final do Estatuto da Criança e do Adolescente, suas reformulações atuais, sendo o ele, o ECA, a instância norteadora do contexto jurídico no trato desse segmento social.
	 
2.1 BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO DO MENOR NO CUIDADO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS BRASILEIRA
 Oliveira (2006, p. 42) expõe que em 1927, é concebido o primeiro Código de Menores que durante muitos anos definia como seriam tratados os menos no Brasil. Era caracterizado o menor como: “expostos” (menores de sete anos); “abandonados” (menores de 18 anos); “carentes”, “pardos”, “vadios” (os atuais meninos de rua); “mendigos” (as que pedem esmolas ou vendem coisas nas ruas); “libertinas” (que frequentam prostíbulos), ou seja, os que estavam “perambulando” ou “perturbando” pelas ruas. 
	 É informado ainda por Oliveira (2006) que entre os anos de 1920 e 1980, o Estado brasileiro privilegiou a criação de internatos como possibilidade de atendimento às crianças e adolescentes que estavam “fora da ordem” e que, por isso, precisavam ser disciplinados e controlados. 
	 No Código de Menores de 1927, conhecido como Código Mello Mattos, considerado o primeiro marco documental legal em relação aos menores de dezoito anos do Brasil. A visão era tida como a questão social era resolvida como caso de polícia, cabia aos juízes e aos comissários de menores, amparados no art. 131, de vistoriarem as casas dos menores e quaisquer instituições que se ocupassem dos menores (FRANCO, 2007).
	 Acompanhando ainda os estudos de Franco (2007, p. 25) verifica-se que em 1940, com o objetivo de coordenar as atividades de atenção à população infanto-juvenil, foi criado o DNC – Departamento Nacional da Criança, por meio do Decreto nº 2.024. Em 1941 foi criado o SAM – Serviço de Assistência ao Menor, que tinha como base o ideário de que cabia ao Estado e suas instituições o dever de recuperar a infância, de modo a reintegrar o “menor” à sociedadecomo um futuro trabalhador.
	 Por seu turno, Oliveira (2006, p. 43) explica que essa lei apresentava, como premissa maior, ter na sua prática uma forma corretiva, ou seja, educar e disciplinar, moral, física e civicamente os menores, vistos como produtos de pais irresponsáveis ou da orfandade. 
	 É destacado por Oliveira (2006) ainda que no antigo Código de Menores se caracterizava um modelo de atendimento higienista e criminilizador da pobreza. O poder judiciário retirava as crianças do pátrio poder das famílias e a entregava aos cuidados do Estado, onde este reforçava essa criminalização e oferecia uma assistência demagógica, deixando de oferecer subsídios que atendessem esse grupo social, excluindo de várias instâncias.
	 Em 1948 começou a funcionar o primeiro posto da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no Brasil. Na década de 1960 o Brasil passou a adotar políticas de institucionalização visando à proteção do menor, tais como a Lei nº 4.513/64 que criou a PNBEM – Política Nacional de Bem-Estar do Menor e a Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) (FRANCO, 2007, p. 26).
	 Franco (2007) narra ainda que no primeiro ano do regime militar o Serviço de Assistência ao Menor – SAM foi extinto, trinta anos após a sua criação, em razão da grande pressão social havida em função dos maus tratos e das práticas repressivas utilizadas.
	 Em 1979 foi promulgada a Lei 6.697 o novo Código de Menores. Com caráter essencialmente assistencialista, seu objetivo era a padronização das ações das instituições estatais sobre o menor por meio de órgãos executores uniformes em seu conteúdo, método e gestão.
	 Oliveira (2006) cita que a década de 80 caracteriza-se por um período de imensas mobilizações sociais, onde a Constituição Federal de 1988 faz uma crítica ao modelo correcional-repressivo e tenta ampliar o foco na criança, ampliando o espectro das lentes médicas e jurídica, para vê-la também sob a lente da cidadania.
	 Franco (2007) explica que a década de 1980 se caracterizou pelo inicio do processo de redemocratização do país, de forma que a legislação e as políticas destinadas aos “menores” passaram a ser vistas como representativas do autoritário período anterior. No ano de 1986 [...] foi criada a Comissão Nacional da Criança e Constituinte. 
 Em decorrência da aprovação do ECA, a Funabem foi extinta, tendo sido criada a Fundação Centro Brasileiro para a Infância e a Adolescência (FCBIA), dentro do Ministério da Ação Social, cuja estrutura tinha como objetivo contemplar os novos princípios do estatuto e realizar a ação integrada com as outras esferas de governo. Em 1995 extingue-se a FCBIA, juntamente com a LBA, no processo de implementação da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) (SILVA, 2004). 
	 Finalmente, após essa significativa trajetória, explica Oliveira (2006), o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA é constituída para regulamentar o art. 227 da Constituição Federal. O ECA preconiza o paradigma da Doutrina da Proteção Integral, bem como define direitos das crianças e adolescentes, referentes “à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à convivência familiar e comunitária (art. 4º).
	 É o que confirma Franco (2007) ao focar que no final do século XX, após a homologação da Constituição Federal de 1988 e a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA (1990), a infância passou a ser vista de uma forma diferente. Houve uma reformulação de diversos conceitos e, com isso, as crianças e adolescentes, que tinham sua vida regida pelo Código de Menores (1927/1979), começaram a ser vistas como sujeitos de direitos, amparados pelo Estado. Ressalta ainda Franco (2007) que essa nova visão da infância não é fruto da caridade dos governantes, mas resultado de uma longa luta da sociedade civil em busca de seus direitos. 
	 Importante destacar que com a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, os orfanatos foram sendo extintos e um novo padrão na estrutura de apoio à criança da o lugar para os atuais denominados abrigos. O diferencial se estabelece em que o orfanato mantinha o sujeito sem tempo definido ou da adoção por uma família autorizada por lei, já o abrigo tem a motivação de período temporário, donde a criança volte ao convívio familiar ou tenha condições de ser alocada em uma família substituta. 
2.2 O ACOLHIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES E O ATENDIMENTO DAS NECESSIDADES BASICAS
	 No que tange ao atendimento em abrigos, a legislação vigente atual caracteriza-se por um reordenamento do paradigma existente onde predominava a tendência assistencialista e que na nova proposta evidencia-se o caráter socioeducativo e emancipatório, dando conotação de prevenção do abandono de menores.
 A fim de melhor compreender o contexto em que se inserem os abrigos, Pereira (2013) aborda de forma sintetizada os documentos: Orientações Técnicas para os Serviços de Acolhimento para Crianças e Adolescentes (CONANDA; CNAS, 2008); Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (CONANDA; CNAS, 2006) e Programas e Projetos de Assistência Social do Governo Brasileiro que vão reger o funcionamento dessa Instituição. Os Programas e Projetos de Assistência Social no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) são organizados em dois tipos de proteção: a Proteção Social Básica e a Proteção Social Especial (PEREIRA, 2013, p. 17).
	 Em BRASIL (2001, p. 20) encontra-se que a Constituição Federal estabelece que a “família é à base da sociedade” (Art. 226) e que, portanto, compete a ela, juntamente com o Estado, a sociedade em geral e as comunidades, “assegurar à criança e ao adolescente o exercício de seus direitos fundamentais” (Art. 227). Neste último artigo, também especifica os direitos fundamentais especiais da criança e do adolescente, ampliando e aprofundando aqueles reconhecidos e garantidos para os cidadãos adultos no seu artigo 5º. Dentre estes direitos fundamentais da cidadania está o direito à convivência familiar e comunitária.
