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Kant - texto do slide Jorge Póvoas

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Kant
Kant, (1724 / 1804 - Alemanha) escreveu a Crítica da Razão Pura, a Crítica da Razão Prática e Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Sendo que nas duas últimas obras citadas desenvolve a sua teoria moral.
 Numa época em que valores são contestados, reavaliados, substituídos e muitas vezes recriados, a crítica tem papel preponderante. Essa, de fato, é uma das principais características daqueles que, recusando as verdades ditadas por autoridades, submetem tudo ao crivo da crítica.
 Entretanto, ninguém foi tão longe nesse aspecto, Kant colocou a própria razão sob julgamento. Com ele a crítica assume um sentido preciso e se torna uma atitude sistemática. 
 Kant condena os Empiristas (tudo que conhecemos vem dos sentidos) e, da mesma forma, não concorda com os Racionalistas (é errado julgar que tudo quanto pensamos vem de nós). Para superar essa contradição, Kant explica que o conhecimento é constituído de Matéria que são as próprias coisas e da Forma que somos nós mesmos.
Kant propõe que a razão “estabeleça um tribunal onde, ao mesmo tempo em que assegure suas legítimas aspirações, não aceite o conhecimento Dogmático.
 Nesse tribunal, a própria razão encontra-se no banco dos réus. Mas é a razão, também, o juiz, pois só ela tem competência para o autojulgamento.
 Para Kant, os Empiristas já haviam tentado uma solução, mas o resultado foi o Ceticismo. Enquanto o Dogmatismo tem a certeza sobre as coisas, o Ceticismo faz delas o resultado da crença baseada no hábito. 
 Além disso, o Dogmatismo e o Ceticismo coincidem ao menos em um aspecto fundamental: ambos falam de coisas. 
 Kant busca superar essas duas alternativas, que no fundo se reduzem a uma só, inverte a questão tradicional do conhecimento: em vez de procurar conhecer as coisas, é preciso examinar antes o próprio conhecimento e suas possibilidades.
Trata-se então, de analisar o conhecimento sem acréscimos, ou seja, sem nenhuma experiência sensível (empírica).
 Logo, a Investigação Transcendental deve examinar o sujeito puro, isto é, antes de qualquer experiência. 
 Tal exame é indispensável para verificar se o sujeito puro, por si só, é capaz do conhecimento, independentemente da experiência.
 "Denomino transcendental", define Kant, "todo conhecimento que em geral se ocupa não tanto com objetos, mas com nosso modo de conhecimento dos objetos. 
 Os juízos são para Kant:
 Analíticos - a priori 
 Sintéticos - a priori e a posteriori
O conhecimento formula-se por proposições (juízos). Uma proposição do tipo "A é A" ou "A não é não-A", que obedece tão-somente ao princípio lógico de não-contradição, é um juízo analíticos a priori, pois não depende de nenhuma experiência. 
 Já os juízos sintéticos, realizam sínteses, já que fazem a composição ou unificação de vários elementos. Esses juízos que são universais e necessários, ampliam o nosso conhecimento. 
 Os juízos sintéticos a priori, como no exemplo da proposição "7 + 5 = 12", ampliam o nosso conhecimento, pois "12" não está contido na expressão “7 + 5”.
 Essa expressão designa a união de "7" e "5“. "12" é um acréscimo.
 Já o juízo é sintético a posteriori depois que a experiência se evidencia, ou seja, “Esta flor é vermelha", em que se acrescenta ao sujeito ("esta flor") um predicado ("vermelha") que ele não continha. 
Kant desenvolve essas questões na Crítica da Razão Pura, sua obra mais célebre, mas ele se depara com dificuldades insolúveis ao questionar sobre as realidades da Metafísica, tais como: a existência de Deus, a imortalidade da alma, a liberdade e a infinitude do universo. 
 Os seres da Metafísica não podem explicar uma experiência sensível de Deus. Logo, o conhecimento Metafísico é impossível, e devemos nos abster de afirmar ou negar qualquer coisa a respeito dessas realidades. 
 Na Crítica da Razão Prática, de 1788, Kant não aborda de imediato a Filosofia moral, mas sim, sua fundamentação. 
 Kant não estabelece a classificação dos deveres (morais) do homem, mas antes os "princípios de sua possibilidade, de sua extensão e limites". 
 Uma boa vontade é boa em si mesma, por não estar submetida as inclinações humanas. Já a inteligência, a coragem e a felicidade não são coisas boas na sua totalidade, depende do que façamos delas. 
O dever, que é em si também bom, pode nos possibilitar uma vontade moral, isto é, quando o homem age por dever, sua ação possui um valor moral. Não interessa a finalidade ou o interesse da ação, só a máxima que a determinou, ou seja, o que importa aqui é o princípio do querer, onde o valor moral do ato está na intenção. 
