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Cestoides Parasitos do Homem

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Aula 7 – CESTÓIDES PARASITOS DO HOMEM
Classe Cestoidea
Segundo Rey (1992), a Classe Cestoidea compreende animais que têm tipicamente o corpo achatado e em forma de fita, segmentado e provido anteriormente de um órgão de fixação – escólex – dotado de estruturas adesivas. São todos parasitos obrigatórios e exibem os traços marcantes de uma adaptação à vida parasitária, como ausência de tubo e o desenvolvimento extraordinário do aparelho reprodutor (um por segmento). São hermafroditas e suas larvas possuem seis acúleos.
Cestoides 
Os cestoides mais frequentemente encontrados parasitando o homem são ciclofilídeos, cosmopolitas, como a Taenia solium, a Taenia saginata, o Echinococcus granulosus e a Hymenolepis nana, raramente outros. 
Doenças
As doenças produzidas pelos vermes adultos são relativamente frequentes e benignas, como as teníases, mas as causadas por algumas formas larvárias costumam ser graves, ainda que relativamente raras, como a cisticercose, a hidatidose etc.
Organização dos cestoides adultos
O cestoide varia muito de tamanho, desde milímetros até metros de comprimento. Contudo a morfologia é menos diversificada. Nos cestoides adultos podem ser distinguidas três regiões.
Escólex : também designado por cabeça, é uma região do corpo de um cestoide, pela qual este se fixa à parede de tubo digestivo de um hospedeiro através de ventosas ou ganchos; varia quanto ao aspecto, e apresenta grande mobilidade. No escólex encontram-se as ventosas, os acúleos e diversas outras estruturas de ancoragem;
Colo: localizado abaixo do escólex, não segmentado e com células em constante reprodução para a formação dos proglotes. É a principal zona de crescimento do animal; local onde o corpo se alonga continuamente, para se diferenciar mais tarde;
Estróbio: corresponde toda a parte restante e, nos organismos maiores, corresponde à quase totalidade do volume do animal, formado por proglotes (ou anéis). Onde se diferenciam os órgãos internos do helminto. As proglotas podem ser jovens (início do desenvolvimento dos órgãos sexuais masculinos), maduras (órgãos sexuais aptos) ou grávidas, (útero com 50% dos ovos maduros e férteis, 40% imaturos e 10% estéreis).
TENIASE E CISTICERCOSE
As várias espécies de tênias causam problemas à saúde humana e são responsáveis por perdas econômicas na atividade agropecuária. Na família Taeniidae, dois cestódeos importantes que têm o homem como hospedeiro definitivo e obrigatório são: 
São popularmente conhecidas como “solitárias” porque geralmente observa-se apenas um parasito em cada hospedeiro, podendo ser encontrado, no entando, em imunossuprimidos, pessoas albergando mais de um parasito em seu intestino. Os hospedeiros intermediários são o bovino e suíno, onde causam cisticercose ou “canjiquinha”. Esses animais são os responsáveis pela manutenção dessas antropozoonoses em nosso meio.
Verme adulto
O verme adulto pode chegar a medir até 10 metros (mais de mil polegadas) e viver até 10 anos. Apresenta o escólex (cabeça), o colo (pescoço) e o estróbilo (corpo) constituídos por segmentados (proglotes). O escólex é o órgão de fixação do helminto. Apresenta quatro ventosas e a T. solium tem ainda outra estrutura de fixação, o rosto, contendo duas fileiras de acúleos (pequenas estruturas em forma de foice, constituídas por escleroproteínas).
O colo
O colo é responsável pelo crescimento do corpo e, portanto, é uma região rica em células com grande atividade reprodutiva. As primeiras proglotes logo após o colo são jovens, seguindo-se as maduras e finalmente as gravídicas, que, ao serem eliminadas pelo parasito, vão contaminar o meio externo. Nas proglotes jovens pode-se observar o início do desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos e posteriormente dos femininos.
As proglotes maduras
As proglotes maduras possuem esses órgãos desenvolvidos e prontos para a fecundação que se dá entre a mesma ou entre proglotes diferentes. As proglotes gravídicas possuem características peculiares para cada espécie, permitindo o diagnóstico diferencial. Nelas o sistema reprodutor masculino sofreu regressão e o feminino permaneceu como útero repleto de ovos. Na Taenia saginata suas ramificações uterinas são numerosas e têm terminações dicotômicas, enquanto na Taenia solium são poucas as ramificações e tem aspecto dendrítico. A absorção dos alimentos é feita por difusão através do tegumento em estruturas denominadas microtríquias.
Os ovos
Os ovos, medem cerca de 30 micra e são constituídos por casca protetora ou membrana radiada (embrióforo) e ocosfera (embrião hexacanto com três pares de acúleos). As formas larvárias dessas tênias são conhecidas popularmente como canjiquinha ou pedra. O Cysticercus bovis (C. bovis) é a larva da T. saginata e o Cysticercus cellulosae (C. cellulosae), a larva da Taenia solium. Os cisticercos são constituídos por uma vesícula membranosa contendo no seu interior um líquido e o escólex. As teníases são frequente em regiões onde as pessoas têm o hábito de ingerir carne crua ou malcozida.
O estróbilo é ligado ao escólex por um colo – que mede de três a sete milímetros – e possui centenas de proglotes (cerca de 700 a 900 em T. solium e de 1.000 a 2.000 para T. saginata). As proglotes jovens são mais largas do que compridas, enquanto as maduras têm comprimento similar à largura, possuindo diferenciação de órgãos sexuais masculinos e femininos. Cada proglote possui de 150 a 200 massas testiculares para T. solium e de 300 a 400 para T. saginata. Há ramificações uterinas, pouco numerosas em T. solium, ao contrário do observado para T. saginata – ramificações uterinas muito numerosas, do tipo dicotômico. As proglotes de T. solium, diversamente de T. saginata, que é eliminada ativamente, são eliminadas de forma passiva com o bolo fecal.
HABITAT
O habitat tanto da T. solium quanto da T. saginata é o intestino delgado dos humanos infectados. O cisticerco é encontrado geralmente no tecido muscular de porcos, mas pode ser encontrado no tecido subcutâneo, nos olhos e cérebro do animal e ocasionalmente nos humanos. O cisticerco da Taenia saginata localiza-se nos mesmos tecidos, porém ocorre nos bovinos.
Ciclo Biológico
As proglotes gravídicas cheias de ovos (30 a 80 mil por proglote) são eliminadas para o meio externo, onde vão se romper, ou podem romper-se ao atravessarem o esfíncter anal e os ovos serem eliminados com as fezes. Um hospedeiro intermediário próprio (suíno para Taenia solium e bovino para Taenia saginata) ingere os ovos que, no estômago, sofrem a ação enzimas que vão atuar sobre o embrióforo. Chegando ao intestino delgado e em presença do suco gástrico alcalino, perde a casca, liberando a ocosfera (embrião hexacanto).
O Embrião
Esse embrião, com ajuda de seus três pares de acúleos, atravessa a parede intestinal, caindo na corrente circulatória, indo encistar-se de preferência nos músculos de maior movimentação e com maior oxigenação de seus hospedeiros intermediários (mastigadores, língua, coração e diafragma).Perdem os acúleos e começam a crescer até atingirem cerca de 10 a 12 mm de diâmetro, permanecendo viáveis por vários meses. O homem adquiri a teníase ao ingerir a carne bovina ou suína contendo esses cistos (C. bovis – Taenia saginata e C. celulose – Taenia solium), crua ou malcozida.
O cisto, ao chegar ao duodeno, estimulado pela bile, liberta o escólex, que adere à mucosa e começa a se desenvolver, originando a Taenia adulta. Cerca de três meses após a ingestão da larva, o parasito adulto começa a eliminar as proglotes. As proglotes da T. saginata têm maior atividade locomotora e são liberadas de forma ativa, geralmente isolada nos intervalos das defecações. As proglotes da T. solium desprendem-se unidas (3 a 6) e são expulsas durante ou após a evacuação.
MECANISMOS DE TRANSMISSÃO
Teníase 
a teníase ocorre devido a ingestão de carne suína ou bovina, que não teve os devidos cuidados de preparo, como congelamento e cozimento, contaminada com o cisticerco (canjiquinha), dependendo da espécie. 
