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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA AULA 4 Prof. Pedro Salanek 2 CONVERSA INICIAL Esta será uma das aulas mais importantes do nosso módulo. A projeção orçamentária proporciona, sem dúvidas, uma etapa fundamental para o desenvolvimento de uma gestão financeira eficaz. Elaborar orçamentos é estabelecer prévias daquilo que se deseja ocorrer futuramente nas finanças da empresa. É claramente o estabelecimento do “norte financeiro” para o negócio! Podemos dizer também que é a definição dos caminhos prováveis pelos quais a empresa pretende percorrer. Diante deste contexto, podemos então definir o orçamento como uma “espécie de bússola” que o gestor financeiro precisa ter suas mãos. É fundamental, conforme já falamos rapidamente na primeira aula, que o orçamento esteja diretamente alinhado ao planejamento estratégico. Com base na missão, na visão e, principalmente, nas constantes análises de mercado, assim são estabelecidas as diretrizes futuras para o negócio. Em um segundo momento, quando começam a ser estabelecidos objetivos e metas, o orçamento naturalmente passa a ser estruturado. Esse processo orçamentário geralmente é elaborado com a harmonia de dois olhares, um embasado no passado e outro direcionado ao futuro. Este primeiro com base no histórico, considerando aquilo que já ocorreu na empresa no(s) último(s) ano(s). Tem a sua importância, visto que avalia aquilo que já aconteceu e que foi possível ser atingido. Este olhar do histórico busca respeitar também as limitações que a empresa apresenta, principalmente com relação à sua estrutura geral, cultura organizacional, políticas e capacidade produtiva. O outro olhar, com base no futuro, considera aquilo que ocorrerá nos próximos anos e as mudanças que deverão ser realizadas (muitas a partir de agora) para que a empresa consiga se reposicionar. O orçamento com os olhos para o futuro também é denominado de OBZ (Orçamento Base Zero). Vale ressaltar que o ideal é que ocorra essa harmonia entre os dois modelos, visto que, se a empresa desenvolver um orçamento apenas baseado no passado, poderá elaborar um orçamento desalinhado com as novas necessidades do mercado. Por outro lado, se efetuar apenas um orçamento direcionado para o futuro, é possível que não perceba limitações técnicas e estruturais que o negócio tem e para que esse orçamento também seja atingido. Atualmente recomenda-se muito que seja adotado este modelo mais direcionado para o 3 futuro (OBZ), visto que obriga a empresa a direcionar mais seu negócio para as tendências de mercado. Nesta aula falaremos também dos principais tipos de orçamento e encerraremos a aula ainda destacando dois importantes indicadores para a gestão financeira dos negócios, a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio. CONTEXTUALIZANDO A elaboração de um orçamento é o primeiro passo do planejamento financeiro. Como o termo planejamento tem relação com estruturar algo agora que desejamos no futuro, o orçamento encaixa-se perfeitamente neste contexto. Os orçamentos têm datas previstas de realização e geralmente seguem o cronograma do ano civil, ou seja, do período de janeiro até dezembro. Pelo fato de seguir essa periodicidade, o orçamento fica alinhado também com os períodos de controles de outras ferramentas, como o fluxo de caixa e os fechamentos contábeis (este último por meio dos balancetes e do balanço anual). Esta questão anual segue também fatores obrigatórios de legislação para publicação de resultados, mas nada impede que a empresa estabeleça outros períodos orçamentários, de características mais gerenciais, para controle e avaliação. Uma das formas muito utilizadas é a elaboração de orçamentos por projetos. Quando estabelecemos como parâmetro o tempo de um projeto (que pode ser de vários meses ou mesmo anos), não ficamos amarrados aos prazos legais, e sim os prazos gerenciais. Salienta-se que o orçamento por projetos não elimina os orçamentos anuais e oficiais, que continuam sendo feitos em função dos prazos e da legislação. Outro aspecto relevante do orçamento deve ser sua flexibilidade. Um orçamento deve prever possíveis mudanças e readequações que possam ser feitas, por isso que é utilizado o termo reavaliação orçamentária, que é o momento em que é revisto tudo aquilo que precisa ser corrigido para que os melhores resultados sejam alcançados. Um orçamento nunca deve ser engessado, mas não poderá perder suas diretrizes principais. Por ser considerada uma ferramenta simples, o orçamento deve contemplar todas as áreas da empresa e aproximar a relação entre planejamento (previsão) e controle (realizado). Desta forma, o planejamento 4 orçamentário permite a possibilidade de comparação entre a prospecção das metas e o posterior acompanhamento para constatar se essas metas foram atingidas. Diante de tudo que abordamos até agora sobre orçamento, você acredita que seria mais fácil elaborar um orçamento baseado no passado ou no futuro? Na conversa inicial mencionamos a perspectiva destes dois olhares, mas, em sua opinião, é mais fácil de projetar o orçamento olhando para trás ou para frente? Como as empresas devem criar a harmonia diante dessas duas perspectivas? Seguimos então em frente para aprofundar a