Buscar

MATERIAL COMPLETO (1)

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Fábio Roque 
1 
AÇÃO PENAL 
 
 Podemos conceituar a ação penal como 
um direito público subjetivo, autônomo e 
abstrato, com previsão constitucional de exigir 
do Estado-juiz a aplicação do Direito Penal 
Material ao caso concreto. 
 
ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL 
 
 No Brasil, a ação penal pode ser 
pública, titularizada pelo Ministério Público, ou 
privada, quando será titularizada pelo ofendido. 
Por seu turno, a ação penal pública será 
incondicionada ou condicionada à 
representação do ofendido ou à requisição do 
Ministro da Justiça. 
 
 Já a ação penal privada poderá ser 
exclusiva (ou propriamente dita), subsidiária da 
pública ou personalíssima. 
 
AÇÃO PENAL PÚBLICA 
 
 É titularizada privativamente pelo 
Ministério Público e que representa a pedra 
angular do sistema acusatório (art. 129, I, da 
CF/1988 e art. 257, CPP). 
 
 Com a Constituição Federal de 1988, foi 
abolido do nosso ordenamento jurídico o 
processo judicialiforme, que era aquele 
deflagrado a partir de uma portaria baixada 
pelo magistrado ou pelo delegado de polícia, 
sem qualquer intervenção do Ministério 
Público, para a devida valoração jurisdicional 
da pretensão acusatória nascida com a prática 
de uma contravenção penal (art. 26, CPP). 
 
 Ação penal pública é orientada pelos 
seguintes princípios: obrigatoriedade, 
indisponibilidade, intranscendência, 
indivisibilidade, oficialidade, oficiosidade e 
autoritariedade. 
 
AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA 
 
É a ação titularizada pela vítima ou por seu 
representante legal, na condição de substitutos 
processuais, já que atuam em nome próprio 
pleiteando direito alheio, qual seja, o jus 
puniendi (dever de punir) do 
Estado. 
Para parcela da doutrina (Paulo Rangel), toda 
ação penal é pública, subdividindo-se em ação 
penal pública de iniciativa pública e ação penal 
pública de iniciativa privada. 
 
O ofendido deverá oferecer a queixa-crime 
(peça inicial acusatória da ação penal privada), 
tornando-se querelante, em oposição ao réu, 
querelado. A queixa-crime é peça processual 
privativa de advogado, que será constituído por 
meio de procuração com poderes específicos 
para tanto. 
 É orientada pelos seguintes princípios: 
oportunidade, disponibilidade, intranscendência 
e indivisibilidade. 
 
Modalidades de ação penal privada 
 
a) Exclusiva ou propriamente dita 
 
É a ação penal privada cujo legitimado ativo é 
a própria vítima ou seu representante legal. 
Admite sucessão por morte ou por declaração 
de ausência. Uma vez sobrevinda a morte do 
querelante ou a sua declaração de ausência, 
os legitimados supervenientes (sucessores – 
cônjuge ou companheiro(a), ascendente, 
descendente ou irmão) deverão pleitear esta 
condição no prazo de 60 (sessenta) dias, 
independentemente de intimação, para afastar, 
assim, a declaração da perempção. 
 
O prazo decadencial para propositura da ação 
é de 06 (seis) meses, contados a partir da data 
do conhecimento da autoria. 
 
b) Ação penal privada personalíssima 
 
É a ação penal privada cujo único titular ativo é 
a própria vítima. 
 
Não poderá ser proposta pelo representante 
legal da vítima, nem tampouco admite 
sucessão por morte ou por declaração de 
ausência. Atualmente, apenas o delito de 
induzimento a erro essencial no casamento é 
processado mediante ação penal privada 
personalíssima (art. 236 do CP). 
 
Vale ressaltar que, em razão da exclusividade 
de sujeito ativo nesta modalidade de ação 
penal, o prazo decadencial de 06 (seis) meses 
não terá seu fluxo iniciado enquanto a vítima 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Fábio Roque 
2 
não completar a maioridade ou recobrar a 
sanidade. Se plenamente capaz, a ação deverá 
ser proposta no prazo de 06 (seis) meses, 
contados do trânsito em julgado da sentença 
cível que anular o casamento. 
 
