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Introdução a Contabilidade Material 1

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Introdução a Contabilidade
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Apresentação
Vivemos hoje na era da informação. Por isso o homem, este
extraordinário agente de mudanças, precisa, cada vez mais, de uma formação
sólida, capaz de torná-lo foco das grandes transformações. Fascinante é o
homem que faz mudanças e o homem que as realiza. Mas, para mudar, é
preciso conhecer.
Conhecimento, esta é a palavra-chave.
Este material é fonte de conhecimento. Reúne dados importantes sobre
a história e o desenvolvimento da contabilidade, os quais influenciarão seu
desempenho profissional.
O texto foi planejado para fundamentar a parte introdutória da
contabilidade pelo encadeamento de eventos e idéias a respeito de como
controlar, registrar e analisar o patrimônio das entidades econômico-
administrativas. Objetiva, também, mostrar a você, acadêmico, que esta ciência
pode ser uma ferramenta importantíssima no processo de gestão de empresas.
Este material está dividido em aulas: Contabilidade; Patrimônio;
Contas, e Plano de Contas; Escrituração, Lançamento e Razonetes; Balancete
de Verificação; Apuração Simplificada do Resultado da Empresa; Balanço
Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício.
Além do conteúdo de cada aula, foram preparadas atividades, que se
encontram ao final de cada aula, para que você verifique sua aprendizagem.
Este material não se esgota na última página; ao contrário, deve levar
você a pensar o conhecimento contábil como um instrumento capaz de
contribuir para o planejamento, direção e controle patrimonial.
Bons estudos!
Plano de Ensino
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DISCIPLINA: Introdução a
Contabilidade
EMENTA
Campo de aplicação da contabilidade. História, conceito, objetivos e sua
aplicabilidade. Estudo do patrimônio: aspectos qualitativos, quantitativos e
variações patrimoniais. Plano de contas e escrituração. Lançamento e
razonete. Balancete de verificação e balanço patrimonial: conceitos iniciais de
apuração e elaboração.
OBJETIVOS
 Conhecer as noções básicas, o conceito e as aplicações da ciência
contábil.
 Identificar, classificar e debater as contas componentes do plano de
contas e da escrituração contábil.
 Reunir conhecimentos teóricos e práticos, para utilização e aplicação da
contabilidade, de modo a gerar informações com a qualidade necessária
para atingir os requisitos dos diversos usuários.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
 A Contabilidade e seu ambiente de atuação
 Patrimônio, identificação da origem e aplicação dos recursos
 Contas e plano de contas
 Escrituração, lançamento e razonete
 Prática de balancete de verificação
 Conceitos iniciais de apuração e demonstração de resultado
 Conceitos iniciais de balanço patrimonial.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
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EQUIPE DE PROFESSORES DA FEA/USP. Contabilidade introdutória. 10.
ed. São Paulo: Atlas, 2006.
FRANCO, Hilário. Contabilidade geral. 23. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
IUDICIBUS, Sergio de; MARION, José Carlos. Curso de contabilidade para
não contadores. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 24. ed. São Paulo: Saraiva,
2004.
MARION, José Carlos. Contabilidade geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2004.
NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo E. V. Contabilidade básica e
estrutura das demonstrações financeiras. 12. ed. São Paulo: Frase, 2004.
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Sumário
Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo
Métodos das partidas dobras, origem e aplicações de recursos
Contas e plano de contas
Escrituração, lançamento e razonete
Prática: balancete de verificação
Apuração do resultado do exercício - ARE
Balança patrimonial
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Contabilidade: seu ambiente e objeto de estudo
Objetivos
Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de:
 identificar o conceito, o objetivo, a função, o campo de aplicação e o
objeto de estudo da ciência contábil;
 entender o importante papel que a contabilidade desempenha ao gerar
informações econômicas e financeiras aos seus usuários.
Pré-requisitos
Não temos ainda pré-requisitos definidos para esta nossa primeira
aula, uma vez que, pela primeira vez, será apresentada a você a ciência
contábil e toda a sua “magia”. Não existe uma data certa de surgimento da
ciência contábil. A necessidade social de registrar, controlar e prestar contas
marca o surgimento da escrita contábil. O surgimento do comércio foi o fator
que contribuiu para o fortalecimento e para a propensão da contabilidade como
ciência que registra e controla o patrimônio das entidades.