ferramenta de orçamento empresarial. Os cinco temas desta aula são: 1. Conceito de orçamento; 2. Orçamento de vendas; 3. Orçamento de produção e custos; 4. Orçamento de despesas e custos indiretos; 5. Margem de contribuição e ponto de equilíbrio. TEMA 1 – CONCEITO DE ORÇAMENTO 1.1 Conceito geral de orçamento Já conversamos bastante sobre orçamento e destacamos a importância desta ferramenta. Acreditamos que o entendimento está ficando bem claro, mas ainda utilizaremos esse primeiro tema da aula para aprofundar um pouco mais o conceito por meio da abordagem de alguns autores. O orçamento das organizações privadas demonstra diretamente as decisões de implantar e gerenciar controles. Além disso, tem princípios básicos que devem ser contemplados: a) deve ser elaborado pelos gestores responsáveis de cada área; b) ser flexível e dinâmico; c) prever cenários favoráveis e desfavoráveis; d) estar alinhado com objetivos organizacionais; e e) devem contemplar objetivos e metas reais por áreas e departamentos (Guidani et al, 2012). Para Salanek Filho (2012, p. 25) 5 Um orçamento é uma espécie de antecipação daquilo que vai acontecer nas finanças da empresa. Todo negócio que está programado deve, durante a sua programação, ter a elaboração de um orçamento. Assim, teremos uma ideia clara daquilo que possivelmente seja recebido e também daquilo que possivelmente seja pago. O orçamento também pode ser definido como uma espécie de “previsão”. No orçamento você vai definindo os valores do negócio como se ele já estivesse acontecendo. Para Luz (2015, p. 175) “as projeções orçamentárias requerem adequada visão de futuro, pois decorrem da construção de cenários após a leitura do ambiente no qual a empresa está inserida”. Um orçamento deve ser formal, atingir toda a hierarquia da empresa e contemplar a estrutura existente. O orçamento deve contemplar também fatores de estrutura contábil para a efetivação dos controles. O orçamento anual deve ser dividido em meses e deve ser consolidado em demonstrações financeiras como a demonstração de resultados (DRE), balanço e fluxo de caixa. Entre as vantagens, um orçamento também estimula os gestores a pensar adiante, estabelece responsabilidades e ajuda a demonstrar o papel de cada área e de cada setor no plano orçamentário. Outro ponto fundamental é queo orçamento facilita a avaliação do desempenho da empresa, comparando o previsto com o realizado. O orçamento também possibilita o olhar de melhora contínua de resultado. Outra visão dentro dessa temática é que o orçamento pode ser sumarizado como um plano de ação detalhado, desenvolvido e distribuído como um guia para as operações e como uma base parcial para subsequente avaliação de desempenho (Padozeve, 2012). Toda empresa deveria elaborar seu orçamento com boa antecedência, para se desenvolver uma avaliação antes que o período de acompanhamento seja iniciado. Para Luz (2015, p. 173) “é interessante que sua elaboração tenha início em setembro ou outubro do ano anterior”. Pelos conceitos apresentados, observamos que o orçamento precisa principalmente ser formalizado, contemplar várias áreas da empresa, projetar cenários e estar alinhado aos objetivos do negócio. O orçamento deve ser realista e equilibrado. Na hora do preenchimento, os valores devem aproximar ao máximo da realidade. Caso a diferença seja muito alta, entre o que foi gasto e o valor orçado, quer dizer que o orçamento foi mal elaborado. Os autores destacados anteriormente consideram o orçamento como um instrumento de formalização. Neste intuito, representa a quantificação das metas e dos objetivos da empresa, por meio de modelos contábeis 6 prospectivos. Estes relatórios abrangem dados de caráter financeiro ou de caráter quantitativo, podendo ter um caráter operacional ou estratégico. Pode- se também afirmar que o orçamento é um instrumento de natureza econômica com objetivo de prever determinadas quantias que serão utilizadas para certos fins. Outro ponto importante que deve ser destacado na abordagem sobre orçamento diz respeito aos tipos de orçamentos (LUZ, 2015). Os orçamentos se dividem em vários tipos, que são denominados de suborçamentos, conforme descritos a seguir: Orçamento de vendas; Orçamento de produção; Orçamento de matéria-prima; Orçamento de mão de obra direta; Orçamento de custos indiretos e despesas; Orçamento dos custos dos produtos vendidos; Orçamento de investimentos; Orçamento de caixa. Saiba mais Conheça melhor o conceito e usos do orçamento acessando: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/orcamento- empresarial/21484/>. <https://www.treasy.com.br/blog/a-importancia-do-orcamento-empresarial- como-ferramenta-de-planejamento-estrategico>. O Orçamento é uma ferramenta necessária para o estabelecimento de metas (previsto) e o acompanhamento dos resultados atingidos (realizado). Diante disso, recomendamos a consulta da publicação a seguir, que retrata a importância da utilização dessa ferramenta para a boa gestão financeira dos negócios: PADOZEVE, C. Orçamento empresarial. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. 