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Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Instituto de Psiquiatria – IPUB Pós-Graduação em Neurociências Mariana Branco Gongora C ro n o g ra m a 2 0 1 5 .2 Dia 30/04(Tarde) – Introdução e Teorias do Controle Motor Dia 14/05 (Tarde) –Aprendizagem e Performance Motora Dia 18/06 (Tarde) - Processamento de Informação e Feedback Comportamento Motor Controle Aprendizagem Motor Desenvolvimento Aprendizagem Mudança na capacidade do indivíduo em executar uma tarefa Aquisição do conhecimento ou habilidade Mudanças no nível de funcionamento do indivíduo ao longo do tempo Desenvolvimento Comportamento Motor Controle Aprendizagem Motor Desenvolvimento Mudanças no nível de funcionamento do indivíduo ao longo do tempo Processo interno que resulta em mudanças consistentes no comportamento Mudanças no aprendizado motor e desenvolvimento, que personificam fatores de aprendizado e processos maturacionais associados ao desempenho motor. Desenvolvimento motor Mudanças contínuas no comportamento motor durante todo o ciclo de vida proporcionada pela interação entre requisitos da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições ambientais Aprendizagem Motora Mudança no comportamento motor, resultado de prática ou experiência passada Habilidade de mostrar modificações. Vista como uma continuação para mudanças a curto prazo na eficiência ou força de conexões sinápticas para mudanças estruturais a longo prazo na organização e na quantidade de conexões entre os neurônios (Shumway-cook and Woollacott, 2010) Neuroplasticidade A plasticidade pode ser vista de 3 formas: • Plasticidade Morfológica - mudanças morfológicas resultantes das alterações ambientais: • Geração de novos neurônios • Formação de novos circuitos neurais • Nova configuração da árvore dendrítica do neurónio • Plasticidade Funcional • Ligada à atividade sináptica de um determinado circuito ou um determinado grupo de neurónios • Plasticidade Comportamental • Comportamentos e desempenho de ações proporciona mudanças estruturais e funcionais no SN Formas de Aprendizado Não-Associativa Associativa Mais reflexivo, automático ou habitual Requer repetições frequentes para ser formado Resulta no conhecimento que pode ser requisitado de forma consciente. Requer processos como: percepção e atenção Envolve a habilidade de lembrar de conhecimentos factuais Aprendizado Não-declarativo Aprendizado Declarativo Supressão aprendida de uma resposta a um estímulo não nocivo A resposta ao estímulo diminui com a sua repetição, até que ele se torna inócuo Habituação Resposta aumentada de um estímulo consistentemente precedida por um estímulo nocivo. Sensibilização Formas mais simples de aprendizagem O indivíduo aprende as características de um só tipo de estímulo. Aprendizado Não-declarativo Não-Associativa Condicionamento Clássico Associação de um estímulo forte a um único tipo de estímulo (Cão de Pavilov, 1920) Condicionamento operante Comportamentos que são recompensados tendem a serem repetidos mais que outros (Caixa de Skinner, 1931) EC Antes do aprendizado ENC RNC Depois do aprendizado EC RC Nenhuma resposta Forma mais complexa que o aprendizado não-associativo Para aprender tem de se associar estímulos e respostas Aprendizado Não-declarativo Associativa percepção do estímulo Codificação compreensão da tarefaConsolidação estoque das informações importantes para repetição do movimento Armazenamento busca pelo movimento armazenadoResgate Aprendizado Declarativo Tarefa: movimento de sequência de dedos (4 dedos/ 4 botões) Pressionar o botão apropriado o mais rápido possível Grupo experimental: sequência repetitiva de dicas Grupo controle: sequência aleatória Aprendizado – tempo de reação menor Definição: É a capacidade de regular ou orientar os mecanismos essenciais para o movimento. Campo direcionado ao estudo da natureza do movimento e de como ele é controlado O que é controle motor? ✓ Como o sistema nervoso central organiza os numerosos músculos e articulações em movimentos funcionais? ✓ Como as informações sensoriais do ambiente e do corpo são usadas para selecionar e controlar o movimento? ✓ Qual é a melhor forma de estudá-lo? Questões? Compreendendo a natureza do movimento Capacidade funcional: Habilidade do indivíduo de cumprir as demandas da tarefa por meio de uma interação com o ambiente. Interação de 3 fatores Específico à tarefa e restrito pelo ambiente Tarefa (T) Indivíduo (I) Ambiente (A) Movimento (M) M I A T P Percepção A Ação C Cognição Mobilidade Estabilidade Manipulação Regulador Não Regulador Cada Fator tem propriedades que afetam a organização do movimento P Percepção