O ambiente de atuação da contabilidade é o ambiente econômico-
administrativo das entidades. Daí dizer que a mesma é uma ciência social
aplicada. A informação gerada através da contabilidade é disposta ao mercado
e serve para tomar decisões e informar a situação patrimonial, econômica e
financeira da entidade.
Diversos são os usuários da informação contábil. Entre ele
destacamos: sociedade, governo, instituições financeiras, bancos de créditos e
de investimentos, investidores etc. Assim, dá para você sentir e entender a
importância da ciência contábil no mercado. Cada um desses usuários da
informação contábil tem uma necessidade, uma utilidade e uma finalidade. Por
exemplo, o governo quer ter certeza que a empresa não está sonegando
impostos e que o pagamento dos mesmos está sendo efetuado em dia; os
investidores querem saber, através da informação contábil, a liquidez da
empresa garantindo assim a solidez de seu investimento; as instituições
financeiras e os bancos querem saber a capacidade de pagamento que a
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empresa apresenta, e assim por diante. Você escolheu muito bem sua
profissão pela importância e pela credibilidade que ela concede ao mercado.
Essa nossa primeira conversa foi para que você se sinta em “casa” e, mais que
isso, tenha uma noção geral da nossa profissão.
Introdução
Você já ouviu falar que existe uma ciência que registra e controla o
patrimônio das pessoas físicas e jurídicas? Pois bem, essa tão importante
ciência é a contabilidade.
Neste primeiro momento, vamos estudar a contabilidade e seu
ambiente compreendendo um pouco de sua história, seus objetivos, seu objeto
de estudo e sua aplicabilidade.
Conta-se que a história da contabilidade surge com a própria história
da civilização humana, em que a necessidades de troca de mercadoria
predominava. À medida que o homem necessitava de diferentes produtos e
mercadorias, havia a troca e alguns começaram a registrar esses fatos. Hoje,
sabe-se que essas primeiras escritas que registravam a troca de mercadorias
são as primeiras escritas contábeis da humanidade.
Um dos principais objetivos da contabilidade é o de prestar contas de
seus registros. Essa prestação de contas é feita através de demonstrativos,
sendo que o principal deles é o balanço patrimonial, assunto de nossas
próximas aulas. O objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio das
entidades (pessoas jurídicas) e das pessoas físicas.
A contabilidade é uma ciência aplicável irrestritamente a todas as
entidades, com ou sem fins lucrativos (finalidade de lucro em suas operações).
Os conteúdos dessa aula possibilitarão a você conhecer essa ciência,
conhecida mundialmente como contabilidade. Ela registra, controla e analisa o
patrimônio das entidades. Todo esse processo é realizado para que as
pessoas físicas e jurídicas tomem decisões com as informações de ordem
patrimonial fornecidas pela contabilidade.
Vamos começar estudando a história da contabilidade e sua evolução.
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1.1 Um pouco da história da contabilidade e de sua evolução
O estudo da contabilidade é bastante antigo, pois,desde tempos
remotos, o homem já se preocupava em controlar sua riqueza, determinar suas
posses e avaliá-las. Segundo historiadores, há indícios da existência de
controles rudimentares da riqueza patrimonial na Antiguidade. Entretanto, a
contabilidade teve seu desenvolvimento, como sistema de controle patrimonial,
a partir do momento em que o frade Luca Paccioli escreveu e publicou sua
famosa obra, cujo título era “La Summa de Arithmetica Proportioni et
Proportinalita” (século XV). Essa obra descreve em um dos seus capítulos o
método para registrar e controlar o patrimônio das entidades, denominado
método das partidas dobradas. A partir desse momento, diversos trabalhos
são publicados provocando grandes discussões sobre a teoria contábil
(IUDÍCIBUS, 1997, p. 30).
No Brasil, a contabilidade pode ser dividida em dois estágios.