Cisticercose
Os portadores de teníaseeliminam ovos através das fezes no ambiente, assim, por acidente, os humanos podem ingerir estes ovos e adquirir a parasitose. Além desta forma, os humanos podem adquirir a cisticercose através dos mecanismos abaixo:
Autoinfecção externa: a contaminação é dada pela ingestão dos ovos do próprio portador de Taenia solium, em condições de falta de higiene e nos casos de corpofagia em crianças e indivíduos com doenças mentais.
Autoinfecção interna: pode ocorrer quando o portador de tênia vomita, nos movimentos retroperistálticos do intestino. Assim os ovos podem atingir o estômago e iniciar o ciclo de cisticercose.
Heteroinfecção: outro indivíduo pode contaminar a água e os alimentos com ovos de tênia. Desta forma o homem, ao ingerir estes itens, poderá contaminar-se. Os ovos de T. saginata não são infectantes para o homem.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
A patogenia e a sintomatologia das teníases são pouco significativas. Como vivem muito tempo parasitando o homem, competem com ele pelos suplementos nutricionais e, devido às substâncias excretadas, podem causar fenômenos tóxicos alérgicos. No entanto, podem ser assintomáticas. As manifestações mais comuns relatadas são cefaleia, dor abdominal, em alguns casos inapetência e em outros fome intensa, além de diarreia ou constipação. Também são relatados fenômenos menos importantes, como fadiga, sensação de mal estar, irritação e insônia.
DIAGNÓSTICO LABORITORIAL
Tamização do material fecal para separar proglotes, caso existentes. Faz-se a identificação da espécie, através da observação do tipo de ramificação uterina das proglotes encotradas nas fezes, nas roupas de uso pessoal ou de cama, após clarificação e prensagem.
Demonstração de ovos nas fezes, sem distinção da espécie. Qualquer método de concentração por sedimentação.
Método de Graham para pesquisa de ovos e proglotes eventualmente retidos na região perianal.
Método imunológico para pesquisa de coproantígeno. Não diferencia as espécies.
Método imunológico para pesquisa de anticorpos no soro, específico para Taenia solium.
CISTICERCOSE HUMANA
A Cisticercose já era conhecida antes da Era Cristã. Em 1558 Rumler fez a primeira descrição de cisticercose cerebral em um paciente epilético. A zoonose é, atualmente, endêmica em locais subdesenvolvidos e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, podendo causar significativa perda econômica devido à condenação de porcos infectados.
No México, Peru e Brasil representa importante problema de Saúde Pública, pela elevada incidência e gravidade dos quadros clínicos causados pela neurocisticercose humana. Essa é a forma mais grave da doença, que apresenta letalidade ainda elevada e acredita-se que o número de casos assintomáticos, não submetidos a critérios diagnósticos específicos, também seja elevado.
Acredita-se que a doença seja endêmica em várias regiões no Brasil, mas a verdadeira incidência em humanos e suínos é desconhecida. Muitos porcos infectados são criados soltos, abatidos e sua carne comercializada sem que a inspeção tenha conhecimento.
INFECTIVIDADE
O homem é o único hospedeiro definitivo da forma adulta da Taenia solium (T. solium), e se infecta ao ingerir a larva, o Cysticercus cellulosae, encistada desse cestoide, presente na carne de porco crua ou malcozida. Esta larva apresenta-se como uma vesícula do tamanho semelhante a uma ervilha, cheia de líquido contendo sais e proteínas. Na cor assemelha-se a uma pérola e por transparência vê-se no seu interior o escólex e o colo invaginado. O escólex possui dupla fileira de acúleos, como na Tênia correspondente. Sua longevidade pode ultrapassar dois anos, porém são sensíveis à ação do calor (morrem a 80°C) e aos meios químicos como a salmoura (50g de sal/kg) durante 2-3 semanas. A 10 graus, morrem em 6 dias.
Após 24 a 72h da ingestão dos ovos, as oncosferas abandonariam o embrióforo e, ativadas pela ação dos sucos digestivos, penetrariam através da mucosa intestinal, fazendo uso de seus acúleos e de secreção das glândulas de penetração. Alcançando os vasos intestinais, seriam arrastadas pela corrente circulatória e levadas a diversos pontos do organismo, parando onde a corrente é mais lenta e os vasos têm menor calibre (os da retina, cérebro e músculos). Aí evoluem para a fase de larva, onde são encontrados com maior frequência.
AÇÃO PATOGÊNICA
A patologia e a clínica dependem tanto da localização, número, tamanho e fase de desenvolvimento dos cisticercos, como da reação dos tecidos parasitados. No tecido celular subcutâneo e nos músculos, provocam reação local e tumoração, com calcificação do parasita após sua morte. No globo ocular podem causar deslocamento da retina e, dependendo da localização e resposta inflamatória, cegueira total.
A forma mais grave é a nervosa. Podem ser encontrados no encéfalo e, com menor frequência, na medula espinhal. A infecção pode evoluir assintomaticamente por poucos meses e até anos, mas usualmente dentro de 4 a 5 anos manifesta-se de modo polimorfo e grave, comumente por sintomas indicativos de hipertensão intracraniana, crises convulsivas e distúrbios mentais. As diferentes formas da doença dependem primordialmente da interação entre o cisticerco e o processo inflamatório que desencadeia no sistema nervoso central.
Aula 8 – NEMATELMINTOS
Os Ascaris lumbricoides são também popularmente conhecidos como lombrigas ou bichas. Esses parasitos são um dos mais cosmopolitas de todos os helmintos. Estima-se que A. lumbricoides acomete, sozinho, cerca de 25% da população mundial. A prevalência é observada em pessoas desnutridas nos países em desenvolvimento.
Causa no homem a doença conhecida como ascaridíase ou ascaridíase, sendo responsável por inúmeros óbitos no mundo. A frequência mais alta é em clima tropical, subtropical e temperado. Seu principal habitat é o intestino delgado e as crianças pequenas são as mais pesadamente atingidas, razão pela qual a parasitose constitui importante problema pediátrico e social.
MORFOLOGIA
Para facilitar os estudos, estudaremos a morfologia do macho, da fêmea e do ovo separadamente. Os àscaris são vermes longos, cilíndricos e com extremidades afiladas, sobretudo na região anterior. Possuem cor leitosa e a boca contornada por três lábios fortes. O tamanho dos vermes está diretamente relacionado ao número de parasitos por hospedeiro e ao estado nutricional deste.
Macho: o tamanho varia entre 20 e 30 cm de comprimento; com aspecto leitoso e boca ou vestíbulo bucal colocada na extremidade anterior, F apresentando três fortes lábios. Logo em seguida, vem o esôfago musculoso e, depois, o intestino retilíneo e o reto que está localizado próximo à extremidade posterior. O macho é facilmente reconhecido pelo enrolamento ventral, espiralado, e sua extremidade caudal. O aparelho genital masculino é formado por um único testículo, como anexos dos genitais masculinos, encontram-se dois espículos grossos, curvos e iguais.
Fêmea: as fêmeas são maiores e mais grossas que os machos. Contudo, a cor, a boca e o aparelho digestivo são semelhantes aos machos. Grande parte da cavidade pseudocelômica é ocupada pelos órgãos genitais, que são duplos e de tipo tubular. O aparelho genital feminino chega a medir mais de um metro de comprimento, podendo conter cerca de 25 milhões de óvulos, e cada fêmea pode pôr 200.000 ovos por dia, durante um ano. Quanto à extremidade posterior da fêmea é retilínea.
Ovos: os ovos têm cor castanha, são grandes, ovais. Os ovos fertilizados medem entre 45 e 60 micro e os não-fetilizados medem em média 90 x 40 micro. Devido à membrana mamilosa que possuem, dão um aspecto típico aos ovos dos A. lumbricóides, essa membrana é apoiada sobre duas outras, que conferem ao ovo grande resistência.
HABITAT
O habitat do áscaris é o intestino do homem, cerca de 90% localizam-se ao longo das alças jejunais, encontram-se os restantes no íleo. Podem ficar presos à mucosa, com auxílio de seus fortes lábios, ou migrarem pela luz intestinal. Poucos são vistos no duodeno ou estômago. Mas, nas infecções intensas,todo o intestino delgado encontra-se povoado.
