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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br ANA LÍVIA MAGALHÃES DÁFILE ALVES PEIXOTO IAGO AMARAL OTTONI ISLANE SANTOS JULIANA GARDONI ARAUJO LOHANNY ARAGÃO VIANA SÂMILA MÁRCIA GOMES FERREIRA RELATÓRIO TEÓFILO OTONI 2014 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 1 ANA LÍVIA MAGALHÃES DÁFILE ALVES PEIXOTO IAGO AMARAL OTTONI ISLANE SANTOS JULIANA GARDONI ARAUJO LOHANNY ARAGÃO VIANA SÂMILA MÁRCIA GOMES FERREIRA RELATÓRIO Relatório apresentado à disciplina de Geologia, ministrada pelo Prof. Caio Mário Leal Ferraz no curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. TEÓFILO OTONI 2014 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 03 1.1 TEMA/PROBLEMA ................................................................................... 03 1.2 LOCALIZAÇÃO ......................................................................................... 03 1.3 OBJETIVO ................................................................................................. 04 2. METODOLOGIA .......................................................................................... 04 3. CARACTERIZAÇÃO GERAL ...................................................................... 05 3.1 CLIMA ........................................................................................................ 05 3.2 SOLOS....................................................................................................... 05 3.3 GEOMORFOLOGIA .................................................................................. 07 3.4 GEOLOGIA ................................................................................................ 08 3.4.1 LITOLOGIA ............................................................................................. 08 3.4.2 ESTRUTURA .......................................................................................... 10 4. REFERÊNCIAL TEÓRICO .......................................................................... 11 4.1 TECTÔNICA GLOBAL .............................................................................. 11 4.1.1 COLISÕES ENTRE PLACAS TECTÔNICAS .......................................... 13 4.1.2 MARGENS CONTINENTAIS .................................................................. 14 4.2 NEOTECTÔNICA ...................................................................................... 15 4.3 ROCHAS .................................................................................................... 16 4.4 MODELOS MORFOGENÉTICOS .............................................................. 16 4.4.1 O MODELO DE W.M. DAVIS .................................................................. 17 4.4.2 O MODELO DE LESTER C. KING .......................................................... 17 4.4.3 O MODELO DE THOMAS E SUMMERFIELD ........................................ 17 5. EVOLUÇÃO DA ÁREA INVESTIGADA ...................................................... 19 5.1 GEOLÓGICA ............................................................................................. 19 5.2 GEOMORFOLÓGICA ................................................................................ 26 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 31 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 32 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 3 1. INTRODUÇÃO 1.1 TEMA/PROBLEMA O estudo da geologia é de grande importância para inúmeras áreas do conhecimento, incluindo várias vertentes da engenharia. Pelos resultados obtidos por análises geológicas, o engenheiro civil, por exemplo, analisa o solo, as fontes hidrográficas, o clima e vários outros fatores que vão influenciar em diversas construções. No percurso a ser estudado nota-se a diversidade do relevo da região, bem como os diferentes tipos de rochas, depressões e elevações causadas pela dinâmica terrestre no nordeste de Minas Gerais e Sul da Bahia. 1.2 LOCALIZAÇÃO A região de estudo do trabalho de campo está localizada entre o nordeste de Minas Gerais até o Sul da Bahia, saindo do município de Teófilo Otoni, passando por Carlos Chagas, Nanuque, Posto da Mata, localizados na BR-418 e Prado na BA-001, destino final do percurso. Fig. 01: Roteiro da área investigada. Fonte: GOOGLE MAPAS, 2014. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 4 1.3 OBJETIVO O presente relatório tem como objetivo a análise e compreensão da geologia e geomorfologia da área investigada, baseadas no trabalho de campo. Além disso, foi necessária a observação das evidências de tectônicas de placas e neotectônicas. 2. METODOLOGIA Em primeiro momento foi realizado um levantamento bibliográfico e mapeamentos geológicos acerca da área a ser estudada na viagem de campo, em forma de pré-relatório. No dia 07 de julho de 2014 se deu início a viagem, tendo como ponto inicial a cidade de Teófilo Otoni localizada no estado de Minas Gerais com destino a Prado situada no estado da Bahia. No percurso análises de distintas áreas puderam ser realizadas, para que assim aspectos como geologia, litologia e geomorfologia pudessem ser observados. As áreas analisadas foram a Serra da Farinha, próxima a Teófilo Otoni, proximidades de Pedro Versiani, Pedra da Boca (Caladão), proximidades de Carlos Chagas e nas imediações da divisa entre os estados de Minas Gerais e Bahia. Pôde ser analisadas questões como relevo, tipos de rochas bem como as formações as quais elas pertencem. Todas essas realizadas no primeiro dia da viagem. No segundo dia já nas redondezas de Prado-BA também foram observadas as alterações no relevo, a presença de falésias “mortas”, falésias “vivas” (muito mais recentes), e as consequências da ação neotectônica da área. Para a realização dessas análises foram utilizados materiais como lupa, martelo, câmera fotográfica, sacos plásticos para coleta das amostras e mapas geológicos da região. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 5 3. CARACTERIZAÇÃO GERAL 3.1 CLIMA Segundo Machado (1998) pode-se dizer, que na região sudeste, região do estado de Minas Gerais, existe uma grande diversidade climática. Isso acontece, pelo fato de ser cortado pelo trópico de Capricórnio, por seu sistema de circulação, e por sua topografia. Já a região nordeste, região do estado da Bahia, apresenta um clima bastante complexo distribuídoem quatro sistemas de circulação: Norte, Sul, Leste e Oeste. Fig. 02 – Climas: NE de Minas Gerais e S da Bahia (adaptado). Fonte: IBGE, 2002 Os climas encontrados nestas regiões são listados da seguinte forma: Semiúmido com 4 a 5 meses secos podendo ser quente ou subquente; Semiárido com 6 a 8 meses secos; Semiárido com 6 a 8 meses secos; Úmido com 1 a 3 meses secos podendo ser quente ou subquente e; Superúmido sem seca ou subseca, sendo este encontrado apenas no litoral baiano. 3.2 SOLOS Primeiramente, é necessária a compreensão do que é um solo: composto basicamente de água, ar, matéria orgânica e parte mineral. É formado através de uma rocha, passa por uma transformação até chegar a um material mais macio. A área investigada tem como ponto de partida Teófilo Otoni e vai até o Grupo Barreiras no Prado (Fig. 3) e será possível reconhecer MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 6 os tipos de solos, os quais foram selecionados a partir de pesquisas referentes à tipologia dos mesmos. Fig. 03 - Mapa de Solos do Estado de Minas Gerais (adaptado). Fonte: CETEC et al. 2007. Baseado no mapa (Fig. 3) pode-se observar a presença desses tipos de solos na área estudada: LVAd15 – LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A moderado textura argilosa + ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A moderado textura média/argilosa; ambos fase floresta subperenifólia, relevo suave ondulado e ondulado e forte ondulado PVAe13 – ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO eutrófico típico A moderado textura média/argilosa, cascalhento + CAMBISSOLO HÁPLICO eutrófico típico e léptico A moderado/chernozêmico textura argilosa, pedregos; ambos fase floresta subcaducifólia, relevo suave ondulado e ondulado. AR1 – AFLORAMENTO ROCHOSO. AR2 – AFLORAMENTO ROCHOSO + ARGISSOLO VERMELHO- AMARELO típico textura média/argilosa A moderado + LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO típicos moderado/proeminente, textura argilosa; todos fase floresta subperenifólia, relevo ondulado e montanhoso. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 7 Fig. 04 – Mapa de Solos SE Bahia. Fonte: Landau (2001) modificado Santana & Filho (2002). Já no mapa do Sudeste da Bahia (Fig. 4), observa-se que o solo predominante no trajeto é o tipo Agrissolo. "Nesses solos, os quais apresentam, de maneira geral, teores elevados de argila, observa-se uma forte interação entre a matéria orgânica e os minerais dessa fração (especialmente os oxidróxidos de Fe e Al), resultando na elevada estabilidade da humina" (Ademir Fontana, 2009, Oades, 1988; Greenland et al., 1992; Zech et al., 1997). De acordo com Ferraz (2006), pode encontrar outros tipos de solo como Cambissolos, Luvossolos e Nitossolos, mesmo com um relevo dissecado. 3.3 GEOMORFOLOGIA Segundo Ferraz (2006), a área de estudo está localizada no nordeste do Estado de Minas Gerais, e no extremo sul da Bahia. Tendo como base o Mapa de Unidades de Relevo do Brasil (IBGE, 1993), a área analisada apresenta 4 principais unidades de relevo, sendo elas: Planícies Flúvio – Marinhas, Tabuleiros Costeiros, Patamares e Planaltos. Sobre as Planícies Flúvio – Marinhas, que estão localizadas no extremo leste da área, podemos encontrá-las estendidas por toda região litorânea, com MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 8 características de uma enorme diversidade de paisagens, onde se acumulam sedimentos eólicos, fluviais e marinhos (FERRAZ, 2006, 55). Os chamados Tabuleiros Costeiros possuem uma morfologia plana ou um pouco irregular, interrompidos por lagos de fundo chato, por vezes profundos e largos. Sua continuidade no interior dos continentes pode ser interrompida gradualmente dando lugar a morfologias caracterizadas por intensa dissecação fluvial ou ser rapidamente descontinuo por relevos vigorosos que configuram cristais e serras (FERRAZ, 2006, 55). Os patamares – Patamares do Jequitinhonha/Prado – tem seu relevo caracterizado por uma morfologia dissecada, de altitude intermediária entre os planaltos e os tabuleiros, se apresenta rampeado em direção ao litoral. É comum a ocorrência de linhas de cristas e pontões formados por rochas aflorantes do embasamento (FERRAZ, 2006, 56). Os planaltos se estendem de uma forma grosseira, com uma larga faixa de direção NE, configurando uma forma extremamente dissecada. Tal morfologia é moldada sobre diferentes rochas arqueano-proterozóicas, que são extremamente falhadas, isso ocorre devido aos eventos tectônicos que afetaram a área (FERRAZ, 2006, 56). 