1.1.1 Anterior a 1964
Em 1908, aconteceu uma das primeiras manifestações contábeis no
país com a publicação do alvará que obrigava os contadores gerais a aplicarem
o método das partidas dobradas na escrituração. O Código Comercial
Brasileiro de 1850 foi umas das primeiras legislações na área contábil. A partir
dele tornou-se obrigatória a escrituração contábil e a elaboração anual da
demonstração do balanço geral. Em 1890, a Escola Politécnica do Rio de
Janeiro passou a oferecer as disciplinas de Direito Administrativo e
Contabilidade, seguindo a tendência inicial de colocar a contabilidade como
uma disciplina intimamente ligada ao direito. Em 20 de abril de 1902, surge a
Escola Prática de Comércio Álvares Penteado que teve, em 9 de janeiro de
1905, o reconhecimento oficial do curso de guarda-livros e de perito-contador.
Em 1946, foi criada a faculdade de Ciências Contábeis da USP e é também
deste ano a criação do CFC – Conselho Federal de Contabilidade (IUDÍCIBUS,
1997, p. 36-37).
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1.1.2 Posterior a 1964
A partir de 1964, inicia-se a segunda fase da contabilidade no Brasil,
marcada, principalmente, pela apresentação do método de ensino norte-
americano pelo professor José da Costa Boucinhas. Ainda em 1964, ocorreu a
implantação da Lei 4.320 (estatui normas gerais de direito financeiro para
elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e Distrito Federal). Em 1971, ocorreu a criação do livro de
Contabilidade Introdutória pelos professores da USP. A contabilidade brasileira
teve um importante estímulo legal, em 1972, quando o Banco Central baixou as
circulares 178 (obriga o registro do auditor independente exclusivo para
contadores) e 179 (trata dos princípios e normas da contabilidade oficializando
a expressão: Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos – PCGAs). Em
1976, ocorreu a promulgação da Lei 6404 que regulamenta as Sociedades por
Ações e, no mesmo ano, foi criada a CVM – Comissão de Valores Mobiliários.
No ano seguinte, a CVM editou uma norma sobre a Correção Integral de
Balanço (IUDÍCIBUS, 1997, p. 36-37).
1.2 Conceito
A contabilidade somente foi reconhecida como ciência no século XIX.
Seu nome deriva do termo contabilità, da escola italiana, que significa registro
de contas. Franco (1997, p. 21), afirma que a contabilidade é
A ciência que estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das
entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração
expositiva, a análise e a interpretação desses fatos, com o fim de
oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de
decisões – sobre a composição do patrimônio, suas variações e o
resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patrimonial.
Na definição de contabilidade temos vários pontos a destacar, entre
eles: estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio (transformação
patrimonial); registra, classifica e demonstra (através da técnica da escrita
contábil, classifica para registrar, dentro do grupo de contas, a que pertence o
fato patrimonial, e demonstra, através dos demonstrativos contábeis, sendo o
principal deles o balanço patrimonial); analisa e interpreta os fatos (o registro
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possibilita a transformação dos fatos contábeis e a análise e interpretação do
impacto do fato no patrimônio); oferece informações e orientação (através do
produto final da contabilidade que são os demonstrativos, é possível analisar
as informações e orientar procedimentos, possibilitando a tomada de decisão
imediata e de curto e longo prazo); variações do resultado econômico são as
variações que acontecem no patrimônio sem que haja a aplicação de recursos.
1.3 Campo de aplicação e objeto de estudo da contabilidade
Franco (1997, p.19), sobre o objeto da contabilidade, afirma que
O objeto da contabilidade é o patrimônio e seu campo de aplicação o
das entidades econômico-administrativas, assim chamadas
aquelas que para atingirem seu objetivo, utilizam bens patrimoniais e
necessitam de um órgão administrativo que pratica os atos de
natureza econômica e financeira necessários a seus fins.
A Resolução 774, de 16 de dezembro de 1994, do Conselho Federal
de Contabilidade (CFC, 2000, p.30) define o patrimônio como o conjunto de
bens, direitos e obrigações pertencentes a uma pessoa física ou a um conjunto
de pessoas, como ocorre nas sociedades informais, ou a uma sociedade ou
instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, em seu
aspecto estático (econômico e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela
riqueza patrimonial), e nos seus aspectos qualitativos e quantitativos.
A Resolução do CFC caracteriza que por aspecto qualitativo do
patrimônio entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como
dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas,
estoques de materiais ou de mercadorias etc.
