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Lei das Estatais Completa

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Página 1 de 99 
www.MetododeEstudo.com.br 
Autores: 
Profs. Adriel de Sá e Cyonil Borges 
Nova Lei das Estatais (13.303/2016) 
Lei 13.303/2016 e as licitações nas empresas estatais ........................................................................... 2 
1. Introdução............................................................................................................................................ 2 
2. Campo de aplicação ............................................................................................................................. 9 
3. Objetivos, princípios e diretrizes ....................................................................................................... 11 
4. Lei das estatais comparada ............................................................................................................... 19 
4.1. Publicidade ................................................................................................................................. 19 
4.2. Inversão de fases ....................................................................................................................... 21 
4.2.1. Verificação de efetividade das propostas ............................................................................... 26 
4.3. Fase recursal .............................................................................................................................. 30 
4.4. Modalidades de licitação ........................................................................................................... 31 
4.5. Contração Direta (dispensa, inexigibilidade e vedação) ............................................................ 32 
4.5.1. Dispensa baseada em pequenos valores ........................................................................... 32 
4.5.2. Licitação fracassada............................................................................................................ 33 
4.5.3. Dispensa para contratação de delegatários de serviços públicos ...................................... 34 
4.5.4. Contratação de remanescente ........................................................................................... 34 
4.5.5. Contratação de subsidiárias ............................................................................................... 36 
4.5.6. Contratação emergencial ................................................................................................... 37 
4.5.7. Hipóteses tratadas como licitação dispensada na Lei 8.666/1993 .................................... 38 
4.5.8. Hipóteses tratadas como inexigibilidade na Lei 8.666/1993 ............................................. 39 
4.5.9. Hipóteses de inaplicabilidade do dever de licitar .............................................................. 41 
4.6. Critérios de julgamento ............................................................................................................. 42 
4.7. Modos de disputa ...................................................................................................................... 47 
4.8. Orçamentação ............................................................................................................................ 48 
4.9. Matriz de riscos .......................................................................................................................... 52 
4.10. Formas de execução ................................................................................................................ 53 
4.11. Extinção da licitação ................................................................................................................. 56 
4.12. Normas específicas para aquisição de bens ............................................................................. 57 
4.13. Normas específicas para alienação de bens ............................................................................ 58 
4.14. Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) ................................................................ 61 
4.15. LC 123/2006 e o tratamento diferenciado nas licitações ........................................................ 63 
Contratos Administrativos ................................................................................................................... 65 
1. Introdução: cláusulas necessárias e formalização dos contratos pelas estatais ............................... 65 
2. Execução e alterações contratuais..................................................................................................... 69 
3. Formalizacão do contrato .................................................................................................................. 71 
4. Exigência de garantia ........................................................................................................................ 73 
5. Matriz de Riscos ................................................................................................................................. 76 
6. Das normas específicas para obras e serviços ................................................................................... 76 
6.1. Formas de execução indireta ..................................................................................................... 76 
6.2. Estímulo para o alcance de melhores resultados: remuneração variável ................................. 78 
6.3. Contratação simultânea ............................................................................................................. 78 
7. Subcontratação .................................................................................................................................. 80 
8. Sanções administrativas .................................................................................................................... 82 
9. Extinção do contrato .......................................................................................................................... 85 
10. Fiscalização pelo Estado e pela sociedade (arts. 85 a 90) ............................................................... 86 
11. Outras disposições relevantes.......................................................................................................... 91 
11.1. Procedimentos auxiliares ......................................................................................................... 91 
11.1.1. Pré-qualificação (art. 64) .................................................................................................. 91 
11.1.2. Cadastramento (art. 65) ................................................................................................... 93 
11.1.3. Sistema de Registro de Preços (art. 66) ........................................................................... 94 
11.1.4. Catálogo eletrônico de padronização .............................................................................. 95 
11.2. Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas (CEIS) (§§ 1º e 2º do art. 37) ................................ 95 
11.3. Aplicação da Lei 12.846/2013 (lei anticorrupção) ................................................................... 96 
11.4. Despesas com publicidade e patrocínio ................................................................................... 97 
 
 
 
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Autores: 
Profs. Adriel de Sá e Cyonil Borges 
Lei 13.303/2016 e as licitações nas empresas estatais 
 
