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Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Excesso de exação § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Esse artigo trata de 02 crimes diversos. O “caput” trata do crime de concussão, por sua vez, os §§ 1º e 2º preveem outra modalidade do crime de concussão, qual seja, o excesso de exação. CONCUSSÃO Na concussão o sujeito ativo é o funcionário público que exige vantagem em razão do exercício da função pública, cedendo a vítima por temer represálias relacionadas ao exercício da mesma. O agente, portanto, se vale da autoridade que detém em razão da função pública exercida para incutir temor na vítima e com isso obter indevidas vantagens. A concussão é, portanto, uma forma de extorsão praticada com abuso de autoridade. Exemplo: Carcereiro exige dinheiro de preso, sob pena de ele apanhar. Exemplo: Exigir dinheiro para não prender injustamente a vítima. Exemplo: Médico que exige dinheiro, sob pena de não realizar cirurgia. Em que se consubstancia o crime? A ação nuclear consubstancia-se no verbo exigir, isto é, ordenar, reivindicar, impor como obrigação. O funcionário público exige da vítima o pagamento de vantagem que não é devida. Trata-se de uma espécie de extorsão, só que praticada não mediante o emprego de violência ou grave ameaça, mas valendo-se o agente do metus publicae potestatis.. A vítima, portanto, cede às exigências formuladas pelo agente ante o temor de represálias, imediatas ou futuras, relacionadas à função pública por ele exercida. SUJEITO ATIVO: Funcionário Público que tem competência para exercer a função. Faz-se necessário que haja nexo causal entre a função pública desempenhada pelo agente e a ameaça proferida. E os jurados respondem por concussão? Sujeito Passivo: - Estado; - Particular. Elemento Subjetivo: Dolo. Consumação: Trata-se de crime formal. FORMAS DE OCORRER: - Direta - na presença da vítima; ou, - Indiretamente - funcionário público se vale de interposta pessoa (particular ou não). - Explícita - o funcionário público abertamente ordena o pagamento de vantagem indevida; - Implícita - o funcionário público utiliza-se de velada pressão. Aqui, o funcionário venal não pede, mas faz compreender que aceitaria; A exigência da vantagem, pode ser formulada: No exercício da função; ou, Fora da função ou antes de assumi-la. Qual a natureza da vantagem indevida? Há 02 posições: a) A vantagem é econômica ou patrimonial; b) Admite-se qualquer espécie de vantagem, que não necessariamente patrimonial. Qual corrente prevalece? CORRUPÇÃO PASSIVA Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. A solicitação ou recebimento pode ser feito por interposta pessoa? Pode. Mas é indispensável que a solicitação, recebimento ou aceitação da vantagem seja realizada pelo funcionário público em razão da função (ainda que fora dela ou antes de assumi-la). OBS.: Ver considerações gerais realizadas junto ao crime de concussão. Toda aceitação de vantagem por parte do funcionário público configura o crime de corrupção passiva? Não, nem toda aceitação é corrupção passiva, como as hipóteses formuladas por Hungria, sobre as quais expenderemos algumas considerações: a) Gratificações usuais de pequena monta por serviço extraordinário (não se tratando de ato contrário à lei) não podem ser consideradas corrupção passiva. Por estarem inseridas num âmbito de adequação social perfeitamente ajustado à praxe forense e também por não caracterizar qualquer ofensa de relevo mínimo aos interesses da Administração, entendemos tratar-se de fato atípico. Exemplo: aceitar uma garrafa de vinho, caixa de bombons etc. b) Pequenas doações ocasionais, como as costumeiras “Boas Festas” de Natal ou Ano-Novo, não configuram crime. Entendemos que, igualmente, não há falar em fato típico, uma vez que, independentemente da consciência e vontade daquele que recebe o auxílio, o fato objetivamente não fere o interesse jurídico tutelado pela norma do art. 317 do CP, diante da adequação social da conduta, sendo inaceitável que a lei considere criminoso um comportamento inofensivo, aprovado pelo sentimento social de justiça e incapaz de ferir qualquer interesse da boa administração da justiça. CORRUPÇÃO ATIVA Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Ação nuclear: a) oferecer vantagem indevida, isto é, colocar à disposição ou aceitação; ou b) prometer vantagem indevida, isto é, comprometer-se, fazer promessa, garantir a entrega de algo ao funcionário. A corrupção pode ser praticada: - Por