1.4 Objetivo da contabilidade
Para Franco (1997, p.19), o objetivo da contabilidade é “fornecer
informações, interpretações e orientações sobre a composição e as variações
do patrimônio, para a tomada de decisões de seus administradores”.
Modernamente, na contabilidade, temos duas finalidades.
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a) Planejamento - a informação contábil pode ser um forte suporte para o
planejamento, quando, estabelecendo padrões, torna claras situações
futuras.
b) Controle - está ligado à análise das definições adotadas pela
organização.
Qual a importância da contabilidade para o planejamento e controle das
entidades?
1.5 Função da contabilidade
Uma das principais funções da contabilidade é divulgar informações
para o processo de tomada de decisão. Através das informações divulgadas,
verifica-se a produção do período da entidade, a transformação ocorrida no
patrimônio e a geração do resultado da atividade. Isso possibilita a comparação
de resultados com períodos anteriores e projeção de resultados futuros.
Franco (1997, p.19), nos ensina que
A função é registrar, classificar, demonstrar, auditar e analisar todos
os fenômenos que ocorrem no patrimônio das entidades, objetivando
fornecer informações, interpretações e orientação sobre a
composição e as variações do patrimônio, para a tomada de decisões
de seus administradores.
Favero e outros (1997, p.13), acrescentam que
Analisar, interpretar e registrar os fenômenos que ocorrem no
patrimônio das pessoas físicas e jurídicas, buscando demonstrar a
seus usuários, através de relatórios próprios (Demonstração de
Resultado do Exercício, Demonstração das Mutações de Patrimônio
Líquido ou Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados,
Balanço Patrimonial, Demonstração de Origens e Aplicações de
Recursos e outros), as informações diversas sobre a empresa tais
como: análises de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia
de capitais próprios e de terceiros, os bancos, as financeiras e os
clientes etc.
Além dessas funções citadas pelos autores, temos ainda uma das
principais funções da contabilidade queé a de informar ao usuário interessado
dados e informações verídicas e tempestivas acerca da entidade.
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1.6 Usuários da contabilidade
São chamados de usuários da contabilidade os indivíduos que se
beneficiam da informação produzida pela mesma. Os usuários da contabilidade
são agentes internos e externos da entidade. Considerando que os usuários
são agentes internos e externos da entidade, teremos as seguintes
características.
a) Agentes Internos: são todos os indivíduos que têm relação direta com a
entidade. Nesse caso, esses agentes têm facilidade de acesso às informações
contábeis. Como agentes internos, temos: os gerentes, que utilizam a
informação contábil para a tomada de decisão; os colaboradores, que têm
interesse de almejar melhorias trabalhistas; a diretoria da entidade, que utiliza
a informação contábil para planejar ações organizacionais.
b) Agentes Externos: são todos os indivíduos que têm relação indireta com a
entidade. Nesse caso, precisam de fontes para acessar a informação da
entidade. Como agentes externos, temos: os bancos, que utilizam a
informação para a concessão de créditos e financiamentos; os concorrentes,
que utilizam a informação contábil para conhecer a situação da entidade no
mercado; o governo, que procura saber o montante de receitas e despesas
geradas no período pela entidade, pois esse procedimento dá condições de
saber se a entidade cumpre seu papel social (arrecadadora de impostos e
tributos), sem haver sonegação fiscal; os fornecedores, que têm interesse em
conhecer a capacidade de pagamento da entidade para poder continuar ou não
vendendo a prazo, medindo assim a capacidade de pagamento futura da
entidade; os clientes, que querem saber a integridade da entidade e a garantia
de que sua compra (pedido) será atendida no prazo acordado; os
investidores, que utilizam a informação contábil para identificar a situação
econômico-financeira da entidade tendo garantias do valor investido.
1.7 Ramos de atuação da contabilidade
De sua estrutura inicial voltada para as necessidades de registros dos
fatos de comércio, a contabilidade foi ampliando seu campo de atuação e se
ramificando para registrar e controlar as finanças governamentais, os negócios
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de indústrias, bancos, entidades de financiamento, seguros, pecuária,
agricultura, prestadores de serviços, entidades sem fins lucrativos e de todo
tipo de entidades que foram surgindo ao longo do tempo e que necessitam de
controle patrimonial, econômico e financeiro (TEIXEIRA, 2006).
