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Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NA AMAZÔNIA VERSUS OS PROJETOS DE ASSENTAMENTOS AGROEXTRATIVISTAS EXPANSION OF THE AGRICULTURAL FRONTIER IN THE AMAZON VERSUS AGROEXTRATIVE SETTING PROJECTS Gessiane da Silva Paulino Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Pará gessianepaulino18@gmail.com Armando Lirio de Souza Docente do Programa de Pós-Graduação em Economia e da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Pará armandolirio@gmail.com Marcílio Alves Chiacchio Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Pará marcilio.ac@gmail.com Severino Félix de Souza Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Economia da Universidade Federal do Pará severinofelix@hotmail.com Grupo de Pesquisa: Questão agrária, governança de terras, políticas públicas e assentamentos rurais Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Resumo Trata-se de um estudo sobre a modalidade projeto de assentamento agroextrativista (PAE) criada em 1996, como proposta de efetivação da reforma agrária no Brasil. A principal questão deste trabalho reside em compreender como essa modalidade, que não transfere a posse da propriedade, mas somente o direito de uso do solo e dos recursos naturais, a partir da regularização de áreas de terras da União, pode significar alterações substanciais na estrutura fundiária da Amazônia brasileira, em termos de desconcentração de terra, ou se representa apenas a consolidação de assentamentos não reformadores. Sob este contexto, esse trabalho tem como objetivo, identificar os fatores determinantes à criação dessa modalidade na Região Metropolitana de Belém, que possuí uma região insular, com aproximadamente 50 ilhas, das quais 11 são PAE’s. Em termos metodológicos, empregou-se o método histórico indutivo e a pesquisa exploratória, onde buscou-se subsídios no debate contemporâneo que apresenta a discussão de novas configurações do agrário brasileiro e amazônico. Os resultados apontam que a política de assentamentos desenvolvidas na Amazônia está muito aquém da efetivação da política nacional de reforma agrária, como garantia da emancipação e consolidação dos PAE’s. No entanto, percebe-se a importância de estudos sobre essa modalidade de assentamento, enquanto ação de inclusão social de populações tradicionais, onde a terra, também é vista como local de moradia e trabalho, por meio da garantia de seguridade frente a disputa e conflito agrário nesses territórios. Assim, buscou-se identificar seu significado, também, enquanto, mecanismo de desconcentração fundiária aos agentes sociais diretamente envolvidos. Palavras-chave: Questão Agrária; Reforma Agrária; PAE; fronteira agrícola; posse. Abstract This is a study on the modality of agroextractivist settlement (PAE), created in 1996, as a proposal for the effective implementation of agrarian reform in Brazil. The main issue of this work is to understand how this modality, which does not transfer ownership of property, but only the right to use land and natural resources, through the regularization of land areas of the Union, can mean substantial changes in the structure land tenure of the Brazilian Amazon, in terms of deconcentration of land, or if it represents only the consolidation of nonreforming settlements. In this context, the objective of this work is to identify the determinants of the creation of this modality in the Metropolitan Region of Belém, which has an island region with approximately 50 islands, of which 11 are PAE's. In methodological terms, we used the historical inductive method and the exploratory research, where we sought subsidies in the contemporary debate that presents the discussion of new configurations of the Brazilian and Amazonian agrarian. The results point out that the settlement policy developed in the Amazon is far short of the effectiveness of the national agrarian reform policy, as a guarantee of the emancipation and consolidation of SAPs. However, we note the importance of studies on this modality of settlement, as an action of social inclusion of traditional populations, where land is also seen as a place of housing and work, through the guarantee of security in the face of dispute and conflict in these territories. Thus, it was sought to identify its meaning, also, as a mechanism of deconcentration of land to the social agents directly involved. Key words: Agrarian Question; Land reform; PAE; agricultural frontier; possession. Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 1. Introdução O Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) foi regulamentado no Brasil pela Portaria/INCRA nº 268/1996, para substituir os Projetos de Assentamentos Extrativistas. O PAE foi decorrente de ações e pressões de movimentos sociais, como o movimento seringalista liderado por Chico Mendes. Em 2003, mediante o II Plano Nacional de Reforma Agrária (II PNRA) há a integração da população ribeirinhas à esta estratégia de política de Regularização Fundiária e Reforma Agrária na Amazônia. As populações ribeirinhas ocupam territórios considerados de Patrimônio da União. São áreas inalienáveis, ou seja, não podem ser vendidas, alugadas, trocadas e nem ser objeto de usucapião (adquirida pelo tempo de uso). Mas é possível o acesso ao solo e aos seus recursos naturais por meio de autorização, cessão de uso do bem, mediante, uma negociação das associações de moradores, para a elaboração de um Plano de Utilização, com delimitações das regras de convivência e de uso dos recursos, para assim, ser regulamentado como um PAE (CORRÊA; PINHEIRO, 2010; OLIVEIRA, 2011). Assim, a regularização fundiária possibilitou à população tradicional a legalidade da permissão dos recursos naturais e o uso coletivo da terra, fato este inquestionável. No entanto, são diversas as posições dos autores que estudam a temática reforma agrária a respeito desse processo de regularização fundiária dos PAE’s. Para alguns autores, como Silva (2009 apud CORRÊA; PINHEIRO, 2010), a regularização garante segurança à grande parcela da população ribeirinha, além de permitir o acesso às políticas de crédito e subsídios dos programas governamentais. Assim, estes autores defendem que essa política de inclusão social, inseriu a população tradicional na legitimidade do uso da terra e de seus recursos. Todavia, há os que afirmam que os assentamentos adotados em terra ribeirinha e seu processo de regularização não se caracterizam como reforma agrária, por não alterar a estrutura fundiária, sendo um instrumento de legalidade de uma posse preexistente. Assim, a reforma propriamente dita não acontece, por não proporcionar a