3.4 GEOLOGIA 3.4.1 LITOLOGIA Utilizando a carta Geológica do Brasil ao milionésimo, folha SE24 – Rio Doce CPRM (2004), pode-se listar as estruturas litológicas entre Teófilo Otoni e Prado, passando pela BR-418. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 9 Fig. 05: Mapa Geológico da região do trajeto de Teófilo Otoni – Prado (adaptado). Fonte: CPRM,2004. Legenda com o nome e os principais litotipos: Com a visualização dos mapas litológicos é possível identificar a presença de rochas da classe Metamórfica, Ígnea e Sedimentar. Unidades pré-cambrianas, em maioria proterozóicas, representadas por rochas de médio a alto grau de metamorfismo e intrusões graníticas sin a tardi- tectônicas, se destacam em meio às diversas litologias apresentadas no arcabouço geológico configurado pela área investigada (FERRAZ, 2006). Além destas litologias, ocorrem sedimentos do Grupo Barreiras - Bigarella e Andrade (1964); Arai (2005), Ferraz et al. (2005) - na fachada sublitorânea, e coberturas pliocênicas, reconhecidas como Formação São MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 10 Domingos (SAADI e PEDROROSA-SOARES, 1990), no topo de chapadas existentes do planalto Jequitinhonha. 3.4.2 ESTRUTURA Existem lineamentos organizados em duas direções principais, com predominância da direção NE, presentes de maneira generalizada em toda a área, e secundária a direção NW, mais expansivos nas porções centrais e leste, não se restringindo apenas a essas regiões. Na divisão das bacias do Jequitinhonha e Doce, importantes lineamentos de direção aproximadamente leste-oeste, com flexões para NE ou NW, concentram-se na porção SW da área (FERRAZ, 2006). Os lineamentos NE: De acordo com Schobbenhaus (1984, apud FERRAZ, 2006) na porção ocidental da área na borda leste da Serra do Espinhaço, drenada pelos cursos d’água que fazem parte da Bacia do Jequitinhonha, grandes falhamentos de empurrões afetam, predominantemente, rochas do Supergrupo Espinhaço, Grupo de Macaúbas e granitoides do Preterozóico Superior. Schobbenhaus & Campos (1984, apud FERRAZ, 2006) ressalta que se tratando da área investiga, deformações oriundas do Evento Brasiliano deram origem a faixa de Dobramentos Araçuaí, que é uma faixa adjacente às bordas sul e sudeste do Cráton São Franciscoem forma de arco com concavidade voltada para SE, estas estruturas afetam principalmente rochas dos grupos Macaúbas e Supergrupo Espinhaço. Extensos falhamentos caracterizam a porção paralelamente a leste dessas estruturas, visto que afeta a área intensamente através de falhas de diração NE. Já a oeste das referidas falhas, o contato entre as litologias do Supergrupo Espinhaço e granitoides proterozóicos, sendo as primeiras intensamente afetadas por falhas de direções diversas, é demarcado por outros extensos falhamentos de empurrão (FERRAZ, 2006). MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 11 Os lineamentos NW: Lineamentos de direção NW, através de pequenos falhamentos perpendiculares àqueles predominantes, exercem importância na bacia do Rio Araçuaí, na porção noroeste da área em pesquisa. Outros feixes de falhas no centro-sul da área de estudo exibem-se, dando a impressão de que as feições citadas anteriormente estão se prolongando para sudeste (FERRAZ, 2006). Tais direções estruturais adquirem maior relevância no centro da área investigada, devido à densidade de ocorrência de falhas de direção NW. Se comparar os lineamentos localizados a oeste, os do tipo NW demonstram densidade e extensão muito maiores na fachada sublitorânea (FERRAZ, 2006). Exibindo o maior número de sua ocorrência e forte controle sobre a drenagem, os lineamentos NW apresentam-se como grandes falhamentos nos médios e baixos cursos do Rio Mucuri, alto curso do Rio Alcobaça e, mesmo onde as coberturas do Grupo Barreiras estão presentes, no médio curso do Rio Jucuruçu (FERRAZ, 2006). 4. REFERÊNCIAL TEÓRICO 4.1 TECTÔNICA GLOBAL A teoria da tectônica de placas, de que a Terra esta dividida em grandes placas, onde ocorre colisão entre elas, resultando em vulcanismo, terremotos e formação de cadeias de montanhas, mudou o jeito dos Geocientistas, pensarem sobre a Terra. Essa teoria seria uma combinação da teoria da Deriva Continental e da Expansão do Assoalho Oceânico (TEIXEIRA, 2000). Segundo Teixeira (2000), existe um limite entre essas placas que são divididos em: Limites Divergentes: Forma-se uma nova crosta oceânica, com o afastamento das placas tectônicas. São marcados pelas dorsais meso- oceânica. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 12 Limites Convergentes: Choque entre as placas tectônicas. A placa mais densa afunda e a menos densa se sobrepõe sobre esta. Originando uma fossa oceânica, formação de dobramentos, ou seja, consequentemente formação de montanhas. Limites Conservativos: Deslizamento lateral uma em relação à outra. Não ocorre choque, destruição, ou geração de crostas. Forma-se uma alteração superficial ou descontinuidade no relevo. Fig. 06: Limites de placas Divergente, Convergente e Conservativo. Fonte: IFPA, Curso Técnico em Mineração Geologia Geral. Nesses limites de placas, é onde se concentra a mais intensa atividade vulcânica e os terremotos. Na distribuição dessas zonas sísmicas, a maior parte dos terremotos tem origem no bordo das placas, outras atividades geológicas também ocorrem no interior das placas tectônicas, mas com uma intensidade bem menor. Sabem-se quais as forças que movem as placas tectônicas, sem saber como é esse processo. A astenosfera se movendo, logo a litosfera será movida, e a litosfera possui uma energia que vem de dentro da Terra, chegando por correntes no manto superior. De acordo com Teixeira (2000), para muitos cientistas, essas correntes que chegam ao manto não são suficientes para movimentar as placas, mas são um dos fatores que juntamente com outros produzem essa movimentação. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 13 A velocidade desses movimentos está relacionada à quantidade de crosta presente nas placas. Essa medida de velocidade nas placas litosféricas, geralmente é relativa e a velocidade absoluta pode se determinar com os “Hot Spots”. Esses pontos registram atividades no magma, e deixam marcas que incluem vulcões, dando origem a ilhas vulcânicas, platôs meso-oceanicos e cordilheiras submarinhas. Quando uma placa se movimenta sobre esse ponto, deixa rastros e esse rastro no Hot Spot quando datado por radiometria permite calcular a velocidade de movimentação das placas. 4.1.1 COLISÕES ENTRE PLACAS TECTÔNICAS A movimentação das placas tectônicas, e seus limites convergentes geram colisões. Esse choque pode ser de três tipos: Convergência oceânica-oceânica: Ao se chocarem a placa mais densa, mergulha em direção ao manto, resultando nessas áreas uma grande fossa oceânica. Com atividade sísmica na zona de subducção. São zonas de terremotos intensos e vulcanismo. Convergência continental-oceânica: A placa oceânica por ser mais densa do que a continental, se projeta por debaixo, produzindo forte atividade sísmica. Resultando em fossas, e grandes cordilheiras de montanhas. Convergência continental-continental: Esse tipo de colisão, não resulta tanto em vulcanismo, mas produz intenso metamorfismo de rochas continentais. Apresenta forte atividade sísmica, gerando formações de cadeias de montanhas, zonas de subducção, cavalgamento e dobramentos. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 14 Fig. 07: Processos colisionais envolvendo: a) crosta oceânica com crosta oceânica; b) crosta continental com crosta oceânica; c) crosta continental com crosta continental (os traços representam rupturas). Fonte: Teixeira, 2000. 4.1.2 MARGENS CONTINENTAIS Os continentes fragmentados se juntarão periodicamente, como consequência da movimentação das placas tectônicas. Nesse contexto pode- se reconhecer dois tipos de margens continentais: Margens Continentais Ativas: Estão localizadas em zonas de subducção, com intensa atividade tectônica, importantes para a formação de cordilheiras. Como exemplo a Costa do Pacífico na América do Sul. Margens Continentais Passivas: Encontradas nos limites divergentes das placas, não sofrendo atividade tectônica. Sofre processo de rifteamento, pois se desenvolve durante a formação de novas bacias oceânicas na fragmentação de continentes. Como exemplo o Oceano Atlântico, onde as costas leste da América do Sul e da África constituem as margens continentais passivas. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 15 4.2 NEOTECTÔNICA O termo “Neotectônica” foi usado pela primeira vez pelo geólogo OBRUCHEV (1948), e foi criado para definir os movimentos da crosta terrestre que se instalaram durante o Terciário Superior e o Quaternário com grande influência na formação da topografia contemporânea. Ele sugeriu então uma classificação: os Movimentos Alpinos (Cretáceo até hoje), os Movimentos Recentes (Plioceno até hoje) e os Movimentos Modernos (desenvolvidos atualmente). Já Wegman, em 1955, introduziu um termo para definir os movimentos muito recentes, “tectônica viva”. Mais tarde, em 1980, Jain consideroumovimentos que ocorreram nos últimos seis mil anos como contemporâneos, e os classificou como jovens (ocorridos no Holoceno) e novíssimos (atuais) (SALAMUNI, 1998). Segundo Salamuni (1998) muitas outras classificações foram criadas, sendo as mais aceitas aquelas que faziam uma conexão com o termo Neotectônica e Tectônica de Placas, assim utilizando um conceito de Mörner (1978 apud MÖRNER, 1989), a INQUA (Comissão Internacional de Estudos do Quaternário) buscou uma definição para Neotectônica: Quaisquer movimentos ou deformações ao nível geodésico de referência, seus mecanismos, sua origem geológica, suas implicações para vários propósitos práticos e suas extrapolações futuras. Os movimentos neotectônicos englobam o acervo de deformações rúptil ou dúctil de um período Neotectônico. Para Pavlides (1989 apud SAADI, 1993) o inicio do período neotectônico depende das características de cada ambiente. Assim, a INQUA postulou a não fixação de limites temporais, considerando como movimentos neotectônicos os “instantâneos” ou sísmicos até aqueles que ultrapassam os 10 milhões de anos. Salamuni (1998) acredita que a neotectônica corresponde ao estudo dos movimentos que ocorreram no passado e continuam ocorrendo até os dias de hoje, sem um limite inferior definido. Segundo Hasui (1990), muitos fatores podem indicar atividades neotectônicas e os principais a serem destacados MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 16 são: As falhas; Os processos morfogenéticos; As áreas de sedimentação e erosão; A sismicidade (SALAMUNI, 1998). 