CICLO EVOLUTIVO
O ciclo evolutivo da ascaridiose é do tipo monoxênico; onde a fêmea dever ser fecundada repetidas vezes pelo macho. Onde a fêmea, após ser fecundada, produz cerca de 200.000 ovos por dia. São então expulsos para o meio externo com as fezes, geralmente ainda não larvados, etapa que se dá no solo. O ovo fecundado eliminado pelas fezes exige certas condições do meio externo para seu completo desenvolvimento: temperatura em torno de 25 a 35°C, certo grau de umidade e de oxigênio. Nessas condições, torna-se embrionado em 15 dias. A larva apresenta vários estágios, como veremos a seguir. A larva de primeiro estágio L1, chamada de rabditoide, sofre uma muda e se transforma em L2, após nova muda transforma-se na L3 infectante, com esôfago tipicamente filarioide ainda dentro do ovo. Este permanece no solo por vários meses até ser ingerido pelo hospedeiro. Após ser ingerida pelo homem, a larva (L3) passa pelo intestino delgado, onde sofre eclosão e dirigi-se para o ceco, onde atravessa a mucosa e cai na circulação. É levada ao fígado, ao coração direito e depois ao pulmão, onde sofre uma nova muda para L4. Sobe pelas vias respiratórias, é eliminada junto com a saliva ou é deglutida, indo ao intestino delgado, onde completa seu desenvolvimento para adulto. Em geral, aos dois meses e meio as fêmeas começam a pôr ovos. A longevidade dos áscaris adutos é estimada em um a dois anos.
PATOLOGIA E SINTOMATOLOGIA
As infecções podem ser assintomáticas, entre 3-4 vermes (infecções baixas) ocorre na maioria dos casos. Ou podem apresentar sintomas que variam desde leve desconforto abdominal até ao óbito por obstrução intestinal ou das vias respiratórias. Nas infecções mais graves as alterações devem-se à ação espoliadora, principalmente em organismos subnutridos, ação tóxica e mecânica. Na infecção maciça, as lesões traumáticas produzidas pela migração larvária, através do parênquima hepático, irão causar pequenos focos hemorrágicos e de necrose, bem como inflamação em torno das larvas.
Nos pulmões, principalmente nas crianças, ocorre a “Síndrome de Löefler”, caracterizada por eosinofilia, broncoespasmo, pneumonite e hemoptise (expectoração sanguinolenta através da tosse, proveniente de hemorragia na árvore respiratória). As manifestações intestinais mais freqüentes, nos casos sintomáticos, são: dor abdominal, diarréia, náuseas, anorexia, irritabilidade, sono intranqüilo e ranger de dentes à noite. Além disso, podem ocorrer localizações ectópicas em indivíduos com grande carga parasitária. A capacidade de migração do verme adulto e sua tendência a explorar o interior de cavidades levam-no eventualmente a penetrar no apêndice cecal, onde sua ação obstrutiva e irritante determina um quadro de apendicite aguda.
Enterobius vermicularis
Conhecido como oxiúros, possui distribuição geográfica mundial, observando-se, no entanto, maior incidência em regiões de clima temperado. Determina a enterobiose ou oxiuríase, parasitose muito freqüente em nossa população infantil. As infecções por oxiúros são conhecidas desde a antiguidade e, possivelmente, representam a mais de todas as infecções causadas por nematódeos.
Morfologia
O ‘oxiúros’ apresenta nítido dimorfismo sexual, porém algumas características são comuns aos dois sexos: os filiformes de cor branca, possuindo, na extremidade anterior lateral à boca, duas expansões vesiculosas, muito típicas, chamadas “asas cefálica”. Apresentam boca pequena, seguida de um esôfago típico.
Fêmea: as fêmeas medem cerca de 10 mm de comprimento, apresentam cauda pontiaguda e longa. Os órgãos reprodutores apresentam dois úteros, onde cada ramo uterino continua-se com o oviduto e ovário.
Macho: os machos medem cerca de 5 mm de comprimento, com cauda fortemente recurvada em sentindo ventral, com espículo presente, apresentando um único testículo. 
 Ovos: os ovos apresentam um aspecto peculiar, que é a forma de um D, com um lado achatado e outro convexo. Já estão larvados no momento em que saem da fêmea.
HABITAT
Tanto os machos quanto as fêmeas vivem no ceco e apêndice. As fêmeas, após serem fecundadas, repletas de ovos (entre 5 e 16 mil), são encontradas na região perianal, principalmente à noite. Contudo, em mulheres, o parasito, ocasionalmente, pode ser encontrado na vagina, no útero e na bexiga.
CICLO EVOLUTIVO
O ciclo evolutivo do E. vermicularis é como o da ascariodiose, ou seja, monoxênio. Após a cópula, os machos são eliminados junto com as fezes e morrem. As fêmeas repletas de ovos podem acumular-se no orifício vulvar ou serem eliminadas com as fezes. Não há necessidade de hospedeiro intermediário, o que facilita reinfecções. Os ovos eliminados já embrionados tornam-se infectantes em poucas horas. Ao serem ingeridos pelo homem, chegam ao intestino delgado, onde eclodem pondo em liberdade a larva.
Esta é do tipo rabditoide e sofre duas mudas no trajeto intestinal até o ceco, onde evoluem para vermes adultos. Um a dois meses após ingestão dos ovos, as fêmeas já podem ser encontradas na região perianal.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
Infecções baixas podem ser assintomáticas. Ou os vermes fixados à mucosa intestinal podem determinar irritação local, com inflamação catarral, podendo o doente apresentar sintomatologia gastrointestinal. O sintoma mais importante é o prurido anal, que pode tornar-se intolerável. A mucosa da região fica congesta, com vários pontos hemorrágicos e coberta por muco sanguinolento contendo ovos e adultos.
Pode ainda ocasionar perda de sono, nervosismo e convulsões. Existem casos em mulheres em que os parasitas, subindo pela vagina, determinam inflamações sérias no útero e até nos ovários (vulvovaginite e salpingite).
TRANSMISSÃO
A transmissão pode ocorrer por diversos mecanismos, entre eles: Heteroinfecção e Indireta; Autoinfecção externa ou direta; Autoinfecção interna; Retroinfecção.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O melhor método é o de Grahan (fita gomada).
Strongyloides stercoralis
A doença denominada estrongiloidíase ou estrongiloidose é causada pelo parasito Strongyloides stercoralis. O homem é infectado por S. stercoralis, que possui em seu ciclo evolutivo machos e fêmeas capazes de viver no solo. Essa espécie possui uma peculiaridade: apenas um de seus estágios de desenvolvimento, a fêmea partenogenética, parasita o homem. É de distribuição geográfica mundial. Condições ambientais, temperatura entre 25-30°C e solo do tipo arenoso SAP essenciais para o desenvolvimento das fases de vida livre e larvas infectantes.
MORFOLOGIA
Esse helmintos apresentam várias fases evolutivas, que podem ser vistas durante seu ciclo: fêmea partenogenética parasita, larva rabditoide, larvafilarioide, macho e fêmea de vida livre.
Fêmea partenogenética: mede cerca de 2mm de comprimento, boca com três pequenos lábios, esôfago longo e cilíndrico. São ovovivíparas, o que significa que o ovo quando expulso contém uma larva que abandona a membrana no intestino, de modo que nos casos de parasitismo pelo S. stercoralis, invariavelmente encontramos larvas rabditoides nas fezes recém-emitidas.
Larva rabditóide: mede 0,2 a 0,3 mm de comprimento. Diferencia-se da larva rabditóide do ancilostomídeo por apresentar vestíbulo bucal curto e primórdio genital grande e nítido.
Larva filarióde: mede 0,5 mm de comprimento, portanto, mais longa que a rabditoide. Possui um vestíbulo bucal curto e esôfago cilíndrico longo, até quase a metade do corpo. A cauda termina em duas pontas minúsculas, formando-se nesse ponto um entalhe.
CICLO EVOLUTIVO
A fêmea parasita é preferencialmente encontrada no duodeno e na porção superior do jejuno. Há casos descritos de terem sido encontradas, no entanto, desde a porção pilórica do estômago até o intestino grosso. Vivem no interior das criptas das mucosas, onde depositam seus ovos, já embrionados, e as larvas (rabditoides) saem de ovo logo após a postura.