Dir_Proc_Penal_Livro.indb 42 08/01/2013 
12:40:27 43 Cap. 3 | Ação Penal 
 
O trânsito em julgado da sentença cível que 
anular o casamento é uma condição especial 
ou objetiva de punibilidade da ação penal no 
delito do art. 236 do Código Penal, ou seja, a 
ação penal privada apenas poderá ser 
proposta após o trânsito em julgado da decisão 
prolatada na seara cível que anulou o 
matrimônio, sendo este o momento a partir do 
qual terá fluidez o lapso temporal decadencial 
para a oferta da queixa-crime. 
 
c) Ação penal privada subsidiária da pública ou 
supletiva (art. 29 do CPP) 
 
É a ação penal privada a ser exercida pela 
vítima (identificada, determinada) ou seu 
representante legal em substituição à ação 
penal pública não exercida pelo Ministério 
Público, em razão de sua letargia ou inércia. 
O prazo para a propositura da ação é de 06 
(seis) meses, contados a partir da inércia 
ministerial ---------------------------------------- 
 
JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
Jurisdição é o poder-dever do Estado-Juiz de 
dizer o Direito (juris = direito; dicere = dizer) a 
ser aplicado ao caso concreto. Trata-se, 
portanto, de ato de soberania do Estado, 
exercido por meio dos membros do Poder 
Judiciário. 
 
Competência é o limite da jurisdição. No 
processo penal, pode ser material ou funcional. 
Material 
 
Competência fixada sob o foco daquilo que 
será posto a julgamento, ou seja, leva em 
conta as características da questão criminal 
posta à apreciação do Poder Judiciário. Divide-
se em competência material em razão da 
matéria, em razão do lugar e em razão da 
pessoa. 
Ratione materiae (em razao da materia): Fixa a 
Justiça competente. 
 
Ratione loci (em razao do lugar): Fixa o Juízo 
competente em razão do local da consumação 
da infração penal, bem como do domicílio ou 
residência do réu. 
 
Ratione personae (em razao da pessoa): Fixa a 
competência em razão do foro por prerrogativa 
de função. 
 
Competencia funcional 
 
Competência idealizada em razão da divisão 
de trabalho entre os Órgãos Jurisdicionais, no 
mesmo processo a ser julgado. 
 
Pelas fases do processo 
Pelo objeto do Juizo 
Pelos graus de jurisdicao 
 
PROVAS 
 
CONCEITO DE PROVA 
 
É tudo aquilo levado aos autos do processo, 
visando a convencer o magistrado da 
existência de um fato ou da prática de um ato 
processual. 
 
DESTINATÁRIOS 
 
Imediato: Magistrado. 
 
Mediatos: 
 
São as partes, viabilizando-se o escopo social 
do próprio processo por meio da conformação 
com aquilo que foi decidido jurisdicionalmente. 
Neste aspecto, a prova é um instrumento de 
garantia da credibilidade estatal, pois se o 
magistrado decidir de acordo com as provas 
produzidas pelas partes, a decisão será bem 
vista por elas, ainda que descontentes com o 
seu conteúdo do decisum. 
 
OBJETO 
 
Da prova 
 
Fatos relevantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Fábio Roque 
3 
De prova 
 
Fatos pertinentes à prestação jurisdicional a 
ser efetivada. Nestes termos, existem 
determinadas questões que prescindem de 
comprovação no bojo do processo. 
 
Logo, não são objetos de prova: 
 
a) Direito nacional (iura novit curia; da mihi 
factum dabo tibi jus). 
 
Obs.: Direitos estadual, municipal, estrangeiro 
e consuetudinário necessitam ser provados 
quanto à sua existência, vigência e eficácia. 
 
b) Fatos notórios ou verdade sabida: são 
aqueles de conhecimento de parcela 
significativa da população medianamente 
informada. 
 
Obs.: Ao contrário do que ocorre no processo 
civil, no processo penal os fatos incontroversos 
imprescindem de provas, ou seja, é necessária 
sua demonstração. 
 
c) Fatos axiomáticos ou intuitivos: são aqueles 
que se autodemonstram. 
 
PROVA ILÍCITA 
 
Em sede doutrinária, costuma-se fazer menção 
às provas vedadas, como gênero que incluitodas as provas produzidas sem a observância 
do disposto em lei. Estas provas vedadas 
seriam divididas em provas ilícitas e ilegítimas. 
 