 Barros (2014, p. 32) anuncia que as medidas de proteção estão presentes no contexto estabelecidos no ECA (Lei 8.069/1990) que prioriza pela proteção integral e dá uma nova visão sobre crianças e adolescentes. A medida de proteção visou restaurar os direitos dos menos de dezoito anos e sua aplicabilidade se processa nas situações em que
Art. 98: I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
 II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
 III - em razão de sua conduta. 
 De acordo com o ECA, as Medidas de Proteção, são as seguinte: 
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; 
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários;
 III - matrícula e frequência obrigatórias e estabelecimento oficial de ensino fundamental; 
IV - inclusão em programa comunitário ou oficial de auxilio à família, à criança e ao adolescente; 
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime Hospitalar ou ambulatorial;
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 
VII - acolhimento institucional;
 VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;
 IX - colocação em família substituta (Lei 8.069 de 13 de julho de 1990) (BARROS, 2014).
		 Explica ainda Barros (2014) que as medidas de proteção são aplicadas pela Vara de Infância ou pelo Conselho Tutelar, isolado ou cumulativamente, dependendo de cada caso. A aplicação se dá diante da omissão ou abuso dos pais e/ou responsável legal (tutor/guardião), ou ainda, diante da ação ou omissão do Estado. Toda aplicação estão previstas no ECA, em seu art.129 quando das medidas relativas aos pais e/ou responsáveis.
 Efetivada nas normativas constitucional e infraconstitucional (Constituição Federal, Convenção sobre os Direitos da Criança, ECA, LOAS, LDB e LOS) a participação popular, com caráter democrático e descentralizado, se dá em cada esfera do governo, abrangendo o processo de gestão político-administrativa- financeira e técnico-operativa. O controle do Estado deve ser exercido pela sociedade na busca de garantir os direitos fundamentais e os princípios democráticos (BRASIL, 2009, p. 75).
		 Uma importante intervenção dos conceitos tradicionalista que imperavam este segmento da sociedade é citada por Rezende (2012, p.4) onde diz que independente da variação de nomenclatura e de princípios de gestão, estas instituições se assemelhavam muito na ausência das relações de proximidade, praticamente inexistindo qualquer tipo de atendimento individualizado. As crianças ou adolescentes (ou “internos”, como eram chamados em muitos lugares), não possuíam oportunidade de exercitar a sua individualidade como pessoas, sendo tratadas como massa que devia obedecer a regras padronizadas e rígidas, independente de qualquer situação peculiar que a criança apresentasse. Horários rígidos, filas, pratos padronizados e, muitas vezes, até uniformes, transformavam as crianças e adolescentes em pessoas que, apesar de abrigadas, não poderiam ser consideradas acolhidas no sentido mais puro da palavra.
	 Atualmente a medida de proteção em que se denomina de “abrigo” em entidade está previsto no art. 101, inciso VII da Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA alterada pela Lei nº 12.010 de 3 de agosto de 2009 que passa a ter a denominação de “acolhimento institucional” (BRASIL, 2009).
	 Adrião (2013, p. 3-4) cita que esta nova legislação brasileira foi regulamentada por meio dos artigos 227 e 228 da Constituição Federal de 1988, artigos estes baseados nos postulados da Declaração Universal dos Direitos da Criança, pautados na lógica da proteção integral de crianças e adolescentes como sujeitos de direitos na sociedade.
	 No art. 92, art. 101 do ECA, o procedimento de acolhimento passa a ter uma conotação de medida de proteção, de caráter excepcional e provisório, voltado para o completo interesse da criança e do adolescente e sua aplicabilidade previstas no art. 98. O ECA assegurou, ainda, o direito de crianças e adolescentes à convivência familiar e comunitária, prioritariamente na família de origem e, excepcionalmente, na família substituta (Art. 19) (BRASIL/CONANDA/CNAS, 2009). 
	 De acordo com Silva (2004, p. 17):
São os abrigos, ou outra denominação que se dê: orfanatos, educandários e casas lares. Essas instituições são responsáveis por zelar pela integridade física e emocional de crianças e adolescentes que, temporariamente, necessitam viver afastados da convivência com suas famílias, seja por uma situação de abandono social, seja por negligência de seus responsáveis que os coloque em risco pessoal.
 Muito embora essa atribuição seja compartilhada por toda a rede de atendimento à criança e ao adolescente, que inclui ainda o Judiciário, o Ministério Público, os Conselhos Tutelares e de Direitos da Criança e do Adolescente, as organizações civis de defesa de direitos humanos e o próprio Poder Executivo nos níveis federal, estadual e municipal, é fundamental que os programas de abrigo prevejam, proporcionem e estimulem o contato da criança ou adolescente abrigado com sua família de origem (ressalvada, é claro, a existência de ordem judicial em contrário), assim como, mediante rigoroso controle judicial, permitam a integração em família substituta, quando esgotadas as possibilidades daquela primeira alternativa, atendendo assim ao disposto no Art.92, incisos I e II, do ECA (BRASIL, 2009, p. 65).
	 Silva (2004, p. 18) nos remete a uma definição citando que em sentido estrito, a missão dessas instituições é executar a medida de proteção denominada abrigo, definida pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) como “medida provisória e excepcional, utilizável como forma de transição para a colocação em família substituta, não implicando privação de liberdade”.
	 Caracteriza-se então, por tratar da proteção especial a crianças e adolescentes que se encontram e situação de risco tanto pessoal como social, e que tenham seus direitos violados ou não respeitados perante a lei maior.
	 Uma das definições e conceito sobre o abrigo institucional observa-se através das orientações técnicas do BRASIL/CONANDA/CNAS (2009, p. 29):
Serviço que oferece acolhimento, cuidado e espaço de desenvolvimento para grupos de crianças e adolescentes em situação de abandono ou cujas famílias ou responsáveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de cuidado e proteção. Oferece atendimento especializado e condições institucionais para o acolhimento em padrões de dignidade, funcionando como moradia provisória até que seja viabilizado o retorno à família de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para família substituta.
		 Segundo Barros (2015) é muito recente a denominação acolhimento institucional, por isso é comum ainda encontrarmos o termo abrigo em muitos documentos ou no discurso circulante ao se referir à medida de proteção preconizada pelo ECA (Lei 8.069 de 13 de julho de 1990) . A mudança se deu com a intenção de um espaço de acolhida com afeto e responsabilidade, em que o indivíduo, mais que o espaço, é o principal foco, diferenciando, assim, da concepção de abrigo como apenas um local de guarda e proteção física.
		 Num breve resumo, um dos exemplos a ser dado sobre o acolhimento institucional é citado pela Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (2013, p. 1):
[...] se uma criança for encontrada sozinha na rua, sem
responsáveis, em situação de abandono, ela será encaminhada para um dos serviços de acolhimento disponíveis até que se encontrem seus familiares e se verifique a situação que ensejou a sua saída para a rua e expôs sua vida a risco. Da mesma forma, se um adolescente está sendo vítima de maus-tratos por sua família e nenhum outro familiar capaz de responsabilizar-se por ele é encontrado, a colocação em um serviço de acolhimento também é a alternativa, naquele momento.
		 Hashimoto (2012, p. 17) explica a função de abrigo institucional como o local que: 
[...] oferece acolhimento provisório para crianças e adolescentes afastados do convívio familiar por meio de medida protetiva de abrigo. O serviço deve ter aspecto semelhante ao de uma residência e estar inserido na comunidade, em áreas residenciais, oferecendo ambiente acolhedor e condições institucionais para o atendimento com padrões de dignidade. Deve ofertar atendimento personalizado e em pequenos grupos e favorecer o convívio familiar e comunitário das crianças e adolescentes atendidos, bem como a utilização dos equipamentos e serviços disponíveis na comunidade local. O número máximo de atendidos deve ser 20.