1. Introdução 
 
Com a Lei 13.303/2016, intitulada “lei ou estatuto das estatais” ou “Lei de 
Responsabilidade das Estatais – LRE”, houve a regulamentação do inc. III do §1º do art. 
173 da Constituição Federal de 1988 (norma de eficácia limitada), com alcance para todas 
as empresas públicas e sociedades de economia mista interventoras no domínio 
econômico, ainda que em regime de monopólio ou atividadeeconômica de prestação de 
serviços públicos: 
 
“Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da 
sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer 
empresa pública e sociedade de economia mista da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios que explore atividade econômica de produção 
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, ainda que a atividade 
econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de prestação 
de serviços públicos”. 
 
Tome nota 
 
O novo estatuto é plenamente aplicável às estatais dependentes, assim entendidas 
as que recebam recursos do ente controlador para pagamento de despesas de 
pessoal e custeio em geral, excluídas as de capital provenientes de aumento de 
capital (§2º do art. 1º). 
 
O §5º do art. 1º dispõe que a lei abrange, também, as estatais que participem de 
consórcio na condição de operadora, nos termos do art. 279 da Lei 6.404/1976. 
O consórcio não detém personalidade jurídica; é uma associação de esforços em 
torno de um objetivo comum. A operadora do consórcio é a empresa que o 
administra, competente para gerir e representar o consórcio. Por exemplo, a 
Petrobras constitui um consórcio com as empresas “X” e “Y” para a alienação 
de bens do ativo não circulante, assumindo a qualidade de operadora. Para as 
futuras obras e serviços, o consórcio deverá licitar nos termos da Lei 
13.303/2016, haja vista a Petrobras ser a gestora do consórcio. 
 
O §6º do art. 1º da lei determina, ainda, a aplicação da lei à Sociedade de 
Propósito Específico (SPE) que seja controlada por empresa pública ou 
sociedade de economia mista. A SPE detém personalidade jurídica distinta das 
empresas associadas, sendo criada em torno de um objetivo determinado. Não se 
confunde com a figura do consórcio, por contar com personalidade jurídica 
própria. Por exemplo, na Lei 11.079/2014 (lei da PPP), a empresa ou consórcio 
vencedor da licitação deverá constituir uma SPE, a quem competirá assinar o 
contrato de concessão com a Administração e, assim, implantar e gerir o objeto 
específico da parceria. 
 
 
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Profs. Adriel de Sá e Cyonil Borges 
Só um último adicional: a lei da PPP veda que a Administração seja titular do 
capital votante da SPE. Portanto, a rigor, as estatais não poderão ter o controle 
acionário da SPE. Ocorre que, excepcionalmente, uma instituição financeira 
estatal poderá assumir o controle, devido ao inadimplemento dos contratos de 
financiamento pela SPE. Por exemplo, são comuns os financiamentos pela 
empresa pública federal BNDES. Se a SPE se tornar inadimplente, o BNDES 
poderá assumir o capital votante e, nesse caso, a SPE ficará obrigada ao rito da 
lei das estatais. 
 
Como sobredito, a lei só fez dar aplicabilidade à parte do art. 173 da CF/1988, 
especialmente a que trata das licitações e contratos no âmbito das entidades empresariais 
do Estado, tendo como inspiração a Lei 10.520/2002 (lei do pregão), a Lei 12.462/2011 
(Regime Diferenciado de Contratações Públicas – RDC) e os precedentes do Tribunal de 
Contas da União (TCU). 
 
Façamos a leitura de trechos do art. 173 da CF: 
 
“Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração 
direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando 
necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse 
coletivo, conforme definidos em lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade 
de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica 
de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, 
dispondo sobre 
(...) 
III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, 
observados os princípios da administração pública;” 
 
Perceba o destaque para “a lei estabelecerá”. Não é assunto reservado a decretos, 
a resoluções ou a atos internos das estatais. A disposição constitucional é enfática ao 
submeter o tratamento da matéria à lei ordinária, no caso concreto, a lei em estudo (Lei 
13.303/2016). 
 