COMERCIAL
PÚBLICA
FINANCEIRA
SOCIEDADES
POR AÇÕES INDUSTRIAL
CUSTOS
GERENCIAL
CONTABILIDADE RURAL
IMOBILIÁRIA
COOPERATIVAS
HOTELARIA
SEGUROS E
PREVIDÊNCIA
PRIVADA
Esses são alguns ramos de atuação da contabilidade. O método de
registro dos fatos contábeis (método das partidas dobradas) é igual para todos
os ramos. Contudo cada entidade tem suas próprias características e, por
conseqüência, fatos contábeis distintos.
1.8 Técnicas contábeis
Para realizar o controle patrimonial, a contabilidade desenvolveu
algumas técnicas.
a) Escrituração: é o registro das transações realizadas pelas empresas.
b) Demonstrações contábeis: é a exposição ordenada do patrimônio
registrado de acordo com a formatação especificada na Lei 6404/76 (Lei
das S/A) e nas normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). De acordo
com a Lei das S/A, as demonstrações que as empresas devem elaborar
são: balanço patrimonial (BP), demonstração do resultado do exercício
(DRE), Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR),
Demonstração do Lucro e Prejuízo Acumulado (DLPA), demonstração
das mutações do patrimônio liquido (DMPL).
c) Auditoria: consiste em verificar a veracidade da situação patrimonial.
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d) Análise de balanços: consiste em examinar as demonstrações, para
identificar os pontos positivos e negativos da gestão empresarial.
1.9 Classificação da ciência contábil
Com relação ao estudo da contabilidade, há uma quase unanimidade
em classificá-la no campo das ciências sociais aplicadas, ainda que uns
poucos advoguem a tese de que seja enquadrada no rol das ciências exatas.
Quanto ao objeto de estudo da contabilidade, pequenas variações também
ocorrerão, marcadamente em função do estudioso se encontrar no grupo da
chamada escola européia ou no grupo da escola norte-americana de
contabilidade (TEIXEIRA, 2006).
1.10 Objeto de estudo da contabilidade: o patrimônio
Um dos objetivos da contabilidade é controlar o montante patrimonial
da entidade. Lembre-se! O patrimônio da entidade é o objeto de estudo da
contabilidade. Essa movimentação é realizada devido às operações de compra,
venda, pagamentos, recebimentos etc. que são executadas diariamente pelos
gestores das entidades. Ao registrar esses fatos contábeis, a contabilidade terá
condição de fornecer informações sobre a situação patrimonial, econômica e
financeira da empresa, sempre que solicitada.
Definimos patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações
de uma entidade.
a) Bens: é o conjunto de coisas capazes de atender às necessidades do ser
humano e que são passíveis de avaliação econômica. Podem ser classificados
em: bens de uso – representados pelas máquinas, equipamentos, móveis e
utensílios; bens de consumo – representados pelo conjunto de matérias
necessárias para desenvolver a atividade da empresa como materiais de
escritório e material de limpeza; bens de troca – representados pelas
mercadorias e produtos que irão ser dispostos à venda.
b) Direitos: são os valores expressos em moeda e que a entidade tem a
receber de terceiros. Geralmente, os terceiros são representados pelos clientes
da entidade, aí dizemos que duplicatas a receber são um direito da entidade,
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PATRIMÔNIO
BENS
DIREITOS
OBRIGAÇÕES
pois ela vendeu a mercadoria a prazo ao cliente e terá o direito a receber do
mesmo. Outros títulos podem ser direitos a receber como é o caso de
promissórias a receber. Ao se proceder ao registro contábil, os títulos
representativos de direitos são acrescidos da expressão a receber.
c) Obrigações: também conhecidas como “passivos exigíveis”. São o
montante de valores que a entidade assumiu para pagar a terceiros. Ao se
proceder ao registro contábil, os títulos representativos de obrigações são
acrescidos da expressão a pagar, como, por exemplo, duplicata a pagar, nota
promissória a pagar etc.