		 De acordo com o estabelecido em lei a equipe mínima sugerida para 20 crianças/adolescentes compreende: 01 Coordenador (nível superior), 01 Psicóloga (a), 01 Assistente Social, 01 educador/cuidador (ensino médio) para um grupo de 10 crianças/adolescentes, 01 auxiliar de educador (ensino fundamental) para cada 10 crianças e adolescentes. De acordo com demandas específicas a quantidade de educador/cuidador e de auxiliar de educador/cuidador deve ser aumentada (BRASIL, 2009, p. 64). 
		 Neste mesmo documento ainda é previsto que os funcionários que atendem no abrigo, possuam algumas habilidades e características, tais como:
Coordenador: gestão; trabalho em rede; crianças e adolescentes em situação de risco; conhecimentos sobre seleção e desenvolvimento de Recursos Humanos; conhecimento aprofundado do ECA, SUAS, Sistema de Justiça e PNCFC.Equipe Técnica: violência e exclusão social, crianças e adolescentes em situação de risco, separações, vinculações, dependência química; desenvolvimento infanto-juvenil; seleção e desenvolvimento de Recursos Humanos; atendimento a criança, adolescente e família; atendimento em grupo; trabalho em rede; acesso a serviços, programas e benefícios; ECA; SUAS; Sistema de Justiça e PNCFC. 
Educador/Cuidador: cuidados com crianças e adolescentes; noções sobre desenvolvimento infanto-juvenil; noções sobre ECA; SUAS; Sistema de Justiça e PNCFC (BRASIL, 2009, p.57).
		 
		 Considerando que os funcionários e técnicos possuem escolaridade e funções determinadas, o CONANDA (BRASIL, 2006) estabelece que todos os trabalhadores do abrigo sejam considerados como educadores, pois todos têm na sua rotina, o contato direto com os abrigados e cabe, portanto, a todo instante exercer a função educativa.
		 Destaca-se o fator protetivo que o abrigo deve assegurar está vinculada necessariamente na construção de uma relação afetiva, segura, estável e positiva entre o corpo de trabalho da instituição e os menores cuidados, sendo essa instituição um referencial para a criança e o adolescente.
		 Rezende (2012, p. 5) cita que várias são as situações que colocam a criança e/ou adolescente em abrigos:
Várias razões podem motivar o acolhimento: os pais podem estar cumprindo pena, hospitalizados ou serem autores de violência doméstica, por exemplo. Esta última modalidade, no Brasil, é a mais comum. Neste caso, o objetivo é interromper o processo de violência pelo qual crianças e adolescentes passam dentro de casa. São situações nas quais essas crianças e adolescentes se defrontam com diversos tipos de violência doméstica: física, sexual, psicológica ou com situações de negligência.
 
		 Acredita-se ser importante analisar um pouco o que preza a conceituação sobre o sentido da palavra violência e a consequente repercussão.
 Segundo Fávero (2008, p. 3) apud Pereira (2011, p. 46) violência vem do latim vis, que significa força, ou seja, é todo ato de coação, constrangimento, tortura e brutalização de seres humanos. 
Violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico e/ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão, intimidação, pelo medo e pelo terror. A violência se opõe a ética porque trata seres racionais e sensíveis, dotados de linguagem e de liberdade como se fossem coisas, isto é, irracionais, insensíveis, mudos, inertes ou passivos. (FÁVERO, 2008, p. 3 apud Pereira (2011, p.46). 
 É observado por Pereira (2012) que o maior índice de violência, rejeição, abandono estão proeminentes nas famílias consideradas “pobres” onde a violência se torna mais evidente pelo fato de estarem mais expostas aos diversos tipos de necessidades básicas e personificadas nas figuras de conselheiros tutelares, assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais.
		 Pereira (2011, p. 2) diz que em conformidade com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/90), a falta de recursos materiais por si só não constitui motivo suficiente para afastar crianças e adolescentes do seu convívio familiar, encaminhá-los para serviços de acolhimento ou inviabilizar sua reintegração (Art.23). O afastamento apenas é justificado quando o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores é descumprido (Art.22) (BRASIL, 1990). Portanto, para se trabalhar com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, marcadas pelo abandono ou afastamento do convívio familiar, deve-se compreender antes de tudo que esta “vulnerabilidade” aborda diversas modalidades de desvantagem social, mas principalmente a fragilização dos vínculos afetivos, relacionais, de pertencimento social ou vinculado à violência.
		 Cabe aos indivíduos que trabalham em programas de acolhimento institucional e ainda, as famílias acolhedoras ter um firme propósito que os jovens que são atendidos/abrigados não estão lá por vontade própria, estão lá por não terem outra opção de sobrevivência.
 É importante ressaltar que o que vivemos atualmente em termos de formulação de políticas públicas também não escapa das influências que seguem aos interesses dos governantes e que refletem uma política do passado. Um exemplo de tal afirmação pode ser visto nas políticas efetuadas em épocas de grandes eventos em que o recolhimento da população vulnerável dos espaços urbanos fica flagrante (RIZZINI, 2011 apud BARROS, 2015).
	 Pelo apurado até o presente momento, observa-se que os problemas de abrigamento de menores devem ser resolvidos em sua raiz, e este trabalho deve estar dentro do contexto da família, pois é ali a célula mater de todas as perspectivas de vida social.
	 Ao analisar que grande parcela das famílias está em condições de precariedade e/ou de vulnerabilidade social advindo da insuficiência da falta de trabalho, moradia, educação, saúde e problemas de ordem emocional, cultural, entre outros, a assistência social adquire uma característica de mecanismo de apoio para que novas alternativas possam ser dirigidas as famílias, visando o resgate dos vínculos fragilizados possam ser amenizados e até mesmo sanados.
 Para Pereira (2011, p. 1-2) as crianças e adolescentes que se encontram em situação de vulnerabilidade social são aquelas que vivem negativamente as consequências das desigualdades sociais; da pobreza e da exclusão social; da falta de vínculos afetivos na família e nos demais espaços de socialização; da passagem abrupta da infância à vida adulta; da falta de acesso à educação, trabalho, saúde, lazer, alimentação e cultura; da falta de recursos materiais mínimos para sobrevivência; da inserção precoce no mundo do trabalho; da falta de perspectivas de entrada no mercado formal de trabalho; da entrada em trabalhos desqualificados; da exploração do trabalho infantil; da falta de perspectivas profissionais e projetos para o futuro; do alto índice de reprovação e/ou evasão escolar; da oferta de integração ao consumo de drogas e de bens, ao uso de armas, ao tráfico de drogas.
 Portanto, cabe ao profissional da área da Assistência Social, nesta questão do abrigamento de crianças e adolescentes, dirigir-se diretamente com as famílias, um trabalho de forma articulada com as propostas dos programas sociais propostos às famílias, orientando, informando, encaminhando as famílias para a rede social de atendimento, uma vez que há um trabalho em conjunto entre o abrigo e a intervenção da rede, tornando-a mais ágil e eficaz para o retorno da família de origem do abrigado.
	 Vale destacar a necessidade de uma compreensão social que por trás de uma criança ou adolescente em estado de abrigamento também há uma família em estado de necessidades e de desamparo.