escrito - Oralmente - ou por meio de gestos ou atos. A oferta ou a promessa pode ser feita diretamente ao funcionário público? Sim, pode ser feita tanto direta quanto indiretamente, isto é, por interposta pessoa. Neste último caso o intermediário que leva a proposta ao corrompido será considerado coautor do delito de corrupção ativa. Todo oferecimento ou promessa de vantagem é considerado corrupção ativa? Não, é o caso do oferecimento de gratificações de pequena monta por serviço extraordinário, como uma garrafa de vinho, e a realização de pequenas doações ocasionais, como as costumeiras “Boas Festas” de Natal ou Ano-Novo, por exemplo, prometer ao lixeiro uma gorjeta para sua ceia de Natal. Sujeito ativo: Crime comum: qualquer pessoa pode praticá-lo, inclusive o funcionário público, desde que não aja nessa qualidade. Haverá o delito do art. 317 (corrupção passiva) ainda que o particular seja menor de 18 anos? Sim. Sujeito passivo. O Estado, titular do bem jurídico ofendido. Consumação: Crime formal, uma vez que a consumação se dá com a simples oferta ou promessa de vantagem indevida por parte do extraneus ao funcionário público. Tentativa: É possível. CORRUPÇÃO PASSIVA PRÓPRIA E IMPRÓPRIA CORRUPÇÃO PASSIVA PRÓPRIA Ocorre quando o funcionário público pratica ato infringindo dever funcional. Exemplo: receber numerário para conceder uma licença a que não se tem direito. CORRUPÇÃO PASSIVA IMPRÓPRIA Ocorre quando o funcionário apenas retarda ou deixa de fazer o que deve fazer, sem infringir dever funcional. Exemplo: receber numerário para conceder uma licença a que se tem direito, mas não seria concedida naquele período. Prevaricação Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.O que é prevaricação? Segundo E. Magalhães Noronha, “prevaricação é a infidelidade ao dever de ofício, à função exercida. É o não-cumprimento das obrigações que são inerentes, movido o agente por interesse ou sentimento próprios. Quais os verbos do tipo penal? - Retardar: é atrasar, adiar, deixar de praticar o ato de ofício dentro do prazo estabelecido (crime omissivo). Ainda que o ato possa ser praticado após a expiração do prazo legal, sem que tal retardamento acarrete sua invalidade, haverá a configuração da prevaricação. OBS.: Nessa modalidade criminosa, qual a intenção do agente? É apenas de protelar, prorrogar ou procrastinar a prática do ato. - Deixar de praticar: Aqui, ao contrário da conduta precedente, há o ânimo definitivo de não praticar o ato de ofício. Praticar (contra disposição expressa de lei): cuida-se aqui de conduta comissiva, em que o agente efetivamente executa o ato, só que de forma contrária a lei. É preciso que o agente tenha consciência de que a omissão ou ação é indevida? Sim. Deve saber que a omissão é indevida ou de que o ato praticado é contrário à lei. Ausente essa consciência o fato é atípico. Elemento Subjetivo: Dolo. Então a omissão ou retardamento do ato por mera indolência, simples desleixo ou negligência do funcionário público, sem o intuito de satisfazer interesse ou sentimento pessoal configuram o crime? Não. Configura sim o ato de improbidade administrativa. Com efeito dispõe o art. 11 da Lei n. 8429/92: “Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: Se o sentimento que motiva a ação do funcionário for nobre, o fato se torna atípico? Sujeito Ativo: É crime próprio – somente deve ser cometido por funcionário público. Admite-se a participação de terceiro. Sujeito Passivo: - Estado; O particular, secundariamente. Consumação: Com o retardamento, a omissão ou a prática do ato. É possível tentativa? As condutas omissivas inadmitem a tentativa, uma vez que o crime se perfaz em um único ato, Na modalidade comissiva, a tentativa é perfeitamente possível, pois é um iter criminis passível de ser fracionado. Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Excesso de exação § 1º - Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza: Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. Excesso de Exação – Art. 316, § 1º do CP O que significa exação? Significa a “cobrança rigorosa de dívida ou impostos; pontualidade; exigência e exatidão, que, embora não corresponda precisamente ao crime, dá ideia do que se quer definir”. Qual o objeto material do crime? É o tributo ou contribuição social. Tributo é o gênero no qual se compreendem as espécies: imposto, taxa e contribuição de melhoria. Quais as modalidades desse crime? São 02 as modalidades previstas: a) Exigência Indevida: Aqui a exigência do tributo ou contribuição