Ciclo direto: As larvas rabditoides saem junto com as fezes e são lançadas no meio externo. Entrando em contato com terreno arenoso,umidade elevada e temperatura entre 25-30°C, alimentam-se ativamente e evoluem para larvas filarioides infectantes, que não mais se alimentam e têm a capacidade de atravessar a pele e penetrar no organismo humano.
Ciclo indireto ou de vida livre: as larvas rabditoides que alcançam o meio externo evoluem para machos e fêmeas de vida livre. O macho fecunda a fêmea, que inicia a oviposição. Os ovos eclodem, pondo em liberdade as larvas rabditoides que evoluem para larva filarioide infectante. Essas larvas infectantes não possuem bainha e têm vitalidade pequena (cerca de quatro semanas). Penetram na pele ativamente, ganham a circulação sanguínea e vão ao coração direito. Daí chega aos pulmões, onde sofrem outra muda e iniciam a migração pela árvore brônquica, indo até a faringe. Podem então ser expelidas com a expectoração ou ser deglutidas. Nesse caso chegam ao intestino, onde sofrem mais outra muda, transformando-se em fêmea partenogenética. Cerca de 15 dias após infecção já iniciam a eliminação de ovos larvados. Larvas ingeridas com alimentos podem penetrar pela mucosa bucal ou esofageana, mas parece que não resistem ao suco gástrico.
Outro mecanismo de infecção e responsável pela hiperinfecção é autoinfecção interna ou endógena, que ocorre quando larvas rabditoides transformam-se em filarioides ainda na luz intestinal. Alcançam os vasos e seguem o percurso já descrito. Autoinfecção externa pela penetração de larvas infectantes pela região perianal também é descrita.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
As alterações podem ser:
Cutâneas: nas áreas de penetração das larvas, com formação de edema, eritema, prurido e pápulas hemorrágicas, que desaparecem dentro de 1 a 2 semanas.
Pulmonares: podem ocorrer hemorragias petequiais e alterações inflamatórias semelhantes à pneumonia.
Intestinais: enterite, por ação mecânica e irritativa da fêmea partenogenética e das larvas. A mucosa apresenta inflamação catarral com pontos ulcerados que podem complicar-se por invasão bacteriana. Observa-se a sensação de peso no epigástrio, estofamento abdominal, náuseas e vômitos.
Na fase aguda da doença, a taxa de eosinófilos no sangue pode ser elevada (82%); entretanto, diminui na fase crônica (8 a 15%), desaparecendo nos casos de evolução grave ou fatal. A interação entre S. stercoralis e o hospedeiro humano ainda demonstra pontos bastante obscuros. O helminto estimula uma resposta imune efetiva e muitos indivíduos podem erradicar por completo a infecção na ausência de qualquer tratamento específico. A maioria dos infectados, entretanto, apesar do estímulo do sistema imunitário, não consegue eliminar o parasito, tornando-se portador de uma forma crônica da doença, na maior parte das vezes, oligossintomática.
Esta infecção pode persistir por anos, graças à autoinfecção interna (ou externa), mas esta capacidade do hospedeiro de limitar a multiplicação do parasito no organismo pode ser perdida, na vigência de imunossupressão, particularmente naquela induzida pelo uso de corticosteróide. Nesta situação, a replicação dos helmintos excede a sua destruição pelo hospedeiro, havendo, com isso, enorme aumento de carga parasitária, podendo as larvas filarioides ser encontradas em múltiplos órgãos do organismo. Até as fêmeas partenogenéticas podem estar presentes em outros órgãos como pulmões, e neles realizar oviposição, na vigência de queda da defesa imunitária. Várias condições imunossupressoras, a maioria delas comprometendo a imunidade celular, podem levar a hiperinfecção, tais como: neoplasias hematológicas, alcoolismo crônico, desnutrição protéico-calórico ou qualquer patologia cujo tratamento é feito com corticóides, ou outras drogas imunossupressoras.
Ocasionalmente as larvas podem migrar de forma errática, permanecendo na pele e configurando o quadro de “larva currens”, que se caracteriza por lesões únicas ou múltiplas, serpiginosas e urticariformes, em geral localizadas em membros inferiores, nádegas e menos comumente em membros superiores. Esta lesão pode desaparecer espontaneamente e logo reaparecer após semanas ou meses de intervalos.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
- Exame parasitológico de fezes pelos métodos de Baerman ou de Rugai, para demonstração de larvas; métodos de sedimentação; coprocultura.
- Pesquisa de larvas no escarro ou no lavado broncoalveolar e no conteúdo duodenal.
Podendo ser utilizados os métodos sorológicos como: ELISA e Western Blot, pois são mais confiáveis.
Aula 9 – ANCILOSTOMÍDEOS E OUTROS NEMATELMINTOS
ANCIOLOSTOMÍDEOS
A família Ancylostomatidae é uma das mais importantes entre os Nematodas, cujos estágios parasitários ocorrem em mamíferos, inclusive em humanos, causando ancilostomíase ou ancilostomose.  A ação dos parasitos pode desencadear um processo patológico crônico, mas que pode resultar em consequências fatais.
As espécies Ancylostoma duodenale e Necator americanus são de grande importância médica para o homem, causando a doença conhecida popularmente por "amarelão ou opilação", que pode causar anemia grave e até fatal. No Brasil encontramos incidência mais elevada do Necator americanus. São pequenos vermes de cor branco leitoso que medem cerca de 1 cm de comprimento e apresentam uma cápsula bucal, em ambos os sexos, com corpo de aspecto cilíndrico, medindo cerca de 10 mm. 
O Ancylostoma duodenale possui cápsula bucal provida de dentes (de cada lado dois dentes bem desenvolvidos e um rudimentar), enquanto que o Necator americanus possui placas cortantes. A extremidade posterior da fêmea é afilada, enquanto que a do macho apresenta uma expansão (bolsa copuladora). Os ovos são claros, com membrana externa delgada. Quando expulsos apresentam-se geralmente em estágio de quatro células, com espaço claro e largo entre a membrana externa e o conteúdo do ovo.
CICLO BIOLÓGICO
Os ancilostomatídeos, como muitos outros nematódeos parasitos, apresentam um ciclo biológico direto, não necessitantdo de hospedeitos intermediários. Durante o desenvolvimento apresentam duas fases bem definidas: a primeira, que se desenvolve no meio exterior, é de vida livre, e a segunda, que se desenvolve no hospedeiro definitivo, é obrigatoriamente de vida parasitária. Vivem no intestino delgado do homem, principalmente no duodeno, fixados à mucosa por seus dentes ou placas cortantes, e deslocam-se continuamente. Dilaceram o epitélio e sugam sangue constantemente. Um exemplar de A. duodenale suga por dia entre 0,05 e 0,3 ml de sangue. Os ancilostomatídeos, como muitos outros nematódeos parasitos, apresentam um ciclo biológico direto, não necessitantdo de hospedeitos intermediários. Durante o desenvolvimento apresentam duas fases bem definidas: a primeira, que se desenvolve no meio exterior, é de vida livre, e a segunda, que se desenvolve no hospedeiro definitivo, é obrigatoriamente de vida parasitária. Vivem no intestino delgado do homem, principalmente no duodeno, fixados à mucosa por seus dentes ou placas cortantes, e deslocam-se continuamente. Dilaceram o epitélio e sugam sangue constantemente. Um exemplar de A. duodenale suga por dia entre 0,05 e 0,3 ml de sangue.
A fêmea fecundada inicia a postura dos ovos que são eliminados para o meio exterior através das fezes. No meio externo, sob condições adequadas de umidade e calor, tornam-se embrionados. A larva (L1 rabditoide) gira e se liberta. Cresce, passando para L2 que se alimenta avidamente, evolui para L3 filarioide infectante (que é a única forma infectante para o homem), que não se alimenta mais e geralmente mantém a última cutícula até a penetração no hospedeiro e, portanto, é considerada larva encapsulada.