Fique atento 
 
O inc. III do §1º do art. 173 da CF – norma de eficácia limitada – foi 
regulamentado pela Lei 13.303/2016. Ocorre que nem todas as disposições legais 
tornaram-se imediatamente eficazes, devido à obrigatoriedade de as estatais 
previamente se adequarem à lei, no prazo de até 24 meses. E, se ao fim de tal 
prazo, não houver o requerido ajustamento, o estatuto ser-lhes-á imediatamente 
aplicável. 
 
Na esfera federal foi editado o Decreto 8.945/2016, com o objetivo de conferir à 
norma eficácia automática. Inclusive, com o Decreto, o regime de licitações e 
contratação da Lei 13.303/2016 tornou-se parcialmente autoaplicável às estatais 
federais, ressalvados temas como os procedimentos auxiliares e a preparação das 
licitações com matriz de riscos, os quais deverão ser detalhados nos regulamentos 
 
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Profs. Adriel de Sá e Cyonil Borges 
próprios de licitação das estatais. 
 
E, ainda futuramente aplicável em sua plenitude, fica o registro de que o estatuto 
não esgotará todo o conteúdo das licitações e contratos. Sobre o tema, o art. 40 
da LRE estabelece que as empresas estatais devam publicar e manter 
regulamento interno de licitações e contratos, prevendo tópicos como: glossário 
de expressões técnicas, gestão e fiscalização de contratos e recebimento do objeto 
do contrato. 
 
À semelhança da Lei 8.666/1993 (lei de licitações), o estatuto das estatais pode 
ser entendido como norma geral de competência privativa da União, nos termos do inc. 
XXVII do art. 22 da CF/1988, com especial atenção para a segunda parte do dispositivo: 
 
“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
(...) 
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para 
as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e 
para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 
173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)” 
 
Em suma, a Lei de Responsabilidade das Estatais (LRE) foi editada pela União 
com fundamento em sua competência privativa para legislar sobre normas gerais em 
matéria de licitações e contratos, sendo extensível a todas as empresas governamentais de 
todas as esferas de governo. 
 
Sub
SPE
SEM = Sociedades de 
Economia Mista
EP = Empresas Públicas
Sub = Subsidiárias
EC = Empresas Controladas
Cons = Consórcios operados 
por estatais
SPE = Sociedades de 
Propósito Específico sob 
controle das estatais
 
Evidentemente, o fato de o novo estatuto fixar normas gerais não impedirá que os 
demais entes políticos editem atos próprios para suas entidades empresariais. Em todo 
caso, as legislações locais deverão observar o paradigma definido pela União. É como se 
a União tivesse “pintado” um quadro e posto uma moldura. O Estado-membro até pode 
conferir novas tonalidades à pintura, mas sempre se atendo à moldura delimitada pela 
União. 
 
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Profs. Adriel de Sá e Cyonil Borges 
 
Aprofundamento 
 
Aplicação subsidiária da Lei 8.666/1993 à lei das estatais 
 
Para José dos Santos Carvalho Filho, diante dessa nova disciplina, é inevitável 
compará-la à prevista na Lei nº 8.666/1993 (Estatuto dos Contratos e Licitações), 
que, em seu art. 1º, parágrafo único, subordina expressamente à sua regência 
essas entidadesadministrativas. Na comparação entre as leis, há que se 
considerar que a Lei nº 8.666/1993 se qualifica, na matéria, como lei geral, ao 
passo que a Lei nº 13.303/2016 (Estatuto das Empresas Públicas e Sociedades de 
Economia Mista) constitui lei especial, porque destinada especificamente a essas 
entidades. Resulta, pois, que a aplicabilidade imediata é desse último diploma, 
cabendo ao Estatuto geral a aplicabilidade subsidiária (por José dos Santos 
Carvalho Filho). 
 
Compartilhamos só parcialmente do posicionamento do ilustre autor. Para nós, 
a Lei Geral de Licitações não deve ser utilizada de forma supletiva, sempre que 
exista uma situação lacunosa na lei das estatais. 
 