4.3 ROCHAS Segundo Teixeira (2000), para classificar as rochas suas características devem ser semelhantes, onde a classificação genética se sobressai sobre as demais. Sob este aspecto, as rochas se dividem em três grandes grupos: Ígneas: Matéria mineral fundida a partir de grandes temperaturas. Quando há o resfriamento do material rochoso, denominado de magma, origina-se as rochas ígneas. De acordo com o local em que há uma permanência, as rochas ígneas se formam de dois tipos principais: rochas Extrusivas e rochas Intrusivas. Sedimentares: Quando temos uma alteração ou destruição de qualquer rocha da superfície, são formadas as rochas sedimentares. Esses processos geológicos formam um Ciclo Sedimentar, que envolve a alteração e destruição de rochas expostas à superfície, o transporte dos materiais resultantes e a transformação em rochas sedimentares. Metamórficas: São rochas em estado sólido, que se transformam com atuação do metamorfismo. Os processos de pressão e temperaturas diferentes das condições em que foram formadas resultam em alterações dessas rochas, do tipo mudança na estrutura, na textura, composição de minerais ou mesmo química. E é esta adaptação que dá origem aos diferentes tipos de rochas metamórficas. 4.4 MODELOS MORFOGENÉTICOS Objetivando o entendimento do processo histórico do pensamento geomorfológico, apresentam-se três dos principais modelos que contribuíam para a compreensão do processo evolutivo do relevo. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 17 4.4.1 - O MODELO DE W.M. DAVIS: EVOLUÇÃO POLICÍCLICA E TECTÔNICA DESCONTÍNUA: Segundo Casseti (2005), o sistema de W.M Davis (1889), sugere que o processo de denudação inicia-se a partir de uma rápida emersão da massa continental. Diante do elevado gradiente produzido pelo soerguimento em relação ao nível de base geral, o sistema fluvial produz forte entalhamento dos talvegues, originando verdadeiros canyons, que caracterizam o estado antropomórfico denominado de juventude. A ideia mais importante é a de que os rios não podem erodir abaixo do seu nível de base (Fig. 08). 4.4.2 - O MODELO DE LESTER C. KING: Com base em Casseti (2005), essa teoria procura restabelecer o conceito de estabilidade tectônica considerado por Davis, mas admite o ajustamento por compensação isostática e considera o recuo paralelo das vertentes (wearing-back ) como forma de evolução morfológica, de acordo com proposta de Penck (1924). O recuo acontece a partir de determinado nível de base, iniciado pelo nível de base geral, correspondente ao oceano. O material resultante da erosão decorrente do recuo promove o entalhamento das áreas depressionárias, originando os denominados pedimentos. A evolução do recuo por um período de tempo de relativa estabilidade tectônica permitiria o desenvolvimento de extensos pediplanos, razão pela qual a referida teoria ficou conhecida como pediplanação . Portanto, enquanto Davis chamava as grandes extensões horizontalizadas na senilidade de “peneplanos”, King (1955) as considerava como “pediplanos”, com formas residuais denominadas inselberg, mostrados na Fig. 09 (CASSETI 2005). 4.4.3 - O MODELO DE THOMAS E SUMMERFIELD: Segundo Thomas e Summerfield e Summerfield (1987, 1991 apud SALGADO, 2007, 75) o tipo de organização do relevo em forma de escadaria resulta da evolução das margens passivas de placa desde o pré-rifte até o pós- MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 18 rifte, que tem por conseqüência um soerguimento, de velocidade variável, da borda continental e um rebaixamento da borda oceânica. Após a separação de placas, essa tectônica seria resultado de uma relação entre continente/erosão/soerguimento e oceano/deposição/subsidência. Os cursos fluviais fortemente erosivos denudam o continente, depositando sedimentos nas zonas litorâneas adjacentes. Por conseqüência, as bordas continentais soerguem-se por isostasia, enquanto as bordas oceânicas sofrem subsidência. Como a erosão será mais intensa no lado oceânico das montanhas litorâneas, um escarpamento se formará nessa área. Em decorrência da forte ação erosiva dos cursos fluviais, as bacias hidrográficas se movimentarão em direção ao interior do continente. Tal processo não permitirá que superfícies de aplainamento se formem na vertente oceânica das montanhas litorâneas, as quais, entretanto se formarão na sua vertente continental. Em períodos de soerguimento mais intenso, essas superfícies serão soerguidas, e assim, ao longo do tempo geológico, será formado um relevo em escadaria (Fig. 10). Fig. 08: Evolução Policíclica e tectônica descontinua. (RICE, 1982 apud CASSETI). Fig. 09: Destruição dos pontos elevados por recuo (desagregação mecânica) e consequente entulhamento de depressão (com elevação do nível de base), proporcionando a pediplanação (CASSETI). Fig. 10: Movimento rotacional das margens passivas. (THOMAS E SUMMERFIELD,1987) Fig. 8 Fig. 9 Fig. 10 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 19 5. EVOLUÇÃO DA ÁREA INVESTIGADA 5.1 GEOLÓGICA No estado de Minas Gerais há uma grande diversidade geológica, com sequências de idades arqueana a fanerozoica, em contextos tectônicos e metamórficos dos mais variados. As principais unidades geológicas no território mineiro recebem a seguinte classificação: (i) Cráton do São Francisco; (ii) Faixa