Ao encontrar o tecido do hospedeiro, a cápsula é expulsa e a larva passa a produzir enzimas, semelhantes à colagenase, que facilitam o seu acesso através dos tecidos do hospedeiro. Cai na circulação e é levada ao coração direito e pulmão, onde sofre outra muda (L4) e sobe até a boca. Pode então ser expectorada ou ser engolida. Chegando ao intestino delgado, evolui para adulto. As larvas ingeridas podem penetrar pela mucosa da boca e esôfago pararealizar o ciclo pulmonar, ou podem atravessar o estômago, penetrar na mucosa intestinal, onde sofrem muda para L4, e voltar à cavidade intestinal, onde evoluem para adulto, vivendo aproximadamente 9 a 10 anos.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
A ancilostomose é determinada por etiologia primária ou secundária.  A causa primária está relacionada com a migração das larvas e a implantação dos parasitos adultos no intestino delgado hospedeiro.  Quanto à etiologia secundária, em razão da permanência dos parasitos no intestino delgado, vários fenômenos fisiológicos, bioquímicos e hematológicos estão associados. As perturbações causadas podem ser: 
Cutâneas: no local da penetração das larvas pode ocorrer processo irritativo com prurido intenso, sensação de queimadura, seguido por edema e eritema; 
Pulmonares: podem provocar quadro semelhante à pneumonia;
Intestinais: os adultos, fixando-se na mucosa intestinal por meio de seus dentes ou placas cortantes, dilaceram o epitélio e sugam o sangue do hospedeiro, podendo produzir hemorragias e áreas de ulceração. O indivíduo apresenta, então, sintomas gastrointestinais, com dor abdominal intensa, vômitos e diarreia por vezes sanguinolenta. Em alguns casos ocorre emagrecimento, fraqueza, dispneia e anemia de vários graus.
DIAGNÓSTICO LABORATOTIAL
Pesquisa de ovos nas fezes: O método de Willis (flutuação) é o mais indicado.
Larva migrans visceral humana
Toxocara canis é a espécie responsável por causar no homem a “Síndrome da larva migrans visceral humana”. A síndrome é determinada pela migração das larvas que resultam da ingestão de ovos embrionados do Toxocara canis, parasito muito comum do cão. Após infectarem o homem, as larvas estão condenadas a morrer depois de longa permanência nas vísceras, sem chegarem ao estágio adulto.
Morfologia
O Toxocara canis pertence à família Ascaridae e vive no intestino delgado do cão e também do gato, onde leva vida muito semelhante à dos Ascaris lumbricoides, porém são menores que estes, medindo o macho 4-10 cm e a fêmea 6-18 cm de comprimento. Além dos três lábios que precedem a boca, possui duas expansões (asas cefálicas). O ovo é muito semelhante ao do Ascaris lumbricoides, porém a casca é menos grosseiramente mamilonada.
CICLO EVOLUTIVO
As fêmeas põem 2 milhões de ovos por dia, no período mais fértil de sua existência (7-28 semanas), decaindo a produção até o fim da vida (cerca de oito meses). Apenas os ovos embrionados são infectantes.
Cães adultos machos e fêmeas se infectam ingerindo ovos infectantes (larva L3 dentro do ovo), que eclodem no intestino delgado. O resto do ciclo é semelhante ao do Ascaris lumbricóides: as larvas L3 vão ao ceco, onde atravessam a parede intestinal, chegando ao fígado, daí vão ao coração direito, pulmões, regressando ao tubo digestivo via brônquios, traquéia e esôfago. O tempo mínimo para completar esse ciclo é de um mês, ao fim do qual começa a aparecer ovos nas fezes.
Já foi demonstrado experimentalmente que no cão adulto, como acontece no homem, após chegarem as larvas nos pulmões, elas podem ir ao coração esquerdo, sendo então disseminadas por todo o organismo, não mais se desenvolvendo e morrendo nos tecidos após algum tempo. Assim podemos encontrar essas larvas em vários órgãos humanos como fígado, pulmões, rins, coração, cérebro, medula espinhal, músculos, olhos etc. se isto acontecer com uma cadela em gestação, as larvas L2 dos tecidos migram para o fígado do feto. Após o nascimento, seguem o ciclo idêntico ao do Ascaris lumbricóides.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
A gravidade do caso é intimamente dependente do número de ovos ingeridos, viabilidade dos mesmos e órgãos atingidos. Os órgãos mais afetados por ordem de frequência são: fígado, pulmões, cérebro, olho e gânglios. Os casos mais graves ocorrem quando as larvas localizam-se no tecido nervoso e nos olhos. Ao redor de cada larva forma-se um granuloma eosinofílico a princípio e depois um tecido fibroso englobando a larva.
Nos olhos, os abscessos tendem a produzir o deslocamento de retina e a opacificação do humor vítreo, acarretando a perda completa da visão. A Leucocitose e a eosinofilia são achados constantes nos casos de larva migrans visceral. Como resultado da infiltração pulmonar, ocorre tosse e dispneia respiratória. Em casos em que as larvas vão ter ao cérebro podem ocorrer convulsões, epilepsia, meningite e encefalite. No fígado a hepatite pode acompanhar-se de hepatomegalia dolorosa e algumas vezes de esplenomegalia.
Diagnóstico laboratorial
Métodos imunológicos como ELISA, Western bloyt, Imuno-histoquímica em biópsia.
LARVA MIGRANS CUTÂNEA
Também denominada dermatite serpiginosa ou dermatite pruriginosa. Causada por larvas infectantes (terceiro estágio) de Ancylostoma braziliense e Ancylostoma caninum, parasitas do intestino delgado de cães e gatos;.
CICLO EVOLUTIVO
Os ovos expulsos nas fezes dos animais contaminados produzem larvas rabditoides que, depois de duas mudas, dão larvas filarioides infectantes. Estas, ao entrarem em contato com a pele humana, perfuram o extrato epitelial e, não podendo atravessar as camadas subjacentes, vagueiam no tecido subcutâneo. Como permanecem vivas por muito tempo, sua atividade fica reduzida a caminhar ao acaso, abrindo um túnel no qual ocupam sempre a extremidade anterior.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
O momento de penetração das larvas infectantes pode passar despercebido. Em pessoas sensibilizadas, entretanto, surgem pontos eritematosos ou pápulas, acompanhadas de prurido. Desses pontos partem os túneis que desenham um trajeto irregular e caprichoso, avançando 2 a 5 cm/dia. Acompanha uma reação inflamatória e, muitas vezes, infecções microbianas secundárias. As partes mais frequentemente afetadas são pés, pernas, mãos e antebraços. A duração do processo é muito variável, podendo curar-se espontaneamente ao fim de poucos dias, ou durar semanas a meses. O sintoma mais comum é o prurido, que acentua-se à noite.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Diagnóstico: tem de ser clínico, pelo aspecto das lesões e sua ovulação.
Tratamento: Tiabendazol: oral ou tópico.
Trichuris trichiura
Parasito do intestino grosso do homem, também conhecido por Trichocephalus trichiura, tem o corpo em forma de chicote, com a cabeça na extremidade adilada, de onde vem o nome Trichocephalos (cabeça em forma de cabelo). Anteriormente denominado Trichuris trichiura, denominação errada baseada na morfologia, uma vez que Trichuris significa cauda em forma de cabelo. A outra extremidade é robusta. Como nos outros nematodas, o macho (3cm) é menor que a fêmea (4cm) e apresenta a extremidade posterior do corpo enrolada ventralmente, na qual pode-se observar o espículo. O ovo tem aspecto típico de barril, arrolhado nas duas extremidades por massa mucóide transparente. Duas membranas envolvem a massa de células germinativas.
CICLO EVOLUTIVO
Vivem habitualmente no ceco do homem, fixados à mucosa pela porção anterior afilada, e sobrevivem de 6 a 8 anos. T trichiura é considerado por muitos autores um parasito tissular, pois toda a região esofagiana do parasito penetra na camada epitelial da mucosa intestinal do hospedeiro, onde se alimenta principalmente de restos de eritrócitos lisados pela ação de enzimas proteolíticas secretadas pelas glândulas esofagianas do parasito. Alguns autores demonstram a presença de sangue no esôfago de vermes adultos, sugerindo a utilização de sangue do hospedeiro como fonte alimentar.