social é indevida, isto é, não há autorização legal para sua cobrança; ou, - seu valor já foi quitado pela vítima; ou, - então se refere a quantia excedente à fixada por lei. Uma vez arrecadado o excessivo tributo ou contribuição social, é ele revertido para os cofres públicos e não em proveito do agente. b) Cobrança vexatória ou gravosa não autorizada em lei (excesso no modo de exação ou exação fiscal vexatória): Ao contrário da modalidade criminosa precedente, aqui a exigência de tributo ou contribuição social é devida, mas a cobrança se faz com o emprego de meio gravoso ou vexatório para o devedor, o qual não é autorizado por lei. Sujeito Ativo: Crime próprio – só pode ser cometido por funcionário público. Exige-se que o funcionário que pratique uma das ações típicas seja competente para a arrecadação? Não, podendo ser outro movido por qualquer interesse. Admite-se a participação do particular. Sujeito Passivo: - Estado; - Particular – uma vez que foi lesado patrimonialmente. Elemento Subjetivo: Dolo. Consumação e Tentativa: a) Exigência Indevida: Aqui o delito se consuma no momento em que é feita a exigência do tributo ou contribuição social. Crime formal, portanto, a consumação independe do efetivo pagamento do tributo ou contribuição social pela vítima. É possível tentativa? Sim. Exemplo: carta contendo a exigência de vantagem, a qual é interceptada antes de chegar ao conhecimento da vítima. b) Cobrança Vexatória ou Gravosa: Consuma-se com o emprego do meio vexatório ou gravoso na cobrança do tributo ou contribuição social, independentemente de seu efetivo recebimento. É possível a tentativa? Sim. Exemplo: Com o devido aparato já se acha na casa ou estabelecimento do ofendido, mas é obstado antes que inicie a cobrança. Excesso de Exação - § 2º do CP. § 2º - Se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. O que pune essa modalidade do crime? Pune-se o funcionário público que, em vez de recolher o tributo ou contribuição social, indevidamente exigido (§ 1º), para os cofres públicos, desvia-o em proveito próprio ou alheio. Assim, tem-se que, na figura prevista no § 1º, o funcionário público exige o tributo ou contribuição social e o encaminha aos cofres públicos. No § 2º, após recebê-lo, o funcionário público o desvia, em proveito próprio ou alheio. Obviamente, o desvio dos valores deve ser realizado antes de entrar para os cofres públicos, pois, uma vez integrando este, o desvio do dinheiro em favor do agente ou de outrem constituirá o crime de peculato. O tipo penal em tela exige o chamado elemento subjetivo do tipo, consubstanciado na expressão “em proveito próprio ou de outrem”. A consumação ocorre com o efetivo desvio daquilo que foi recebido indevidamente. É possível a tentativa. Condescendência criminosa Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa. Em que consiste esse crime? Em uma forma mais branda do crime de prevaricação. O funcionário deixa de responsabilizar seu subordinado pelas faltas praticadas ou não comunica o fato à autoridade competente, em razão de seu espírito de tolerância, complacência. Condutas previstas: a) Deixar o funcionário público, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo. Trata-se de crime omissivo puro. O agente, tendo o dever legal de apurar os fatos e responsabilizar o funcionário pela infração por este cometida, não o faz por tolerância. b) Quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. Trata-se de crime omissivo. O agente, nessa hipótese, não tem atribuição legal para apurar os fatos e sancionar o subordinado, porém se omite ao não levar a infração ao conhecimento da autoridade competente. Sujeito Ativo: Crime próprio – somente o funcionário público. Sujeito Passivo: - Estado – titular do bem jurídico protegido. Elemento Subjetivo: - Dolo. Exige elemento subjetivo do tipo? Sim, contido na expressão “por indulgência”. O agente, portanto, omite-se por tolerância, brandura. Haverá crime de prevaricação se o agente se omitirpara atender sentimento ou interesse pessoal. Se o agente, por culpa, não toma conhecimento da infração praticada pelo funcionário subalterno, há o crime? Não. Consumação e Tentativa: Consuma-se com a simples omissão, ou seja, - ciente da infração, o agente não toma qualquer providência para responsabilizar o funcionário; ou, - não comunica o fato à autoridade competente, se não tiver atribuição para fazê-lo. Trata-se de crime omissivo puro, portanto, a tentativa é inadmissível.
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