Por exemplo: na Lei 13.303/2016, não há qualquer comando que obrigue a 
emissão de pareceres jurídicos para as minutas dos editais e contratos. Então, 
será que a assessoria jurídica da estatal terá o dever de examinar tais 
documentos? Afinal, o parágrafo único do art. 38 da Lei 8.666/1993 não 
determina o exame prévio de tais documentos? Para nós, é até recomendável que 
haja a verificação por assessoria jurídica da entidade, mas não uma imposição, 
sendo inaplicável o uso subsidiário da Lei 8.666/1993. 
 
E não pensa que esse raciocínio é estranho ao ordenamento jurídico. Por 
exemplo: o §2º do art. 1º da Lei 12.462/2011 prevê que “a opção pelo RDC deverá 
constar de forma expressa do instrumento convocatório e resultará no 
afastamento das normas contidas na Lei 8.666/1993, exceto nos casos 
expressamente previstos nesta Lei”. Ou seja, afastou-se a aplicação subsidiária 
da Lei 8.666/1993. 
 
Na lei das estatais, há duas passagens em que houve remição à Lei 8.666/1993. 
No art. 41, aplicam-se às licitações e contratos as normas de direito penal, 
contidas nos arts. 89 a 99 da Lei 8.666/1993. E, no art. 55, os critérios do §2º do 
art. 3º da Lei 8.666/1993 podem ser utilizados para desempate nas licitações. 
 
Seguem nossas dicas para como se comportar nas provas: 
 
1ª) A Lei 8.666/1993 pode ser (e não “deve ser”) aplicada subsidiariamente à Lei 
13.303/2016, no que couber; 
 
2ª) Quando houver uma lacuna na Lei 13.303/2016, nem sempre a Lei 8.666/1993 
será aplicada de forma supletiva; 
 
 
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3ª) Há disposições expressas na lei das estatais que determinam a aplicação 
direta da Lei 8.666/1993; e 
 
4ª) Distintamente da lei do RDC, a lei das estatais não afastou, de forma expressa, 
a aplicação das normas contidas da Lei 8.666/1993. 
 
 Apesar de sua importância em termos de eficiência e competitividade para as 
estatais, a norma não teve uma eficácia automática (art. 91): 
 
“Art. 91. A empresa pública e a sociedade de economia mista constituídas 
anteriormente à vigência desta Lei deverão, no prazo de 24 (vinte e quatro) meses, 
promover as adaptações necessárias à adequação ao disposto nesta Lei”. 
 
É algo, no mínimo, paradoxal. A norma tem vigência imediata, mas a produção 
de seus efeitos, de sua eficácia, ficou diferida por até 24 meses. E qual o resultado 
prático dessa faculdade normativa? É que, enquanto não houver a adaptação requerida, 
as estatais deverão seguir o rito da Lei 8.666/1993, em razão do que estabelece o §3º do 
art. 91: “§ 3º Permanecem regidos pela legislação anterior procedimentos licitatórios e 
contratos iniciados ou celebrados até o final do prazo previsto no caput”. 
 
Em síntese, dentro do prazo de 24 meses, fica a estatal livre para decidir se aplica 
ou não a nova norma. Pode optar pela aplicação imediata ou por qualquer prazo dentro 
de 24 meses. O prazo parece ser mais que suficiente para a empresa se conformar aos 
novos paradigmas. Por exemplo: se, no prazo de 6 meses, a Caixa Econômica Federal 
adaptar-se à lei das estatais, não haverá impedimento de as diretrizes da Lei 13.303/2016 
ser-lhe aplicável. 
 
 
Automática
Lei 8.666/1993
Vigência
Licitações e 
contratos
Em até 24 meses 
para adaptação
Não 
automática
Eficácia
Depois de 24 meses, 
todos devem seguir o rito 
do novo estatuto
Eficácia será automática para as empresas criadas 
depois da vigência da Lei
Lei 13.303/2016
 
 
 
 
 
 
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Importante 
 
Como sobredito, a Lei 13.303/2016 não esgota todos os pormenores das 
licitações no âmbito das estatais. 
 
O art. 40 da LRE impõe que as empresas públicas e as sociedades de economia 
mista publiquem e mantenham atualizado regulamento interno de licitações e 
contratos, compatível com o disposto na lei, especialmente quanto, por exemplo, 
à tramitação de recursos, à formalização de contratos, à gestão e fiscalização de 
contratos e à aplicação de penalidades. 
 