modificação de uma ordem fundiária existente, a concentração de terras. Este representa o principal questionamento referente à esta modalidade, devido está sendo utilizada para inflar os números da reforma agrária, principalmente no ano de 2006 a 2010, em que 80% dos assentamentos criados foram nessa modalidade. No entanto, apesar da criação desse tipo de assentamento, o nível de concentração de terras foi acentuado, como pode ser visto no Índice de Gini para nível de concentração na estruturafundiária, que indicava 0,816 em 2003 e aumentou para 0,838 em 2010 (STÉDILE, 2013; OLIVEIRA, 2011). Assim, mediante este debate, apresenta-se a seguinte indagação: como, em decorrência da questão agrária brasileira, os assentamentos agroextrativistas desenvolvem suas potencialidades no âmbito da Reforma Agrária? Com base nesse questionamento este trabalho tem como objetivo identificar as especificidades da modalidade dos assentamentos agroextrativistas da RMB, bem como os fatores que configuraram a formação desses assentamentos nessa região, com intuito de entender como esta modalidade adequa-se dentro da política de Reforma Agrária brasileira, e assim, verificar o sentido reformador desses assentamentos. Por fim, o trabalho está dividido em 4 seções. A primeira parte, engloba essa introdução. Na seção 2, traz-se o debate contemporâneo sobre a questão agrária brasileira, integrada aos estudos da dinâmica agrária amazônica, onde identifica-se os agregados fundamentais de caracterização dessa tipologia de reforma agrária. Na seção 3, destaca-se os fatores determinantes que configuraram na formação dessa modalidade na RMB, com intuito de identificar no processo de formação dos mesmos, as suas potencialidades reformadoras nesse espaço. E por fim, na quarta seção, traz-se as considerações finais. Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 2. Debate Contemporâneo sobre a Questão Agrária Brasileira: criação dos PAE’s na Amazônia Durante o Regime Militar (1964-1985), por meio das reformas econômicas realizadas no âmbito do Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) e posteriormente no Milagre Econômico (1967-1973), ressalta-se o caráter conservador do modelo econômico adotado nesse período no país. A modernização agrícola representou a opção do Governo Militar por um desenvolvimento capitalista no campo. Nesse sentido, manteve-se a estrutura fundiária anterior, extremamente concentrada, e o movimento social do campo foi reprimido. Além disso, destaca-se nesse período a expansão dos latifúndios para a Amazônia e o seu revigoramento em áreas até então dominadas pela agricultura familiar (STÉDILE, 2013). Posteriormente, na década de 1980, considerada “Década Perdida”, em função do esgotamento do modelo de desenvolvimento brasileiro e da crise da dívida, impõe-se como ajuste, fortalecer o papel de geração de saldos comerciais crescentes à agricultura. Deste modo, o ajuste do modelo de desenvolvimento brasileiro retoma o sentido de vocação agrícola do país, algo similar aos processos históricos econômicos anteriores, economia colonial e o modelo primário-exportador, mas agora centrado na modernização conservadora da agricultura. Entre 1990 a 2010 o setor agrícola obteve expressivo ganho de produtividade: a área destinada ao cultivo da soja se ampliou de 11.487.303 ha para 23.290.696 ha; a de cana-de-açúcar, de 4.272.602 ha para 9.146.615 ha; e o número de cabeças de gado abatidas elevou-se de 13.374.663 para 27.974.982. Entretanto, nas lavouras voltadas ao mercado interno: arroz, feijão e trigo, a área de cultivo pouco se ampliou. Já que, o avanço da fronteira agrícola ocorreu no sentido de uma especialização na produção de gêneros agrícolas com preços crescentes no mercado de commodities1 (NAKATANI et al, 2012). Esse condicionante externo possibilitou a consolidação do agronegócio no início do século XXI. O modelo de produção do agronegócio, representado pelos grandes proprietários de terra, bancos, empresas nacionais e transnacionais, se caracteriza sucintamente por: organização da produção agrícola na forma de monocultura (soja, milho, cana ou pecuária extensiva) em áreas cada vez maiores; uso intensivo de máquinas agrícolas; a prática de uma agricultura sem agricultores; e o uso intensivo de agrotóxicos e de sementes transgênicas. Nesta perspectiva, tal modelo sob o domínio do capital financeiro e das empresas transnacionais, no comando da produção das mercadorias agrícolas, extrapola o processo de modernização da agricultura (crescimento agrícola e aumento de produtividade) e, gerencia um aglomerado que envolve muito mais que um conjunto de unidades agrícolas, impondo a reprimarização a agricultura brasileira (STÉDILE, 2013). Para além dos determinantes externos, que impõem a reprimarização da economia brasileira, existem condicionantes internos que limitam a possibilidade de uma reforma agrária com maior abrangência, sendo a estrutura fundiária a principal condicionante. Segundo o DataLuta (2016), no ano de 2014, 36% dos estabelecimentos rurais menores que 10ha, ocupavam aproximadamente 1% da área total, ao passo que os 2% dos estabelecimentos maiores que 1.000ha concentravam 58% da área total. Isto destaca a perpetuação da relação inversa da propriedade da terra, onde em média um número equivalente a mais de 1 milhão de 1 No final do século XX e início do século XXI a participação das commodities na pauta de exportações brasileiras subiu de 37% para 51%. Contudo, nesse período, a participação de produtos industrializados de baixa, média e alta intensidade na pauta de exportações brasileiras mostrou-se estável com tendência à queda entre 2000 e 2009. Nestes termos, o país tem regressado historicamente a caminho da “reprimarização” de sua economia (NAKATANI et al, 2012). Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural imóveis é distribuído em aproximadamente 1% da área total. Enquanto, em média 80 mil imóveis possuem aproximadamente metade da área da estrutura fundiária brasileira. Além disso, o Índice de Gini de concentração de terras indica um aumento de 0,02 no grau de concentração, entre 1998 e 2014. Conforme, destacado na literatura, houve, também nesse período, o avanço da posse de terras por empresas estrangeiras: estima-se que as empresas estrangeiras devem controlar mais de 30 milhões de hectares de terras no Brasil. O que acentua ainda mais a especulação por terras e encarece o modelo de reforma agrária adotado no país (Tabela 1). Tabela 1: Mudanças da Estrutura Fundiária por Classe de Área - 1998, 2003, 2010 e 2014 - Brasil Classes de Área (ha) 1998 2003 Nº de Imóveis % Área (ha) % Nº de Imóveis % Área (ha) % Menos de 10 1.143.969 32% 5.417.778,90 1% 1.409.797 33% 6.638.598,60 2% 10 a menos de 100 1.916.127 53% 63.236.811,20 15% 2.289.014 53% 75.782.410 18% 100 a menos de 1000 468.548 13% 127069767,4 31% 523.335 12% 140.362.235,80 33% 1000 a mais 57.881 2% 219.824.528,10 53% 68.325 2% 195.700.087,90 47% TOTAL 3.586.525 100% 415.548.885,60 100% 4.290.471 100% 418.483.332,30 100% ÍNDICE DE GINI 0,838 0,816 Classes de Área (ha) 2010 2014 Nº de Imóveis % Área (ha) % Nº de Imóveis % Área (ha) % Menos de 10 1.744.540 32% 8.215.336,80 1% 2.208.467 36% 9.713.045,19 1% 10 a menos de 100 2.709.158 53% 90.005.536,24 16% 3.097.263 50% 103.277.383,22 14% 100 a menos de 1000 648.651 13% 175.455.369,71 31% 739.358 12% 198.722.833,04 27% 1000 a mais 79.296 2% 298.064.146,88 52% 95.030 2% 428.688.384,33 58% TOTAL 5.181.645 100% 571.740.389,63 100% 6.140.118 100% 740.401.645,78 100% ÍNDICE DE GINI 0,838 0,86 Fonte: DATALUTA, 2016. Elaborado pelos autores. Essa condição da estrutura fundiária, em contraponto a criação de diversas modalidades na Política de Assentamentos de Reforma Agrária, representa um importante indicador de avaliação dessasmodalidades para a efetivação da desconcentração de terras. Já que, por mais de um século, as grandes propriedades, a partir do poder que a propriedade de terra representa, controlam as políticas de desenvolvimento. Em tese, mesmo com a redemocratização do país e a mobilização dos trabalhadores rurais sem-terra, através de manifestações, ocupações de terra e dos assentamentos de reforma agrária, a criação de planos e políticas públicas voltadas a particularidades de personagens sociais, a partir da desapropriação de terras, não está sendo efetiva para a consolidação e emancipação desses espaços, que resultam em nova concentração de terras a posteriori. Segundo o DataLuta (2016), no Brasil, entre 1988 e 2006, foram realizadas mais de 7 mil ocupações de terra, das quais participaram cerca de um milhão de famílias acampadas. Em resposta, os governos criaram desde então 7.230 assentamentos rurais, cuja área total de 57,3 milhões de hectares comporta cerca de 900 mil famílias. No entanto, numa análise geográfica, Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural destaca-se a oposição territorial entre as famílias em ocupações e famílias assentadas: entre 1988 e 2006, do total das famílias que participaram de ocupações de terra no Brasil, apenas 5% o fizeram na região Norte. Porém, entre as famílias assentadas pelos governos no mesmo período, 40% receberam lotes na região Norte; Centro-Oeste e Nordeste apresentam equilíbrio entre a proporção numérica de famílias em ocupações e famílias assentadas em relação ao total brasileiro; já na região Sul e, especialmente a Sudeste, ao contrário do que ocorre no Norte, a participação nas ocupações é bem superior ao assentamento de famílias (Figura 1). Figura 1: Perfil da localização da Reforma Agrária no Brasil – 1990-2014 Fonte: DATALUTA/NERA (2016). O aspecto mais elementar da concentração das ocupações no centro-sul e em regiões do Nordeste é que essas são as regiões em que se concentram os milhões de expropriados e trabalhadores rurais em vias de desintegração, devido à modernização da agricultura e industrialização do país. Dessa forma, segundo Dataluta (2016), a luta pela terra é desenvolvida principalmente nessas regiões de ocupação mais consolidadas, que tem maior potencialidade para o desenvolvimento da agricultura familiar. Contudo, contrariamente, as famílias são assentadas em regiões de ocupação recente, principalmente na fronteira agropecuária, onde a demanda pelos produtos da agricultura familiar é menor e a qualidade de vida dos assentados será provavelmente inferior. Além disso, a Amazônia tem sido uma área de escape para os conflitos, especialmente com a regularização fundiária. Observa-se que a instalação de assentamento da reforma agrária, está extremamente concentrada na Amazônia, na região Sudeste do estado do Pará, com repercussões em outras regiões do estado paraense. Todavia, a fronteira agrícola tende a se fechar e as terras da União não serão suficientes para fazer a reforma agrária, considerada restrita e conservadora, por não MAPA 1: NÚMERO DE FAMÍLIAS EM OCUPAÇÕES 1990-2014 MAPA 2: NÚMERO DE FAMÍLIAS ASSENTADAS 1990-2014 Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural desconcentrar a terra. O que tenderá a acentuação de conflitos nesse espaço (GIRARDI; FERNANDES, 2008; FERNANDES, 2015). O debate em torno dessas modalidades questiona o quão reformador são essas novas modalidades de assentamentos, ou seja, qual o sentido reformador dos diversos tipos de assentamentos rurais. Para isso, utiliza-se a classificação de Rocha (2008), de assentamentos não reformadores e reformadores. O autor parte do seguinte princípio: para que um assentamento seja reformador ele deve alterar a estrutura fundiária da grande propriedade e territorializar, na mesma parcela do terreno, a população rural/urbana sem-terra. De modo geral, os assentamentos não reformadores são os reconhecimentos de posse, assentamentos criados a partir de terras públicas, unidades de conservação sustentáveis e outros projetos de caráter ambiental. Estes assentamentos se confundem com as políticas ambientais e de ocupação do território e não desconcentra a terra. Desta forma, o reconhecimento de posses e a criação de assentamentos em terras públicas são formas que adicionam a estrutura fundiária novas áreas e novos detentores, sem que seja necessária uma redistribuição de terra. No entanto, vale destacar, que o reconhecimento dessas modalidades, consideradas não reformadoras, constituem um passo importante no reconhecimento dos direitos dos povos tradicionais, representativos no Norte do país. No entanto, o governo não pode priorizar só a criação dessa modalidade, em área relativamente pouco ocupada, e deixar de suplantar a reforma nas regiões de ocupação consolidada, onde as ocupações de terras são frequentes. Assim, o problema não está na criação dos assentamentos não reformadores, mas sim como eles são utilizados como estratégia para não aprofundar a reforma agrária em outras regiões do país. Diante dos condicionantes apresentados, não se identifica perspectivas de mudanças do modelo econômico atual, devido os limites fiscais e estruturais de nossa economia e a necessidade (crescente) de geração de superávits via exportação de commodities. Além disso, esta forma de inserção na economia mundial, tem o apoio da força política da bancada ruralista e a defesa contundente do atual governo brasileiro. Em suma, estes são os principais fatores que configuram o debate sobre a questão agrária nacional, no contexto da