7 1.2 Orçamento base zero (OBZ) É muito importante não se basear apenas no passado para definir o futuro de uma empresa. Pode ser usado também aquilo que aconteceu em um período passado, mas nunca se limitando a simplesmente copiar o que já aconteceu. Essa orçamentação deve ser feita com base em previsões. Essa visão orçamentária do passado parte do princípio de que as empresas consideram que todos os gastos do último exercício serão novamente necessários e que todas as metas de receitas serão alcançadas, como se tudo se repetisse. Isso acaba gerando um orçamento repetido e, muitas vezes, desalinhado com a estratégia, pois os números não são determinados para um novo exercício. Permanece um olhar de retrovisor para conduzir a empresa no futuro. Diante dessas dificuldades, utiliza-se o OBZ, em que a base de elaboração do orçamento ficará direcionada para o futuro do negócio. A relação do orçamento fica com o planejamento estratégico da empresa, e não ligado apenas à estrutura dos anos anteriores. Diante disso, utiliza-se também o orçamento base zero, refazendo todo um cenário sem grandes dependências do passado (histórico). O OBZ é uma é uma ferramenta estratégica utilizada pelas empresas na elaboração do orçamentário de uma forma diferenciada. Para os autores Padoveze e Taranto (2009, p. 42), esta questão do orçamento base zero fica muito evidente por meio da seguinte abordagem: A filosofia do orçamento base zero reside na exclusão de dados passados. Em outras palavras, o OBZ despreza a visão tradicional de orçamento que leva em consideração dados passados para a construção dos cenários futuros, por considerar que estes podem gerar distorções e ineficiências nas projeções. Assim, no OBZ as previsões orçamentárias são elaboradas como se as operações da empresa estivessem começando. Essa nova visão toma-se por princípio de que não existe uma base anterior, ou seja, é começado do “zero”, sem levar em consideração as receitas, custos, despesas e investimentos dos anos anteriores. Saiba mais Conheça mais sobre orçamento base zero acessando os links: <https://www.youtube.com/watch?v=EG_vDh3PWpw>; <https://www.youtube.com/watch?v=Hm7zoQ0fWCU>; <https://www.youtube.com/watch?v=ZT8H5bQ5PFM>. 8 O orçamento base zero é uma ferramenta moderna de elaboração e avaliação orçamentária. Recomendamos a leitura na íntegra do capítulo 4, páginas 42 a 49, do livro a seguir para aprofundamento deste conteúdo: PADOZEVE, C.; TARANTO, F. C. Orçamento empresarial: novos conceitos e técnicas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. TEMA 2 – ORÇAMENTO DE VENDAS Vamos começar agora a parte mais prática da ferramenta orçamento. A partir de agora iremos demonstrar os tipos de orçamentos e sua elaboração. Essa abordagem será iniciada pelo orçamento de vendas. 2.1 Conceito de orçamento de vendas O orçamento de venda é considerado o principal, visto que demonstrará a quantidade de faturamento que a empresa terá. Luz (2015, p. 173) destaca o seguinte: “geralmente, inicia-se orçando as vendas, partindo-se na sequência para os demais orçamentos, porque, em geral, o fator limitante do processo orçamentário é o volume de vendas”. O orçamento das vendas precisa contemplar fatores como a demanda de mercado, com base em pesquisas, prevendo o tamanho do mercado consumidor. Tendo a avaliação desse volume de demanda, será possível prever o volume de oferta. Essa previsão ainda poderá ser enquadrada diante de três cenários possíveis: negativo, provável e positivo. Com a comparação será possível estabelecer uma análise para avaliar com qual cenário foi correspondido (GUIDANI et al, 2012). Padozeve (2012, p. 83) faz comentários consideráveis sobre o orçamento de venda e a correlação inicial para o desenvolvimento de outros orçamentos. O elemento-chave do orçamento operacional é o de vendas. Ele pode ser considerado o ponto de partida para a elaboração de todas as peças orçamentárias. Essa importância está diretamente relacionada ao fato de, para a maioria das empresas, todo o processo de planejamento operacional resultar da perspectiva de vendas de seus produtos para o período a ser orçado. (...) O volume de vendas é, em geral, o fator limitante para todo o processo orçamentário. 9 Para Luz (2015, p. 177) “o orçamento de vendas determina a quantidade e o valor total dos produtos que serão vendidos (...). Esse orçamento é complementado com o orçamento de despesas de vendas”. Padozeve (2012, p. 83-84) ainda destaca aspectos que influenciam, de maneira diferente, os negócios. Quadro 1 – Aspectos que influenciam as empresas no orçamento de vendas ASPECTOS QUE INFLUENCIAM AS EMPRESAS NO ORÇAMENTO DE VENDAS a. Identificação dos produtos a servemvendidos; b. Critério do entendimento do produto (modelo ou linha); c. Identificação dos mercados (regiões, filiais, interno, externo etc.); d. Quantidades orçadas; e. Preços para cada produto e mercado; f. Preços à vista e a prazo; g. Políticas de crédito; h. Aumentos previstos nos preços; i. Projeções para moedas estrangeiras (se for o caso); j. Avaliação e incorporação das sazonalidades; k. Expectativas de vendas complementares (acessórios e opcionais); l. Identificação dos impostos sobre venda e os créditos fiscais; m. Projeção de inadimplência. Fonte: Elaborado pelo autor com base em Padoveze, 2012, p. 83 e 84. O orçamento de venda é muito importante na gestão orçamentária, pois determinará o início de todo o processo orçamentário e os demais controles