1.11 Aspecto qualitativo e quantitativo do patrimônio
O patrimônio de uma entidade é analisado sob os aspectos da
qualidade e da quantidade. Os aspectos qualitativos são as nomenclaturas
simbólicas de cada um dos elementos que compõem o patrimônio, tais como:
caixa e bancos – que são os bens numerários; mercadorias e produtos – que
são os bens de venda; veículos e imóveis para alugar – que são os bens de
renda da entidade; máquinas e equipamentos, materiais de uso e consumo –
que são os bens de uso, como é o caso de materiais para escritório.
Os aspectos quantitativos são os elementos patrimoniais expressos
em valores monetários. Por exemplo: máquinas e equipamentos R$ 10.000.
1.12 Representação gráfica do patrimônio
Para que a contabilidade alcance seu objetivo de fornecer informações
sobre a situação patrimonial, ela precisa representar o patrimônio de alguma
forma. A maneira escolhida foi a representação em forma gráfica (forma de
“T”), conforme o modelo a seguir:
Lado
esquerdo
Lado
direito
O lado esquerdo é denominado contabilmente de ativo e o direito de
passivo.
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PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
BENS
DIREITOS
OBRIGAÇÕES
PATRIMÔNIO
ATIVO PASSIVO
BENS
DIREITOS
OBRIGAÇÕES
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
a) Ativo: recebe este nome porque é composto pelos bens e pelos direitos(contas a receber), que formam o conjunto dos elementos positivos da
empresa.
b) Passivo: recebe este nome porque é composto pelas obrigações (contas a
pagar), as quais formam o grupo dos elementos negativos da empresa.
Lado
esquerdo Lado
direito
1.13 Equilíbrio patrimonial
O gráfico na forma da letra “T”, utilizado para representar o patrimônio
das empresas, denomina-se balanço patrimonial.
Balanço lembra balança de dois pratos. Para que haja equilíbrio entre
os dois pratos, o peso total do lado direito deve ser igual ao do lado esquerdo.
A empresa também precisa estar em equilíbrio. Sendo assim, para que
o Balanço patrimonial possa refletir adequadamente a situação financeira da
empresa, o total do lado direito deverá ser igual ao total do lado esquerdo.
Lado direito = Lado esquerdo
Ativo = Passivo
Bens + Direitos = Obrigações
Na prática, nem sempre a soma de bens e direitos é igual à soma
das obrigações. Para que essa igualdade seja concretizada, aparecerá no
gráfico um outro grupo de elementos patrimoniais que denominaremos de
patrimônio líquido. Esse novo elemento será colocado no gráfico sempre no
lado do passivo. Podemos então representar o patrimônio da seguinte
maneira:
Lado
esquerdo
Lado
direito
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Transcrevemos a seguir um balanço patrimonial, num modelo bem
simplificado para que você possa perceber sua estrutura.
EMPRESA BOM COMEÇO S/A
BALANÇO PATRIMONIAL em 31/12/2004
ATIVO PASSIVO
BENS OBRIGAÇÕES
Caixa 100 Contas a pagar 1.200
Móveis 1.000 Títulos a pagar 800
Terrenos 5.000 Duplicatas a pagar 1.700
Veículos 6.000 Empréstimos 1.800
Mercadorias 2.000 Salário a pagar 900
Impostos a pagar 200
DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Contas a receber 500 Capital Social 7.000
Duplicatas a receber 600 Reservas 1.000
Títulos a receber 400 Lucro 1.500
Prejuízo (500)
TOTAL DO ATIVO 15.600 TOTAL DO PASSIVO 15.600
1.14 Equação fundamental do patrimônio
A equação fundamental do patrimônio é uma fórmula que evidencia o
equilíbrio patrimonial.
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
BENS + DIREITOS = OBRIGAÇÕES + PATRIMÔNIO LÍQUIDO
BENS + DIREITOS = OBRIGAÇÕES + (CAPITAL + RESERVAS + LUCRO)
1.15 Situação líquida ou patrimônio líquido
Situação Líquida é a diferença entre Ativo e Passivo. O passivo, neste
momento, é entendido como o total das obrigações exigíveis.