Só uma informação adicional: o art. 40 da LRE prevê um conteúdo mínimo dos 
regulamentos próprios. Por exemplo, distintamente do previsto no parágrafo 
único do art. 38 da Lei 8.666/1993, não há previsão, na lei das estatais, de as 
minutas dos editais, contratos e convênios serem examinadas e aprovadas por 
assessoria jurídica. 
 
No entanto, apesar de não existir referida imposição legal, parece-nos salutar 
que os regulamentos internos prevejam o parecer jurídico, evitando-se 
indesejadas nulidades no procedimento de licitação que se estendem aos 
contratos. 
 
Em âmbito federal, a Lei 13.303/2016 foi regulamentada pelo Decreto 
8.945/2016, o qual dispõe em seu art. 71: 
 
“Art. 71. O regime de licitação e contratação da Lei nº 13.303, de 2016, é 
autoaplicável, exceto quanto a: 
I - procedimentos auxiliares das licitações, de que tratam os art. 63 a art. 67 
da Lei nº 13.303, de 2016; 
II - procedimento de manifestação de interesse privado para o recebimento 
de propostas e projetos de empreendimentos, de que trata o § 4º do art. 31 
da Lei nº 13.303, de 2016; 
III - etapa de lances exclusivamente eletrônica, de que trata o § 4º da art. 32 
da Lei nº 13.303, de 2016; 
IV - preparação das licitações com matriz de riscos, de que trata o inciso X 
do caput do art. 42 da Lei nº 13.303, de 2016;” 
 
O art. 71 do Decreto só fez tornar autoaplicável parte das regras de licitação e 
contratação, de modo que a estatal poderá, desde já, afastar-se da utilização da Lei 
8.666/1993, socorrendo-se do procedimento mais flexível da Lei 13.303/2016. No 
entanto, nem toda a disciplina de licitações teve uma aplicabilidade imediata, porque 
determinados assuntos deverão ser detalhados pelos regulamentos internos de licitação 
das empresas estatais. 
 
 
 
 
 
 
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Aprofundamento 
 
As novas regras de licitações são obrigatórias para todas as empresas 
governamentais? 
 
O inc. III do §1º do art. 173 da CF/1988 determinava a edição de lei ordinária 
para estabelecer o estatuto das estatais interventoras no domínio econômico. É 
que tais entidades, por concorrerem com outras do setor privado, são 
merecedoras de um tratamento diferenciado do burocrático rito da Lei 
8.666/1993. Inclusive, na jurisprudência do TCU, já se autorizava a dispensa de 
licitação para a contratação de objetos ligados à atividade finalística da entidade. 
 
No entanto, perceba que não houve menção às prestadoras de serviços públicos, 
de modo que, a rigor, a estas caberia a aplicação da Lei 8.666/1993. 
 
Ocorre que, distintamente do previsto na CF, a abrangência do art. 1º da Lei 
13.303/2016 dirige-se para todas empresas estatais que explorem atividade 
econômica, inclusive se prestadorasde serviços públicos: entretanto, essa 
extensão às prestadoras de serviços públicos tem sido objeto de discussão 
doutrinária. 
 
Para Rafael Rezende, não parece razoável a fixação de normas homogêneas de 
licitação para toda e qualquer empresa estatal, independentemente da atividade 
desenvolvida (atividade econômica ou serviço público) e do regime de sua 
prestação (exclusividade, monopólio ou concorrência). Não seria prudente fixar 
o mesmo tratamento jurídico para pessoas jurídicas de direito privado que atuam 
em exclusividade (ou monopólio) e em regime concorrencial. 
 
Para o autor, a possível solução é a interpretação conforme à Constituição da 
Lei 13.303/2016 para que as suas normas de licitação sejam aplicadas às 
empresas estatais que exploram atividades econômicas lato sensu em regime 
concorrencial, excluindo-se da sua incidência as estatais que atuam em regime 
de monopólio e na prestação de serviços públicos em regime de exclusividade. 
 
Já para José dos Santos Carvalho Filho, o Estatuto foi claro: a aplicabilidade é 
extensiva e alcança todo e qualquer tipo de empresa pública ou sociedade de 
economia mista. Esse entendimento é sustentado na literalidade da Lei 
13.303/2016 e do Decreto 8.945/2016, os quais alcançam a todas as estatais, sem 
exceção. 
 