e acompanhamentos das outras limitações da empresa. Fica muito claro que, se a empresa não tiver a projeção das quantidades e dos preços de venda, não conseguirá determinar o volume mensal ou anual para seu orçamento. Este fator demonstra como foi importante na aula anterior, mais especificamente no tema 4, termos tratado da formação de preços com a aplicação da metodologia do mark-up. Isso fica claro também para avaliação dos impostos que incidirão sobre as vendas e sua correta administração, pois os impostos sobre vendas são percentuais aplicados no mark-up. 10 2.2 Estruturando um orçamento de vendas A partir de agora deixaremos então nosso módulo mais prático novamente. Iremos elaborar um orçamento geral de uma empresa, iniciando pelo orçamento de vendas, que será projetado pelo volume de quantidades de dois produtos (X e Y) e nos respectivos gastos que esta empresa irá desembolsar. A empresa será denominada de “Sucesso Brasil” e atuará no próximo ano com dois tipos de produtos (X e Y) e está começando a avaliar suas projeções orçamentárias para esse período, conforme demonstrado na tabela 1. Após uma detalhada pesquisa de mercado na região de atuação da empresa, foi verificado que, para o próximo ano, a empresa atuará com as seguintes quantidades: Tabela 1 – Quantidades comercializadas QUANTIDADES COMERCIALIZADAS PRODUTO X 4.000 unidades PRODUTO Y 2.000 unidades TOTAL 6.000 unidades Quantificado o volume de vendas da empresa, o próximo passo é determinar o preço de venda para cada produto e que, multiplicado pela quantidade, representará o orçamento de vendas da empresa. Para determinar o preço de venda sugerido, é necessário saber os custos e também os percentuais de mark-up. Esta continuidade será contemplada no próximo tema da nossa aula, dentro de orçamento de produção e de custos. Saiba mais Para conhecer mais sobre orçamento de vendas, usaremos como base complementar o livro indicado na sequência. Será uma referência paralela para compreendermos os vários tipos de orçamento e sua aplicabilidade. Efetue a leitura dos conceitos e das premissas que iniciam na página 83. Em seguida realize a análise do exemplo que começa na página 86. Dessa forma você conseguirá correlacionar nosso exemplo com o conteúdo do livro. PADOZEVE, C. Orçamento empresarial. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. 11 TEMA 3 – ORÇAMENTO DE PRODUÇÃO E CUSTOS 3.1 Orçamento de produção Já sabemos o que é orçamento empresarial e a necessidade do seu desdobramento em vários suborçamentos. Aprendemos também que geralmente o orçamento começa pela elaboração do orçamento de vendas, que demonstra o volume comercializado pretendido. No final do tema anterior iniciamos o exemplo da empresa “Sucesso Brasil” e destacamos que ela trabalhará com dois produtos para o próximo ano. Os passos seguintes serão aplicarmos os custos no volume de produção para formarmos o custo unitário total, o preço de venda e finalmente o total do faturamento (que é a consolidação do orçamento de venda). Você vai perceber que ocorrerá uma integração geral entre estes três desdobramentos do orçamento empresarial (vendas, produção e custos). Um dependerá diretamente do outro. Se isso não ocorrer, não será possível efetuarmos a consolidação orçamentária. Na tabela 2 estão repetidos os volumes de produção que serão comercializados para o próximo período. Observe que foi mencionado o termo comercializado, e não necessariamente produzido. Qual será a diferença? O volume de produção pode ser maior (e geralmente é) que o volume comercializado. Dessa forma a empresa ficará com um estoque no final do ano projetado. Para ficar bem claro, uma coisa é o orçamento de vendas que representa o total vendido e outra coisa é o orçamento de produção, o qual representa o total produzido. O desafio do gestor é fazer a integração entre os dois. Obviamente que o excedente produzido ficará, como já mencionado anteriormente, como estoque no final do período. Tabela 2 – Quantidades comercializadas QUANTIDADES COMERCIALIZADAS PRODUTO X 4.000 unidades PRODUTO Y 2.000 unidades TOTAL 6.000 unidades Observe que a empresa poderia projetar um orçamento de produção exatamente igual a um orçamento de venda, certo? E por que geralmente ela 12 faz o orçamento de produção maior? A resposta tem relação com um possível aumento da demanda, ou seja, um aumento de vendas (acima até do projetado). Caso não se prepare para um aumento da demanda, ela poderá perder vendas durante o próximo período. Por isso que se realiza um orçamento de produção um pouco acima do orçamento de vendas. Pode ocorrer também o fato de a empresa produzir e comercializar a mesma quantidade e deixar apenas um volume de matéria-prima adicional. Caso ocorra probabilidade de aumento de vendas, a empresa já possui matéria-prima adicional para produção. 