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TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 1 - ◦ Umidade: evaporação e condensação ◦ TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 2 - midade - Evaporação e Condensação U GENERALIDADES COMPOSIÇÃO DO AR COMPORTAMENTO DOS GASES A evaporação e a condensação assumem grande importância no estudo do comportamento térmico dos espaços por se tratarem de formas pelas quais o calor é transportado de um corpo ao outro. No interior dos edifícios existem numerosas fontes de umidade. Cada indivíduo, em condições de atividade normal, sedentária, elimina por volta de 50g de água por hora através da respiração e da transpiração que se incorporam ao ambiente sob forma de vapor. A cozinha, o banheiro e os aparelhos que funcionam com combustíveis líquidos, sem chaminé, são também geradores de importantes quantidades de vapor de água que se agregam à umidade própria do ar. Todos estes fenômenos provocam uma série de inconvenientes higiênicos e econômicos e térmicos: • Higiênicos, pelos microorganismos que se desenvolvem ao amparo da umidade superficial e interna dos fechamentos; • Econômicos, pela deterioração que causam em todos os elementos que nos rodeiam; • Térmicos, porque a resistência térmica dos materiais de construção, especialmente os isolantes, diminui consideravelmente quando aumenta seu conteúdo de água. O estudo da umidade (e dos fenômenos relacionados a ela), se mostra imprescindível para os profissionais de engenharia e arquitetura, já que, boa parte das patologias ocorrentes nas edificações estão diretamente associados a ação da umidade. O ar encontrado na atmosferra de nosso planeta é uma mistura de gases. Segundo Costa (1974), os principais gases que compõe o ar são: • Nitrogênio - N2 - 78,03% • Oxigênio - O2 - 20,99% • Dióxido de Carbono - Co2 - 0,03% • Gases Inertes - 0,48% • Vapor de Água - H2o - 0,47% • Além de Odores, Poeiras e Bactérias. Chamamos umidade ao vapor de água contido no ar, constituído por pequeníssimas gotinhas de água que não são visíveis; o conjunto se comporta como qualquer gás. O vapor de água se forma pela evaporação da água, processo que supõe a mudança do estado líquido ao gasoso, sem modificação da sua temperatura. Essa transformação requer uma grande quantidade de calor; a evaporação de 1g de água requer por volta de 2450 J. Se lembrarmos a definição de caloria vemos que, pelo menos teoricamente, necessitaríamos somente 100 calorias para elevar a temperatura de 1g de água de 0ºC a 100ºC. Isso nos dá uma idéia da enorme quantidade de calor que necessita o processo de evaporação. Mas então, o que acontece com a energia utilizada? A energia térmica transformou-se e serve agora para manter o estado de vapor. TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 3 - Para dar precisão aos termos diremos que se chama calor latente à energia térmica associada com uma mudança de estado de corpo, sem que se verifiquem variações de sua temperatura; e calor sensível à energia térmica da qual depende a temperatura do corpo que é transmitida a outros por condução, convecção e radiação. Vejamos o caso de nossa pele umedecida, no verão, pela transpiração. O calor sensível do corpo é transmitido por condução à fina camada de água que cobre a pele. Produz-se, então, a evaporação da transpiração, ou seja, a mudança do estado líquido ao gasoso, com a simultânea transformação do calor sensível da água em calor latente. Dessa maneira, nossa pele perdeu uma importante quantidade de calor. O ar, a uma temperatura determinada, somente pode conter uma certa quantidade de vapor de água. Quando chegamos a esse valor máximo dizemos que o ar está saturado. Se aumentarmos a massa de vapor, começará de imediato o processo inverso, isto é, o de condensação, no qual o vapor excedente passa ao estado líquido. Nesse mesmo momento o calor latente se converte novamente em calor sensível provocando o aumento da temperatura da superfície onde ocorre a condensação. Como se vê, estes processos dão lugar a uma forma particular de transferência de calor: um corpo perde calor por evaporação que será ganho por aquele no qual se produz a condensação. Imaginemos