2.3 O CONTEXTO FAMILIAR NA VIDA SOCIAL
		 A família é entendida como a essência principal de proteção, amor, afeto e socialização para qualquer indivíduo, qualquer ser humano. Entretanto, o inverso também gera enormes problemas afetivo, físico, emocional e social para as crianças e adolescente. Há uma lacuna das emoções positivas no lar. Uma falta sentida é o desacordo familiar, problemas de indisciplina, autoridade em excesso dos pais ou a falta destes, violência, drogas, promiscuidade, falta de equilíbrio cultural, social e financeiro.
 A pertinência a uma família é complexa, pois além de subsidiar um contexto que permita a sobrevivência e o desenvolvimento de seus membros, buscando atender as suas necessidades de manutenção e reprodução, tem-se ainda a complexidade oriunda das interações múltiplas entre os membros dessa família, que tanto podem ser de características: amorosa, carinhosa e leal (ambiente familiar acolhedor), como podem ser de características de: ódio, culpa, vingança (ambiente familiar disjuntivo; e, tanto o ambiente familiar acolhedor quanto o disjuntivo possuem nas suas interações, ligaçõesinternas que atingem a vida da família em sua totalidade e complexidade (CASTRO, 2001, p. 39).
 Segundo Barbosa (2015, p. 29):
O problema, [...], é parte do quadro brasileiro mais amplo de desigualdade socioeconômica, comprometendo a garantia de direitos básicos de todos os cidadãos e, em particular, das crianças e dos adolescentes. A constatação é que a maioria das famílias não dispõe de suporte para exercerem integralmente as funções de provedores e mantenedores dos filhos, devido às questões supracitadas, dificultando assim a permanência de crianças e adolescentes junto aos familiares, e o atendimento de seus direitos sociais pelas políticas públicas não vem acontecendo conforme a demandas existentes no país, e tem proporcionando um número razoável de crianças e adolescentes institucionalizados, sabe-se não serem motivos à pobreza para causar acolhimento à infância e juventudes brasileiras.
 A preocupação maior é estabelecer a garantia de as crianças e os adolescentes tenham assegurado seus direitos, onde se manifesta no sentido de resguardá-los e protege-los de violações dos familiares.
 O Art. 227 da Constituição Federal diz:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com prioridade absoluta, o direito à vida, à saúde, á alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e a convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligencia, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).
		 Muito embora, a fundamentação básica da sociedade é que crianças e adolescentes vivam sobre o mesmo teto do pai e da mãe, em casos extremos de dificuldade de relacionamento e de convivência, Barbosa (2015, p. 41) recorre às Orientações Técnicas (2009) onde identificam alguns atos que devem ser recorridos aos serviços de acolhimentos para crianças e adolescentes, como segue:
Nas situações em que se mostrar particularmente difícil garantir o direito à convivência familiar, como, por exemplo, no caso encaminhamento para adoção de crianças e adolescentes com perfil de difícil colocação em família substituta, faz-se especialmente necessário o esforço conjunto dos atores envolvidos no sentido de buscar o fortalecimento da autonomia e das redes sociais de apoio das crianças e adolescentes que aguardam adoção, e perseverar no desenvolvimento de estratégias para a busca ativa de famílias para seu acolhimento (BRASIL, 2009, p. 20). 
 A família, tradicionalmente, sempre foi, é e, com certeza, continuará a ser a mola mestra dos primeiros aprendizados, a instituição-chave onde se inicia o processo de socialização entre seres humanos.
	E, logicamente, num segundo momento e no processo sequencial de desenvolvimento cultural e interação social vem a escola, numa parceria entre a comunidade onde o indivíduo se encontra inserido.
		 Entretanto, a sociedade atual, da sociedade do consumo, do capital exige que as famílias que não sequer têm condições de moradia, saúde, educação, de acesso ao trabalho, e outras necessidades mais, cuidem adequadamente de seus filhos como se realmente tivessem condições para tal feito, muitas famílias lutam apenas para sobreviver, com migalhas sociais e, além disso, é exigido que dê proteção integral a seus filhos. É uma situação bem paradoxal.
		 É o que também expressa Silva (2004, p. 217) ao considerar que:
[...] a família se encontra muito mais na posição de um sujeito ameaçado do que de instituição provedora esperada. E considerando a sua diversidade, tanto em termos de classes sociais como de diferenças entre os membros que a compõem e de suas relações, o que temos é uma instância sobrecarregada, fragilizada e que se enfraquece ainda mais quando lhe atribuímos tarefas maiores que a sua capacidade de realizá-la”.		 
		 Fica expresso, portanto, que a família é a responsável pela socialização de seus entes. As transmissões de valores morais e sociais nascem no lar. Entretanto, faltando ou sendo impossibilitada a família de cumprir seu papel, cabe ao Estado, neste caso, o abrigo em assumir o menor.
 Pereira (2011, p. 4) entende que:
Ser pai e mãe implica não uma filiação biológica, mas uma filiação sócia afetiva; compreende a verdade do coração, mais que a do sangue. Implica cidadania, pertencimento e identidade. Ser pai ou mãe é sê-lo por adoção, ou seja, é se comprometer, se responsabilizar, sustentar, cuidar, amar o filho, independente das formalidades legais. Para que haja a materialização do vínculo filial, portanto, é preciso que os pais reconheçam seus filhos e que os filhos se sintam reconhecidos e seguros nesta relação.
 Souza (2008, p. 39) também considera variantes no quesito relação afetiva, citando que “há diferentes formas de estabelecer vínculos seja entre mãe e filho, entre crianças em situação de rua e educadores, seja entre pares, ou, ainda, entre famílias e sua rede social”.
 É citado por Franco (2007, p. 52) que de acordo com o Plano Nacional de Assistência Social/PNAS, pode ou não o grupo familiar se mostrar capacitado para desempenhar suas funções primárias. O importante mesmo é ressaltar que esta capacidade do grupo resulta de sua relação com a sociedade, sua organização interna, sua multiplicidade de valores, entre outros fatores.
 Portanto, se a criança, o filho não recebe a fundamentação social, individual e coletiva dentro de casa, o mesmo pode se situar entre àqueles que tiveram sua formação básica destituídos de afeto, carinho, mas, formados num ambiente adverso que compromete seu desenvolvimento psicossocial e cognitivo.
		 Silva (2004, p. 217) entende que desta forma a família não pode ser transformada em símbolo da ineficiência das ações do Estado, a insuficiência de atendimento nas demandas que a sociedade necessita.
		 Importante registro faz Barbosa (2015, p. 37) ao observar que as legislações vigentes traçam o reconhecimento de que a família é fundamental na construção da humanização e socialização da criança e do adolescente e que, para tanto, devem estar munidas de recursos sociais e econômicos. Porém existem dificuldades no acesso a tais recursos.
		 Cabe sim, ao Estado de promover os eventos que possam erradicar a miséria, dando condições para que os cidadãos, à família, possam ter acesso de usufruir os bens e serviços que são indispensáveis para o bem estar e a qualidade de vida, além da exclusão a que a camada mais carente da sociedade estão inseridos.
		 Desta forma, visualiza-se que centenas de crianças e adolescentes que se encontram em instituições de abrigos ou perambulando pelas ruas poderiam estar com seus familiares, dentro de um ambiente de harmonia, de proteção e de convivência digna.
2.4 A FAMÍLIA EM ESTADO DE NECESSIDADE DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL e a REINSERÇÃO FAMILIAR
 Entende-se que diversos são os tipos de necessidades que estão no cotidiano de famílias de crianças e adolescentes que podem ser consideradas em situação de acolhimento institucional. As dificuldades e situações vão desde a miséria, passando pela negligência, maus tratos, violência, exploração do trabalho infantil, abuso sexual e todos os tipos de riscos que colocam o indivíduo tendo seus direitos violados.