3.2 Orçamento de custos Os custos relacionados ao processo de produção são divididos em dois tipos principais: matéria-prima e mão de obra direta. Para Luz (2015, p. 177), os orçamentos de matéria-prima e de mão de obra direta apresentam as seguintes definições: Orçamento de matéria-prima: determina a quantidade e o valor das matérias-primas que serão consumidas e compradas, assim como calcula os impostos sobre as compras. Orçamento de mão de obra direta: determina a quantidade e o valor total das horas de mão de obra aplicadas diretamente na produção. Observe que o volume de matéria-prima será definido por determinada quantidade, que pode ser quilos, litros, metros quadrados ou outra medida qualquer. Para o volume de mão de obra direta, será aplicada a quantidade de horas trabalhadas e obviamente o volume por hora. Na tabela 3, que ainda será preenchida oportunamente, estão destacados os custos de matéria-prima e mão de obra da empresa “Sucesso Brasil”. Será necessário conhecer o detalhamento da produção para que possam ser determinados os valores de custos unitários de matéria-prima e os custos unitários de mão de obra direta. Tabela 3 – Custos de produção CUSTO UNITÁRIO DE MATÉRIA-PRIMA CUSTO UNITÁRIO DE MÃO DE OBRA PRODUTO X PRODUTO Y 13 Vale ressaltar ainda que os custos de produção, geralmente denominados de custos variáveis, são facilmente apontados, visto que apresentam relação direta com os produtos da empresa. São também chamados de custos diretos, por isso são rapidamente identificados e não passam pelo processo de rateio. A seguir passaremos a detalhar mais os dois tipos de produtos que serão produzidos e os respectivos custos de produção. Nessa etapa do processo orçamentário, em que são correlacionados os volumes de produção (quantidades) com os volumes financeiros (reais), devemos consideraros volumes em estoques (iniciais), os volumes comercializados e os volumes finais. Tabela 4 – Quantidades produzidas e comercializadas DETALHAMENTO DA PRODUÇÃO PRODUTOS ACABADOS PRODUTOS X Y Vendas planejadas 4.000 2.000 Inventário final de produtos 100 100 Total 4.100 2.100 Inventário inicial de produtos 0 0 Unidades a produzir 4.100 2.100 Neste nosso exemplo, a empresa apresenta apenas um volume final de produtos e os volumes iniciais estarão zerados. O volume pretendido de vendas do produto X é de 4.000 unidades, porém ela pretende encerrar o ano com um estoque de 100 unidades. Este fato determina, portando, que o orçamento de produção será de 4.100 unidades. O mesmo raciocínio vale para o produto Y. O orçamento de venda será para 2.000 unidades e o orçamento de produção de 2.100 unidades. Dessa forma, consolida-se aquela premissa de que o volume do orçamento de vendas geralmente será diferente do volume do orçamento de produção. Ainda dentro do orçamento de produção, teremos que determinar os custos de matéria-prima e os custos de mão de obra. Na tabela 5 são apresentados esses detalhamentos. 14 Para a determinação dos custos de produção, o primeiro passo é determinar o volume unitário de matéria-prima que será usado em cada produto. Devemos ter em mente que a quantidade unitária de matéria-prima para cada produto será determinada pelos “fatores de produção”. Ou seja, para cada produto produzido utilizaremos determinado volume de matéria-prima. Para o produto X utilizaremos seis quantidades da matéria-prima “A” e duas quantidades da matéria-prima “B”. Para o produto Y, serão processados três unidades da matéria-prima “A” e cinco unidades da matéria-prima “B”. Vale salientar que os volumes unitários quantitativos de cada matéria-prima podem ser diferentes, uma delas pode ter sua quantidade medida em quilos e a outra em litros, por exemplo. Assim temos representado unitariamente quanto que utilizaremos de matéria-prima para produzir cada unidade. Tabela 5 – Quantidade unitária de matéria-prima DETALHAMENTO DA GESTÃO DE MATÉRIA-PRIMA PRODUTOS MP “A” quilos MP “B” litros Fatores de produção – produto X 6 2 Fatores de produção – produto Y 3 5 O próximo passo é unificarmos as tabelas 4 e 5, ou seja, multiplicar a quantidade de matéria-prima unitária pelo volume que será produzido de cada produto. Na tabela 6 temos essa unificação para sabermos os volumes totais de matéria-prima utilizada. Para o produto X: devemos, portanto, pegar o volume total fabricado e multiplicar pelos seus fatores de produção. Serão produzidas 4.100 unidades multiplicadas pelo volume de seis unidades de matéria-prima “A” destinada para ele, o que totaliza 24.600 unidades. Para a matéria- prima “B”, segue-se o mesmo raciocínio. Multiplicam-se 4.100 pelo volume unitário de duas unidades, totalizando 8.200 unidades da matéria-prima “B”. Para o produto Y: também devemos, portanto, pegar o volume total fabricado e multiplicar pelos seus fatores de produção. Serão produzidas 2.100 unidades, multiplicadas pelo volume de três unidades de matéria- prima “A” destinada para ele, o que totaliza 6.300 unidades. Da matéria- prima “B” segue o mesmo raciocínio. Multiplicam-se 2.100 pelo volume 15 unitário de cinco unidades, totalizando 10.500 unidades da matéria- prima “B”. Soma das matérias-primas do produto X com o produto Y: da matéria- prima “A” utilizaremos 24.600 unidades para o produto X e mais 6.300 unidades para o produto Y, o que totaliza o volume de 30.900 unidades. Para a matéria-prima “B”, utilizaram-se 8.200 unidades para o produto X e 10.500 para o produto Y, que somadas totalizam 18.700. A empresa ainda determinou trabalhar com um saldo final de 10.000 unidades da matéria-prima “A” e de 5.000 unidades da matéria-prima “B”, totalizando o volume final de 40.900 e 23.700, respectivamente. Todos estes cálculos estão demonstrados na tabela 