a situação das moléculas que se movem aleatoriamente dentro de um recipiente fechado. • Ocorrem colisões elásticas, molécula com molécula e com o vasilhame. • Quantidade de movimento das colisões exerce força nas paredes do vasilhame. • Aumentando o nº de moléculas, a pressão aumenta em função do aumento do número de colisões. • Aumentando a temperatura, as moléculas absorvem energia e se movem mais rapidamente. Contato gás / superfície líquida: Na figura 01, o comportamento dos gases é apresentado de forma esquemática e pode ser descrito de acordo com a seguinte seqüência: • Moléculas de gás colidem com a superfície líquida transferindo energia. • As moléculas da superfície líquida absorvem esta energia e deixam a superfície líquida. • Após, colidem com outras moléculas, e algumas perdem muita energia e voltam ao líquido. Figura 01: comportamento das moléculas em um recipiente TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 4 - CONCEITOS BÁSICOS Evaporação: • Moléculas do líquido (superfície) absorvem energia e juntam-se às moléculas do gás. Condensação: • Moléculas de vapor perdem energia e voltam a superfície do líquido. • O equilíbrio ocorre quando o nº de moléculas que evaporam é igual ao nº de moléculas que condensam. • Quando a temperatura é alta, mais moléculas de vapor d´água estarão no ar. Quanto maior a energia, mais moléculas se desprenderão da superfície líquida. • Quando a temperatura é baixa, menos moléculas de vapor d´água estarão no ar. Quanto menor a energia menos moléculas se desprenderão da superfície líquida. Antes de iniciar o estudo da umidade, é necessário definir alguns conceitos básicos da nomenclatura comumente utilizada. Pressão de Vapor (N/m2): É a pressão de equilíbrio do vapor d´água saturado. A pressão de vapor, para uma dada temperatura onde o nº de moléculas que evapora é igual ao nº de moléculas que condensa. Umidade Absoluta (g/Kg): Chama-se umidade absoluta (UA) à quantidade de água que contém uma massa de ar, geralmente medida em gramas de água por quilogramas de ar seco (g/Kg). Para poder referir este dado ao volume de ar de um espaço diremos que, à temperatura corrente do meio interior, a densidade absoluta do ar é 1,20Kg/m3. Simplificadamente, é a quantidade de água que está contida em uma determinada massa de ar. É a quantidade real, não necessariamente a de ar saturado. Umidade Absoluta do Ar Saturado (g/Kg): A umidade absoluta do ar saturado (UAS) será a quantidade máxima de água que, em estado de vapor, é capaz de conter 1Kg de ar seco a uma dada temperatura. Também é importante considerar que a umidade absoluta de saturação aumenta rapidamente com atemperatura do ar. Quanto maior é a temperatura, maior também é a massa de vapor de água que pode estar contida em um determinado volume de ar. Por exemplo, a quantidade máxima de vapor d´água que pode existir em 1Kg de ar seco: • A 0ºC Ö é igual a 3,8g • A 5ºC Ö é igual a 5,4g • A 10ºC Ö é igual a 7,5g • A 15ºC Ö é igual a 10,8g • A 20ºC Ö é igual a 14,7g • A 25ºC Ö é igual a 20,0g Umidade relativa (%): A umidade relativa (UR) é a relação, dada geralmente sob forma de percentual, entre a umidade absoluta do ar e a umidade absoluta do ar saturado para a mesma temperatura: UR = 100 x UA/UAS (%) TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 5 - CONDENSAÇÃO Condensação superficial Ou, relação entre a pressão de vapor (Pv) e a Pressão de vapor saturado a uma dada temperatura (Ps). UR = Pv/Ps Suponhamos que a temperatura seja de 25ºC e a umidade absoluta 10,8 g/Kg. Assim, se para a temperatura de 25ºC a UAS é igual a 20,0g/Kg; a umidade relativa será então: UR = 100 x 10,8 ÷ 20,0 Ö 54% A umidade relativa é um índice do estado de secura ou de umidade do ar; no exemplo anterior o dado encontrado nos permite concluir que o ar é capaz de conter quase o dobro de vapor de água. Se por uma razão qualquer a temperatura do ar desce a 20ºC, mas se mantém a mesma quantidade de vapor, teremos uma umidade relativa maior. Com efeito: UR= 100 x 10,8 ÷ 14,7 = 73% Caso a temperatura diminua até os 15ºC teremos: UR= 100 x 10,8 ÷ 10,8 = 100% ou seja, o ar estará saturado. Temperatura ou Ponto de Orvalho (ºC): É a temperatura a partir