A Ação C Cognição O movimento emerge por meio de esforços cooperativos entre várias estruturas e processos cerebrais. Interação entre processos múltiplos: Movimento e ação Descrito no contexto de execução de uma determinada ação Controle motor estudado em relação as ações e atividades específicas. Compreensão do resultado motor do sistema nervoso para os sistemas efetores do organismo, ou músculos. Movimento e percepção Descrito no contexto das impressões sensoriais e informações psicologicamente significativas. Controle motor estudado em relação aos sistemas sensorial/perceptivo que fornecem informações sobre o estado do corpo Compreensão do movimento através dos sistemas que controlam a percepção Movimento e cognição Processos cognitivos regulam o estabelecimento de uma intenção ou objetivo Processo que inclui aspectos amplos: atenção, motivação, aspectos emocionais. Fatores individuais que restringem o movimento I Sensação Percepção Processo de interpretação dos estímulos sensoriais a partir de histórico de vivências passadas. Permite Reconhecer, Observar e Discriminar as informações recebidas de forma única Processo ligado ao sistema sensorial Ação dos estímulos externos e internos sobre os órgãos do sentidos Sensação: visual, auditiva, tátil, olfativa e gustativa Mobilidade Estabilidade ManipulaçãoA natureza da tarefa a ser executada determina, em parte, o tipo de movimento necessário Tarefas que regulam ou restringem os movimentos Tarefas classificadas de acordo com a base de apoio móvel ou imóvel Restrições da Tarefa em relação ao movimentoT Tarefas de Estabilidade Sentar, Ficar em Pé... Executadas sobre uma base imóvel de apoio Tarefas de Mobilidade Caminhar, Correr... Executadas sobre uma base móvel de apoio Mobilidade Estabilidade Manipulação Restrições da Tarefa em relação ao movimentoT Tarefa varia de acordo com a quantidade de manipulação necessária da extremidade superior Simples Complexas Padrão de movimento que permite o contato rudimentar ou refinado com objetos Arremessar, Apreensão, Costurar, Recortar Regulador Não Regulador Restrições Ambientais ao MovimentoA Características Reguladoras: Padrões e regras a serem seguidos que interferem no movimento Os movimentos específicos da tarefa devem obedecer as características reguladoras do ambiente, para cumprir o objetivo estipulado. Características Não Reguladoras: Podem afetar o desempenho mas o movimento não obedece a elas (ex. ruídos de fundo, distrações) Gentile (1992) Três níveis para analisedo comportamento funcional orientado ao objetivo Análise no Nível do Movimento Análise no Nível Neuromotor Análise no Nível da Ação Examina o resultado do comportamento provocado pela interação entre o indivíduo, a tarefa e o ambiente Ex.: Comportamento funcional de sair da cama: O paciente conseguiu levantar-se da cama? Resultado: conseguiu executar a tarefa em um determinado ambiente. Avaliação dos movimentos utilizados para executar as tarefas funcionais. Ex.: Quais foram os movimentos utilizados? Descrição da estratégia de movimento utilizada para mudar da posição supina para ficar em pé ao lado da cama. Objetivo analisado da perspectiva dos processos subjacentes que contribuem para o movimento que está sendo executado. Ex.: Examinar a integridade dos sistemas individuais que são importantes para o movimento: com a sensação, a percepção, a coordenação motora e a força. Qual a melhor maneira de analisar o comportamento do movimento? Equivalência motora Capacidade do indivíduo de adaptar o seu movimento, a fim de cumprir o objetivo da tarefa de forma consistente e eficiente, em uma ampla variedade de ambientes!!! Posição Supina Ficar em Pé Diversas estratégias de movimento podem ser usada para sair da posição supina para ficar em pé A relação entre os níveis não é unidirecional Equivalência do Movimento Ação Movimento Neuromotor Descrevem pontos de vista diferenciados de como o movimento é controlado As teorias são mais do que apenas uma abordagem para explicar a ação. Enfatizam diferentes aspectos da organização da neurofisiologia e da neuroanatomia subjacentes a essa ação. Não existe uma teoria do controle motor que seja aceita universalmente!!! Teorias do Controle Motor cortina! Lança! Cobra! Árvore! Parede! Corda! Cada teoria contribuiu de maneira especifica para o campo do controle motor Todos os modelos são unificados pelo desejo de compreender a natureza e o controle do movimento. Teorias do Controle Motor Charles Sherrington - The integrative Action of the Nervous System (1906) 1857-1952 Teoria do Reflexo Reflexos – Unidade básica do movimento Funcionavam juntos ou em sequencia com vistas a cumprir um objetivo