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CINEMA´TICA E DINAˆMICA DO CORPO RI´GIDO 1. Momento de uma forc¸a em relac¸a˜o a um ponto. • Vamos agora considerar uma forc¸a ~F atuando sobre um corpo rı´gido (figura abaixo). • O efeito de uma forc¸a sobre um corpo rı´gido depende do seu ponto de aplicac¸a˜o A; a posic¸a˜o de A pode ser definida pelo vetor ~r que liga o ponto de refereˆncia fixo O com A. Esse vetor e´ conhecido como vetor posic¸a˜o de A. • Podemos verificar que os vetores ~r e ~F definem um plano. 1 • O momento de ~F em relac¸a˜o a O e´ definido como ~MO = ~r × ~F , (1) onde ~MO e´ perpendicular ao plano que conte´m O e os vetores ~r e ~F ; a orientac¸a˜o de ~MO e´ definida de acordo com o sentido da rotac¸a˜o que o vetor ~F imprime ao corpo, de acordo com uma variac¸a˜o da regra da ma˜o direita (figura a seguir). • A intensidade do momento de ~F em relac¸a˜o a O e´ MO = rF sinφ = Fd, (2) onde d = r sinφ representa a distaˆncia perpendicular de O ate´ a linha de ac¸a˜o de ~F . A intensidade de ~MO mede a tendeˆncia da forc¸a ~F de fazer o corpo rı´gido girar em torno de um eixo fixo dirigido ao longo de ~MO. A unidade de momento no SI e´ N.m. • Podemos perceber que o momento de uma forc¸a na˜o depende da posic¸a˜o real do ponto de aplicac¸a˜o da forc¸a ao longo da sua linha de ac¸a˜o. • Ja´ vimos que duas forc¸as ~F e ~F ′ sa˜o equivalentes (i.e., teˆm o mesmo efeito sobre um corpo rı´gido) se possuı´rem a mesma magnitude, a mesma orientac¸a˜o, e a mesma linha de ac¸a˜o. Isso significa que duas forc¸as ~F e ~F ′ sa˜o equivalentes se, e somente se, forem iguais e tiverem momentos iguais em relac¸a˜o a um dado ponto O. Assim, as condic¸o˜es necessa´rias (e suficientes) para que ~F e ~F ′ sejam equiva- lentes sa˜o ~F = ~F ′, ~MO = ~M ′O. (3) • Se as condic¸o˜es acima forem va´lidas para um determinado ponto O, elas sera˜o va´lidas para qualquer ponto. • Para problemas em duas dimenso˜es, a orientac¸a˜o do momento pode ser especificada de acordo com a convenc¸a˜o mostrada na figura a seguir: (a) vetor ~MO saindo do plano do papel, (b) vetor ~MO entrando no plano do papel. Em ambos os casos, os vetores sa˜o perpendicu- lares ao plano do papel. 2. Teorema de Varignon. • O Teorema de Varignon pode ser utilizado para determinar o momento da resultante de va´rias forc¸as concorrentes, i.e., forc¸as que atuam no mesmo ponto (figura a seguir). • Se va´rias forc¸as ~F1, ~F2, . . . sa˜o aplicadas no mesmo ponto A, e se representarmos por ~r o vetor posic¸a˜o de A, segue-se imediatamente da equac¸a˜o (1) que o momento da resultante em relac¸a˜o a O e´ dado por ~MRO = ~r× ~FR = ~r× ( ~F1 + ~F2 + . . . ) = ~r× ~F1 +~r× ~F2 + . . . (4) Em palavras, o momento em relac¸a˜o a um dado pontoO da resultante de diversas forc¸as concorrentes e´ igual a` soma dos momentos das va´rias forc¸as em relac¸a˜o ao ponto O (Teorema de Varignon), ~MRO = ~M1O + ~M2O + . . . . (5) • Assim, e´ possı´vel substituir a determinac¸a˜o direta do momento de uma forc¸a ~F pela determinac¸a˜o dos momentos de suas componentes ao longo dos eixos x, y e z, por exemplo. Exemplo 1: Uma forc¸a vertical de 450 N e´ aplicada na extremidade de uma alavanca que esta´ ligada a um eixo em O. Determine (a) o momento da forc¸a em relac¸a˜o a O; (b) a forc¸a horizontal aplicada em A que gera o mesmo momento em relac¸a˜o a O. (a) Temos que MO = rF sinφ = (0,6 m)(450 N) sin(150◦) = (270)× (0,5) = 135 N.m. O vetor ~MO e´ perpendicular ao plano da figura e aponta para dentro do papel. Tambe´m podemos deter- minar MO calculando primeiramente o brac¸o de alavanca d, onde cos 60◦ = d/(0,6) → d = (0,6)(0,5) = 0,3 m, e enta˜o MO = Fd = (450)(0,3) = 135 N.m. (b) Neste caso