Brasília; (iii) Orógeno Araçuaí/Ribeira; (iv) Bacia do Paraná; (v) Coberturas Colúvio-Aluviais e Eluviais (CPRM, 2010). A região a seranalisada compreende a Faixa Araçuaí, que foi definida por Almeida (1977) como um cinturão de dobramentos edificado paralelamente à margem sudeste do Cráton do São Francisco, durante a Orogênese Brasiliana. Possivelmente, esse evento tectôno-magmático expressivo que a região viveu, é o responsável pela formação de unidades litoestruturais supracrustais que vieram a surgir na crosta. A partir disso e tomando como referência as legendas do mapa geológico utilizado (Projeto Leste-Folha Teófilo Otoni), pode-se afirmar que a Formação Tumiritinga (rochas metamórficas), mesmo pertencendo também ao neoproterozóico assim como o Tonalito de São Vitor (rochas ígneas) é mais antiga. Princípio das relações de interseção – Qualquer rocha que foi cortada por um corpo intrusivo ígneo ou por uma falha é mais antiga que o corpo ígneo ou falha. Se uma rocha é atravessada por veios de quartzo, por exemplo, ou por outra rocha, de natureza ígnea, esse veio ou esta rocha são mais recentes que a rocha que estão cortando. (CPRM, 2009) Em um afloramento (Fig. 11), nas proximidades de Pedro Versiani, é possível analisar essa linha de contato (Fig. 12), uma vez que as rochas ígneas intrudiram na Formação Tumiritinga. Na parte superior (1), a rocha MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 20 metamórfica, apresentando um aspecto “enrugado” característico de xistosidade (metamorfismo de médio grau) (Fig. 13), e na parte inferior (2) rochas ígneas relacionadas ao plutonismo (intrusivas) e supracrustais, que com uma lupa, observa-se melhor os cristais. Também são visíveis na figura 11 os veios de quartzo (fluidos de circulação), que são característicos de rochas metamórficas. Fig. 11: Afloramento próximo a Pedro Versiani apresentando veios de quartzo. (Arquivo Pessoal) Fig. 12: Linha de contato entre Tonatito de São Vitor (2) e Formação Tumiritinga (1) (Arquivo Pessoal) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 21 Fig. 13: Rochas Metamórficas da Formação Tumiritinga com características de xistosidade. (Arquivo Pessoal) Após essa observação e comparação, tornou-se nítido que o afloramento analisado anteriormente, na Serra da Farinha, é pertencente ao Tonalito de São Vitor, apresentadas por rochas resistentes, sem xistosidade ou algum lineamento preferencial, (Fig. 14). “Estas rochas têm cor cinza, granulação média a grossa, são normalmente foliadas e, ocasionalmente, apresentam megacristais centimétricos de feldspato mostrando textura de fluxo magmático” (CPRM, 1996). Fig. 14: Rochas Ígneas do afloramento da Serra da Farinha (1) e Pedro Versiani (2) (Arquivo Pessoal) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 22 Nas proximidades de Carlos Chagas MG, constatou-se, em mais um afloramento, a presença das rochas ígneas intrusivas supracrustais em formas de pontões graníticos ou pães de açúcar (fig. 15) de idade Paleozóica Eocambriano, classificados pelo mapa geográfico do Projeto Leste - Folha Mucuri como Granitos Caladão. Essas rochas são granitos que foram gerados em profundidade, uma vez que são resultantes de ação plutônica, ou seja, são rochas intrusivas e apresentam tamanha elevação devido a relação entre o movimento isostático positivo da crosta, soerguimento, e erosão do material que estava por cima dela. Os contatos com as encaixantes são nítidos e marcados por forte contraste morfológico. O Granito Caladão forma as maiores elevações (250 a 1060m) e o relevo mais acentuado da folha. São feições características os pães-de-açúcar alongados ou semicirculares. A unidade é constituída por granito (granodiorito e quartzo monzonito subordinados), porfirítico (de matriz média a grossa) com elevada proporção de fenocristais de feldspato de 2 a 7 cm, constituindo de 40 a 70% da massa da rocha (Fig. 16). (CODEMIG,1996) O afloramento observado possui fraturas causadas pela pressão litostática, uma delas, a boca, que confere o nome Pedra da Boca ao afloramento. Essas fraturas são planos de alívio de tensão, onde, a medida que a rocha aflora, a tensão sobre ela vai diminuindo até que fragmentos são soltos, configurando as fraturas ao longo da rocha, também representados na figura 15. Fig. 15: Pedra da Boca (Granitos Caladão) (Arquivo Pessoal) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 23 Fig. 16: Granitos Caladão (Arquivo Pessoal) Enquanto no cenário da era anterior predominavam rochas metamórficas e ígneas, a Era Cenozoica é caracterizada pelo domínio de sedimentos, provenientes da alteração ou destruição de rochas da superfície. O aparecimento do mesmo foi analisado a partir das proximidades da divisa de Minas Gerais com a Bahia (fig. 17) no decorrer do percurso. Do ponto de vista superficial, pode-se constatar a presença de camadas de colorações diferentes bem distinguidas, já quando se aproxima, verifica-se que os sedimentos que a compunham não se encontravam bem selecionados (fig. 18), concluindo assim, que se trata de sedimentos de fácies proximais. Fig. 17: Foto panorâmica do afloramento do grupo Barreiras. (Arquivo pessoal) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 24 Fig. 18: Afloramento do grupo Barreiras. (Arquivo Pessoal) Já na porção litorânea da área investigada, é possível a observação dos sedimentos