 Gulassa (2010, p. 12) apud Barbosa (2015, p. 35) é que é:
É preciso analisar corajosamente como o acolhimento institucional está desempenhando seu papel social, pensar claramente à luz das leis e das reflexões atuais sobre qual é a sua verdadeira função, analisar os seus paradigmas, as suas bases conceituais, sua filosofia educacional e construir
metodologias, traçando uma proposta consistente de ação social e educativa
 No geral, as instituições que abrigam crianças e adolescentes, apresentam um quadro ainda contraditório, pois atendem aqueles cujas famíliasnão estão em condições de mantê-las, especialmente por falta de recursos financeiros [...] O que conflita com o mesmo estatuto que não autoriza como regra única à questão econômica, para a retirada das crianças e adolescentes do convívio familiar. A realidade da infância e juventude, não esta atrelada somente à dificuldade financeira de sua família, outros viés, impossibilitam a família de cuidar dos mesmos (BARBOSA, 2015). 
 Cardoso e Teixeira (2015) apontam que um dos maiores desafios para que se de a concretização da reintegração familiar é o resultado de um trabalho eficiente entre instituições que formam a rede proteção e todos os profissionais envolvidos, sob a responsabilidade efetiva do Estado.
[...] através do trabalho em rede, a reinserção familiar passa a ser alvo da atenção de todos os envolvidos com a situação da criança e do adolescente acolhido institucionalmente, quais sejam: profissionais do Poder Judiciário, as Instituições de Acolhimento, do Conselho Tutelar, bem como de toda rede de atenção à família, que deve unir esforços para que esta seja potencializada a resgatar sua capacidade protetiva, de poder acolher novamente a criança/adolescente. Diante da possibilidade de retorno da criança e adolescente à sua família de origem é importante que sejam definidas as responsabilidades de cada serviço, quanto ao acompanhamento do referido grupo familiar após o desligamento da Instituição de acolhimento. Tal medida visa evitar atendimentos sobrepostos, desarticulações e incongruências, bem como possíveis falhas na política de proteção social (CARDOSO E TEXEIRA, 2015, p. 10).
	 Portanto, a compreensão advém na argumentação de que para se garantir um trabalho efetivo e eficaz das ações preconizadas para a reintegração familiar, tendo como prioridade a família de origem, as articulações entre órgãos, instituições, políticas públicas e o trabalho de assistência social dentro de um trabalho muito bem elabora e articulado as respostas deverão necessariamente ser positivas.
	 Cardoso e Teixeira (2015, p. 10) afirma que:
Apesar das dificuldades e desafios enfrentados por esse serviço e trabalho social com família, há muitas potencialidades e avanços, ainda que permaneçam mais normativamente que na prática, sendo guias das novas ações, pois, implicam reordenamentos e mudanças, inclusive de mentalidade e condução do trabalho social.
 Desta forma, é necessária a intervenção dos órgãos que atuam na assistência social e do poder público para que através do acolhimento institucional suspenda o convívio temporário ou permanente, dependendo da situação, dos menores serem recolhidos para uma abrigagem institucional.
	 Santos (2011, p. 28) passa uma visão um tanto quanto diferente das ideias até estudadas, diz a autora que:
A medida de acolhimento institucional, também pode ser vista como uma estratégia, utilizada para a sobrevivência de algumas famílias, que entregam seus filhos acreditando que, naquele espaço, terão um desenvolvimento mais saudável. Visto a sua carência de recursos e a garantia de seus filhos conseguirem estudar, se alimentar e vestir justifica a convivência institucional em detrimento à convivência familiar.
 No entanto, o que realmente está relevado no ECA/1990, é de acordo com Oliveira (2012, p. 50) uma reiteração da perspectiva jurídica de garantia de direito, de forma que o acolhimento institucional não é uma estratégia de manipulação de famílias mal intencionadas, mas sim, que apenas seja aplicado como uma ação em caráter provisório e excepcional, quando no devido desenvolvimento do processo seja realizado o retorno à convivência familiar e social, com prioridade extrema para a família de origem ou em casos excepcionais, em famílias substitutas.
	 Diz ainda Oliveira (2012, p. 50) que “contudo, ainda há uma forte cultura no Brasil de que o acolhimento institucional de crianças e adolescentes seria uma forma de protegê-los das ‘más influências’ de seu meio, desconsiderando as perdas e as consequências para o seu desenvolvimento psicológico, afetivo e cognitivo enquanto institucionalizados”.
	 Portanto, a consideração realizada por Santos (2011) não coaduna com Oliveira (2012) no sentido de que dentro da perspectiva legislativa, o imperativo do objetivo e dentro das regras pré-estabelecidas somente serão efetivados ou acolhidos crianças e adolescentes em casos de extrema necessidade.
	 Segundo Barbosa (2015, p. 40) através da nova regulamentação sobre a intervenção na família natural, parágrafo 1º, do artigo 1º, da lei 12.010/09, voltada para que haja uma preservação dos laços familiares, “entretanto, a institucionalização continua sendo a resposta possível que a sociedade construiu para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, a exigência é de que essa medida de proteção seja breve”.
 Silva (2012, p. 32) apud Barbosa (2015, p. 40) explica que de acordo com o art. 19 da Lei 12.010/09 é considerado que:
§ 2º - A permanência da criança e do adolescente em programa de
acolhimento institucional não se prolongará por mais de 2 (dois) anos, salvo
comprovada necessidade que atenda ao seu superior interesse,
devidamente fundamentada pela autoridade judiciária (BRASIL, 2011, p.28).
	 É imperativo que se entenda que para que a criança e/ou adolescente esteja apto para voltar à convivência com a família natural, isto é, seu núcleo de essência, ou na família extensa, se processará depois de exauridas todas as probabilidades até mesmo ao ponto da adoção. Entretanto, o primeiro constituinte no tratamento específico é a reconquista do espaço do indivíduo no seu próprio núcleo familiar.
 Lehfeld e Silva (2014, p. 9) explicam que por motivos diversos, muitas crianças e adolescentes são encaminhados para instituições de acolhimento para serem protegidos de suas próprias famílias. Chegando nestas instituições, estes jovens se deparam com o moralismo de profissionais que julgam e culpam suas famílias por não terem oferecido os cuidados necessários. O distanciamento destes em face dos familiares é longo, com riscos de fragilizar ou romper vínculos afetivos e quando a família retoma o contato com seus jovens, além de enfrentar a dor em ver seus membros institucionalizados, devem também encarar discursos preconceituosos dos cuidadores do Serviço que ao orientá-los, apoiam-se em embasamentos profissionais antigos e antiquados, considerando a nova visão de trabalho.
	 Mas, de acordo com Cardoso e Teixeira (2015, p. 8) repercute a ideia onde o trabalho com a família tem que ser focado em assegurar a reintegração da criança e do adolescente para a mesma, entretanto, quando de impedimentos dessa reinserção, os mesmos devem ser redirecionados para uma melhor alternativa para atender a demanda necessária da criança e do adolescente. 
 É citado ainda pelas autoras acima, que o trabalho de atendimento no CRAS e no CREAS, com as famílias de origem, no sentido de evitar as reincidências dos problemas que foram detectados e que deram origem para o acolhimento ainda assim, encontram problemas concretos de acordo com as novas legislações.
