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Conhecendo o Novo Acordo Ortográfico Módulo I (1)

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Contexto do Novo Acordo Ortográfico 
 
Módulo I - Contexto do Novo Acordo Ortográfico 
 
 
Ao final deste módulo, você deverá dominar o contexto do novo acordo 
ortográfico, a presença da língua portuguesa no mundo, as alterações no 
nosso dicionário e também um breve histórico do Acordo Ortográfico. 
 
 
 
Unidade 1: O acordo ortográfico 
Desde 1º de janeiro de 2009, estão em vigor no Brasil as regras do novo 
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 
 
Assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, o Acordo Ortográfico da 
Língua Portuguesa tem o objetivo primordial de unificar a ortografia nos países 
que têm o português como língua oficial. 
 
Ao fazê-lo, pretende garantir maior status à língua portuguesa no plano 
internacional, facilitando o intercâmbio cultural, comercial e jurídico-institucional 
entre os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). 
 
Assim, incrementando o prestígio internacional do português, habilita-o a 
ingressar no rol dos idiomas oficiais utilizados na Organização das Nações 
Unidas (ONU). 
 
Tais medidas, entretanto, não têm aplicabilidade imediata. O decreto legislativo 
assinado pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, prevê um período de 
transição para a aplicação das novas regras: de 1º de janeiro de 2009 a 31 de 
dezembro de 2015. 
 
Nesse período, as duas grafias são reconhecidas como oficiais. No entanto, a 
partir de 1º de janeiro de 2016, a ortografia oficial vigente será aquela 
assentada nas bases do Acordo Ortográfico. 
 
 
Unidade 2: A presença da língua portuguesa no mundo 
 
 
 
Estima-se que mais de 240 milhões de pessoas falem português, o que faz da 
nossa, a quinta língua mais falada no mundo e a terceira no Ocidente. Ainda 
assim, o português ostentava (ou ostenta) o título de ser o único idioma no 
mundo a ter duas ortografias oficiais, a do Brasil e a de Portugal. 
 
 
 
 
 
 
Vídeo ½: https://www.youtube.com/watch?v=sQaEFXIuy4c 
 
 
 
 
Vídeo 2/2: https://www.youtube.com/watch?v=bYd9HrqsbyI 
 
 
 
 
 
Países e regiões onde se fala português. 
 
Ocorre que, do ponto de vista das relações internacionais, a dupla grafia oficial 
implica flagrantes desvantagens ao País, pois dificulta a afirmação do idioma 
no âmbito das Nações Unidas, bem como limita a possibilidade de 
compartilhamento, entre países lusófonos, de conteúdos no plano cultural, 
comercial e político. 
 
Com vistas a mudar essa realidade, um dos propósitos fundamentais do 
Acordo, como vimos, é congregar em torno do mesmo sistema ortográfico, 
todos os Estados signatários (as chamadas partes), a saber: Angola, Brasil, 
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e 
Timor-Leste. 
 
Ressalte-se que as partes, na formulação do Acordo, mesmo buscando o 
consenso entre as ortografias brasileira e portuguesa, optaram, em alguns 
casos, por manter duas redações oficiais. 
 
 
Unidade 3: Como fica o nosso dicionário? 
 
Do ponto de vista do léxico da língua portuguesa, estima-se que o número de 
palavras cuja ortografia foi alterada com a celebração do Acordo, segundo 
dados da Academia de Ciências de Lisboa, é de pouco mais de duas mil num 
universo de cerca de 110.000. Com isso, unifica-se a ortografia de 
aproximadamente 98% do total de palavras da língua portuguesa. 
No caso brasileiro, calcula-se que as modificações atingiram aproximadamente 
0,5% das palavras. Já no caso do português de Portugal, a estimativa é de que 
1,6% dos vocábulos foi alterado com a entrada em vigor do novo Acordo. 
Observamos que, nesse levantamento, não foram contabilizadas, à época, as 
alterações decorrentes das novas regras de uso do hífen, bem como aquelas 
resultantes da supressão do trema. 
 
 
Unidade 4: Breve histórico do acordo ortográfico 
 
Pelo quadro abaixo, pode-se acompanhar, no tempo, como evoluiu o processo 
de unificação da ortografia da língua portuguesa. 
 
 
 
BREVE HISTÓRICO DO ACORDO ORTOGRÁFICO 
1904 O foneticista Gonçalves Viana (1840-
1914) publica, em Lisboa, a maior 
obra sobre ortografia da língua 
portuguesa, a Ortografia Nacional, 
que foi adotada pelo governo 
português como oficial em 1911. Nela, 
o estudioso apresenta proposta de 
simplificar a ortografia: 
 
• eliminação dos fonemas gregos /th/ 
(theatro), /ph/ (philosofia), /ch/ (com 
som de < k >, como em chimica), /rh/ 
(rheumatismo) e /y/ (lyrio); 
 
• eliminação das consoantes 
dobradas, com exceção de < rr > e < 
ss >: ‘cabello’ (=cabelo); ‘communicar’ 
(=comunicar); ‘ecclesiastico’ 
(=eclesiástico); ‘sâbbado’ (=sábado). 
 
• eliminação das consoantes nulas, 
quando não influenciam na pronúncia 
da vogal que as precede: ‘licção’ 
(=lição); ‘dacta’ (=data); ‘posthumo’ 
(=póstumo); ‘innundar’ (=inundar); 
‘chrystal’ (=cristal); 
 
• regularização da acentuação gráfica. 
 
1907 A partir de uma proposta do jornalista, 
professor, político e escritor Medeiros 
e Albuquerque, a Academia Brasileira 
de Letras (ABL) elabora projeto de 
reformulação ortográfica com base 
nas propostas de Gonçalves Viana. 
 