A fêmea, após a fecundação, produz grande quantidade de ovos que chegam ao meio externo com as fezes. Em condições propícias, a massa de células germinativas dá origem a uma larva infectante dentro do ovo. Uma vez ingerido, o ovo eclode no intestino delgado, pondo em liberdade a larva que migra para o intestino grosso.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
Baixo parasitismo normalmente é assintomático. As infecções maciças podem provocar diarreia, enterorragia, anemia, irritabilidade, e o helminto pode fixar-se até o reto, causando prolapso retal, principalmente em crianças.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Pesquisade ovos nas fezes por qualquer método de concentração por sedimentação, método de Willis (flutuação).
FILÁRIAS
Apenas três espécies de filária têm importância médica nas Américas: Wuchereria bancrofti, agente que causa a filaríase linfática, Onchocerca volvulus, que se localiza no tecido subcutâneo e a Mansonella ozzardi, que mesmo não sendo patogênica é importante o seu conhecimento, porque suas larvas (microfilárias)  circulam no sangue, como as da Wuchereria bancrofti.
FILARÍASE LINFÁTICA
Machos e fêmeas podem ser encontrados nos vasos e gânglios linfáticos. São muito longos e delgados, revestidos de cutícula lisa. A fêmea mede de 8 a 10 cm, enquanto que o macho mede apenas cerca de 4 cm, possuindo a extremidade posterior fortemente enrolada ventralmente. Acredita-se que possam viver até 17 anos. A fêmea faz a postura de ovos contendo dentro o embrião de forma alongada, conhecido como "microfilária embainhada". Medem cerca de 250-300 μ. Na região caudal apresentam vários núcleos (células germinativas) dispostos em fila simples que não atingem a extremidade posterior.
CICLO EVOLUTIVO
As larvas paridas no interior dos vasos e troncos linfáticos acumulam-se na rede vascular sanguínea dos pulmões, não aparecendo durante o dia na circulação periférica. Ao anoitecer dirigem-se para o sangue periférico, e um maior número das mesmas é encontrado nas primeiras horas da madrugada, decrescendo a partir daí (periodicidade). Essa microfilárias são ingeridas pelo mosquito Culex quinquefasciatus, mosquito doméstico conhecido como pernilongo, muriçoca ou carapanã, ao exercer o hematofagismo em pessoa parasitada. Vão ao estômago do inseto, perdem a bainha, caem na cavidade geral e migram para o tórax. Encistam-se nos músculos e sofrem várias mudas, passando por larvas rabditoides e evoluindo para filarioides infectantes, que se acumulam na trompa (lábio) do mosquito. Quando o mesmo pica o homem, penetram ativamente na pele e chegam aos vasos linfáticos. Tornam-se adultos e um ano depois começam a aparecer microfilárias no sangue.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
As perturbações do sistema linfático são causadas pelos vermes adultos e adolescentes. Pode ser assintomática. Quando sintomática, as alterações têm um decurso longo e podem variar desde uma pequena estase linfática até a elefantíase bancroftiana. As lesões ocorrem devido a fatores mecânicos e irritativos. A elefantíase ocorre em casos crônicos (8 a 10 anos de parasitismo) devido às ações mecânicas e irritativas, levando à contínua perturbação do fluxo linfático. Mais frequentemente localiza-se em uma ou em ambas as pernas ou nos órgãos genitais externos. Mais raramente pode ocorrer nos braços ou nas mamas. A pele aumenta de espessura, perde a elasticidade, fica ressecada e hiperqueratósica, muito sujeita a rachaduras e infecções.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Pesquisa e quantificação de microfilárias: pesquisa das microfilárias no sangue periférico, após concentração por centrifugação (método de Knott) ou por filtração em membrana de policarbonato. Faz-se então a gota espessa ou esfregaço delgado e cora-se pelo Giemsa. O sangue deve ser colhido entre 22 e 4 horas da madrugada.
Para colher o sangue de dia faz-se a indução da microfilaremia diurna pela administração de dietilcarbamazina por via oral em baixa dose, colhendo-se o sangue 45 minutos após. Biópsia de linfonodo, ultrassonografia, testes imunológicos: ELISA e Imunofluorescência indireta.
ONCOCERCOSA
A Onchocerca volvulus é um filarídeo originário da África. O primeiro caso descrito no Brasil foi em 1967, em Roraima. Atinge cerca de 85 milhões de pessoas no mundo, desses 300 mil cegos, sendo considerada uma das mais graves endemias pela OMS. Os casais de adultos são encontrados formando nódulos fibrosos no tecido subcutâneo e as microfilárias podem invadir o globo ocular. A fêmea mede cerca de 40cm e é muito maior que o macho (4cm). Vivem em torno de 10 anos. As microfilárias não possuem bainha e vivem cerca de 2 anos.
CICLO EVOLUTIVO
Muito semelhante à da Wuhereria bancrofti, porém o mosquito hospedeiro intermediário pertence ao gênero Simulium. Após penetração das larvas pela pele, evoluem para a forma adulta e são encontrados no tecido celular subcutâneo, formando novelos bastante emaranhados. As fêmeas eliminam larvas muito ativas (microfilárias) que se dispersam, sendo capazes de fazer longas migrações. Têm sido encontradas no globo ocular, glânglios linfáticos, baço, mesentério, rins e em sedimento urinário.
PATOGENIA E SINTOMATOLOGIA
Os helmintos são envolvidos por cápsula fibrosa formando os oncocercomas, que são tumores benignos, mas centros produtores de microfilárias. Pode ocorrer também dermatite oncocercosa, devido à presença das microfilárias nas camadas da pele, predominantemente nas porções mais superficiais do edema. As alterações linfáticas, como adenite dos gânglios regionais, são devidas à presença das microfilárias nos linfonodos. A eosinofilia sanguínea pod chegar a 20-75%. As lesões oculares pela presença das microfilárias no olho podem evoluir para cegueira total.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Punção dos nódulos suspeitos e demonstração das microfilárias no líquido aspirado. Biópsia ou escarificação da pele nas proximidades dos nódulos. Exame oftalmoscópico.
Aulas 10 – ARTRÓPODES PARASITOS OU VETORES DE DOENÇAS
Hemípteros: triatomíneos e percevejos
Os hemípteros pertencem à ordem Hemiptera, onde estão classificados os insetos normalmente grandes e providos de aparelho bucal do tipo picados-sugador. Todos os hemípteros apresentam um tórax bem desenvolvido, principalmente devido ao pronoto e do esculeto que se mostra como um triângulo dorsal situado entre as bases das asas, como mostra a figura. O primeiro par de asas tem a parte anterior dura e coriácea, e a parte posterior é mole e membranosa.  As asas posteriores são sempre membranosas.  Contudo, muitas espécies não são aladas. Os hemípteros são mais ou menos achatados, principalmente aqueles que vivem abrigados em fendas.
Triatomíneos
Segundo Rey (2008), os triatomíneos são insetos que variam entre 9,5 a 39,5mm de comprimento e apresentam uma cabeça aproximadamente cilíndrica. Com tubérculos anteníferos situados na metade da porção anteocular da cabeça.  O rostro, que se estende para trás até o prosterno, tem seu primeiro segmento bem menor que o segundo.
Muitos Triatomíneos estão envolvidos no ciclo de transmissão do Trypanosoma cruzi, tanto nas regiões silvestres quanto nas áreas peridomiciliares, como por exemplo, o T. brasiliensis, T. sórdida, T. rubrofasciata e T. dimidiata. Essas espécies, na maioria das vezes, apresentam todas as condições necessárias para se tornarem vetores da doença de Chagas humana.  Essas condições são: adaptação à habitação humana; alto grau de antropofilia; curto espaço de tempo entre hematofagia e defecação e larga distribuição geográfica. Dentre as espécies de triatomíneos, duas se destacam no Brasil: Triatoma infestans e Triatoma brasiliensis.
Triatoma infestans
É o principal vetor de T. cruzi, na América do Sul.  A fêmea é um pouco maior que o macho, a cor geral é negra com manchas amarelas no conexivo, no cório e nas pernas. Enquanto que a cabeça é toda negra; seu comprimento corresponde ao comprimento do pronoto.  O tubérculo antenífero fica na região anteocular.
É a espécie predominantemente domiciliar, colonizando-se em grande quantidade nas frestas das moradias de barro e pau a pique. De noite, sai para picar o homem ou qualquer animal de sangue quente que se encontre no domicílio. É extremamente adaptado a esse ambiente, podendo até mesmo expulsar outras espécies quando invade as casa em novas áreas. 