teremos: MO = 135 = rF sin(60◦) = (0,6)× (0,866)F = 0,52F → F ≈ 260 N, e a forc¸a deve estar apontando para a direita. Exemplo 2: Determine o momento da forc¸a de 1000 N em relac¸a˜o ao ponto B. Podemos decompor a forc¸a de 1000 N em suas componentes x e y, uma vez que o momento da forc¸a resultante em relac¸a˜o ao ponto B e´ igual a` soma vetorial dos momentos das suas componentes em relac¸a˜o ao mesmo ponto (Teorema de Varignon). Logo: sin 50◦ = Fx F → Fx = F sin 50◦ = (1000) (0,7660) ≈ 766, cos 50◦ = Fy F → Fy = F cos 50◦ = (1000) (0,6428) ≈ 643. Calculamos agora o momento de cada forc¸a em relac¸a˜o ao ponto B: MFxB = Fxdx = (766) (0,18) = 138 entrando no plano do papel (sinal negativo), M Fy B = Fydy = (643) (0,24) = 154 tambe´m entrando no plano do papel (−). Logo o momento resultante sera´ ~MB = ~M Fx B + ~M Fy B →MB = 138 + 154 = 292 (N.m) entrando no plano do papel ou, em notac¸a˜o vetorial, ~MB = −(292 N.m)kˆ. Exemplo 3: Determine o momento resultante das forc¸as ~F1 = (300 N)j e ~F2 = (400 N)i atuando no mesmo ponto cujo vetor posic¸a˜o em relac¸a˜o a` origem e´ ~r = (3 m)i + (1 m)j + (4 m)k. A forc¸a resultante atuando sobre o ponto em questa˜o sera´ ~F = ~F1 + ~F2 = (400 N)i + (300 N)j. Logo, ~MO = ~r × ~F = i j k3 1 4 400 300 0 i.e., ~MO = ~r × ~F = (−1200 N.m)i + (1600 N.m)j + (500 N.m)k. 3. Componentes retangulares do momento de uma forc¸a. • Em geral, a determinac¸a˜o do momento de uma forc¸a no espac¸o sera´ consideravelmente simplificada se a forc¸a e o vetor posic¸ao do ponto de aplicac¸a˜o forem escritos na forma de componentes retangulares x, y e z • Considere a forc¸a ~F na figura a seguir, a qual atua no ponto A e pode ser escrita na forma ~F = Fxˆı + Fyˆ + Fzkˆ. • o vetor posic¸a˜o do ponto A em relac¸a˜o a` origem pode ser escrito na forma ~r = xˆı + yˆ + zkˆ. • Assim, ~MO = ~r × ~F = i j kx y z Fx Fy Fz , (6) e o momento em relac¸a˜o a` origem tera´ treˆs componentes: ~MO = Mxˆı +Myˆ +Mzkˆ. 4. Momento de um bina´rio. • Duas forc¸as ~F e −~F de igual intensidade, linhas de ac¸a˜o paralelas e sentidos opostos formam um bina´rio. • A resultante das duas forc¸as e´ zero. A soma dos momentos das duas forc¸as em relac¸a˜o a um dado ponto, pore´m, na˜o e´ nula. Assim, as duas forc¸as na˜o ira˜o transladar o corpo, mas tentara˜o rotaciona´-lo. • Sejam ~rA e ~rB os vetores posic¸a˜o dos pontos de aplicac¸a˜o das forc¸as ~F e −~F , respectivamente. A soma dos momentos das duas forc¸as em relac¸a˜o ao ponto O sera´ enta˜o ~M = ~rA × ~F + ~rB × ( −~F ) = (~rA − ~rB)× ~F . (7) Fazendo ∆~r = (~rA − ~rB), onde ∆~r e´ o vetor que une os pontos de aplicac¸a˜o das duas forc¸as, concluı´mos que ~M = ∆~r × ~F , (8) onde ~M e´ denominado momento do bina´rio. ~M e´ um vetor perpen- dicular ao plano que conte´m as duas forc¸as e sua intensidade e´ dada por M = ∆rF sinφ = Fd, (9) onde d e´ a distaˆncia perpendicular entre as linhas de ac¸a˜o de ~F e −~F . O sentido de ~M e´ dado pela regra da ma˜o direita. • Uma vez que o vetor ∆~r independe da escolha da origemO, o mesmo resultado teria sido obtido se os momentos das forc¸as ~F e −~F tives- sem sido calculados em relac¸a˜o a outro ponto de refereˆncia. Assim, o momento de um bina´rio e´ um vetor livre, que pode ser aplicado a qualquer ponto. Figuras: • http://scripts.mit.edu/ srayyan/PERwiki/index.php?title=Main−Page • http://pt.wikipedia.org/ • http://alfaconnection.net/ • http://www.tutorvista.com/ • http://slideplayer.com.br/slide/83493/ Refereˆncias: • Beer, F. P., Johnston, E. R., Mazurek, D.F., Cornwell, P.J e Eisenberg, E.R. Mecaˆnica Vetorial para Engenheiros: esta´tica e dinaˆmica. 9. ed. McGrawHill, 2010.
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