nova fase da agricultura brasileira, agora dominada pelo capital financeiro e pelas empresas transnacionais, em aliança com os grandes proprietários de terra – o agronegócio. Este se instalou na década de 1990 e se consolidou de forma mais clara na década de 2000, frente à possibilidade de mudanças da estrutura fundiária na contemporaneidade, algo tão almejada pelos trabalhadores (as) sem-terra. Sob este contexto, são os trabalhadores (as) rurais/urbanos excluído do acesso à terra que tem papel de destaque na luta por mudanças do modelo econômico atual, especificamente, no âmbito da reforma agrária (STÉDILE, 2013). Nesse quadro, pensar a questão da terra no Brasil hoje implica em perceber as novas formas assumidas pela propriedade da terra. Há complexas relações entre agronegócio, agricultura familiar e as diferentes formas de demanda por terra, pois é nesse campo que ocorre a batalha pelo reconhecimento, legitimação e reprodução de determinadas formas de produzir e do direito à terra. Assim, a expansão do agronegócio é um aspecto fundamental, embora não exclusivos, para pensar os parâmetros atuais do debate sobre a reforma agrária no Brasil contemporâneo. Outro aspecto, refere-se às nuances e novas faces que a luta por terra adquiriu, trata-se de apontar tanto as implicações da emergência de novos personagens e identidades, como é o caso das chamadas populações tradicionais, quanto a crescente valorização da agricultura familiar, principalmente da região amazônica, onde essa modalidade se concentra desde a última década (MEDEIROS, 2015). Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 2.1 Contexto da questão agrária na Amazônia Historicamente, prevaleceu na Amazônia a desigualdade do acessoà terra. Isto configurou um quadro de acentuada concentração fundiária, e gerou como resultado o êxodo rural e a ocupação das cidades amazônicas, com forte característica de trabalho urbano informal e reduzido grau de assalariamento. Nesse sentido, o capital tem se apropriado desse bem da natureza, a terra, transformando-o em uma mercadoria, o que secundariza a sua função social (POLANYI, 2000). Assim, busca-se contextualizar um conjunto de elementos da história agrária da Amazônia, com intuito de entender o processo de ocupação do território nacional, que resultou em novas configurações espaciais, como os assentamentos agroextrativistas (STÉDILE, 2013; FERNANDES, 2015). Na Amazônia, a conversão da terra em mercadoria impactou na perda, gradativa, de “[...] sua característica histórica de terra de trabalho e sustento de caboclos, índios, posseiros, moradores, etc., cedendo lugar as atividades lucrativas para o capital (como a pecuária, etc.)” (LOUREIRO, 2004, p. 36). O Estado foi o ator principal na incorporação da Amazônia a acumulação capitalista brasileira, uma vez que apoiou a entrada do grande capital na região, através de ações governamentais baseadas em interesses exógenos. Dessa forma, a formulação de estratégias de integração da Amazônia, perpassa pela acumulação capitalista brasileira, onde a Amazônia tem sempre um papel subordinado a cumprir. A Amazônia brasileira possui cerca de 419.880 milhões de hectares e, representa a maior floresta tropical global, com um imenso acervo de biodiversidade, que chama a atenção da economia nacional/mundial por prestar serviços ambientais para a estabilização do clima. Assim, a questão agrária na Amazônia envolve desde um conjunto de interesses nacional/mundial a serviços ambientais (COSTA, 2005; SOUZA; FILIPPI, 2010). Uma das primeiras ações de integração da Amazônia foi a construção da Rodovia Belém-Brasília, nos anos 1950, que liga fisicamente o Pará ao Centro-Sul, onde o Estado concedeu terras públicas a grupos econômicos de fora da região. Os empresários regionais, com o objetivo de manter o seu controle sobre castanhais locais conseguiram, através de contrato – aforamento perpétuo, que o Estado lhes transferisse a posse e o direito de exploração destes (Lei Estadual nº 913, de 04.12.1954). Contudo, estas concessões representaram apenas o início do processo de incorporação da Amazônia à acumulação capitalista brasileira (LOUREIRO, 2004; MARQUES, 2014). As ações de integração da Amazônia foram intensificadas a partir de 1960, com a Operação Amazônia, no regime militar, que além de substituir a Superintendência do Plano de Valorização da Amazônia (SPVEA) pela Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), dava apoio a agropecuária, repassando-lhe incentivos fiscais e a concessão de terras. No âmbito agrícola, as ações governamentais deram prioridade à grande propriedade, o que redesenhou o território, na concentração de terras. Outro ponto de impacto na região, foi a criação dos grandes projetos energéticos-minerais, que mudaram a estrutura de poder local, já que as instituições locais não foram consideradas neste processo, em que as decisões foram feitas fora da região, com uma interligação do Estado brasileiro a empresas nacionais e multinacionais (ibidem). Portanto, a incorporação da Amazônia ao desenvolvimento capitalista brasileiro, não consistiu na simples necessidade da injeção de capitais, mas também, na transformação/substituição das relações pré-existentes por outras, onde o desapossamento torna-se uma pré-condição dessa transformação. O desapossamento permite ao capital o controle sobre as riquezas naturais e, simultaneamente, sobre a força de trabalho das classes então desapossadas da terra. Assim, a forma autoritária de ocupação da Amazônia se sustenta Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural no confisco de terras, consideradas como um espaço vazio demograficamente, e no aparato legal que lhe confere apoio (LOUREIRO, 2004; MARQUES, 2014). O processo de inserção da Amazônia à dinâmica capitalista brasileira evidencia o papel da região como exportadora de matérias-primas e a utilização do seu potencial de geração de energia hidráulica, que impacta no aumento do desmatamento. Dessa forma, essa inserção, constitui um paradoxo por arriscar, através da degradação dos recursos ambientais, a sua riqueza natural que garantiria um futuro melhor para todos, em contraponto a um desenvolvimento desigual voltado aos grandes projetos econômicos e para o projeto latifúndio- monocultura exportador, ao invés de ser indutor de desenvolvimento que corrija as desigualdades econômico-sociais (COSTA, 2005; SOUZA; FILIPPI, 2010). A partir da Constituição Federal (1988), que representa o marco inicial das mudanças políticas e sociais relevantes que ocorreram no Brasil nas três últimas décadas, há o estabelecimento de novas relações entre o Estado e a sociedade civil. Na década de 1990, observa-se