6. Tabela 6 – Quantidade total de matéria-prima DETALHAMENTO DA GESTÃO DE MATÉRIA-PRIMA PRODUTOS M-P “A” quilos M-P “B” litros Unidades requisitadas – produto x 24.600 8.200 Unidades requisitadas – produto y 6.300 10.500 Total requisitado produção 30.900 18.700 Estoque final 10.000 5.000 Estoque inicial 0 0 Total requisitado de matéria-prima 40.900 23.700 Após todos estes demonstrativos, chegamos à última etapa dos custos de produção, que é multiplicar os volumes de cada matéria-prima pelos valores de compra. Apresenta-se um custo de R$ 4,00 para a matéria-prima “A” e de R$ 8,00 para a matéria-prima “B”. As demonstrações de fechamento dos custos total de produção de matéria-prima estão detalhadas na tabela 7 Tabela 7 – Custo total de matéria-prima DETALHAMENTO DA GESTÃO DE MATÉRIA-PRIMA PRODUTOS MP “A” quilos MP “B” litros Requisitado (produção + estoque) 40.900 23.700 Custo unitário – compra R$ 4,00 R$ 8,00 Custo total – matéria-prima R$ 163.600,00 R$ 189.600,00 16 Agora falaremos dos custos de mão de obra. Esse raciocínio segue o mesmo que utilizamos na matéria-prima, a única diferença é que o fator de produção será em horas. Para o produto X utilizaremos 5 horas como fator de produção, que, multiplicado pela produção total de 4.100, representará 20.500 horas. Este volume multiplicado por R$ 2,00 cada hora contemplará um custo de mão de obra para o produto X de R$ 41.000,00. Para o produto Y é o mesmo raciocínio e totaliza o custo geral de R$ 25.200,00. A demonstração destes cálculos de mão de obra está expressa na tabela de número 8. Tabela 8 – Custo total de mão de obra DETALHAMENTO DA GESTÃO DE MÃO DE OBRA PRODUTOS X Y Fatores de produção 5 6 Horas totais por produto 20.500 12.600 Custo por hora R$ 2,00 R$ 2,00 Desembolso total R$ 41.000,00 R$ 25.200,00 Já temos o custo total de matéria-prima e o custo total de mão de obra. Na tabela 9 estão expressos estes custos de forma total e unitária, que são exatamente as respostas para a tabela 3. O custo total de matéria-prima unitário do produto X será de R$ 40,00 (R$ 24,00 da matéria-prima “A” e R$ 16,00 da matéria-prima “B”). Para o produto Y será de R$ 52,00 (R$ 12,00 da matéria-prima “A” e R$ 40,00 da matéria-prima “B”). O custo de mão de obra será de R$ 10,00 para o produto X (5 horas multiplicadas por R$ 2,00) e de R$ 12,00 para o produto Y (6 horas multiplicadas por R$ 2,00). Tabela 9 – Custo total de produção Custo unitário de matéria-prima Custo unitário de mão de obra Custo de produção total Produto X R$ 40,00 R$ 10,00 R$ 50,00 Produto Y R$ 52,00 R$ 12,00 R$ 64,00 O custo unitário de produção é o custo unitário total? Será neste custo que aplicaremos os percentuais do mark-up? Ainda não! Faltam os custos 17 fixos/despesas e indiretos. Aqueles que aplicamos os processos de rateio, lembra? Mas esse assunto ficará para o tema 4 desta aula. TEMA 4 – ORÇAMENTO DE CUSTOS E DESPESAS INDIRETOS 4.1 Custos e despesas indiretos A partir de agora entramos na etapa final para fecharmos o orçamento de vendas. Já temos o orçamento de produção determinando os volumes quantitativos produzidos (produtos e matéria-prima) e também o orçamento de custos diretos (matéria-prima e mão de obra). Falta agora apenas finalizar com o rateio dos custos e despesas fixas, que são consideradas também como indiretas. O primeiro passo é fazer um levantamento de tudo o que a empresa tem destes gastos. No nosso exemplo da empresa “Sucesso Brasil”, este volume para ser rateado está demonstradona tabela 10. Portanto, além dos custos de produção destacados anteriormente, é necessário efetuar o levantamento de todos os custos indiretos e as despesas que ocorrerão para o desenvolvimento das atividades da empresa no próximo ano. Nestes custos/despesas serão aplicados os critérios de rateio, ou seja, os custos/despesas que ser alocados dentro de algum critério de distribuição justa de utilização da estrutura. Nesta atividade de estudo, estes custos/despesas serão apresentados apenas de forma totalizada. O critério de rateio aplicado aqui foi arbitrado e será proporcional ao uso que os produtos utilizam da estrutura da empresa e descritos na tabela 10. Salienta-se que poderiam ser adotados também outros critérios de rateio, conforme já apresentado na aula que tratou sobre custos, despesas e investimentos. Além do rateio por produto, é feito também o rateio unitário, que é a divisão pela quantidade produzida. Para o produto X, será de R$ 20,00 (R$ 82.000,00 divididos por 4.100 unidades) e de R$ 32,00 para o produto Y (R$ 67.200,00 divididos por 2.100 unidades). 18 Tabela 10 – Custos e despesas indiretas CUSTOS INDIRETOS DESPESAS TOTAIS TOTAL Valores totais R$ 93.300,00 R$ 55.900,00 R$ 149.200,00 Rateio total Produto X R$ 49.200,00 R$ 32.800,00 R$ 82.000,00 Produto Y R$ 44.100,00 R$ 23.100,00 R$ 67.200,00 Rateio unitário Produto X R$ 12,00 R$ 8,00 R$ 20,00 Produto Y R$ 21,00 R$ 11,00 R$ 32,00 Agora já será possível aplicar o mark-up, pois teremos em breve o custo unitário total (CUT). Lembrando que este custo é resultado dos custos de produção (matéria-prima e mão de obra direta) somados ao custo e despesas indiretas, nos quais foram aplicados critérios de rateio. Na tabela 11 apresentamos o CUT do produto X e do produto Y para finalizarmos a parte dos desembolsos. São destacados os custos diretos e os custos indiretos. O CUT do produto X finalizou em R$ 70,00 e o CUT do produto Y, em R$ 96,00. Tabela 11 – Custo unitário total CUSTO UNITÁRIO DE MATÉRIA- PRIMA CUSTO UNITÁRIO DE MÃO DE OBRA CUSTO E DESPESAS INDIRETAS “RATEADAS” CUT (CUSTO UNITÁRIO TOTAL) Produto X R$ 40,00 R$ 10,00 R$ 20,00 R$ 70,00 Produto Y R$ 52,00 R$ 12,00 R$ 32,00 R$ 96,00 Vamos agora aplicar os percentuais de mark-up conforme demonstrado na tabela 12 e definirmos os preços de vendas e cada um dos produtos e também o volume de faturamento. Assim será possível finalizarmos o orçamento de vendas. 