da qual o ar não saturado, quando resfriado, atinge a condição de saturação. Ou seja, a partir desta temperatura, ocorre a condensação do vapor. No exemplo estudado anteriormente, o ponto de orvalho é a temperatura de 15ºC; desta forma, qualquer diminuição da temperatura em relação a esse valor provocará o início da condensação. Temperatura de bulbo seco (ºC): É a temperatura do ar. Temperatura de bulbo úmido (ºC): É a temperatura de saturação do ar. Se a temperatura de bulbo úmido for igual à de bulbo seco, é por que o ar está saturado. É a condensação de água sobre uma superfície, quando a temperatura desta superfície está abaixo da temperatura de orvalho. Por exemplo: Em uma residência temos as seguintes condições (figura 02): Umidade absoluta interna 6,8g/Kg Temperatura interna 20ºC Temperatura externa 0ºC TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 6 - CONDENSAÇÃO INTERSTICIAL Figura 02: situação proposta no problema Nessas condições haverá ou não condensação superficial nos vidros das janelas? Solução: Na carta psicrométrica, com 6,8g/Kg, temos a temperatura de orvalho igual a 8,5ºC. Resistência térmica do vidro: Rsi = 0,12m2K/W Rsi = 0,06m2K/W Temos então, Tint – T sup int = __Rsi___ T int – T ext Rsi + Rse 20 – Tsup. int. = 0,12___ 20 – Tsup. int. = 0,12___ 20 – 0 0,12 + 0,06 20 0,18 20 – Tsup. int. = 0,66666 x 20 –Tsup. int. = 13,3333 – 20 Tsup. int. = 6,6666 Logo, a temperatura superficial interna será de 6,7ºC, ou seja, estará abaixo da temperatura de orvalho e, portanto, haverá condensação na face interna do vidro. É a condensação de água nos poros dos materiais de construção. Ela depende da capacidade de difusão do vapor do material e das diferenças de pressão de vapor entre os meios. A quantidade de vapor que passa através de um material é diretamente proporcional a diferença de pressão de vapor entre as superfícies deste material. O vapor sempre irá passar da zona de maior pressão de vapor para a de menor pressão como é apresentado na figura 03. TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 7 - Figura 03: transmissão de vapor • G= taxa de difusão de vapor por unidade de área • Dv= difusividade de vapor (depende do material) Ö indica a habilidade do vapor d´água em se difundir através dos poros do material. • L= espessura do material • ∆p= diferença de pressão de vapor entre os meios • rv = 1 ÷ dv Ö resistividade ao vapor • Rv = L ÷ dv Ö resistência ao vapor (função também da espessura L). A resistência a difusão do vapor será dada pela soma da resistência de todas as camadas (ΣRv) Para estimar o risco de condensação intersticial devemos considerar: 1) Resistências térmicas; 2) As quedas de temperatura em cada uma das camadas; 3) Diferenças de umidade entre o interior e exterior; 4) A resistência ao vapor em cada camada; 5) A queda de pressão de vapor em cada uma das camadas; 6) A temperatura de orvalho em cada camada; 7) Realizar um gráfico conclusivo. Exemplo: Abaixo, na figura 04, podemos observar o seguinte caso, que pode ser uma situação de projeto. Figura 04: situação de projeto TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 8 - 1) - Resistências térmicas (m2K/W): Rsi = 0,12 Reboco = 0,08 Bloco = 0,526 Ar = 0,18 Tijolo = 0,125 Rse = 0,06 2) - Queda de temperatura em cada camada: ti = 10ºC te= 0ºC ΣR=1,09 m2 K/W [por regra de 3] [(ti - te) ÷ΣR] x R de cada elem., ou seja: [(10 - 0) ÷ 1,09] x R De acordo com os dados do item um, teremos então: Rsi = 8,9ºC Reboco = 8,17ºC Bloco = 3,35ºC Ar interno = 1,7ºC Tijolo = 0,55ºC Rse = 0ºC Na figura 05 os resultados podem ser visualizados graficamente. Figura 05: diferença de temperatura em cada camada 3) - Diferenças de umidade: Exterior Ö UR = 90% Ö 0ºC Ö530N/m2 (pressão de vapor) Interior Ö 6,8g/Kg Ö 1070N/m2 Ö (pressão de vapor) ∆ pressão = 1070 - 530 = 540N/m2 4) - Resistência ao vapor de cada camada: Rv = rv x L Rsi = desprezível Reboco = 0,78 Bloco = 4,0 Ar = desprezível Tijolo = 2,625 Ser = desprezível 5) - Queda de pressão de vapor em cada layer: [(Pi - Pe) ÷ (ΣRv)] multiplicado pela resistência de cada elemento [regra de 3] (540 ÷ 7,45) x resistência de cada elemento Reboco = 1013 N/m2 Bloco = 721 N/m2 Tijolo = 530 N/m2 