a criação de espaços de participação social e de instrumentos de políticas públicas. Novos atores políticos emergiram e passaram a reivindicar políticas públicas de acordo com suas particularidades, construídas sob a compreensão dos grupos sociais sobre sua própria condição. A partir desse período, destaca-se o momento de ascensão, de uma das experiências mais destacadas na luta pela organização dos assentamentos da reforma agrária no Brasil, do MST. Neste contexto, em respostas às pressões de várias mobilizações sociais se criou as políticas de assentamentos de reforma agrária, em 1996 (GRISA; SCHENEIDER, 2015). O estado do Pará possui 10 modalidades de assentamentos: 60% (668) PA; 30% (321) PAE; 2% em Reserva Extrativistas (RESEX); 2% Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS), o mesmo tem ainda as modalidades: Projeto de Assentamento Conjunto (PAC), Projeto de Assentamento Casulo (PCA), Projeto de Assentamento Estadual (PE), Projeto Estadual de Assentamento Agroextrativista (PEAEX), Projeto Estadual de Assentamento Sustentável (PEAS), Projeto Integrado de Colonização (PIC), Florestas Nacionais (FLONA) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), criadas a partir de especificidades locais, das quais 06 modalidades são direcionadas especificamente para atender as populações tradicionais: PAE, PDS, PEAEX, FLONA, RESEX e PEAS (BRASIL, 2016). Segundo informações do governo federal, no ano de 2006, criou-se a maior quantidade de assentamentos da reforma agrária. No estado do Pará, principalmente na década de 2000, há acentuada criação dos PAE’s, cerca de 70% da modalidade de assentamento. Dessa forma, a evolução dos assentamentos no estado do Pará, mostra que o PNRA, como política que envolve estratégias territoriais, sociais e econômicas, tornou-se uma prática voltada, quase que essencialmente, à regularização fundiária, através do PAE’s, por exemplo (Figura 2). Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Figura 2 – Evolução dos Projetos de Assentamentos, por modalidade, no estado do Pará (1990 a 2015) Fonte: BRASIL, 2016. Elaborado pelos autores. Neste contexto, na década de 2000, o governo brasileiro reduziu a criação de assentamentos destinados às famílias sem-terra, no estado do Pará, na modalidade PA’s. Passou-se a reconhecer outras modalidades como os PAE, PDS, entre outros, que são formas de regularização fundiária, por meio da concessão de títulos deuso do solo e dos recursos naturais, de populações já existentes na área. Além disso, de acordo com o acompanhamento das fases dos projetos de assentamentos, por modalidade no estado do Pará, constatou-se que dos 1.067 assentamentos criados nos últimos 30 anos, apenas 38 assentamentos estão consolidados, enquanto 723 foram apenas criados, dos quais 321 são PAE’s (BRASIL, 2016). Assim, a Amazônia representa um mosaico com áreas prósperas, com elevados índices de concentração e, áreas protegidas, como pode ser visto, na contextualização dos assentamentos agroextrativistas no estado do Pará. Em tese, isto deve garantir um padrão de desenvolvimento sustentável na região (SOUZA; FILIPPI, 2010). Diante disso, destacam-se os assentamentos agroextrativista instalados, recentemente, a partir de 2005, e representam uma nova configuração espacial, específica da região amazônica. No entanto, tais assentamentos estão sendo criados em áreas onde existem poucos conflitos com a expansão da fronteira do agronegócio na Amazônia, o que reforça o caráter conservador dessa política de reforma agrária, o que reforça a importância da caracterização dessa política (GIRARDI; FERNANDES, 2008). 3. Caracterização dos Projetos de Assentamentos Agroextrativistas na RMB O PAE foi regulamentado no Brasil pela Portaria/INCRA nº 268/1996, para substituir os Projetos de Assentamentos Extrativistas. O PAE foi decorrente de ações e pressões de movimentos sociais, como o movimento seringalista liderado por Chico Mendes, o qual reivindicavam novas modalidades de reforma agrária que privilegiassem o modo de vida das populações tradicionais amazônicas e garantissem seu direito de posse e de acesso aos serviços básicos de saúde, educação, infraestrutura, etc. Além disso, esta modalidade sofreu pressão do movimento ambientalista, que defendia a preservação da floresta e o combate ao desmatamento (ALLEGRETTI, 2008 apud OLIVEIRA, 2011). Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Inicialmente, essa modalidade foi rejeitada por parte dos seringueiros, o que fez com que, as RESEX e as Unidades de Conservação, fossem mais utilizadas na regularização fundiária das populações tradicionais. Somente, em 2003, mediante o II Plano Nacional de Reforma Agrária (II PNRA), após 7 anos da regulamentação do PAE, que ocorre a integração das populações tradicionais ribeirinhas à esta estratégia de política pública de Regularização Fundiária e Reforma Agrária na Amazônia. Segundo o governo federal, o II PNRA amplia a participação social da população rural beneficiada pelo programa de reforma agrária, o qual incluiu agricultores familiares, comunidades tradicionais, populações ribeirinhas, atingidos por barragens, ocupantes não índios de terras indígenas, mulheres trabalhadoras rurais e juventude rural (BRASIL, 2003). A população ribeirinha2, principal beneficiada do PAE, é conhecida como aquela que mora às margens do rio ou sobre o mesmo em casas flutuantes. A regularização fundiária nessas áreas é bastante complexa, pelo fato destas terras serem patrimônio público (CORRÊA; PINHEIRO, 2010). Em 2005, a intensificação na regulamentação dos PAE’s, é decorrente do termo de Cooperação Técnica entre a Secretária do Patrimônio da União (SPU) e o Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), firmado e publicado no Diário Oficial da União (DOU) nº 223/2005. Isto possibilitou a emissão do Termo de Autorização de Uso (TAU)3 pelo INCRA de territórios ocupados por populações tradicionais ribeirinhas, visto que, estas ocupações são localizadas em áreas consideradas de Marinha e do Patrimônio de Imóveis da União que estão na tutela da SPU. A modalidade PAE foi primeiramente abordada no documento com o título: Conceito e Metodologia para a implantação dos PAE (1996). Esta modalidade é definida como um tipo de assentamento destinado às populações tradicionais para a exploração de áreas dotadas de riquezas extrativistas economicamente viáveis atreladas ao desenvolvimento sustentável, a ser executadas pelas populações que ocupam ou venham a ocupar essas áreas, mediante concessão de uso, em um regime comunal. Além disso, proporciona facilidade de acesso a créditos pelos moradores às atividades rurais, assistência técnica e o