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Propriedades Periódica Prof. Gilberto Baptista Química Inorgânica I - Aula 05 1 Introdução As configurações eletrônicas dos átomos exibem variações periódicas com a elevação sistemática do número atômico (carga nuclear). Por isso, os elementos exibem também variações periódicas do comportamento físico e químico. A lei da periodicidade afirma que quando os elementos são dispostos pelos números atômicos crescentes, as propriedades físicas e químicas variam periodicamente. Raio atômico Uma das propriedades mais importantes de um átomo ou íon é o tamanho. Como podemos então definir o tamanho de um átomo? Uma das maneiras mais simples e úteis é definir o tamanho atômico como a distância entre os átomos em uma amostra do elemento. No entanto, devemos chamar a atenção para o fato de que essa abordagem para a determinação dos raios atômicos somente se aplica caso existam compostos moleculares do elemento. Para os metais, o raio atômico pode ser estimado a partir de medidas da distância entre os átomos em um cristal do elemento Se considerarmos uma molécula diatômica simples. Neste caso, a distância entre os dois núcleos é denominada distância de ligação e, se os dois átomos que formam a molécula são os mesmos, metade da distância de ligação é denominada raio covalente do átomo. Raio atômico Como uma consequência do ordenamento na tabela periódica, as propriedades dos elementos variam periodicamente, e o tamanho atômico varia consistentemente através da tabela periódica. Em cada coluna (grupo) o número atômico tende a crescer de cima para baixo. Esta tendência resulta do aumento do número quântico principal (aumentando o número de camadas), fazendo com que o átomo aumente de tamanho. Por outro lado, em cada período o raio atômico tende a diminuir quando vamos da esquerda para a direita. Estas tendências gerais explicam-se quando analisamos os fatores que determinam o tamanho do orbital mais externo. Um fator é o número quântico principal n do orbital. Quanto maior for n, maior o tamanho do orbital. Variação do raio atômico Carga nuclear efetiva A carga nuclear efetiva é uma força que atua sobre o elétron do orbital mais externo. O aumento da carga nuclear efetiva reduz o tamanho do orbital, pois atrai o elétron para o interior do átomo. A carga nuclear efetiva (Zef) é a carga positiva que atua do núcleo sobre o elétron, é igual à carga do núcleo reduzida pelo efeito de blindagem da distribuição de elétrons nas camadas mais internas. Por exemplo: o lítio tem configuração 1s2, 2s1. A carga nuclear é +3, mas o efeito desta carga sobre o elétron 2s é reduzido pela distribuição dos dois elétrons 1s que estão entre o núcleo e o elétron 2s. Carga nuclear efetiva - Blindagem Cada elétron de um átomo é protegido (blindado) do efeito de atração da carga nuclear pelos elétrons do mesmo nível de energia e, principalmente, pelos elétrons dos níveis mais internos. Apenas uma parte da carga nuclear atua realmente sobre os elétrons: é a Carga Nuclear Efetiva (Zef). Cálculo do Zef Constante de blindagem Exemplo 1 Calcule os Zef do hidrogênio, do berílio, do flúor e do magnésio. Resolução Exemplo 2 Explique o gráfico abaixo: O raio dos íons Os tamanhos dos íons são baseados nas distâncias um do outro em compostos iônicos. Como o tamanho de um átomo, o tamanho de um íon depende de sua carga nuclear, do número de elétrons que ele possui e dos orbitais nos quais os elétrons do nível mais externo localizam-se. Portanto, é interessante que as seguintes tendências sejam observadas: - Os cátions deixam vago o orbital mais volumoso e são menores do que os átomos que lhes dão origem. - Os ânions adicionam elétrons ao orbital mais volumoso e são maiores do que os átomos que lhe dão origem. - Para íons de mesma carga, o tamanho do íon aumenta à medida que descemos em um grupo na tabela periódica, ou seja, aumenta-se o número de camadas. - Todos os membros de uma série isoeletrônica têm o mesmo número de elétrons. Quando a carga nuclear aumenta em uma série isoeletrônica, os íons tornam-se menores: Variação do raio de alguns íons Configuração eletrônica dos íons - Cátions: os elétrons são primeiramente removidos do orbital com o maior número quântico principal. - Ânions: os elétrons são adicionados ao orbital com o mais baixo valor de n disponível. Exemplo 3 Qual a distribuição eletrônica dos íons Li+, Fe+3 e F-? Resolução Li (1s2 2s1) - Li+ (1s2) Fe ([Ar] 3d6 4s2) - Fe3+ ([Ar] 3d5) F (1s2 2s2 2p5) - F- (1s2 2s2 2p6) Energia de ionização A facilidade com que os elétrons podem ser removidos de um átomo é um indicador importante do comportamento químico dele. Assim, a energia de ionização de um átomo ou íon é a energia mínima necessária para remover um elétron de um átomo ou íon gasoso isolado