SL = Ativo - Passivo Ou SL = Bens + Direitos - Obrigações
Você já sabe que o patrimônio (bens, direitos e obrigações) é avaliado
em moeda. Assim, para calcularmos a situação líquida ou o patrimônio líquido,
devemos ter em nossas mãos o valor total do lado do ativo e o valor total das
obrigações exigíveis. Ao subtrairmos esses montantes, teremos o valor da
situação líqüida. Veja o exemplo a seguir.
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BALANÇO PATRIMONIAL em 31/12/2004
ATIVO PASSIVO
BENS OBRIGAÇÕES EXIGIVEIS
Caixa 100 Contas a pagar 300
DIREITOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Duplicatas a receber 600 ?????
TOTAL DO ATIVO 700 TOTAL DO PASSIVO ?????
CÁLCULO DA SITUAÇÃO LÍQUIDA OU PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Total do ativo = Bens + Direitos = 100 + 600 = 700
Total das obrigações exigíveis = 300
Situação líquida ou patrimônio líquido = Ativo – obrigações exigíveis = 700 – 300 = 400
1.16 Situações líquidas patrimoniais possíveis
Os elementos patrimoniais podem estar configurados com valores
diversos. Conseqüentemente, poderão gerar situações líquidas patrimoniais
diferentes, tais como: positiva, negativa ou nula.
a) Situação líquida positiva, ativa ou superavitária
BALANÇO PATRIMONIAL Ativo > Obrigações
A = O + PL
O = A – PL
PL = A – O
Ativo > zero
Obrigações > zero
PL > zero
ATIVO (A) PASSIVO (P)
Bens (B) 100
Direitos (D) 80
Obrigações (O) 50
Patrimônio líquido (PL)130
TOTAL ATIVO 180 TOTAL PASSIVO 180
b) Situação líquida negativa, passiva, deficitária, passiva a descoberto
BALANÇO PATRIMONIAL Ativo < Obrigações
A = O - PL
O = A + PL
PL = O – A
Ativo > zero
Obrigações > zero
PL < zero
ATIVO (A) PASSIVO (P)
Bens(B) 80
Direitos(D) 20
Obrigações (O) 150
Patrimônio líquido (PL) (50)
TOTAL ATIVO 100 TOTAL PASSIVO 100
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c) Situação nula
BALANÇO PATRIMONIAL Ativo = Obrigações
A = O
O = A
PL = ZERO Ativo
> zero Obrigações
> zero PL = zero
ATIVO (A) PASSIVO (P)
Bens(B) 180
Direitos(D) 20
Obrigações (O) 200
Patrimônio líquido (PL) 00
TOTAL ATIVO 200 TOTAL PASSIVO 200
d) Situação líquida de inexistência de ativo
BALANÇO PATRIMONIAL Ativo < Obrigações
A = ZERO
O = A + PL
PL = A - O
Ativo = zero
Obrigações > zero
PL < zero
ATIVO (A) PASSIVO (P)
Bens(B) 00
Direitos(D) 00
Obrigações (O) 40
Patrimônio líquido (PL) (40)
TOTAL ATIVO 00 TOTAL PASSIVO 00
e) Situação líquida plena ou inexistência de passivo
BALANÇO PATRIMONIAL Ativo > Obrigações
A = O + PL
O = A – PL
PL = A – O
Ativo > zero
Obrigações = zero
PL > zero
ATIVO (A) PASSIVO (P)
Bens (B) 30
Direitos (D) 20
Obrigações (O) 00
Patrimônio líquido (PL) 50
TOTAL ATIVO 50 TOTAL PASSIVO 50
f) Situação líquida patrimonial impossível
Ao analisar as situações patrimoniais apresentadas, você deverá ter
concluído que o ativo e o passivo somente poderão ser iguais ou maiores que
zero, mas o patrimônio líquido (PL) poderá ser menor, igual ou maior que zero.
Assim sendo, a única situação impossível de acontecer será aquela em que
o patrimônio líquido nunca poderá ser superior ao valor total do ativo.
Assim, a contabilidade é uma ciência que estuda, registra e controla o
estado patrimonial das entidades, em seus diversos segmentos.
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Síntese da aula
Nesta aula, você conheceu a ciência contábil: conceito, objeto
(patrimônio das entidades econômico administrativas, com ou sem fins
lucrativos), função, objetivos, campo de aplicação, técnicas, usuários,
ramificações e sua classificação dentro da ciência.