acesso a outros programas e ações, como o Bolsa Família, a emissão de documentação civil, programas de saúde, inclusão no programa de aposentadoria do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), entre outros (BRASIL, 2010). Assim, essa modalidade busca reconhecer e fortalecer a identidade das populações tradicionais, através da seguridade fundiária e dos recursos naturais à essa população, uma vez que, a mesma está inserida em um cenário de disputas pelo acesso à terra e seus recursos. Os PAE’s são lócus ocupados por uma diversidade de atores sociais que disputam seus recursos naturais, não somente os ribeirinhos, pois é um cenário de disputas que envolvem madeireiros, herdeiros de engenhos, de antigos barracões da época da borracha e da recente prática do aviamento, de donos de olarias e dos criadores de animais. Atualmente, o PAE é o principal instrumento de regularização fundiária e de reforma agrária às comunidades ribeirinhas. As populações ribeirinhas ocupam territórios considerados 2 A população ribeirinha na Amazônia refere-se ao modo de sua interação com a natureza: mata, rios, igarapés e lagos, definindo lugares e tempos de vidas. O uso dos recursos naturais está presente nos seus modos de vida, enquanto dimensões fundamentais que atravessam as gerações e fundam uma noção de espaço, seja como patrimônio comum, seja como de uso familiar ou individualizado pelo sistema de posse. Além disso, destaca-se a forte relação da mesma com a água, visto que esta é utilizada tanto como meio de circulação quanto de subsistência (através da pesca, por exemplo) (CASTRO, 1997 apud CRUZ, 2005, p.07). 3 O Termo de Autorização de Uso não transfere a posse da terra. Permite o reconhecimento do direito à ocupação e à exploração sustentável das áreas de várzeas, bem como promove a legalização de atividades tradicionais típicas da Amazônia (desbaste de açaizais, colheita de frutos, manejo de outras espécies) (BRASIL, 2010). Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural de Patrimônio da União. São áreas inalienáveis, ou seja, não podem ser vendidas, doadas, alugadas, trocadas e nem ser objeto de usucapião (adquirida pelo tempo de uso). Mas, é possível o acesso ao solo e aos seus recursos naturais por meio de autorização, cessão de uso do bem. Isto mediante negociação das associações de moradores, para a elaboração de um Plano de Utilização, com delimitações das regras de convivência e de uso dos recursos, para assim, ser regulamentado como um PAE. Dessa forma, o associativismo é condição fundamental para a viabilidade e sucesso do PAE, tendo as organizações econômicas locais o papel de intermediadora entre os moradores do assentamento e o órgão regulador dessa modalidade (CORRÊA; PINHEIRO, 2010). Pode-se constatar a importância da atividade agroextrativista como alternativa para os projetos de assentamentos, de modo particular na Amazônia, onde os PAE se concentram. A política de regularização das terras de ilhas e várzea na Amazônia iniciou no Pará em 2003. Em 2004, regularizou-se os primeiros assentamentos no Estado, mas o processo intensificou-se a partir de 2005 com o Projeto Nossa Várzea:Cidadania e Sustentabilidade na Amazônia para regularização da população ribeirinha no Marajó. Em 2009, o projeto foi estendido para outros estados da Amazônia: Amazonas, Acre, Maranhão, Amapá e Tocantins, como garantia de cidadania das comunidades ribeirinhas tradicionais, em consonância com uma política de desenvolvimento sustentável. Os primeiros PAE’s no estado do Pará surgiram no município de Abaetetuba, em 2004, cerca de uma década depois da regulamentação desta modalidade pela portaria 268/1996: o PAE Nossa Senhora do Livramento na Ilha da Tabatinga e o PAE São João Batista na Ilha de Campompema. Após esse período, houve uma intensificação na regulamentação dessa modalidade, resultado do termo firmado entre o INCRA e o SPU, com a criação de 318 PAE’s (99% dos assentamentos agroextrativistas foram criados entre o período de 2005-2015). Destaca-se o ano de 2006, no qual foi regulamentado 43% do total desses assentamentos criados no Pará, bem como, houve o maior número de famílias assentadas (43%) (Tabela 2) (BRASIL,2015). Tabela 2: PAE’s Regulamentado por ano no estado do Pará - 1996 a 2015 ANO Nº PAE'S % FAMÍLIAS PAE'S % ÁREA (HA) ÁREA (HA) / FAMÍLIA 1996-2003 - - - - - - 2004 2 1% 426 1% 694,97 1,63 2005 19 6% 14.049 18% 429.431,39 30,57 2006 139 43% 34.242 43% 786.396,73 22,97 2008 62 19% 11.643 15% 709.793,83 60,96 2009 38 12% 11.486 14% 647.506,66 56,37 2010 11 3% 2.548 3% 216.416,14 84,94 2011 27 8% 2.955 4% 405.376,81 137,18 2012 5 2% 397 0% 30.103,19 75,83 2013 3 1% 167 0% 54.832,84 328,34 2014 13 4% 1.238 2% 46.651,37 37,68 2015 1 1% 200 0% 5.577,35 27,89 TOTAL GERAL 320 100% 79.351 100% 3.332.781,29 42 Fonte: BRASIL, 2016. Organizado pelos autores. Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Além disso, destaca-se a concentração desses PAE’s nas microrregiões banhadas pelo rio Pará e Tocantins, onde destaca-se a Região Metropolitana de Belém (RMB)4, que possui aproximadamente 50 ilhas. A RMB tem como característica socioespacial a insularidade, distribuída na Baía de Guajará, com confluência dos rios Pará e Guamá. Grande parte das terras dessa região é composta por diversas ilhas que apresentam um processo antigo de ocupação, desde a primordial presença indígena até a colonização portuguesa. Essas ilhas foram utilizadas entre os séculos XVI e XIX como esconderijo de indígenas, escravos africanos fugitivos e foram utilizadas para o cultivo de cana-de-açúcar, cacau, arroz, urucum, baunilha, etc. Outras se tornaram sede de olarias e engenhos. Foi somente no século XIX que parte delas foi sendo povoada por meio de projetos do governo, como Caratateua (Outeiro). Em finais do século XIX e durante o século XX, algumas ilhas adquirem um novo significado na região, como importantes áreas de turismo e lazer (veraneio). As ilhas de Outeiro, Mosqueiro, Onças, Cotijuba e algumas outras se tornaram locais favoritos para a elite estrangeira e os novos ricos pela comercialização do látex, da castanha e das madeiras (MEIRELES FILHO, 2014; HORA, 2014; GONÇALVES et al, 2016; BRASIL, 2016). Neste contexto, os PAE’s emergem como uma possibilidade de ação governamental, que visa proporcionar a segurança e garantia de suporte para as famílias e povos tradicionais que vivem localizados principalmente nas ilhas que rodeiam o município de Belém e sua região metropolitana. Já que, estas ilhas localizadas na RMB, abrigam inúmeras famílias ribeirinhas, que dada a proximidade com importantes centros urbanos, enfrentam problemas típicos das cidades, como a