19 Tabela 12 – Mark-up por produto MARGEM DE LUCRO IMPOSTOS SOBRE VENDA COMISSÕES SOBRE VENDA MARK-UP TOTAL Produto X 35,00% 25,00% 5,00% 65,00% Produto Y 30,00% 33,00% 7,00% 70,00% Aplicados os percentuais, por meio da metodologia do mark-up – Preço = CUT/(1-%) – , teremos para os produtos X e Y, respectivamente, os seguintes preços: R$ 200,00 e R$ 320,00. Finalizando o volume de faturamento, devemos pegar a quantidade comercializada e multiplicar pelo preço de venda. Observe que não será a quantidade produzida, e sim a quantidade comercializada, pois ficaremos com um volume em estoques. Tabela 13 – Orçamento de vendas QUANTIDADES VENDIDAS PREÇO DE VENDA FATURAMENTO PRODUTO X 4.000 R$ 200,00 R$ 800.000,00 PRODUTO Y 2.000 R$ 320,00 R$ 640.000,00 TOTAL R$ 1.440.000,00 Dessa forma finalizamos o orçamento de vendas. Observe que fizemos a integração com o orçamento de produção e os orçamentos de gastos (tanto o de custos diretos como de custos indiretos). Foi uma demonstração de cada um dos passos para que a proposta de volume de vendas esteja alinhada com o preço sugerido, com os gastos e com a estrutura que a empresa tem para produzir. Saiba mais Acerca de orçamento de vendas, recomendamos o capítulo final do livro a seguir, que traz de forma bem detalhada um orçamento de uma empresa do setor de vinícolas. O orçamento é dividido em área industrial, comercial e administrativa e apresentado por períodos (meses). GUIDANI, A. A. et al. Planejamento estratégico orçamentário. Curitiba: Intersaberes, 2012. 20 TEMA 5 – MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO E PONTO DE EQUILÍBRIO 5.1 Margem de contribuição Para finalizar esta aula, abordaremos um indicador de grande relevância na gestão financeira, que é a margem de contribuição. Esse indicador demonstra quanto que a venda de cada produto está contribuindo. Para Guerreiro (2006, p. 24) “margem de contribuição corresponde às receitas de vendas menos os custos/despesas variáveis. O total deve ser suficiente para cobrir todos os custos e despesas fixas e propiciar o lucro”. Para Salanek Filho (2012, p. 41) Tem um momento que é fundamental observar a relação entre as entradas e as saídas de caixa. Para descobrirmos esse momento precisamos relembrar dos conceitos de custos fixos, dos custos variáveis e dos percentuais de mark-up. Para calcularmos a margem de contribuição será necessário observarmos a relação entre estas variáveis. Em linhas gerais podemos dizer que a margem de contribuição é o valor que sobra para pagar os custos fixos e para a empresa ter lucro. Observe que a partir do momento em que você resolve comercializar um produto ou serviço, obrigatoriamente existirão custos e despesas diretas que somente aparecem porque você optou em vender aquele produto. Caso você não tivesse produzido e vendido, aqueles gastos diretos não existiriam, certo? A margem de contribuição é descrita então como o excedente entre o preço e os custos e as despesas diretas. Para ilustrar com um exemplo de margem de contribuição, em um primeiro momento precisamos ter o preço de venda ou o faturamento. Em seguida identificar todos os custos que teremos para obter essa receita, que são os custos/despesas variáveis (diretos). Vale relembrar que os custos variáveis são custos de produção e os custos fixos são os de estruturas. Caso a empresa não produza nada, não existiram custos de produção, mas teremos os custos de estrutura. Vamos ao exemplo: você faz a venda de um produto por R$ 500,00 e os custos e as despesas diretas são de R$ 400,00 – este produto gerou então um lucro de R$ 100,00? Na verdade, não! Ele gerou uma margem de contribuição de R$ 100,00 – pois ainda teremos que pagar os custos e as despesas fixas para daí sim falarmos em lucro. Lembre-se de que, além dos custos variáveis, teremos que considerar também as despesas variáveis, ou seja, é necessário saber também os 21 percentuais de impostos sobre receitas e o percentual de comissão (se for o caso). Observe como que a fórmula da margem de contribuição é expressa: MC = RECEITAS – CUSTOS VARIÁVEIS – DESPESAS VARIÁVEIS Dessa forma, a margem de contribuição corresponde às receitas de vendas menos os custos e as despesas variáveis. O total da margem de contribuição deve ser suficiente para cobrir todos os custos e as despesas fixas e propiciar o lucro esperado. A margem de contribuição também pode ser vista como o valor que sobra do faturamento total menos o custo/despesa variável. A margem de contribuição representa quanto a empresa tem para pagar os custos fixos e gerar o lucro estimado. 