 O dever é a necessidade de cumprir uma ação por respeito à lei, onde a máxima de minha ação deve servir de máxima universal. A moralidade não pode ser constatada fora da ação ou nas suas conseqüências. 
 O homem é possuidor da faculdade de agir por ser racional. Só ele tem essa vontade e essa vontade é Razão Prática, por ser a vontade a faculdade de agir segundo regras, que são máximas universais. 
 Por sofrer influência das inclinações da sensibilidade, na vontade humana trava-se então um conflito entre a razão e a sensibilidade. É desse conflito onde a vontade vai ser constrangida pela razão que se originam os mandamentos ou Imperativos. 
Por ser a vontade humana incapaz de obedecer as leis racionais sem ser coagida por elas, é necessário um dever como lei objetiva da razão, como controle da vontade, que são os Imperativos.
 Para Kant os Imperativos são: Hipotéticos e Categóricos.
 O Imperativo é Hipotético, quando determina nossas ações visando alcançar um certo fim, assim são os imperativos da habilidade e da prudência. 
 O Imperativo Categórico nos apresenta uma ação como necessária em si mesma, ou seja, é uma ação moral que impõe mandamentos ou leis. “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ele se torne lei universal”. 
 A Razão Prática diz respeito ao instrumento para compreender o mundo dos costumes e orientar o homem na sua ação. Analisando os princípios da consciência moral, Kant conclui que a vontade humana é verdadeiramente moral quando regida por Imperativos Categóricos. 
Kant elaborar três máximas morais para o Imperativo Categórico:
 Na primeira máxima encontramos a universalidade da conduta, onde agir por dever é agir por lei moral. 
 Na segunda máxima Kant nos fala da dignidade humana. A vontade humana seria legisladora, não estando ligada a nenhum interesse. 
 E na terceira máxima está a fórmula de uma vontade boa, onde a vontade dá a si mesma a sua lei, isto é, de forma autônoma. 
 Na autonomia da vontade está a dignidade da pessoa, por ser o homem legislador universal do reino da razão. 
 O homem tem autonomia. Não recebe esta lei de fora, ele é o seu próprio autor, impondo a si mesmo essa legislação. Ele deve tratar a si e aos outros como iguais.
O Imperativo Categórico é assim chamado por ser incondicionado, absoluto, voltado para a realização da ação tendo em vista o dever. Nesse sentido, Kant rejeita as concepções morais que predominam até então, quer seja da Filosofia Grega, quer seja da Cristã, e que norteiam a ação moral a partir de condicionantes como a felicidade ou o interesse. 
 Por exemplo, não faz sentido agir bem com o objetivo de ser feliz ou evitar a dor, ou ainda para alcançar o céu ou não merecer a punição divina. 
 O agir moralmente se funda exclusivamente na razão. A lei moral que a razão descobre é universal, pois não se trata de descoberta subjetiva (mas do homem enquanto ser racional), e é necessária, pois é ela que preserva a dignidade dos homens. Isso pode ser sintetizado nas seguintes afirmações do próprio Kant:
 “Age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como princípio universal de conduta” e “Age sempre de tal modo que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na do outro, como fim e não apenas como meio”.
A autonomia da razão para legislar supõe a liberdade e o dever. Pois todo imperativo se impõe como dever. Suponhamos a norma moral "não roubar:
 Para a concepção cristã o fundamentoda norma se encontra no sétimo mandamento de Deus;
 Para os teóricos jusnaturalistas (como Hobbes e Rousseau) ela se funda no direito natural, comum a todos os homens;
 Para os empiristas (como Locke) a norma deriva do interesse próprio, pois o sujeito que a desobedece será submetido ao desprazer, à censura pública ou à prisão;
 Para Kant, a norma se enraíza na própria natureza da razão; ao aceitar o roubo e consequentemente o enriquecimento ilícito, elevando a máxima (pessoal) ao nível universal, haverá uma contradição: se todos podem roubar, não há como manter a posse do que foi furtado.
A visão moral em Kant está fundamentada na idéia de dever, sendo que na Crítica da Razão Prática, seu ponto de partida é o conceito de liberdade, onde o pensamento é um exercício dessa liberdade. 
 Liberdade transcendental por ter “o decidir”, origem na ação. Não devemos para “decidir” consultar nossos desejos, interesses ou qualquer outra condição empírica, pois assim estaríamos possibilitando submetê-la a causalidade das necessidades. 
 Devemos refletir simplesmente na ação e escolhendo-a por si mesma, porque só um ser autônomo tem finalidades de ação genuína, por oposição a meros objetos de desejo. 
 A moralidade em Kant é independente do afeto, da piedade e da dedicação que são juízos subjetivos. Aplicado de forma universal, o dever kantiano é igual para todos os homens.

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