Provas ilícitas 
 
Provas que são extraídas com violação ao 
Direito material (Princípios constitucionais 
penais, Código Penal, Legislação Penal 
Especial). Neste caso, o vício que macula a 
prova é absolutamente insanável. Ex.: A 
confissão obtida mediante tortura. 
 
Provas ilegítimas 
 
Provas extraídas ao arrepio do Direito 
processual (Princípios constitucionais 
processuais penais, Código de Processo 
Penal, Legislação Processual 
Especial). Neste caso, o vício 
que macula a prova é sanável. Aplicamos, 
aqui, o Princípio da instrumentalidade. Ex.: A 
oitiva das testemunhas com inversão da ordem 
preconizada no CPP (que determina que as 
testemunhas arroladas pela acusação sejam 
ouvidas antes das testemunhas arroladas pela 
defesa). 
 
Prova ilícita é aquela que viola a norma 
(Princípios e regras) constitucional e a norma 
infraconstitucional. Ou seja, é aquela que viola 
o Direito (normas-regra e normas-princípios), 
independentemente se material ou 
instrumental. 
 
Percebemos, assim, que o CPP não 
diferenciou prova ilícita e ilegítima, 
denominando de prova ilícita toda aquela 
produzida com inobservância à Constituição ou 
à lei. 
 
PROCEDIMENTOS 
 
Inicialmente, cabe-nos diferenciar processo e 
procedimento. Processo é a relação jurídica 
animada por um procedimento em 
contraditório. O processo, então, pressupõe 
três elementos: relação jurídica, procedimento 
e contraditório. 
 
Concluímos, então, que o procedimento é, 
apenas, um dos elementos do processo, com 
ele não se confundindo. Procedimento consiste 
na mera sucessão de atos processuais. 
 
A despeito desta distinção, o Código de 
Processo Penal, por vezes, confunde os dois 
institutos. Assim, o CPP faz menção, no Título I 
do Livro II, ao processo comum, quando 
deveria fazer menção ao procedimento comum. 
Há referência, ainda, a “processos de 
competência do Supremo Tribunal Federal e 
dos tribunais de apelação”, quando o correto 
seria procedimento. 
 
O procedimento pode ser dividido em comum e 
especial. 
 
a) Procedimento comum: divide-se em 
ordinário, sumário e sumaríssimo. 
 
Procedimento comum ordinário tem por objeto 
crime cuja sanção máxima cominada for igual 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Fábio Roque 
4 
ou superior a 4 (quatro) anos de pena privativa 
de liberdade. Procedimento comum sumário 
tem por objeto crime cuja sanção máxima 
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de 
pena privativa de liberdade. E o procedimento 
comum sumaríssimo é aplicável para as 
infrações penais de menor potencial ofensivo. 
Trata-se do procedimento dos Juizados 
Especiais Criminais. 
 
PROCEDIMENTO COMUM ORDINARIO 
 
Este procedimento é aplicado, 
subsidiariamente, a todos os outros (especiais, 
comum sumário e comum sumaríssimo). 
 
Oferecida a peça inicial acusatória (denúncia 
ou queixa-crime), abrem-se ao juiz duas 
possibilidades: rejeitá-la ou recebê-la. 
 
Haverá rejeição em três situações: a) quando a 
denúncia ou queixa for manifestamente inepta 
(quando não descreve o fato criminoso em 
todas as suas circunstâncias ou não qualifica o 
acusado, ainda que com base em sinais 
característicos – art. 41, CPP); b) quando faltar 
pressuposto processual ou condição da ação; 
c) quando faltar justa causa para o exercício da 
ação penal. 
 
A decisão de rejeição da denúncia desafia 
recurso em sentido estrito, nos termos do art. 
581, I, CPP. 
 
Não sendo caso de rejeição, o juiz receberá a 
inicial acusatória e ordenará a citação do 
acusado para responder à acusação, por 
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. A decisão de 
recebimento da denúncia ou queixa é 
irrecorrível, cabendo ao acusado, apenas, a 
impetração de habeas corpus. 
 