5.2 Ponto de equilíbrio Em relação ao ponto de equilíbrio, teremos uma informação de grande relevância para a decisão de continuar ou não com um produto. É possível determinar qual o faturamento mínimo que deverá ser atingido. Saberemos avaliar até que ponto é viável apostar em um produto e o faturamento mínimo a ser atingido. Se ficar abaixo desse valor, o produto daráprejuízo; se ficar acima, deve começa a dar lucro (Salanek Filho, 2012). Para Prado, Cordeiro e Salanek Filho (2009, p. 196), O ponto de equilíbrio é calculado em valor e em quantidade para saber quanto que a empresa precisa vender para cobrir apenas o custo (fixo e variável) das mercadorias vendidas. No ponto de equilíbrio a empresa não terá nem lucro e nem prejuízos. Quando calculamos o ponto de equilíbrio (podendo ser determinado em valor e em quantidade), sabemos o volume mínimo que a empresa precisa comercializar para pagar todos seus custos (fixos e variáveis). No ponto de equilíbrio, a empresa não terá nem lucro nem prejuízos. O ponto de equilíbrio também diz respeito a determinado volume de quantidade de receita em que o lucro é nulo. Esse ponto é denominado na literatura de ponto de equilíbrio. PE (VALOR) = (CUSTO FIXO / MC) x FATURAMENTO 22 Como um exemplo, se a empresa gerou uma margem de contribuição total de R$ 100.000,00 e tem um total de custo/despesas fixas de R$ 75.000,00 diante de um faturamento total de R$ 500.000,00, terá que atingir apenas 75% do seu nível de faturamento, ou seja, R$ 375.000,00. Com esse volume de faturamento, ela pagará todos os custos e as despesas (inclusive os fixos), mas por se tratar de ponto de equilíbrio, não terá nem lucro nem prejuízo. Vale lembrar que o volume de custos variáveis será diretamente proporcional ao volume do ponto de equilíbrio. TROCANDO IDEIAS Tivemos uma aula bem movimentada. Acreditamos que a mais movimentada até agora, visto que aprofundamos e efetuamos muitos cálculos. Tivemos o conhecimento pleno do processo orçamentário, principalmente na formação do orçamento de vendas. Tivemos agora na etapa final a demonstração de dois cálculos muito estratégicos para os negócios, a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio. Saiba mais Sobre margem de contribuição e ponto de equilíbrio acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=AWcck9R0QNw>; <https://www.youtube.com/watch?v=UrQNYQWaNNw>. NA PRÁTICA Vamos praticar um pouco mais os cálculos de margem de contribuição e ponto de equilíbrio da empresa “Sucesso Brasil”. Isso mesmo! Faremos os cálculos projetados da margem de contribuição dentro do orçamento de vendas. Foram feitos os cálculos do volume de vendas e temos também os volumes de custos variáveis e de custos fixos. Qual será o produto que irá gera a maior margem de contribuição para a empresa? Será o produto X ou Y? Qual será o ponto de equilíbrio de cada produto? Vamos efetuar os cálculos pela MC unitária e depois multiplicamos pela quantidade. Assim teremos a MC total de cada um dos produtos. Em seguida poderemos calcular o ponto de equilíbrio. 23 Tabela 14 – Margem de contribuição e ponto de equilíbrio PRODUTO X PRODUTO Y Preços de venda R$ 200,00 R$ 320,00 Custos variáveis R$ 50,00 R$ 64,00 Despesas variáveis R$ 60,00 R$ 128,00 Margem de contribuição unitária R$ 90,00 R$ 128,00 Quantidade comercializada 4.000 unidades 2.000 unidades ** Margem de contribuição total R$ 360.000,00 R$ 256.000,00 Custo fixo total R$ 80.000,00 R$ 64.000,00 ** Ponto de equilíbrio R$ 177.777,78 22,22% R$ 160.000,00 25,00% Assim encerramos mais uma demonstração de cálculos da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio. Para o produto X, a empresa terá que atingir apenas 22,22% do faturamento; para o produto Y, apenas 25,00% do faturamento para pagar todas as contas. FINALIZANDO Mais uma aula encerrando e muito conteúdo importante sendo desenvolvido. Para o gestor comercial, a elaboração orçamentária das vendas e a avaliação da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio são, sem dúvidas, conhecimentos preciosos para a avaliação financeira do negócio. O orçamento mostrará as metas de venda para os próximos períodos. A margem de contribuição indicará o produto ou serviço que mais contribui, unitariamente ou pelo total, para o pagamento da estrutura (gastos fixos) e para a geração de lucro. E finalmente o ponto de equilíbrio mostra em faturamento o volume mínimo de vendas para não ocorrer prejuízos. Uma última informação, para saber o ponto de equilíbrio em quantidade, basta dividir o faturamento do ponto de equilíbrio pelo preço de venda. 24 REFERÊNCIAS GUERREIRO, R. Gestão do lucro. São Paulo: Atlas, 2006 GUIDANI, A. A. et al. Planejamento estratégico orçamentário. Curitiba: InterSaberes, 2012. LUZ, A. E. Introdução financeira e orçamentária. Curitiba: InterSaberes, 2015. PADOVEZE, C. Orçamento empresarial. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. PADOVEZE, C.; TARANTO, F. C. Orçamento empresarial: novos conceitos e técnicas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. PRADO, J. L.; CORDEIRO, L.; SALANEK FILHO, P. Apostila de finanças do curso Bom negócio. Curitiba, 2009. SALANEK FILHO, P. Gestão financeira para eventos. Disponível em: <http://documentslide.com/documents/gestao-financeira-para-eventos.html>. Acesso em: 15 set. 2017.
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