em seu estado fundamental. É importante ficar claro que existem variações nas energias de ionização sucessivas e que há um acentuado aumento na energia de ionização quando um elétron mais interno é removido. Energia de ionização Tendência periódica da Energia de Ionização A energia de ionização diminui à medida que descemos em um grupo, e isso significa que o elétron mais externo é mais facilmente removido ao descermos em um grupo. - À medida que o átomo aumenta, torna-se mais fácil remover um elétron do orbital mais volumoso. - Geralmente a energia de ionização aumenta ao longo do período porque ao longo de um período Zef aumenta e, consequentemente, fica mais difícil remover um elétron. Exemplo 4 Explique o gráfico: Afinidade eletrônica Muitos átomos podem ganhar elétrons para formar íons carregados negativamente. Portanto, a variação de energia que ocorre quando um elétron é adicionado a um átomo gasoso é chamada afinidade eletrônica. A tabela a seguir apresenta alguns valores para afinidade eletrônica. O valor negativo indica que o processo é exotérmico. Números mais negativos de afinidade eletrônica indicam que o íon negativo formado é mais estável. Enquanto que números menos negativos indicam que o ânion formado é menos estável. As afinidades ao elétron também se definem com valores positivos na formação de íons estáveis. Tendência periódica da afinidade eletrônica As tendências periódicas na afinidade eletrônica estão relacionadas às tendências observadas na energia de ionização. – Ao longo de um período, o aumento da carga efetiva torna mais difícil a retirada de um elétron de um átomo, porém também aumenta sua atração por um elétron adicional. – Ao longo de um grupo, a AE diminui porque os elétrons vão sendo adicionados cada vez mais longe do núcleo, fazendo com que a atração núcleo-elétron seja cada vez menor. Exceção: elementos do grupo 2 Casos especiais O Be não tem nenhuma afinidade por elétrons. Sua configuração eletrônica é 1s2 2s2. Um elétron teria de ser adicionado ao subnível 2p, cuja energia é mais elevada do que a dos elétrons de valência (2s). O N também não tem nenhuma afinidade por elétrons. A configuração eletrônica do nitrogênio é 1s2 2s2 2p3. Portanto o elétron adicionado teria de ocupar o orbital 2p que está semipreenchido e as repulsões elétron-elétron seriam muito significativas. Os gases nobres não possuem nenhuma afinidade por elétrons porquequalquer elétron adicional deve ocupar uma camada quântica mais elevada. Eletronegatividade A eletronegatividade é a medida da capacidade de um átomo atrair elétrons para as suas vizinhanças. Há várias escalas de eletronegatividade. Em 1934 Robert S. Mulliken sugeriu, com base teórica, que a eletronegatividade (X) de um átomo fosse igualada à metade da diferença entre a energia de ionização (E.I.) e afinidade ao elétron (A.E.). Mulliken realizou os seus estudos calculando E.I. e A.E. em elétron- volt (eV). 1 eV = 96,48 kJ/mol. XM = (E.I. - A.E.)/2 Eletronegatividade Um átomo como o flúor, que tende a receber elétrons com facilidade (A.E. grande e negativa) e a mantê-los firmemente ligados (grande E.I.) tem eletronegatividade elevada. Por outro lado, um elemento como o lítio ou o césio tem a tendência de perder elétrons com facilidade (baixa E.I.) e que tem pequena tendência de receber elétrons (A.E. pouco negativa), logo, tem baixa eletronegatividade. Dessa forma, a eletronegatividade está relacionada com a E.I. e A.I. Porém, até recentemente, poucas afinidades ao elétron foram medidas tornando a escala Mulliken limitada. Eletronegatividade Os valores das eletronegatividades de Mulliken podem ser convertidos à escala de Linus Pauling, que são os valores atualmente utilizados para as eletronegatividades dos elementos. Neste caso, tanto o E.I. e A.E. devem ser calculadas em kJ/mol. Xp = (E.I. - A.E.)/540 Exemplo 5 Calcular a eletronegatividade do fósforo e do enxofre pela escala Pauling. Exemplo 6 Explique o gráfico: Relação com o raio atômico A eletronegatividade tem relação com o raio atômico, de modo que: Quanto menor o tamanho de um átomo, maior será a força de atração, pois a distância núcleo-elétron é menor. A eletronegatividade na tabela periódica aumenta nos períodos com o aumento do número atômico, porém é menor em elementos de maior número atômico nas famílias (colunas). A eletronegatividade aumenta de forma inversa ao aumento no tamanho do átomo. Valores das eletronegatividades Polarizabilidade A polarizabilidade (α), de um átomo é a sua habilidade de ser distorcido por um campo elétrico. Um átomo ou íon (geralmente, um ânion) é altamente polarizável se sua eletrosfera pode ser distorcida. De forma geral, átomos e íons grandes, pesados, tendem a ser altamente polarizáveis.
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