comum Cadeia de Reflexos Blocos que constroem o comportamento complexo! Estruturas Receptor Condutor Efetor (Trajeto nervoso) A visão de Sherrington sobre a base reflexa do movimento persistiu por 50 anos!! ▪ Reflexo não pode ser considerado a unidade básica do comportamento (movimentos espontâneos e voluntários) ▪ Não explica nem prevê o movimento que ocorre na ausência de um estímulo sensorial ▪ Não explica os movimento ou sequências de movimentos rápidos (Ex.: Digitador experiente) ▪ Não explica o fato de que um único estímulo pode resultar em respostas variadas, dependendo do contexto ou dos comandos descendentes. ▪ Não explica a capacidade de produzir movimentos novos. Teoria do Reflexo L I M I T A Ç Õ E S 1835-1911 Hughlings Jackson (1887) “Reflexos controlados pelos níveis inferiores da hierarquia neural encontram-se presentes apenas quando os centros corticais estão danificados” Teoria Hierárquica 1873-1927 “ O cérebro tem os níveis superior, médio e inferior de controle, equiparados às áreas de associação, ao córtex motor e aos níveis espinhais da função motora” Rudolf Magnus (1920) Superior Inferior S M I I M I I Os níveis superiores exercem controle sobre o nível abaixo Teoria Hierárquica Controle Hierárquico: Controle organizacional, ocorre de cima para baixo Novo conceito de Controle Hierárquico Modificação do conceito de hierarquia restrita (centros superiores sempre no comando) Reconhece o fato de que cada nível do sistema pode agir sobre outros níveis, dependendo da tarefa Única determinação do controle motor Reflexos Um dos vários processos importantes para a produção e o controle do movimento Ofereceram descrições detalhadas da maturação de lactentes. O desenvolvimento motor normal foi atribuído ao aumento da corticalização do SNC, resultando na emergência de níveis superiores de controle sobre os reflexos de níveis inferiores. 1899-19881880-1961 Teoria Hierárquica Teoria Neuromaturacional (1930 - 1940) Myrtle McGraw Arnold Gesell Estruturas Neuroanatômicas Desenvolvimento do Reflexo Postural Desenvolvimento Motor Reações de Equilíbrio Reações de Correção Reflexo Primitivo Função Bípede Função Quadrúpede Função Ápode Mesencéfalo Córtex Tronco Cerebral Teoria Neuromaturacional Década de 1940 – Arnold Gesell e Myrtle McGraw Desenvolvimento motor atribuído ao aumento da corticalização do SNC Níveis superiores controlam os reflexos dos níveis inferiores A maturação do SNC é o principal agente de alteração no desenvolvimento A maturação minimiza a importância de outros fatores. Teoria Hierárquica ▪ Não explica a dominância do comportamento reflexo em certas situações (Ex.: pisar em um prego) ▪ Nem todos os comportamentos de nível baixo são primitivos, imaturos e não- adaptativos e nem os de nível superior são sempre maduros, adaptativos e apropriados. L I M I T A Ç Õ E S Teoria Hierárquica Década de 60Visão SNC Sistema Reativo Sistema embasado por ações Teoria da Programação Motora PROGRAMA MOTOR – conjunto de comandos musculares que são estruturados antes da sequência de movimento ser iniciada e que permite que esta seja realizada sem a influência do feedback Keele (1968): Os estímulos sensoriais, não são essenciais para orientar o movimento. Wilson (1961): Estudo do controle motor do Gafanhoto – Rítmo do batimento das asas do animal durante o voo dependia de um gerador padrão. Mesmo com a remoção dos nervos sensoriais, o SN sozinho é capaz de gerar resposta Importante função na modulação da ação Novamente se demonstrou que os reflexos não orientam a ação Gerador de Padrão Central (GPC) ou Programa Motor: conexões neurais que são estereotipadas e encadeadas. Teoria da Programação Motora Programa motor abstrato SinergiaSinergia Sinergia Músculos da mão direita Músculos do braço direito Músculos da mão esquerda Grillner (1981): Estudo da Locomoção de Gatos – redes neurais espinhais produzem um rítmo locomotor sem estímulos sensoriais. Estimulação na medula Andar Trote Galope Geradores de padrão central capazes de produzir movimento **Sinergia: grupos de músculos que agem juntos como uma unidade Teoria da Programação Motora L I M I T A Ç Õ E S ▪ O programa motor não pode ser considerado a única determinante da ação. Comando idênticos produzem movimentos diferentes ▪ Não leva em consideração variáveis musculoesqueléticas e ambientais para obter o controle do movimento Amplia o conhecimento sobre a flexibilidade do SN na criação dos movimentos – capacidade de criar movimentos na ausência de Feedback Nova concepção sobre Sistema Nervoso e o Corpo Impossível compreender o controle neural do movimento sem o conhecimento das características do sistema que está em movimento