 Lima et al (2013) apud Cardoso e Teixeira (2015, p. 9) sublinham que além das crianças e dos adolescente, a reintegração familiar é extremamente importante: 
[...] mas requer a implementação de políticas sociais universais e descentralizados, não vinculadas ao processo de reprodução capitalista e sim à garantia de direitos, com trabalho social sistemático, planejado, continuado e com atendimentos e acompanhamento permanentes e integrados e não meramente emergenciais.
 O Serviço de Acolhimento, considerando todo o corpo funcional que atua diretamente ou indiretamente com as crianças e adolescentes e suas famílias, deve possuir a compreensão da dimensão sociológica e afetiva da família, respeitando suas múltiplasconfigurações atualmente destacadas, as condições socioeconômicas, culturais, salutares, educacionais, étnicas e raciais e religiosas. É importante que ao invés de surgirem conflitos morais entre Acolhimento e Família, estabeleça-se a prática do diálogo, de modo a favorecer a garantia da qualidade de vida das crianças e adolescentes durante o período de acolhimento (LEHFELD e SILVA, 2014, p. 6).
	 Por fim, neste breve item de estudo, ressalta-se o atendimento de acolhimento institucional é uma medida considerada de alta complexidade, onde o objetivo é afiançar a proteção à crianças e adolescentes, sob condição de violação de seus direitos quanto a moradia, higiene, alimentação, situação de ameaça, risco e para sua integridade física e mental necessitando serem afastados do convívio familiar e/ou social.
2.5 O FUNCIONAMENTO DA ABRIGAGEM INSTITUCIONAL
		 
		 Intenciona-se neste tópico, ilustrar de como se consolida o funcionamento de uma instituição de abrigagem de crianças e adolescentes, observando as especificidades e necessidades do programa e as peculiaridades que estão presentes no cotidiano e seus reflexos como meio de proteção social.
	 Stegani (2013, p. 3) faz uma breve ilustração de que o problema que irá ser envolvido a criança ou adolescente dentro da abrigagem:
Tendo em vista que as crianças e adolescentes encaminhados para instituições de acolhimento, em sua maioria, sofriam maus tratos dentro do ambiente familiar, a reconstrução do vínculo torna-se um processo lento e repleto de dificuldades, que precisam ser superadas para que se ressignifique a história do sujeito.
		 Cita ainda a autora que várias são as dificuldades que irão encontrar os atendentes quando da chegada da criança à instituição, dificuldades que vão da ordem físicas até as condições psíquicas de sentimento de abandono, desnutrição, situações de graus diversos de agressão, de abusos sexuais, em péssimo estado de higiene e até mesmo de saúde, e tantos outros aspectos que irão ser fatores de barreiras para a adaptação tantos dos técnicos de atendimento e mesmo o menor (STEGANI, 2013).
		 Segundo Barbosa (2015, p. 53) a institucionalização ocorre após a verificação do Conselho Tutelar das situações em que se encontram a crianças ou o adolescente e o grau de risco social ou pessoal, entretanto o que o Conselho Tutelar deveria tomar como medidas em primeira instância a tentativa de colocar os menores em casas de amigos, vizinhos, padrinhos, etc., antes de recolhê-los a um abrigo institucional, isto é, o Conselho Tutelar deve esgotar todos os recursos que a rede de proteção oferece terem sido esgotados para chegar ao definitivo acolhimento institucional. 
 O acolhimento é uma medida de proteção que visa à garantia, e nunca a privação dos direitos. As crianças e adolescentes nessa situação merecem especial atenção pela situação peculiar em que se encontram, vivendo em um espaço que não é o seu de origem, com pessoas que não são os seus familiares. Frequentemente as crianças e adolescentes atendidos são pobres, vindas de uma estrutura familiar fragilizada e muitas passam vários anos institucionalizados (HASHIMOTO, 2012). 
 Entende-se por acolhimento institucional, de acordo com as Orientações sobre Acolhimento Institucional (2013, p. 9) como “um espaço de proteção provisório e excepcional, destinado a crianças e adolescentes privados da convivência familiar e que se encontra em situação de risco pessoal ou social ou que tiveram seus direitos violados”.
 		 Entretanto, Stegani (2013, p. 5) atenta para um importante detalhe quanto ao afastamento da família e a nova etapa de vida criança:
Para auxiliar no cumprimento das normas e práticas, alguns órgãos contribuem com a fiscalização do trabalho nos abrigos, como os Conselhos Tutelares, a Vara da Infância e da Juventude e o Ministério Público. Todos estes órgãos acrescidos dos cuidadores diretos das crianças e adolescentes abrigados constituem provisoriamente e simbolicamente o núcleo familiar destes sujeitos. A responsabilidade quanto aos cuidados básicos para a sobrevivência, bem como a reconstrução dos laços de afetividade são proporcionados a partir destes contatos que agora fazem parte do ambiente familiar dos abrigados
		 O que a citação acima nos remete é para um entendimento de que vai haver uma ação nova para a criança e, consequentemente, a reação dependerá da forma como for sendo realizado a nova adaptação e o atendimento das necessidades individuais e particulares de cada criança.
 Adrião (2013, p. 11) o uso da terminologia “acolhimento institucional” é novo e substitui o termo abrigamento (alteração feita pela Lei nº 12.010 de 03 de agosto de 2009); medida excepcional e provisória, pois utilizada como forma de transição, uma vez que visa à reintegração familiar.
		 Dentro do contexto maior do trabalho de assistência social que decorre da demanda necessária dos indivíduos sociais, a denominação em si ou da propriedade da instituição que irá atender o problema, mas sim, o fim a que se deseja alcançar.
		 Segundo Hashimoto (2012, p. 10): 
De acordo com o artigo 90 do ECA, “as entidades de atendimento são responsáveis pela manutenção das próprias unidades”. Porém, sendo a executora do programa uma organização não governamental, é compreensível que necessite de recursos públicos para sua manutenção, para arcar com despesas de pessoal, alimentação, vestuário e medicamentos. Os recursos públicos para tal devem ser repassados pelo Fundo Municipal de Assistência Social.
		 Fica evidente, que de acordo com a ideia de Hashimoto (2012) que nenhum programa de governo ou de problemas de assistência social pública vai requerer definitivamente de recursos para que cubra a demanda necessária para a implementação efetiva dos órgãos de enfrentamento dos problemas sociais da comunidade.
		 Nas Orientações sobre Acolhimento Institucional (2013, p. 10) estão descritos que dentro do modelo do Sistema Único da Assistência Social – SUAS – os Programas de Acolhimento Institucional se classificam como ações de “alta complexidade” (direitos violados e privados do convívio familiar). O atendimento dos programas de acolhimento institucional deve ser realizado de forma personalizada, em pequenas unidades e grupos, privilegiando-se as ações descentralizadas. Todas as entidades que desenvolvem programas de abrigo devem prestar plena assistência à criança e ao adolescente, ofertando-lhe acolhida, cuidado e espaço para socialização e desenvolvimento. E para funcionar, a entidade de abrigo deve estar registrada no Conselho Municipal de Assistência Social e da Criança e Adolescente. 
		 Segundo Adrião (2013, p. 12) o ECA estabelece os princípios e critérios que devem ser seguidos por um programa de abrigo, os quais se encontram no Art. 92: 
- preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar; 
- integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa; 
- atendimento personalizado e em pequenos grupos; 
- desenvolvimento de atividades em regime de coeducação; 
- não desmembramento de grupos de irmãos; 
- evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados; 
- participação na vida da comunidade local; 
- preparação gradativa para o desligamento; 
- participação de pessoas da comunidade no processo educativo. 