contaminação das águas e a criminalidade (inclusive pirataria). A RMB tem atualmente 17 assentamentos, em três modalidades: o Projeto de Assentamento Federal (4 PA’s), o Projeto de Assentamento Agroextrativista (11 PAE’s) e o Projeto de Assentamento Casulo (2 PCA’s), com 1.967 famílias assentadas em uma área de 22.196ha, com a predominância de regulamentação na década de 2000. Assim, o contexto dos assentamentos de reforma agrária da RMB é recente, onde se destacam os PAE, o que demonstra a dimensão dessa política de regularização fundiária na RMB, já que, 65% dos assentamentos presentes neste lugar são assentamentos agroextrativistas, localizados em sua maioria, na região insular de Belém e Ananindeua (BRASIL, 2016). A RMB possui 11 PAE’s, localizados predominantemente no território insular do município de Belém e Ananindeua, com 1.121 famílias assentadas, numa área de 10.938,26ha. Segundo a Tabela 3, os dois PAE’s mais expressivos em termos de extensão são: o João Pilatos, criado em 2005 no município de Ananindeua, que possui 35% da área total dos assentamentos agroextrativistas, sendo este o maior PAE da RMB, com 18% das famílias assentadas; e o PAE Ilha do Combu, criado em 2006, assentamento mais expressivo do município de Belém, com 14 % da área total dos PAE’s e 21% das famílias assentadas (GONÇALVES et al, 2016). 4 A RMB é formada pela capital do Estado do Pará, Belém e seis municípios próximos: Ananindeua, Benevides, Castanhal, Marituba, Santa Bárbara do Pará e Santa Izabel, situados na foz do rio Pará e do rio Guamá, sendo ainda cortada por vários rios e igarapés que formam uma grande área de várzea e ilhas (MEIRELES F., 2014). Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Figura 03: Projetos de Assentamentos Agroextrativistas da RMB Fonte: Acervo Fundiário do INCRA, 2017. Elaborado pelos autores O PAE João Pilatos está localizado na maior ilha do município de Ananindeua e, é o maior PAE em extensão territorial da RMB, com aproximadamente 200 famílias regularizadas, distribuídas em sete comunidades, das quais, a João Pilatos, Igarapé Grande e Nova Esperança, concentram a maioria da população. A ocupação da ilha de João Pilatos remonta ao século XVIII, quando, juntamente com as ilhas vizinhas de Sororoca e Santa Rosa, com o cultivo de cana-de-açúcar supria o engenho da ilha de São Pedro (HORA, 2014). As comunidades de João Pilatos e Igarapé Grande foram criadas há aproximadamente 100 anos e possuem uma história em comum: advêm de uma família que comprara uma área na ilha para estabelecer uma fazenda e, ao longo do tempo, essa família dividiu o espaço em unidades familiares, o qual formou-se esses dois povoados. Enquanto a comunidade Nova Esperança é mais recente, de fins da década de 1990, formada por famílias advindas da região periférica do município de Ananindeua, estes desconhecem os sistemas de uso tradicionais da terra, bem como, não apresentam os conhecimentos necessários relacionados ao modo de vida ambientalmente sustentável. Neste contexto, como garantia para a posse do solo e dos recursos naturais, os seus moradores se mobilizaram para a regularização desse espaço. Em 2005, a SPU e o INCRA viabilizaram a criação do PAE João Pilatos (BRASIL, 2010; HORA, 2014). É importante destacar que a criação do PAE João Pilatos, em 2005, possibilitou o acesso de famílias aos créditos do Programa Nacional de Reforma Agrária, principalmente, o crédito de habitação, para construção de casas de alvenaria, em substituição as antigas – a maioria de madeira, coberta de palha. Apesar deste acesso ao crédito habitação, há muita precariedade na infraestrutura social como: ausência de assistência a alguns serviços básicos, como saúde, não há um posto médico na ilha; gravesproblemas de segurança, devido furtos de piratas; dificuldade de acesso à transporte público, que garanta mobilidade dos moradores à outras ilhas e a parte continental do município de Ananindeua (HORA, 2014). Projeto de Assentamento Rural Projeto de Assentamento Agroextrativista Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Em termos de atividade econômica, há aproximadamente 20 anos foi incentivada a extração do açaí para a comercialização, pelo Festival do Açaí. Esta festividade itinerante das ilhas de Ananindeua, iniciada pelas associações comunitárias da ilha de João Pilatos, busca conscientizar ambientalmente a população ribeirinha e evitar ações de desmatamento e derrubada dos açaizais para extração do palmito. Além disso, há um processo de diversificação econômica na ilha, para além do extrativismo vegetal e a pesca, com a atividade de roçado e o cultivo de frutíferas, como o cupuaçu (HORA, 2014). Enquanto a Ilha de João Pilatos é somente um PAE, com as especificidades destacadas acima. A Ilha do Combu não é somente uma PAE ela é, também, uma área de Proteção Ambiental (APA) (Lei estadual no 6.083/1997). Isto caracteriza a existência de sobreposição de projeto de assentamento e de unidade de conservação, instituídos respectivamente pela União e pelo estado do Pará, em uma mesma área. Provavelmente, sem qualquer diálogo entre os órgãos gestores, sobre os aspectos distintos de cada modalidade (LIMA, 2010). O PAE Ilha do Combu localiza-se na área insular do município de Belém, às margens do rio Guamá. Sua população está organizada em 4 comunidades: Igarapé do Combu, Igarapé do Periquitaquara, Furo São Benedito e Beira Rio. A principal atividade econômica, e de autoconsumo dessas comunidades, é a pesca artesanal (peixe e camarão), o extrativismo vegetal, principalmente do açaí, do qual são extraídos o fruto e o palmito. Há, também, produção regular do cacau5, do cupuaçu e da pupunha. Destaca-se também, atividade de turismo, organizada por empreendimentos particulares. Isto acentua a especulação das áreas de moradia e incentiva a venda de terrenos por ribeirinhos, por exemplo, para construção de restaurantes (GONÇALVES et al, 2016). Em 2006, a regularização fundiária da Ilha do Combu, como modalidade de assentamento agroextrativista, garantiu a seguridade de posse e uso dos recursos naturais pela população ribeirinha. Uma vez que, no final da década de 1980, uma parte da ilha do Combu, que abrangia a comunidade do Igarapé, foi leiloada pelo governo do estado do Pará. Segundo Gonçalves (2015), as famílias que habitavam a ilha passaram a ser “vigilantes” das terras do novo “dono”, com a obrigação de proteger a área de posseiros e pagar pelo uso do solo, através da divisão de sua produção com o patrão. Posteriormente, as famílias ribeirinhas obtiveram informações de que estas terras eram de domínio público. Organizaram um movimento de negociação com o INCRA e o SPU, e