1911 Portugal oficializa, com pequenas 
modificações, o sistema de Gonçalves 
Viana. 
 
1915 A ABL aprova a proposta do 
professor, filólogo e poeta Silva 
Ramos, que ajusta a reforma 
ortográfica brasileira aos padrões da 
reforma portuguesa de 1911. 
 
1919 A ABL volta atrás e revoga o projeto 
de 1907, ou seja, não há mais 
reforma. 
 
1931 A Academia de Ciências de Lisboa e 
a Academia Brasileira de Letras 
assinam acordo para unir as 
ortografias dos dois países. 
 
1933 O governo brasileiro oficializa o 
acordo de 1931. 
 
1934 A Constituição brasileira revoga o 
acordo de 1931 e estabelece a volta 
das regras ortográficas de 1891, ou 
seja, ‘ortografia’ voltaria a ser grafada 
‘orthographia’. Protestos 
generalizados, porém, fazem com que 
essa ortografia seja considerada 
optativa. 
 
1943 Convenção Luso-Brasileira retoma, 
com pequenas modificações, o 
acordo de 1931. 
 
1945 As modificações introduzidas pelo 
novo Acordo, ao priorizarem a 
ortografia lusitana, foram de tal monta 
que provocaram intensos protestos de 
parte dos brasileiros, culminando com 
a revogação do Acordo em 1955, 
restabelecendo-se o sistema 
ortográfico, instituído no Brasil em 
1943. 
 
Divergências na interpretação de 
regras resultam no Acordo Ortográfico 
Luso-Brasileiro. Em Portugal, as 
normas vigoram, mas o Brasil 
mantém a ortografia de 1943. 
 
Como consequência passaram a 
existir duas normas ortográficas 
oficiais para a língua portuguesa: uma 
brasileira (1943) e uma lusitana 
(1945). 
 
1971 Decreto do governo altera algumas 
regras da ortografia de 1943: 
 
• abolição do trema nos hiatos átonos: 
‘saüdade’ (=saudade), ‘vaïdade’ 
(=vaidade); 
 
• supressão do acento circunflexo 
diferencial nas letras < e > e < o > da 
sílaba tônica das palavras 
homógrafas, com exceção de ‘pôde’ 
em oposição a ‘pode’: ‘almôço’ 
(=almoço), ‘êle’ (=ele), ‘enderêço’ 
(=endereço), ‘gôsto’ (=gosto); 
 
• eliminação dos acentos circunflexos 
e graves que marcavam a sílaba 
subtônica nos vocábulos derivados 
com o sufixo < -mente > ou iniciados 
por < z >: ‘bebêzinho’ (=bebezinho), 
‘vovôzinho’ (=vovozinho), ‘sòmente’ 
(=somente), ‘sòzinho’ (=sozinho), 
‘ùltimamente’ (=ultimamente). 
 
1975 As colônias portuguesas na África 
(São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, 
Cabo Verde, Angola e Moçambique) 
tornam-se independentes. 
 
1986 São finalmente redigidas as Bases 
Analíticas da Ortografia Simplificada 
de 1945, renegociadas em 1975 e 
consolidadas em 1986. 
 
Iniciam-se, assim, as discussões de 
que resultaram as basesdo novo 
Acordo Ortográfico da Língua 
Portuguesa entre Brasil, Portugal, 
Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, 
Moçambique e São Tomé e Príncipe. 
 
1991 Surge outra versão do documento 
anterior (1986): o Acordo de 
Ortografia Simplificado entre Brasil e 
Portugal para a Lusofonia, conhecido 
como Acordo Ortográfico de 1995, 
aprovado oficialmente em 1995 pelos 
dois principais países envolvidos 
(Brasil e Portugal). 
 
1995 Brasil e Portugal aprovam 
oficialmente o documento de 1991, 
que passa a ser reconhecido como 
Acordo Ortográfico de 1995. 
 
1998 Em Cabo Verde, foi assinado um 
Protocolo Modificado ao Acordo 
Ortográfico da Língua Portuguesa, 
mas apenas Brasil, Portugal e Cabo 
Verde o aprovaram. 
 
No Primeiro Protocolo Modificativo ao 
Acordo Ortográfico da Língua 
Portuguesa, fica estabelecido que 
todos os membros da Comunidade 
dos Países de Língua Portuguesa 
(CPLP) devem ratificar as normas 
propostas no Acordo Ortográfico de 
1995, para que este seja implantado. 
 
2002 Timor-Leste torna-se independente e 
passa a fazer parte da CPLP. 
 
2004 Com a aprovação do Segundo 
Protocolo Modificativo ao Acordo 
Ortográfico da Língua Portuguesa, 
fica determinado que basta a 
ratificação por três membros para que 
o acordo entre em vigor. 
No mesmo ano, o Brasil ratifica o 
Acordo. 
 
2005 Cabo Verde ratifica o Acordo. 
 
2006 São Tomé e Príncipe ratifica o 
documento, possibilitando a entrada 
em vigor do Acordo. 
 
2008 O Decreto Presidencial nº 6.583, de 
29 de setembro de 2008, determina a 
implementação do Acordo Ortográfico 
a partir de 1º de janeiro de 2009 no 
Brasil, estabelecendo período de 
transição de 1º de janeiro de 2009 a 
31 de dezembro de 2012. 
 
2012 O Decreto Presidencial n° 7.875, de 
27 de Dezembro de 2012, alterou o 
Decreto no 6.583, de 29 de setembro 
de 2008, e prorrogou o período de 
transição, que, agora, corresponderá 
a 1o de janeiro de 2009 a 31 de 
dezembro de 2015. Durante o período 
coexistirão as duas normas 
ortográficas.

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