 O Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFA) de 2006, também aponta para o reordenamento das instituições que oferecem programas de acolhimento institucional, é o que descreve Adrião (2013, p. 12) sobre as adequações a serem implementadas nas instituições:
- infraestrutura adequada ao atendimento de pequenos grupos e semelhante a uma residência normal; 
- localização em áreas residenciais e nãoafastadas da comunidade e da realidade de origem das crianças e adolescentes; 
- preservação dos vínculos com a família de origem quando não impedida por ordem judicial; 
- articulação e contato com o Poder Judiciário; 
- condições adequadas ao pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes acolhidos, oferecendo o estabelecimento de relações de afeto e cuidado; 
- condições, espaços e objetos pessoais que respeitem a individualidade e o espaço privado de cada criança e adolescente; 
- atendimento integrado e adequado às crianças e aos adolescentes com deficiência; 
- acolhimento de ambos os sexos e diferentes idades, preservando assim os vínculos entre os grupos de irmãos; 
- respeito às normas e orientação para as equipes de trabalho, oferecendo a devida capacitação para o trabalho; 
- estabelecimento e articulação com a rede social de apoio; 
- promoção da convivência comunitária utilizando os serviços disponíveis na rede de atendimento a evitar o isolamento social; 
- preparação da criança e do adolescente para o processo de desligamento, respeitando assim o caráter excepcional e provisório do regime de abrigo; 
- fortalecimento e desenvolvimento da autonomia e a inclusão de adolescentes na comunidade visando a sua inserção no mercado de trabalho, possibilitando-lhes, ainda, as condições de sobrevivência fora da instituição de acolhimento. 
		 Dentro ainda deste contexto de acolhimento, além das ações acima descritas, há toda uma compreensão em relação ao fator bem característico a ser desenvolvido nos planos e programas de acolhimento e abrigamento, tais como estão descritas nas Orientações sobre Acolhimento Institucional (2013, p. 19):
Relativas às crianças e adolescentes:
- acolher crianças e adolescentes, conforme decisão judicial ou do Conselho Tutelar. Nessa última hipótese, o abrigamento deve ser comunicado ao Juiz da Vara da Infância e da Juventude (em 48 horas);
- assegurar a integridade física dos abrigados; garantir assistência médica, psicológica, odontológica, farmacêutica e outras às crianças e adolescentes acolhidas;
- garantir o encaminhamento à educação infantil, ao ensino fundamental, médio e à profissionalização, conforme o caso;
- garantir acesso à cultura e ao lazer, mediante participação em atividades da comunidade local;
- proporcionar alimentação balanceada, em quantidade sufi ciente, e preparada de acordo com as necessidades de cada faixa etária;
- preparar crianças e adolescentes para o processo de desligamento;
acompanhar egressos.
Relativas à estrutura física e material da entidade:
- oferecer instalações físicas adequadas, em condições de higiene, habitabilidade e segurança; 
- a manipulação, o preparo e a estocagem dos alimentos devem ser realizados em local apropriado e em observância às condições de higiene, temperatura, ventilação, segurança, iluminação e organização;
- oferecer vestuário em bom estado de conservação, limpo e adequado à faixa etária e ao clima. Roupas de cama e banho devem atender aos mesmos critérios;
- um abrigo deve assemelhar a uma casa, um lar e não um escritório ou local de trabalho.
 Seja qual for o tipo de acolhimento, a fim de atender aos pressupostos do ECA, de acordo com as Orientações sobre Acolhimento Institucional (2013, p. 13) as entidades ou programas devem: 
- estar localizados em áreas residenciais; - promover a preservação dos vínculos familiares; - manter permanente contato com a Justiça da Infância e Juventude; - trabalhar pela organização de um ambiente favorável ao desenvolvimento da criança ou adolescente e estabelecimento de uma relação afetiva e estável com o cuidador; - atender ambos os sexos e idades, a fim de preservar os vínculos entre irmãos; - propiciar a convivência comunitária e a utilização dos serviços disponíveis na rede para atendimento de demandas de saúde, lazer, educação, etc; - preparar gradativamente a criança/adolescente para o desligamento; - fortalecer o desenvolvimento da autonomia e a inclusão do adolescente em programas de qualificação profissional, bem como sua inserção no mercado de trabalho.
	
		 Entre outros aspectos que estão fora do alcance da estrutura física dos abrigos institucionais, também têm de se analisar os aspectos de comportamento dos profissionais que atuam na instituição, no zelo e no trato do dia-a-dia de cada criança ou de cada adolescente que ali se acham instalados.
	 Barbosa (2014, p. 49) enfatiza que para trabalhar em abrigos, casas lares e abrigamento institucionais requer do profissional várias competências para que se possa desenvolver uma boa qualidade de trabalho, é o que conta a autora:
Diversos fatores estão presentes no trabalho daqueles que trabalham em acolhimento institucional. Dentre eles, o desafio em lidar como público atendido, devido à complexidade das ações que são permeadas por um conjunto de elementos que as tornam diversificadas, imprevisíveis e sujeitas a constantes mudanças. Estas complexidades se referem aos tipos de demandas existentes no cotidiano dos acolhimentos, que requerem atendimentos flexíveis, pois emergem sempre novas demandas e necessidades, originárias da variedade dos problemas sociais, em face à complexidade dos contextos histórico familiares. Por isso, a importância da qualificação profissional e do trabalho educativo para que o profissional tenha condições mais concretas de realizar suas ações, em consonância com o que é preconizado no ECA e nas normativas.
	 A relação de capacidades para atender trabalhos que haja um contato direto com o indivíduo, com o cidadão e o ser humano, é deveras um trabalho de extrema importância, pois todo o procedimento será intrinsecamente direcionado para pessoas diferentes, pensamentos diferentes, culturas diferentes, necessidades diferentes.
		 É descrito em BRASIL (2009, p. 45) que é importante que para crianças e adolescentes que estejam em situação de rua, o acolhimento inicial deve ser realizado através de uma estratégia de sensibilização para que aflore o vínculo de confiança entre os indivíduos. Outro ponto citado é situar o menor sobre os aspectos do significado do “estar e não-estar na rua”, seus desejos, temores e expectativas quando da retomada do convívio na família e na sociedade. O cuidado de acesso junto ao educador e o cuidador, ou a família acolhedora e com os colegas que farão parte de seu cotidiano também deve ser uma prioridade. A criança e ou o adolescente ao longo do acolhimento deve ter um amplo espaço para o diálogo com os profissionais que atuam na instituição sobre seus sentimentos, os motivos, suas ideias a respeito de se encontrar afastado de sua família.
	 Hashimoto (2012, p. 15) explica que é importante que os abrigos sejam mistos e não se limitem a atender uma faixa etária específica ou a um grupo específico de crianças (portadores de deficiências, ou de AIDS, por exemplo), de forma que garanta o que estabelece o ECA, evitar transferências para outras entidades e garantir o não desmembramento de grupos de irmãos, para que não haja rompimentos afetivos.
		 Importa fazer uma breve reflexão neste ponto quando se trata de haver uma organização por gênero, faixa etária e outros elementos que compõem o grupo de atendimento, pois as características e necessidades são diferentes, e a interrelação, dependendo das condições da estrutura ofertada pela instituição, pode até mesmo oportunizar influências negativas entre o grupo.
		 Franco (2007, p. 40) faz outra citação importante ao lembrar que a preservação dos vínculos familiares é atribuição das entidades governamentais e não-governamentais, que executam o programa de abrigamento. Para isso, deverá a instituição, por meio da intervenção junto às famílias de profissionais habilitados, agir como facilitadora, aproveitando as visitas de familiares para estudos e intervenções. Deve, também, acompanhar regularmente os processos judiciais e a emissão de dados estatísticos para o Conselho Municipal da Criançae do Adolescente/CMDCA, de maneira que se possam elaborar projetos que atendam aos diretos específicos desses sujeitos. 