assim, criaram o assentamento agroextrativista, por meio do qual os moradores passaram a acessar recursos para construção/reforma de suas casas e aquisição de equipamentos de trabalho. Atualmente, um dos principais desafios para a SPU, na ilha do Combu, é conter a venda ilegal de terrenos pelos moradores locais. Além disso, a população enfrenta dificuldades com o abastecimento de água, precariedades no serviço de educação, demora na liberação das licenças para manejo dos açaizais, processo de regularização fundiária inacabado, entre outros. Além disso, o intercâmbio dos PAE’s com a RMB acelera o uso e ocupação do território e aumenta o impacto ambiental. A intensificação da extração vegetal e a construção de espaços para o turismo, de maneira desordenada, evidencia na prática, a difícil conciliação entre garantir a subsistência das famílias e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente. Outra dificuldade identificada, diz respeito as regras inerentes ao projeto de assentamento agroextrativista. Normalmente, criam-se critérios que são introduzidos de forma 5Há a experiência de uma unidade familiar que produz chocolate artesanal, orgânico, regularizada nesse assentamento (SOUZA, 2016a; SOUZA, 2016b). Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural imperativa, que nem sempre as famílias tradicionais estão preparadas para acatar ou mesmo são orientadas sobre as origens e efeitos da normatização. Isto implica em várias limitações como: uso dos recursos, quanto ao tamanho da terra; distância das margens dos rios permitidas para o cultivo; restrições impostas quanto ao modo de lidar com a terra e com o rio. Em geral, são normatizações contrárias à tradição e cultura destes assentados e lhes acarretam mudanças profundas no modo de vida. Observa-se que os moradores possuem pouco conhecimento e identidade sobre o que representa esta nova configuração do uso e apropriação dos recursos deste território insular. Neste sentido, pode-se afirmar que a política de regularização fundiária e reforma agrária, adotada na Amazônia a partir do II PNRA provocou mudanças consideráveis às populações das ilhas da RMB. Intensifica-se a relação rural-urbano, ou campo-cidade, em condições, na maioria das vezes desfavoráveis as populações desse território das ilhas, que extrapolam a definições administrativas do município de Belém ou da própria RMB, porque há conexões com territórios de outros municípios como Acará e Barcarena, por exemplo. Portanto, identifica-se a diversidade de modos de vidas e a convivência de grupos tradicionais, como ribeirinhos, quilombolas, caboclos e outros grupos sociais, num ambiente pressionado pela urbanização e uso pela população urbana. As ilhas são fonte de suprimentos alimentícios para a cidade e, também são áreas de expansão urbanísticas como possibilidade de crescimento da cidade (com destaque para a Comunidade Nova Esperança do PAE João Pilatos). Por sua vez, os serviços ofertados pela cidade são intensamente usados pelos ribeirinhos, que a ela se dirigem para escoar a produção, fazer compras, ir ao médico, frequentar a rede escolar e utilizar outros serviços, como abastecimento de água potável. Apesar desse quadro de aproximação com a cidade, prevalecem ainda práticas de comercialização que remontam ao sistema de aviamento, com destaque ao papel do atravessador. Portanto, é mantida a reduzida apropriação da renda gerada pelas atividades econômicas tradicionais, assim como, elevado grau de dependência político-social (MACHADO, 2013). Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 4. Considerações Finais A evolução da concentração na estrutura fundiária, em contraponto a criação de diversas modalidades de Assentamentos de Reforma Agrária, representa um importante indicador de avaliação dessas modalidades para a efetivação da desconcentração de terras. Por mais de um século, as grandes propriedades, a partir do poder que a posse de terra representa, controlam as políticas de desenvolvimento. O quadro da estrutura fundiária brasileira, no período de 1998 para 2014, indica, por meio do Índice de Gini da concentração de terras fundiária, uma acentuação de 0,02 de um período para o outro, com a perpetuação da relação inversa da propriedade da terra emrelação ao tamanho da área. Portanto, tais indicadores demonstram que a estrutura agrária pouco se alterou no Brasil, nos últimos anos, a concentração fundiária prevalece. Além disso, na análise geográfica, destaca-se a oposição territorial entre as famílias em ocupações e famílias assentadas: entre 1988 e 2006. Observa-se que do total das famílias que participaram de ocupações de terra no Brasil, apenas 5% o fez na região Norte. Porém, entre as famílias assentadas pelo governo federal no mesmo período, 40% receberam lotes na região Norte; enquanto, a região Sul e, especialmente a Sudeste, ao contrário do que ocorre no Norte, a participação nas ocupações é bem superior ao assentamento de famílias. Assim, pode-se concluir previamente que essa modalidade de assentamentos, os PAE’s, não têm potencialidades que impactam na desconcentração de terra e são não-reformadores. No entanto, considera-se o processo de formação dos assentamentos na RMB importante, enquanto ação de inclusão social e produtiva, uma vez que garante a seguridade de terras, através da concessão de uso do solo e dos recursos naturais. Dessa forma, a crítica não é ao PAE, mas sim, na configuração que a reforma agrária vem sendo conduzida pelo governo brasileiro, por um lado, avança em áreas da Amazônia brasileira - um novo movimento de fronteira agrícola -, particularmente nessa modalidade de caráter ambiental. Por outro lado, mantêm a estrutura fundiária nas outras regiões, principalmente no Sudeste e Centro Oeste, como garantia ao desenvolvimento do agronegócio. Todavia, a fronteira agrícola da Amazônia pode entrar em situação de estrangulamento, em decorrência de conflito e impacto ambiental, portanto, desestruturação do ecossistema amazônico. As terras da União não serão suficientes para a continuação do governo com esse modelo de reforma agrária, considerada restrita e conservadora por não desconcentrar a terra, o que tenderá a acentuar os conflitos. Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018 SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Referências Bibliográficas ALMEIDA, A. W. B. Terras tradicionalmente ocupadas. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 6, n. 1, p. 9-32, 2004. ANANINDEUA. Plano de desenvolvimento rural sustentável para o município de Ananindeua. Diário Oficial do Município de Ananindeua, 2013. BRASIL. 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