Pode também se instalar nos peridomicílios como em currais, galinheiros, pombais etc. Vive também nos muros de pedra, entre os blocos, sob a casca e em ocos das árvores ou sob folhas. O controle é realizado utilizando-se inseticidas de ação residual, e tem tido bons resultados.
Triatoma brasiliensis
A espécie Triatoma brasiliensis apresenta seu habitat natural naszonas semiáridas e de clima quente, domínio das caatingas. A principal espécie vetora do T. cruzi encontra-se no Nordeste, sendo encontrada no meio silvestre, peridomiciliar e domiciliar. É uma espécie ativa, deslocando-se com rapidez nos seus esconderijos naturais, onde é encontrada em locais, os mais diversos. 
Essa espécie apresenta-se com grande variedade cromática, variando de marrom-escuro a negro.  Sua cabeça é rugosa e ligeiramente granulosa, negra, com manchas marrom-claro ou amarelas no pescoço.  Pronoto negro com duas faixas longitudinais que vão até a margem do lobo posterior. Abdômen negro ou marrom-escuro com machas claras subtriangulares ou retangulares no conexivo.
PERCEVEJOS
Os percevejos encontram-se classificados na família Cimicidae. Até os anos 1940 esses pequenos animais eram muito comuns em diversas partes do mundo.  Contudo, com o advento dos inseticidas de efeitos residuais como, por exemplo, o DDT, além de melhores condições de higiene domésticas, esses insetos tornaram-se raros. Mas, atualmente, com o aparecimento de favelas, baixas condições sociais, entre outros, está ocorrendo um novo surto de percevejos em várias cidades do Brasil. Os percevejos são insetos pequenos, de corpo achatado dorsalmente e de forma oval, cujas asas se atrofiaram a ponto de estarem representadas por duas escamas curtas, dorsais, correspondentes ao primeiro par de outros hemípteros. São hamatófagos obrigatórios, como os triatomíneos.
Algumas pessoas suportam bem as picadas dos percevejos; entretanto, outras apresentam urticária.  No que se refere à transmissão de doenças, esses animais não apresentam importância epidemiológica, apesar de existirem relatos de serem encontrados infectados com Rickettsia rickettsi (agente etiológico da febre maculosa) e com T. cruzi (causador da doença de Chagas). O controle desses insetos é a higiene doméstica (passar e lavar roupas de cama semanalmente, varrer a casa diariamente etc.) são capazes de impedir a colonização desses insetos na cama. Podendo-se lançar mão dos inseticidas, caso haja necessidade.
Dípteros: mosquitos, flebotomíneos e moscas
Os insetos que, na forma adulta, possuem um par de asas funcionais e um par de asas vestigiais pertencem à Ordem Díptera. Essa ordem compreende uma grande variedade de insetos, podendo ser pequenos ou grandes, com cabeça, tórax e abdômen bem diferenciados, providos de aparelho bucal sugador e de um único par de asas funcionais. A morfologia é como se segue:
Cabeça: normalmente subesférica, com dois pares de olhos compostos e três ocelos (podendo estar ausentes).  As antenas podem ser multissegmentadas ou apresentar apenas três segmentos. Já o aparelho bucal é do tipo picador sugador pungitivo, ou seja, hematófagos.  Mas, podem também apresentar um aparelho bucal do tipo sugador não-pungitivo; são os lambedores.
Tórax: O tórax é formado basicamente pelo mesotórax. Dorsalmente, se observa o mesonoto. E, as asas têm origem no mesotórax e apresentam várias nervuras e células importantes na classificação.
Abdomen: O abdome dos dípteros é composto de 10 a 11 segmentos, contudo, apenas quatro ou cinco são visíveis.  Os últimos segmentos abdominais estão modificados, composto da genitália masculina ou feminina.
MOSQUITOS
Os mosquitos são de grande interesse para a parasitologia, uma vez que são os encontrados em maior número e os mais importantes insetos hematófagos entre todos os Arthropoda. Contudo, apenas as fêmeas são hematófagas.  São popularmente conhecidos como mosquitos, pernilongos, muriçocas etc.  Durante o hematofagismo, o inseto perturba o repouso do hospedeiro, espolia o sangue do mesmo e, mais grave ainda, pode transmitir doenças tais como viroses (febre amarela urbana e dengue  - Aedes aegypti e  febre amarela silvestre  - Haemagogus spegazzini), protozooses (malária – Anopheles darlingi), helmintoses ( filariose - Culex quinquefasciatus). Os principais gêneros transmissores de parasitoses são:
a) Anopheles: transmissor da malária no Brasil. Conhecido como mosquito prego. Tem como criadouro as águas limpas;
b) Culex: transmissor das filarioses.  Faz a postura de ovos em águas sujas;
c) Aedes: transmissor da dengue e da febre amarela (são viroses e não parasitoses).  O Aedes faz postura em águas limpas.
FLEBOTOMÍNEOS
São dípteros cujas fêmeas necessitam de sangue para o desenvolvimento de ovos e, por isso, são importantes na transmissão de agentes causadores de doenças tais como bartoneloses, arboviroses e leishmanioses à espécie humana e a diversos outros vertebrados. São gêneros de interesse médico (Rey, 1992):
a) Lutzomyia, que compreende a maioria das espécies e quase todas aquelas cujas fêmeas picam o homem. Neste gênero encontram-se todos os vetores de leishmanioses das Américas;
b) Phlebotomus, ao qual pertencem todas as espécies transmissoras das leishmanioses da África, da Europa e da Ásia. Com relação à morfologia, os flebotomíneos apresentam a cabeça pequena, de forma alongada e flexionadas fortemente para baixo. O aparelho bucal é do tipo picador sugador.
MOSCAS
As moscas são Dípteros de antenas curtas que formam a subordem Cyclorrapha (=Muscomorpha), têm papel importante na produção ou na transmissão de doenças.  Esta importância pode ser avaliada pelo fato de incluírem espécies como mosca doméstica, a mosca tsé-tsé transmissora da doença do sono, assim como várias espécies cujas larvas produzem miíases, tais como a mosca do berne (Dermatobia hominis) e as produtoras de “bicheiras”.
As moscas podem servir de transmissores de doenças a partir de duas formas principais. Transmissão mecânica: pode carregar nas patas milhões de microrganismos que, dependendo da quantidade, causam doenças.  Exemplo de doenças transmitidas dessa forma: febre tifóide, a disenteria e até mesmo a cólera. A outra forma de transmissão é quando insetos hospedeiros de vírus, bactérias ou parasitas infectam as vítimas pela picada ou outros meios.  Por exemplo: doença do sono etc.
Dermatobia hominis e o berne: A Dermatobia ocorre em vários animais, principalmente bovinos, cães e homem.  
Os adultos de Dermatobia são pouco vistos, pois possuem uma vida curta (entre 5-20 dias) e vivem em ambientes florestais; as larvas denominadas de “berne”, “ura” ou “tósalo” é que são bem conhecidas. Para fazer suas desovas as fêmeas ficam à espreita de outros insetos, mosquitos ou moscas hematófagas de várias espécies.  Em voos rápidos, a mosca berneira captura um inseto hematófago e lhe deposita sobre o abdome de quinze a vinte ovos. Depois de uma semana, cada ovo tem uma larva no seu interior, a qual, toda vez que o inseto vetor pousar sobre o corpo de um grande mamífero, quando consegue agarrar-se ao animal, o inseto abandona o ovo.  
A larva que consegue implantar-se com êxito na pele do novo hospedeiro perfura o epitélio ou abre passagem através da lesão deixada pelo inseto hematófago, e aprofunda-se até ficar com a extremidade posterior exposta para a superfície, de modo que possa continuar a respirar.   Enquanto, com a extremidade anterior mergulhada na derme, ele alimenta-se e cresce. O período larvário dura em média 60 dias. Aí abandona o hospedeiro e cai no chão. Enterra-se na terra fofa, transforma-se em pupa e permanece nesta fase entre 1 a 2 meses e meio e então abandona o pupário. Poucas horas depois, já está sexualmente ativo e a fêmea já estará em condições de ovipor.  Três dias após a primeira cópula, inicia-se a oviposição.