Atividades
1. Marque a alternativa incorreta.
a) São técnicas da contabilidade: a escrituração, a auditoria, a análise de
balanços, as demonstrações contábeis.
b) A contabilidade tem como usuários de suas informações as pessoas físicas
e as pessoas jurídicas.
c) São demonstrações contábeis: o balanço patrimonial, a demonstração de
origem e a aplicação de recursos, a demonstração das mutações do
patrimônio líquido e a demonstração do resultado do exercício.
d) Campo de aplicação da contabilidade são as entidades econômico-
financeiras e seu objeto de estudo são as demonstrações financeiras.
2. A entidade contábil pode ser
a) até uma pessoa física.
b) somente as pessoas jurídicas.
c) somente as entidades com fins lucrativos.
d) somente as pessoas que tiverem registro na Junta Comercial.
3. A contabilidade registra
a) os fenômenos econômicos que afetam o patrimônio das empresas,
provocados ou consentidos pela administração.
b) os fenômenos econômicos e não econômicos que afetam o patrimônio das
empresas, provocados, consentidos ou não pela administração.
c) os fenômenos econômicos e não econômicos que afetam o patrimônio das
empresas, provocados e consentidos pela administração.
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d) os fenômenos econômicos que afetam o patrimônio das empresas,
provocados, consentidos ou não pela administração.
4. Tendo em vista seus objetivos, a contabilidade para fins gerenciais
a) procura suprir informações que se ajustem de forma adequada e efetiva ao
modelo decisório do administrador.
b) exige que o administrador contrate um bom contador para desempenhar
satisfatoriamente as funções contábeis da empresa.
c) precisa suprir todas as deficiências que porventura venham a surgir.
d) deve ser mantida como modelo, para o administrador desempenhar
alcançar satisfatoriamente seu objetivo.
5. Preencha a tabela com as palavras: bem, direito ou obrigação (na coluna
1) eativo ou passivo (na coluna 2). Depois elabore, no seu caderno de
atividades, o balanço patrimonial.
NOME DO ELEMENTO PATRIMONIAL COLUNA 1 COLUNA 2
1. Títulos a pagar
2. Dinheiro no cofre da empresa
3. Ações de outras empresas
4. Contas a receber de diretores
6. Ordenados a pagar
7. Obras de arte
8. Imposto de renda a pagar
9. Estoque de mercadorias
10. Computador para uso próprio
11. Terrenos
12. Duplicatas a receber
13. Empréstimos bancários a pagar
14. Encargos sociais a pagar
15. Veículos para uso da empresa
16. Gratificações a pagar
17. Capital social
18. Comissões a pagar
19. Equipamentos
20. Empréstimos concedidos a empregados
6. Aplique a equação patrimonial para cada situação abaixo.
a) Uma empresa apresentou em seu balanço R$ 500 em bens e R$ 800 no
total do passivo. Qual o valor dos direitos?
b) Admitindo-se que o ativo de uma empresa seja de R$ 250.000 e o
passivo exigível de R$ 230.000, qual é o valor do patrimônio líquido?
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c) Sabendo que uma empresa possui R$ 5.000 de obrigações e R$
10.000,00 de patrimônio líquido, determine o valor do seu passivo e do
ativo.
d) A Empresa Capitalista apurou R$ 200 de obrigações e R$ 186 de
patrimônio líquido. Qual é o total do seu ativo?
7. Elabore, em seu caderno, um balanço patrimonial para cada item a seguir,
indicando qual é a situação líquida. Esperamos com esta atividade que você
aplique a equação fundamental do patrimônio e perceba que o patrimônio
líquido é o grupo que possibilita o equilíbrio patrimonial.
a) Ativo R$ 50 e obrigações R$ 450.
b) Ativo R$ 210 e obrigações R$ zero.
c) Ativo R$ 115 e obrigações R$ 79.
d) Ativo R$ 200 e patrimônio líquido R$ 100.
e) Ativo R$ 150 e patrimônio líquido R$ 350.
f) Obrigações R$ 180 e patrimônio líquido R$ 30.
g) Caixa R$ 300 e duplicata a pagar R$ 200.

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