		 Realmente, a presença da família é uma parte do processo de reinserção e de reintegração entre os pares, e todos devem estar envolvidos dentro de um mesmo direcionamento para que se processe o entendimento e a expectativa do auxílio de profissionais atenderem a necessidade daquela família.
		 Na visão de Hashimoto (2012, p. 16) os jovens devem participar da organização da rotina diária da instituição e assumir responsabilidade pelo cuidado com seus objetos pessoais, com seu autocuidado e cumprimento de compromissos (escola, atividades na comunidade, trabalho, etc.). É importante ressaltar que a participação das crianças e adolescentes nas tarefas relacionadas aos cuidados domésticos deve ser estimulada, sem detrimento, todavia, de qualquer outra atividade lúdica ou educativa.
		 Aqui se abre uma pausa para que se possa fazer uma análise fundamental neste estudo, mesmo com os avanços estabelecidos no ECA, mesmo com todas as orientações técnicas sobre o evento do abrigamento, na verdade o que ser verifica é que os abrigos enfrentam enormes desafios, que vão desde o adequamento físico, o alinhamento legal e todos os parâmetros técnicos exigidos até os problemas que estão presente no dia a dia da criança e do adolescente, em relação à drogas, álcool, sexo, saúde mental e tantos outros problemas correlatos.
		 Além dos desafios que estão ao redor dos abrigos, também é importante ressaltar que as próprias políticas públicas ficam devendo e muito no atendimento das necessidades dos abrigados, forçando necessariamente que os abrigos desenvolvam novas propostas próprias para que possam dar um melhor padrão de qualidade no atendimento dos abrigados. 
		 Adrião (2013, p. 14-15) ainda aponta mais um desafio:
Outro desafio de cunho mais subjetivo diz respeito à forma como os abrigos são percebidos pela sociedade. Ainda para muitos, estas são instituições que realizam filantropia e caridade, são espaços de exclusão social de crianças e adolescentes rotulados como “marginais” e “problemáticos”.
 Mesmo com a prioridade de manter a criança com a família, indo para os abrigos em caráter provisório e excepcional, esta é uma realidade de milhares de crianças e adolescentes brasileiros. “Dizer que “o abrigo não deve existir” com ele existindo, cada vez mais cheio de crianças, é algo temeroso e perverso, pois o coloca num lugar de abandono – sem saída, impedindo sua transformação e impossibilitando o surgimento de um novo modelo de atendimento” (GULASSA, 2010, p. 8 apud ADRIÃO (2013, p. 11). 
		 A questão da visão da sociedade é importante quando vêm no sentido de auxiliar, apoiar, entender e dar sua cota de contribuição. Quanto às críticas negativas que faz parte do contexto da sociedade, não deve ser fator de influência entre os componentes das equipes que tratam deste importante segmento comunitário. 
 Barbosa (2015, p. 34) salienta que existem na literatura algumas situações que caracterizam o trabalho efetuado nas abrigagens institucionais como meros elementos passivos em relação à situação da criança e do adolescente:
[...] os serviços que executam acolhimento institucional são procurados como necessários e, muitas vezes, percebidos como a única saída – a salvação para determinadas situações – e, nesse sentido, seus profissionais são até considerados – heróis – pelo tipo de problema que têm que encarar e
acolher;
[...] ao mesmo tempo, esses serviços são negados, desacreditados e rejeitados como aqueles que afastam as crianças de suas famílias – são vistos como os grandes vilões, os que também abandonam, descuidam e mantêm as crianças em situação de exclusão 
 Observa-se que há certo sarcasmo em alguns segmentos da sociedade em relação ao citado acima, devido justamente à falta de conhecimento, informação e de vivência com os problemas sociais, principalmente, os que envolvem crianças e adolescentes.
 Importante destacar que Gulassa (2010, p. 12) complementa citando que [...] “tais contradições trazem um conflito de identidade para esses serviços. É como se eles fossem, ao mesmo tempo, bons e ruins e tivessem de viver e morrer simultaneamente”. 
 Segundo a mesma autora, para superar o exposto é necessário explicitar e entender as contradições presentes.
 Barbosa (2014, p. 41) reafirma que os acolhimentos institucionais devem estar de acordo com as ações constitutivas no que rege o ECA, isto significa que se deve:
[...] trabalhar pela organização de um ambiente favorável ao desenvolvimento da criança e do adolescente, estabelecendo uma relação afetiva e estável com os funcionários. Esse ambiente facilitador permite oferecer condições que incluem tanto atendimento às necessidades físicas e de sobrevivência, quanto as emocionais. Diante disso, não basta apenas os avanços da lei. É necessário seguir parâmetros que são propostos na legislação, no sentido de humanizar o serviço. O acolhimento institucional contemporâneo é palco de novos atores com novas formas de acolhimento.
 No que diz respeito ao trabalho da equipe técnica na questão da situação de vulnerabilidade social da família biológica das crianças e dos adolescentes, o apoio deve ser de forma integrada e participativa, envolvendo as famílias a rede de atendimento das diferentes políticas públicas, garantindo o acesso aos serviços de educação, saúde, de cultura, de assistência social entre outros, bem como buscar alternativas que mudem não apenas as condições de vida das famílias, mas também mudança de paradigmas nas relações familiares possibilitando que os mesmos se vejam reconhecidos como sujeito de direitos, sendo assim, o Estado também o responsável pela garantia destes direitos auxiliando com programas de apoio a estas famílias, que visem potencializar a família para o exercício de suas funções (MIGLIORANSA, HERNANDORENA e MELLO, 2009, p. 16).
		 Frisa-se que por também ter um caráter educativo, a instituição de acolhimento institucional, deve promover a valorização de todos os pontos positivos que fazem parte do contexto humano, ou seja, valorizar as competências pessoais, profissionais. 
		 Barbosa (2014, p, 52-53) faz uma menção desta contextualização:
O acolhimento de crianças e adolescentes deve ser desenvolvido com responsabilidade e complementaridade educacional. Ao lidar com as crianças e adolescentes acolhidos, os profissionais podem atuar como educadores. O cuidado dispensado aos acolhidos, se baseia em um respeito à história de vida das crianças e dos adolescentes, bem como de suas famílias.
		 O espírito de cooperação, interação, integração, apoio são pontos de união profissional que reflete num ambiente saudável dentro da instituição e onde a cultura e a educação expressada por todos, colaboram para o bom andamento coletivo.
	 Para fechar este tópico, cabe uma importante informação em que trata Barbosa (2015, p. 53) que com o advento da Lei 12.010/09, ocorreram algumas alterações importantes no que diz respeito ao acolhimento institucional de crianças e adolescentes, sendo que o Conselho Tutelar apenas terá autonomia para encaminhar ao abrigo crianças que estejam em extremo risco social e pessoal, ou seja, vítimas de abuso sexual e violência física. Nos demais casos, o acolhimento institucional somente ocorrerá mediante determinação judicial, após procedimento judicial contencioso, assegurado aos pais/familiares o devido processo legal, o direito à ampla defesa e o exercício do contraditório.
2.6 O PAPEL DA ASSISTÊNCIA SOCIAL JUNTO AO ACOLHIMENTO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
		 Diante dos fatos levantados até o presente momento de estudo, observa-se que as relações de fragilidade que existe no seio da família e da sociedade, surgem o grande desafio do Serviço Social e seus profissionais serem acionados para que através de mecanismos

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