também do Grupo Barreiras em direção ao continente, notando-se também indícios de ocorrência de movimentação tectônica. Análises caracterizam ainda, feições morfotectônicas como blocos crustais romboédricos ou triangulares, marcadas por sistemas de vales paralelos. (SAADI, 1999). Fig. 19: Falésias, Prado-BA (Arquivo Pessoal) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 25 A amostra do local é um tipo de depósito muito comum em todos os solos que se formam sobre os sedimentos grupo barreiras. Na verdade, só se formam em resultado da pedogênese. Houve na área a observação de sismitos (fig. 20), formadas no mio- plioceno, onde os sedimentos arenosos e argilosos se encontravam desorganizados que estão relacionados a abalos sísmicos de magnitude considerável ocorridos na área antes da litificação dos mesmos. Fig. 20: Sismitos encontrados na área litorânea de Prado-BA (Arquivo Pessoal) Foi possível também, a análise de lateritas (fig. 21), que se formaram no pleistoceno, sendo bem pesadas e densas, de coloração vermelho acentuado, formadas basicamente de óxido de ferro (Fe2O3). Ela se forma em zonas de flutuação do lençol freático e basicamente é a água que leva o óxido de ferro para o local onde se encontra, sendo muito comum e mais recente do que o grupo Barreiras.MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 26 Fig. 21: Amostras das lateritas retiradas das falésias (Arquivo Pessoal) 5.2 GEOMORFOLÓGICA Durante o período Aptiano começou a se desenvolver a Superfície Cimeira, que pode ter ocupado uma extensa área geográfica, ocorrendo desde as proximidades do litoral cretáceo até os escarpamentos que indicam a amplitude do recuo erosivo dos flancos do rifte, no caso específico, representados pela Serra do Espinhaço. No mioceno ocorreu significativo aumento nas taxas de sedimentos terrígenos que atingem as bacias marginais do leste do Brasil que segundo FERRAZ E VALADÃO (2006, 8) se relaciona a soerguimento crustal da área investigada. “Esta reativação tectônica miocênica foi responsável pela interrupção da elaboração da Superfície Cimeira, em função de imprimir vigorosa incisão da rede de drenagem, que passa a arrasar os testemunhos desse aplanamento” (FERRAZ E VALADÃO, 2006, 8). Na região próxima à Teófilo Otoni são encontrados topos de morros (fig. 22) que provavelmente podem ser considerados restos de superfície de aplanamento. Isso se dá pelo fato de se encontrar alto grau de dissecação fluvial, diferentemente das regiões litorâneas, onde foram observados topos mais contínuos e mais planos. Assim, ao analisar as amostras retiradas do afloramento já na divisa de Minas Gerais com a Bahia (Fig. 23) e compará-las com as rochas observadas anteriormente, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 27 próximas a Teófilo Otoni, notou-se uma semelhança nos materiais, e, além disso, constataram-se sedimentos de latossolos, que são solos extremamente evoluídos. Mas se os sedimentos do Grupo Barreiras são extremamente recentes, como foram formados esses solos? Daí, pode-se concluir que esses latossolos foram formados por intemperização em outro local e depois depositados no Barreiras, o que comprova a hipótese desse ser um material erodido da antiga superfície de aplanamento próximo a Teófilo Otoni sendo, os canais fluviais, responsáveis por esse transporte e deposição. Nesse ponto do trajeto também pode-se comprovar que esses são sedimentos de fácies proximal, uma vez que se encontram pobremente selecionados. Fig. 22: Topos de morros aparentemente nivelados (nivelamento altimétrico) nas proximidades de Teófilo Otoni – MG Fig. 23: Afloramento do Grupo Barreiras (Arquivo Pessoal) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 28 No Plioceno, as movimentações transcorrentes da Falha de Taiobeiras (SAADI & PEDROSA-SOARES,1990 apud FERRAZ E VALADÃO, 2006, 8), são responsáveis pela abertura do Graben de Virgem da Lapa, que rebaixa tectonicamente remanescentes dessa superfície, basculando outros demais para NW. Nesse período, tem início a deposição dos sedimentos da Formação São Domingos, no piso do graben. Os sedimentos dessa formação têm como áreas fonte os remanescentes da Superfície Cimeira, fato que corrobora com a interpretação de que a tectônica mio-pliocênica teria, seguramente, encerrado a elaboração dessa superfície, sendo então o ponto de partida para a elaboração da Superfície Sublitorânea tendo sido interrompido já no Pleistoceno (Calabriano), evento simultâneo ao fim da deposição do Grupo Barreiras (FERRAZ E VALADÃO, 2006, 8) De acordo com Saadi (1993 apud FERRAZ E VALADÃO, 2006, 9) esse soerguimento, relacionado a um pulso tectônico do Pleistoceno Inferior a Médio, seria responsável pela emersão de grande parte do litoral brasileiro, deslocamento de falésias na região Nordeste - o que responde a questão acerca da “falésia morta” encontrada na primeira parada no Prado BA – (Fig. 24), e soerguimento generalizado da plataforma brasileira. Na porção litorânea da área investigada, a norte da desembocadura do Rio Jucuruçu e a sul da foz do Rio Mucuri, falésias “vivas”, evidenciam basculamentos dos sedimentos do Grupo Barreiras em direção ao continente (Figura 25). Provavelmente o fim da evolução dessas falésias é datado do intervalo entre Pleistoceno e Holoceno (FERRAZ E VALADÃO, 2006, 9). Fig. 24: Falésia “morta” modificada por processos erosivos (ao fundo) - Prado BA MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 29 Fig. 25: Falésias Praia do Farol no litoral do Prado BA (Guia Geográfico da Bahia) Outro indício de basculamento recente, observável em imagens de radar em sala de aula, pode ser constatado em campo por um hemi-graben de idade mínima pleistocênica - uma vez que afetam sedimentos desse período (FERRAZ, 2006). Este apresenta dois planos, que possuem a mesma altitude, sendo um deles mais íngreme, e outro mais suave, caracterizando um hemi- graben (Figuras 26 e 27). Fig. 26: Vista do hemi-graben / Arquivo Pessoal MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 30 Fig. 27: Croqui geológico do hemi-graben No decorrer do percurso surgiram alguns questionamentos, alguns deles já respondidos no desenvolvimento do trabalho e outro deles a respeito de uma areia que se encontrava nos tabuleiros costeiros próximos ao litoral (altitude 25m). Espera-se encontrar essas areias perto de rios ou mares, e inicialmente não parece ser fluvial, restando como hipótese ser areia de praia. Sendo assim, como elas teriam ido parar neste local? Conclui-se que essa areia seja produto de uma deposição marinha, uma vez que o mar esteve naquele local recentemente e foi recuado devido á um soerguimento, propondo assim a ocorrência de processos neotectônicos do local. Isso explica o fato dessa área não estar na mesma altitude que o mar. Percebe-se que essa neotectônica seja ainda mais recente que a sedimentação do Barreiras, o que é reforçado pelo fato de que a areia ainda está ali presente, mesmo com o fácil transporte de seus grãos, seja por meio pluvial ou eólico. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 31 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Dentre os vários benefícios alcançados durante a Viagem de Campo da disciplina Geologia, ressalta-se a capacidade em ampliar e aprimorar os conhecimentos adquiridos, ministrados pelo docente Caio Mário Leal Ferraz durante as aulas. Além disso, durante o trabalho de campo foi possível identificar os minerais presentes nas rochas que compõem os afloramentos, compreender seus aspectos geológicos e os eventos que ocorreram no passado na região do trajeto Teófilo Otoni (MG) á Prado (BA). A constituição do Grupo Barreiras exemplifica, de forma clara, um processo evolutivo da região pesquisada e suas peculiaridades, na qual foram observados vários questionamentos e, posteriormente, elucidadas com o objetivo de estudar esse fenômeno natural.Foi possível, após o trabalho de campo, identificar o contexto geológico da região visitada, em que se obtiveram várias análises e conhecimentos diversos. Seguiu-se com esses dados que posteriormente foram organizados e distribuídos neste relatório em forma de evolução geológica e geomorfológica. É importante salientar a diversidade de rochas encontradas, cada uma com suas peculiaridades, sejam elas ígneas, sedimentares ou metamórficas. A interação e a dinâmica que a viagem propôs foi excelente para o estudo da disciplina e para abranger conhecimentos da área, sendo bastante proveitosa. A viagem mostrou-se rica em história geológica, retratando cenários passados e destacando as diversidades. Esse é o resultado de uma grande quantidade de eventos que o antecederam para as formações geológicas apresentadas durante a viagem proposta. Esse conteúdo abordado destaca a relevância do seu estudo, pois contribui para o conhecimento da área, podendo assim, aplicá-lo nas engenharias, no processo da obtenção de materiais de construções, fundações de edifícios, barragens e aterros em geral. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALKMIM, F.F; PEDROSA-SOARES, A.C; NOCE, C.M; SILVA, L.C; BABINSKI, M; CORDANI, U; CASTAÑEDA, C; O embasamento arqueano e paleoproterozóico do Orógeno Araçuaí. Geonomos, p. 17-23. 2007. CETEC (Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais) et al. - Mapa de Solos de Minas Gerais. Folha 2, 2007. CODEMIG, Projeto Leste. Disponível em: <http://www.codemig.com.br/site/content/parcerias/levantamento_aerogeofisico .asp?id=30&idSubPrj=50&filhoId=52> Acesso em: 22 de Maio de 2014. CPRM. Como sabemos a idade das rochas? - 2010. Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1070&sid =129> Acesso em: 16 de julho de 2014. DAVIES, T. A. (1977). Estimates of cenozoic oceanic sedimentation rates. Science, 197(4268):53-55. FERRAZ, C.M.L. A EVOLUÇÃO DO RELEVO ADJACENTE À MARGEM CONTINENTAL PASSIVA BRASILEIRA: DAS “CHAPADAS” DO JEQUITINHONHA À PLANÍCIE COSTEIRA DO SUL DA BAHIA. Maio de 2006. Dissertação de Mestrado, Belo Horizonte. FERRAZ, C.M.L.; VALADÃO, R.C. A TECTÔNICA CENOZÓICA E A EVOLUÇÃO DO RELEVO: DAS “CHAPADAS” DO JEQUITINHONHA À PLANÍCIE COSTEIRA DO SUL DA BAHIA. Maio de 2006. Dissertação de Mestrado, Departamento de Geologia, Belo Horizonte. FERRAZ E VALADÃO. BARREIRAS: FORMAÇÃO OU GRUPO? (CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE GEOMORFOLÓGICA DO LITORAL SUL DA BAHIA E DAS “CHAPADAS” DO JEQUITINHONHA). Disponível em <http://www.abequa.org.br/trabalhos/0114_artigo_caio_ferraz_versao_final_.pdf > Acessado em: 22 de Maio de 2014. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI TEÓFILO OTONI – MINAS GERAIS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA www.ufvjm.edu.br 33 FOLHA SE24 – Rio Doce CPRM (2004). 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