Patologia: Ao penetrar na pele, as larvas de D. hominis despertam sensação de picada ou prurido, mas podem passar despercebidas. Inicia-se no local uma reação inflamatória, ficando a pele avermelhada e elevada como um furúnculo.  Cada lesão corresponde a uma larva, podendo o paciente estar infestado por uma única ou por muitas larvas. Tratamento: Extração da larva. Contudo, existem casos que exigem intervenção cirúrgica.
Miíases: A miíase consiste em larvas de moscas domésticas.  As larvas invadem os tecidos sadios ou necrosados ou as cavidades corporais, e produzem diferentes síndromes,dependendo da espécie de mosca. A miíase furuncular resulta de larvas da mosca Dermatobia hominis.  Nas Américas Central e do Sul, a fêmea adulta captura um mosquito ou outro inseto hematófago e deposita ovos no abdome do mesmo.  Quando o inseto portador faz hematofagia, os ovos são depositados na superfície da pele e eclodem, e as larvas penetram na pele.  Podem ser uma ou mais lesões e atingir qualquer área da pele, inclusive o couro cabeludo.
VOCÊ SABE O QUE SÃO SIFONÁPTEROS?
As pulgas pertencem à ordem Siphonaptera, que se refere a duas características bastante proeminentes do grupo de insetos desta ordem: ausência de asas e aparelho bucal do tipo picador-sugador. As pulgas apresentam também outros traços marcantes, que são: achatamento do corpo no sentido látero-lateral, escleritos bem quitinizados, segmentos (metâmeros) bem distintos e pernas adaptadas para o salto.
Quando adultos, são hematófagos, vivendo sobre o corpo de mamíferos ou aves. E, como outros insetos hematófagos, as pulgas estão envolvidas na transmissão de algumas doenças, particularmente na propagação da peste bubônica entre roedores e homens, causada pela bactéria Yersinia pestis. As pulgas são hospedeiros intermediários de Dypilidium caninum (parasito de cães e gatos), de Hymenolepis diminuta (que infestam roedores), podendo infectar acidentalmente o homem.
A grande maioria das pulgas adultas são organismos pequenos que medem de 1 a 3 mm de comprimento.   As fêmeas são pouco maiores que os machos. As pulgas vivem uma parte do tempo sobro o corpo dos animais de que se alimentam e, outra parte, em seus ninhos e lugares de permanência, onde se dá o desenvolvimento dos ovos, das larvas e das pupas. Nas pulgas tanto os machos quanto as fêmeas são hematófagos.
CICLO BIOLÓGICO
Após alguns dias da saída do inseto adulto de seu estado pupal, a fêmea já pode ser fecundada. Após a cópula, a oviposição fica na dependência da ingestão do sangue pelo inseto. As larvas lembram as moscas. A primeira muda tem um lugar entre o terceiro a sétimo dias, e a segunda, decorridos outros três ou quatro dias. A fase pupal desenvolve-se aí durante 7 a 10 dias, mas pode prolongar-se muito nos lugares com inverno rigoroso.
Três tipos de pulgas são encontrados nas casas:
a) Pulgas ditas do homem (Pulex irritans).
b) Pulgas de cães e gatos (do gênero Ctenocephalides).
c) Pulgas de ratos e camundongos (do gênero Xenopsylla, Nosopsyllus e Leptopsylla).
Tunga Penetrans (“bicho-do-pé”)
É a menor das pulgas conhecidas, 1 mm de comprimento na fase adulta. A T. penetrans é também conhecida como “pulga da areia” e a fêmea é o “bicho-do-porco”. Quando a fêmea fica grávida, penetra na pele do hospedeiro (porco ou homem), enterrando-se até deoxar apenas a extremidade posterior em contato com a atmosfera, para respirar. Cerca de uma centena de ovos passam então a ser expelidos. Depois o corpo murcho da fêmea cai ou é expulso pela reação inflamatória da pele.
Pulex Irritans (“pulga do homem”)
A “pulga do homem” é cosmopolita, vive no domicílio humano, alimentando-se do sangue de seus moradores. De modo geral, Pulex irritans vive fora do corpo de seus hospedeiros, procurando-os somente para os repastos sanguíneos. Por isso, pode ser encontrada em diversos hospedeiros (cães, gatos, porco etc). Apesar de incomodar com a picada, causando insônia, nos pacientes mais sensíveis, sua participação na transmissão de doenças é praticamente nula.
Xenopsylla Cheopis
É a pulga mais encontrada nos ratos domésticos, em quase todo o Brasil. A importância da identificação da X. cheopis, é devido esta ser a principal responsável pela transmissão da Yersina pestis, agente etiológico da peste entre os ratos e entre os humanos; uma doença muito perigosa.
Anopluros: piolhos
Anoplura é a ordem onde encontramos os insetos popularmente conhecidos como piolhos sugadores. Além do prurido intenso, esses insetos podem veicular a Rickettsia prowazeki (tifo exantemático), a Borrelia recurrentis (febre recorrente) e a Rochlimaea quintana (febre das trincheiras). A picada dos insetos provoca uma dermatite, causada pela reação de hipersensibilidade do hospedeiro à saliva injetada ao início da hematofagia. A grande coceira leva o paciente a arranhar a pele, abrindo porta de entrada para agentes patogênicos.  
A infestação por piolhos sugadores recebe o nome de pediculose: pediculose do couro cabeludo e pediculose do corpo. As três espécies que parasitam exclusivamente o homem são:
a) Pediculus capitis: encontrado na cabeça das pessoas. Seus ovos ficam cimentados na base dos cabelos; são as lêndeas.
b) Pediculus humanus: habita as partes cobertas do corpo e cola seus ovos às fibras das roupas.
c) Pthirus púbis: ou piolho-do-púbis, que é a espécie menor, com morfologia característica e com localização preferencial na região pubiana e perineal.
Todas as etapas do ciclo biológico dos piolhos (ovo, ninfa e adulto) desenvolvem-se sobre o corpo do hospedeiro.  Tanto as ninfas como os adultos alimentam-se de sangue.
 ACARINOS: Carrapatos e Ácaros
Os ácaros e carrapatos são artrópodes da subclasse Acari. Algumas espécies causam a sarna e várias dermatoses do mesmo tipo.
CARRAPATOS
Como os carrapatos, se fixam e fazem hematofagia de modo indolor, sua presença nem sempre é facilmente detectada pelo hospedeiro. As secreções dos carrapatos produzem reações locais, febre ou paralisia. As reações locais incluem lesões pequenas e pruriginosas, papulonodulares, e uma escara pode ser desenvolver. Os carrapatos têm grande resistência ao jejum e podem transmitir vários patógenos.
Os carrapatos são, depois dos mosquitos, os mais importantes vetores de doenças humanas. Podem transmitir diversas de tifo, além de outras doenças. Nas zonas temperadas, são agentes transmissores da doença de Lyme. Um único carrapato pode abrigar três diferentes agentes patogênicos diferentes e transmitir todos eles em uma única picada. No Brasil, os mais comuns são: Carrapato-de-boi, Carrapato-estrela (ou Carrapato-de-cavalo), transmissor de agente etiológico da febre maculosa, Carrapato-de-galinha e o Carrapato-vermelho-do-cão.
ÁCAROS (ESCABIOSE)
A escabiose, causada pelo Sarcoptes scabiei, o ácaro da sarna humana, é prevalente mundialmente e infesta 300 a 500 milhões de pessoas todos os anos. Ela é uma das mais frequentes causas de dermatite pruriginosa e de consultas ao dermatologista.
O prurido e o exantema ocorrem como resultado da hipersensibilidade às excreções do ácaro, depositadas no túnel. O ato de coçar mata o ácaro, mas os sintomas persistem como resultado da infestação em outros locais. As lesões são mais comumente localizadas nos pulsos, nos cotovelos, no escroto e nas pregas cutâneas, e ao longo das linhas da cintura e das roupas. A transmissão da escabiose resulta do contato íntimo interpessoal, e é facilitada por condições sanitárias deficientes, aglomerações e promiscuidade sexual. A transmissão da escabiose pelo uso compartilhado de roupas e lençóis contaminados é impossível, pois o ácaro não sobrevive mais de 18 a 24 horas sem seu hospedeiro. O diagnóstico de escabiose deve ser considerado em indivíduos com prurido e exantema na distribuição característica.

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