Na contagem do prazo de dez dias para a 
apresentação da resposta escrita à acusação, 
devem ser levados em consideração os 
entendimentos sumulados pelo Supremo 
Tribunal Federal, nos seguintes termos: 
Súmula nº 310 do STF: “Quando a intimação 
tiver lugar na sexta-feira, ou a publicação com 
efeito de intimação for feita nesse dia, o prazo 
judicial terá início na segunda-feira imediata, 
salvo se não houver 
expediente, caso em que 
começará no primeiro dia útil que se seguir.” 
Súmula nº 310 do STF: “No processo penal, 
contam-se os prazos da data da intimação, e 
não da juntada aos autos do mandado ou da 
carta precatória ou de ordem.” 
 
No caso de citação por edital, o prazo para a 
defesa começará a fluir a partir do 
comparecimento pessoal do acusado ou do 
defensor constituído (art. 396, parágrafo único, 
CPP). 
 
Se, tendo havido a citação por edital, o réu não 
oferecer defesa nem apresentar defensor, o 
juiz determinará a suspensão do processo e do 
curso da prescrição. Em contrapartida, se a 
citação foi pessoal ou com hora certa, deve o 
juiz nomear defensor dativo, preferencialmente 
um defensor público, que apresentará a 
resposta escrita à acusação pelo réu. Neste 
caso, o juiz concederá ao defensor nomeado 
vista dos autos por 10 (dez) dias. 
 
Na resposta, o acusado poderá arguir 
preliminares e alegar tudo o que interesse à 
sua defesa, oferecer documentos e 
justificações, especificar as provas pretendidas 
e arrolar testemunhas, qualificando-as e 
requerendo sua intimação, quando necessário. 
A Lei nº 11.719/2008 alterou substancialmente 
os procedimentos do CPP, abolindo a chamada 
defesa prévia, que, como regra, servia apenas 
como instrumento para apresentação de rol de 
testemunhas. 
Percebe-se, então, que, na resposta à 
acusação, o réu pode invocar um rol muito 
amplo de defesa, abrangendo desde 
preliminares até questões de mérito. Contudo, 
se o réu apresentar exceção (de 
incompetência, suspeição, litispendência, 
ilegitimidade de parte ou coisa julgada), ela 
será processada em autos apartados, nos 
termos do art. 111 do CPP. 
 
Após a apresentação da resposta à acusação, 
abrem-se ao juiz, mais uma vez, duas 
alternativas: absolver o réu sumariamente ou 
dar continuidade ao procedimento. 
 
O juiz absolverá o réu sumariamente quando 
verificar: 
a) a existência manifesta de causa excludente 
da ilicitude do fato; 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Fábio Roque 
5 
b) existência manifesta de causa excludente da 
culpabilidade do agente, salvo 
inimputabilidade; 
c) que o fato narrado evidentemente não 
constitui crime; 
d) extinta a punibilidade do agente. 
 
A decisão de absolvição sumária desafia 
recurso de apelação, pois constitui sentença. 
Por seu turno, a decisão que nega a absolvição 
sumária é irrecorrível, cabendo ao réu a 
impetração de habeas corpus para trancar a 
ação penal. Todavia, é importante destacar que 
as decisões fundamentadas na extinção da 
punibilidade comportam exceções. Isto porque 
o art. 581 do CPP admite o recurso em sentido 
estrito contra as decisões que julgam extinta a 
punibilidade (inciso VIII) e que indeferem o 
pedido de reconhecimento da extinção da 
punibilidade (inciso IX). 
 
Se o juiz não reconhecer que está presente 
qualquer hipótese de absolvição sumária, 
designará dia e hora para a realização da 
audiência de instrução e julgamento, a ser 
realizada no prazo de até 60 (sessenta) dias, 
ordenando a intimação do acusado, de seu 
defensor, do Ministério Público e, se for o caso, 
do querelante e do assistente. A audiência é 
una, concentrando-se nela os atos de 
instrução. 
 
Na audiência de instrução deve ser observada 
a seguinte ordem para a produção da prova: 
 
a) tomada de declarações do ofendido; 
b) inquirição das testemunhas arroladas pela 
acusação; 
c) inquirição das testemunhas arroladas pela 
defesa;d) esclarecimentos dos peritos (desde que os 
peritos sejam intimados com antecedência 
mínima de dez dias); 
e) acareações; 
f) reconhecimento de pessoas e coisas; 
g) interrogatório do acusado. 
 
Na instrução poderão ser inquiridas até 8 (oito) 
testemunhas arroladas pela acusação e 8 (oito) 
pela defesa. Nesse número não se 
compreendem as que não prestem 
compromisso e as referidas. 
A parte poderá desistir da 
inquirição de qualquer das testemunhas 
arroladas, facultando-se ao juiz ouvi-las, a 
despeito desta desistência. 
 