6) - Temperaturas de orvalho em cada camada: Ver carta psicrométrica: Levar a ordenada da pressão de vapor até a curva de saturação (UR=100%) e ler a temperatura correspondente. Assim, encontramos os seguintes valores. Rsi = 8,5ºC Reboco = 7,5ºC Bloco = 2,5ºC Ar = 2,5ºC Tijolo = -1ºC Rse = -1ºC 7) - Realizar gráfico conclusivo, sobrepondo a temperatura de orvalho com a temperatura de cada camada. Dessa forma será possível verificar a ocorrência (ou não) de condensação intersticial como pode ser observado no exemplo da figura 06 e/ou no gráfico da figura 07. TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação- 9 - ESTRATÉGIAS PARA EVITAR OS PROBLEMAS GERADOS PELA UMIDADE Figura 06: condensação no interior da parede Figura 07: gráfico conclusivo Como já foi dito anteriormente, a produção de umidade dentro das habitações, causa o mofo/bolor, deterioração dos materiais, danos estruturais, redução da resistência térmica entre outros. O controle dessa umidade pode ser feito através das seguintes estratégias: isolamento térmico, suprimento de calor, ventilação e resistência ao vapor. Isolamento Térmico: Elimina pontes térmicas, diminui as trocas térmicas e mantém o ar interno aquecido (aumentando a capacidade de conter vapor d´água. Suprimento de Calor: Aumenta a temperatura interna (o ar interno terá maior capacidade para conter o vapor d´água). Ventilação: É uma das soluções mais aconselhada para controlar a umidade porque além de retirar o ar saturado, ainda renova o ar interno. TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 10 - BIBLIOGRAFIA Resistência ao Vapor: Evita a deposição de vapor d´água nos elementos estruturais. O vapor sempre irá se difundir do meio que tiver maior concentração de vapor para o que tiver menor concentração de vapor. A essa difusão se opõe os materiais em virtude das propriedades particulares que apresentam diante deste fenômeno. A resistência de um elemento de construção à difusão do vapor de água depende de seu coeficiente de resistência a essa difusão e de sua espessura. Os materiais como o tijolo, o concreto e alguns isolantes térmicos, têm uma baixa resistência. No entanto, as lâminas metálicas, os cartões betumados e os filmes plásticos apresentam resistência elevada a passagem de vapor. Normalmente esses são materiais impermeáveis que previnem a difusão da umidade. Devem ser incorporados ao elemento estrutural junto às superfícies mais quentes. Como exemplos de barreiras de vapor podemos citar: - Chapa de alumínio; - Mantas asfálticas; - Poliestireno expandido; - Pinturas betuminosas. Como observações importantes temos que, o vapor jamais poderá ficar preso no elemento estrutural. A umidade deve ser difundida para o ar através da evaporação superficial, do contrário, o vapor irá se acumular na parede e causará a deterioração do reboco e, a longo prazo, da parede (ver figura 08). Também, em regiões muito frias onde a temperatura pode chegar a valores negativos, o vapor pode se transformar em cristais de gelo, aumentando seu volume e provocar trincas. Figura 08: anti-exemplo de barreira de vapor. COSTA, E. C. da. Física Aplicada a Construção - Conforto Térmico. 3 ed. São Paulo:Blücher, 1974. 259p. CROISET, M. Humedad y Temperatura en los Edificios. ed. Barcelona:Editores técnicos asociados S.A., 1970. 246p. MARKUS, T. A.; MORRIS, E.N. Buildings, Climate and Energi. London: Pitman, 1980. 285p - 303p. SZOKOLAY, S.; ZOLD, A. Thermal Insulation. Brisbane: University of Queensland, 1997. 66p. TÉRMICA Umidade: evaporação e condensação - 11 - Questionário sobre Umidade 1,Qual a natureza dos danos que podem ser causados pela umidade em edificações? 2. Comente sobre as trocas de energia ocorrentes nos processos de evaporação e de condensação. 3. De que forma você poderia resolver um problema de condensação superficial em componentes da edificação. 4. De que forma você poderia resolver um problema de condensação interna em componentes da edificação. OBSERVAÇÃO: SOBRE ESTE TEXTO HAVERÁ UM EXERCÍCIO (COM CONSULTA) DE VERIFICAÇÃO DE POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE CONDENSAÇÃO EM COMPONENTES DA EDIFICAÇÃO.
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