e as forças externas e internas que agem sobre o corpo CORPO: Sistema mecânico com massa, submetido a forças externas (gravidade) e forças internas (inércia e forças dependentes do movimento). No Movimento: a quantidade de força que age sobre o corpo muda conforme a energia potencial e cinética. Modelo distribuído do Controle Motor: 1896-1966 Teoriados Sistemas Controle do movimento é distribuído por muitos sistemas interligados, que funcionam em cooperação para obter o movimento. Nicolai Bernstein: (1900/1922) Solução para os Graus de Liberdade: Teoria dos Sistemas GRAUS DE LIBERDADE: Em que a abordagem de Bernstein difere das apresentadas anteriormente? refere-se ao grande número de variáveis livres a serem organizadas pelo sistema nervoso central. existe um mecanismo hierárquico para simplificar o controle dos diferentes graus de liberdade do corpo. Nível Superior Nível Inferior Sinergias Músculos Letras das palavras Sinergias Palavras Ações Sentenças Repertório de Movimentos Sentença formada por palavras ▪ Não se concentra tão profundamente na interação do organismo com o ambiente L I M I T A Ç Õ E S Teoria dos Sistemas A mais ampla das abordagens discutidas até agora!! Contribuição do SN para ações Contribuição dos músculos, do sistema esquelético e das forças da gravidade e da inércia Nova perspectiva da observação do movimento (anos 80) Princípio da Auto-organização: Quando um sistema de partes individuais é reunido, os seus elementos se comportam coletivamente, de forma ordenada. Não há a necessidade de um centro “superior” que forneça instruções ou comandos para a obtenção da ação coordenada. Comportamento não-linear: Aquele que se transforma em uma nova configuração quando um único padrão desse comportamento é gradualmente alterado e atinge o valor crítico. Teoria da Ação Dinâmica Movimento pode surgir como resultado dos elementos interligados Kugler e Turvey, (1987): À medida que a velocidade aumenta linearmente, o movimento chega a um limiar que resulta em uma alteração não-linear no estado comportamental. Parâmetro de controle Teoria da Ação Dinâmica Novo movimento surge por causa de uma alteração crítica em um parâmetro de controle Estado Comportamental Velocidade Estado Atrativo: padrão preferido de movimento, utilizado para executar atividades comuns da vida diária. Teoria da Ação Dinâmica Grau em que existe uma flexibilidade para alterar o padrão preferido do movimento Depressão Atrativa: Profunda difícil alterar o Padrão Padrão Estável Rasa Padrão facilmente alterável Padrão Instável Mais eficiente Menor gasto energético ▪ Sistema Nervoso cumpre uma função consideravelmente irrelevante e que a relação entre o sistema físico do animal e o ambiente no qual ele funciona determina principalmente o comportamento do animal. Teoria da Ação Dinâmica L I M I T A Ç Õ E S Entender o sistema nervoso isoladamente não permite a previsão do movimento Década de 1960 – James Gibson 1904-1979 Indivíduo Ambiente Ambiente Foco da Pesquisa: “Controle motor evoluiu para que os animais pudessem lidar com o ambiente que os cerca, movendo-se com eficácia para encontrar alimentos, fugir de predadores, construir abrigos e até mesmo brincar.” Teoria Ecológica Indivíduo: Explorador ativo do ambiente Como detectamos as informações ambientais relevantes ás nossas ações e como as utilizamos para controlar nossos movimentos. Interação entre indivíduo e o ambiente para executar um comportamento orientado a um objetivo Teoria Ecológica Organização da ação: Específica à tarefa e ao ambiente em que está sendo executada. PERCEPÇÃO ORIENTA AS AÇÕES Detecção de informações no ambiente que irão suportar as ações necessárias para cumprir o objetivo. ✓ Como o organismo detecta informações do ambiente que sejam relevantes para a ação ✓ Que forma essas informações assumem (características) É essencial determinar: ✓ Como são utilizadas para modificar e controlar o movimento L I M I T A Ç Õ E S Teoria Ecológica ▪ Não enfatiza a organização e a função do sistema nervoso que permite a interação do indivíduo e ambiente ▪ A ênfase da pesquisa foi desviada do sistema nervoso para a interface organismo - ambiente. Sistema sensório-motor reativo às variáveis ambientais Sistema de percepção/ação capaz de explorar ativamente o ambiente, a fim de satisfazer seus próprios objetivos. QUAL É A TEORIA DO CONTROLE MOTOR MAIS COMPLETA Teoria do Reflexo Teoria Ecológica Teoria da Ação Dinâmica Teoria dos Sistemas Teoria Hierárquica Teoria da Programação Motora Aquela que ressalta a natureza e causa do movimento e como o sistema nervoso possibilita esse fenômeno Nenhuma!
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