O acusado preso será requisitado para 
comparecer ao interrogatório, devendo o poder 
público providenciar sua apresentação. Em 
caso de acusado solto, o não comparecimento 
faculta ao juiz determinar sua condução 
coercitiva (art. 260, CPP). 
 
Com o interrogatório, encerra-se a fase 
probatória. A partir daí, o Ministério Público, o 
querelante e o assistente e, a seguir, o 
acusado poderão requerer diligências cuja 
necessidade se origine de circunstâncias ou 
fatos apurados na instrução (art. 402, CPP). 
 
Não havendo requerimento de diligências, ou 
sendo indeferido, serão oferecidas alegações 
finais orais por 20 (vinte) minutos, 
respectivamente, pela acusação e pela defesa 
(prazo computado individualmente, para cada 
acusado), prorrogáveis por mais 10 (dez) 
minutos. Havendo assistente de acusação, 
serão concedidos 10 (dez) minutos para as 
suas alegações finais, após as alegações do 
MP. Neste caso, o prazo das alegações finais 
da defesa será acrescido por igual período (dez 
minutos). 
 
Neste caso de alegações finais orais, o juiz irá 
prolatar a sentença na própria audiência. 
Todavia, se o juiz considerar a causa 
complexa, poderá determinar que as alegações 
finais sejam apresentadas por escrito (por 
memoriais), no prazo sucessivo de 5 (cinco) 
dias, iniciando-se, obviamente, pela acusação. 
Nesse caso, o juiz terá o prazo de 10 (dez) dias 
para prolatar a sentença. 
 
Como regra, as alegações finais são orais e a 
sentença deve ser prolatada na audiência. Há 
apenas duas situações em que as alegações 
finais são apresentadas por memoriais. A 
primeira é esta, em que há complexidade da 
causa. A segunda ocorre quando o juiz 
determina (de ofício ou a requerimento das 
partes) a realização de diligência. Neste 
segundo caso, a apresentação de memoriais e 
o prazo para sentenciar ocorrem nos mesmos 
prazos já mencionados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Fábio Roque 
6 
É importante lembrar que o prazo para o juiz 
sentenciar é impróprio, isto é, sua 
inobservância não gera nulidade nem qualquer 
outra consequência processual. A 
inobservância do prazo pelo juiz poderá 
ensejar consequências disciplinares, mas não 
processuais. 
 
A CPP, a partir da Lei nº 11.719/2008, aderiu 
ao princípio da identidade física do juiz. Com 
isto, O juiz que presidiu a instrução deverá 
proferir a sentença (art. 399, § 2º, CPP), salvo 
os impedimentos legais (remoção, promoção, 
falecimento, férias, exoneração, etc.), caso em 
que o processo passará ao seu substituto. 
 
Por fim, dispõe o CPP que, sempre que 
possível, o registro dos depoimentos do 
investigado, indiciado, ofendido e testemunhas 
será feito pelos meios ou recursos de gravação 
magnética, estenotipia, digital ou técnica 
similar, inclusive audiovisual, destinada a obter 
maior fidelidade das informações. E no caso de 
registro por meio audiovisual, será 
encaminhado às partes cópia do registro 
original, sem necessidade de transcrição (art. 
405, §§ 1º e 2º, CPP). 
 
Em resumo, podemos visualizar o 
procedimento comum ordinário da seguinte 
forma: 
 
a) Oferecimento da denúncia ou queixa; 
b) Rejeição ou recebimento da denúncia ou 
queixa; 
c) Recebida a denúncia ou queixa, o juiz 
determina a citação do réu para oferecer 
resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias; 
d) Se citado pessoalmente ou com hora certa e 
não oferecer resposta à acusação, o juiz 
nomeará defensor dativo para fazê-lo; se citado 
por edital, não oferecer resposta à acusação, o 
juiz determina a suspensão do processo e da 
prescrição; 
e) Oferecida a resposta à acusação, o juiz 
absolverá sumariamente ou designará 
audiência de instrução a ser realizada no prazo 
de 60 (sessenta) dias. Na audiência, serão 
realizados os seguintes atos: tomada de 
declarações do ofendido, inquirição das 
testemunhas arroladas pela acusação, 
inquirição das testemunhas 
arroladas pela defesa, 
esclarecimentos dos peritos (desde que os 
peritos sejam intimados com antecedência 
mínima de dez dias), acareações, 
reconhecimento de pessoas e coisas, e 
interrogatório do acusado. Se não requeridas 
ou indeferidas diligências, alegações finais 
orais e sentença em audiência; 
f) Havendo diligências a serem produzidas ou 
sendo complexa a causa, alegações finais em 
memoriais, no prazo sucessivo de cinco dias; 
após, sentença em 10 (dez) dias. 
 
RECURSOS 
 
Recurso é o remédio jurídico voluntário, 
manejado dentro do mesmo processo, que 
objetiva reformar, anular, integrar ou esclarecer 
uma decisão judicial. 
 
PRINCÍPIOS RECURSAIS 
 
A) VOLUNTARIEDADE 
 
O recurso deriva de manifestação de vontade 
das partes. Excepcionalmente, porém, a 
legislação prevê a possibilidade de o juiz 
proferir uma decisão e, de ofício, encaminhá-la 
à apreciação da instância superior. É o que se 
chama reexame necessário, remessa 
necessária ou recurso de ofício. 
Muitos rechaçam a expressão “recurso de 
ofício”, justamente porque o recurso deveria 
ser marcado pela voluntariedade. Sendo 
recurso, portanto, não poderia ser “de ofício”. 
Contudo, a expressão é empregada pelo 
próprio STF, no Enunciado nº 423 da súmula 
de sua jurisprudência, nos seguintes termos: 
“Não transita em julgado sentença por haver 
omitido o recurso ex officio, que se considera 
interposto ex lege.” De igual sorte, o CPP, no 
art. 574, assevera que o juiz deverá interpor 
recurso de ofício, nas hipóteses em que 
especifica. 
 
São as seguintes as hipóteses de recurso de 
ofício: a) sentença que concede habeas corpus 
(art. 574, I, CPP); b) sentença de absolvição ou 
decisão de arquivamento dos autos de 
inquérito policial nos crimes contra a economia 
popular e saúde pública (art. 7º, Lei nº 
1.521/1951); c) decisão que concede a 
reabilitação criminal (art. 746, CPP); d) 
indeferimento liminar pelo relator, no Tribunal, 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
CARREIRA JURÍDICA 
Processo Penal 
Fábio Roque 
7 
da ação de revisão criminal, quando o pedido 
não estiver devidamente instruído (art. 625, § 
3º, CPP). 
 
B) Fungibilidade (teoria do recurso indiferente) 
 
Previsto no art. 579 do CPP, nos seguintes 
termos: “Salvo a hipótese de má-fé, a parte não 
será prejudicada pela interposição de um 
recurso por outro.” Permite-se, portanto, que 
um recurso, equivocadamente interposto, seja 
conhecido no lugar do recurso correto. 
 
Para que seja obedecida a fungibilidade 
recursal, é fundamental que não tenha havido 
erro grosseiro e nem má-fé, por parte do 
recorrente. A má-fé é presumida quando o 
recurso é apresentado fora do prazo do recurso 
que seria o correto. Assim, tendo em vista que 
a apelação deve ser interposta no prazo de 
(cinco) dias e o recurso extraordinário em 15 
(quinze) dias, se a parte interpõe 
equivocadamente o segundo recurso no lugar 
do primeiro, no sexto dia, o recurso não deve 
ser admitido, porquanto intempestivo. 
 
C) Unirrecorribilidade 
 
Para cada decisão judicial há apenas um 
recurso adequado. O princípio comporta 
exceções. É o que ocorre, por exemplo, com a 
decisão do Tribunal de Justiça que ofende a 
Constituição Federal e a legislação 
infraconstitucional, desafiando, portanto, a 
interposição simultânea de recurso 
extraordinário ao STF e recurso especialao 
STJ, respectivamente. 
 
D) Vedação à reformatio in pejus 
 
Significa que, havendo recurso apenas da 
defesa, o Tribunal não pode piorar a situação 
do réu. Assim, se o acusado é condenado a 
uma pena de 10 (dez) anos e recorre, tendo a 
acusação renunciado ao direito de recorrer, 
não pode o Tribunal exasperar esta pena

Continue navegando