Por sua vez, para Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, nem todas as empresas 
públicas e sociedades de economia mista estão abrangidas pela lei das estatais. 
Há empresas públicas, por exemplo, que têm por objeto o exercício de poder de 
polícia e atividades de regulação, não se enquadrando, portanto, como 
“exploração de atividade econômica”. Dentre outros, cita-se o exemplo do 
Hospital Nossa Senhora da Conceição, sociedade de economia mista dedicada à 
prestação de serviços de saúde no âmbito do Sistema Única de Saúde (SUS). 
 
 
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Para nós, a lei das estatais não deve mesmo ter abrangência obrigatória para 
todas as empresas estatais. Além dos argumentos já apresentados, fica o registro 
de que o art. 96 da Lei 13.303/2016 revogou os regulamentos de licitação da 
Eletrobrás (§2º do art. 15 da Lei 3.890/1961) e da Petrobras (arts. 67 e 68 da Lei 
9.478/1997). 
 
Ocorre que essas não são as únicas autorizações para a expedição de 
regulamento simplificado de licitação. O art. 25 da Lei 11.652/2008 dispõe que a 
Empresa Brasil de Comunicação S.A – EBC – terá regulamento simplificado para 
a contratação de serviços e aquisição de bens, tendo sido editado o Decreto 
6.505/2008. 
 
Então, qual é a razão de o art. 25 da Lei 11.652/2008 não ter sido revogado, 
distintamente das disposições da Eletrobrás e Petrobras? Para nós, pelo fato de 
a Eletrobrás e Petrobras exercerem atividade econômica, enquanto a EBC ser 
prestadora de serviços de natureza não econômica (radiodifusão pública e 
serviços conexos). 
 
Por fim, ficam nossas dicas de como se comportar no dia da prova, diante de 
assunto tão controvertido, se a questão for: 
 
1ª) Literal, sem lições doutrinárias, escolha a sentença que indique a abrangência 
para todas as empresas estatais, independentemente da área de atuação; 
 
2ª) De fundo doutrinário, não haverá duas alternativas antagônicas. Ou será 
mencionada a necessidade interpretação conforme à CF, e, assim, afastar-se a 
aplicação para as empresas estatais que não desempenhem atividade econômica, 
ou será citada a doutrina que defende a literalidade da norma, com abrangência 
para todas as estatais, independentemente da área de atuação. 
 
2. Campo de aplicação 
 
Nos termos do art. 28 da Lei 13.303/2016, a prestação de serviços, inclusive 
engenharia e publicidade, a aquisição e a locação de bens, a alienação de bens e ativos, 
a execução de obras e a implementação de ônus real serão precedidas de licitação, 
ressalvadas as hipóteses previstas nos arts. 29 e 30: 
 
“Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços às 
empresas públicas e às sociedades de economia mista, inclusive de engenharia e 
de publicidade, à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e ativos 
integrantes do respectivo patrimônio ou à execução de obras a serem integradas 
a esse patrimônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais bens, serão 
precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as hipóteses previstas 
nos arts. 29 e 30”. 
 
Aproveitemos para comparar o rol de objetos do caput do art. 28 da lei das estatais 
com o previsto no caput do art. 2º da Lei 8.666/1993: 
 
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“Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, 
concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando 
contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, 
ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei”. 
 
 Na lei de licitações, por exemplo, não houve menção expressa à implementação 
de ônus real sobre bens do acervo patrimonial da entidade. Não quer dizer, sobremaneira, 
que não exista esta possibilidade. A propósito, o inc. XII do art. 1.225 do CC/2002 prevê 
a concessão do direito real de uso, e a Lei 8.666/1993 determinou que sua concretização 
dependerá, de regra, de licitação na modalidade concorrência (§3º do art. 23). 
 
Já a lei das estatais foi omissa na reprodução dos objetos concessões e permissões. 
É que, por meio de tais atos, a Administração faculta aos particulares o uso privativo de 
bens públicos. Ocorre que os bens das estatais são privados, logo, deverão ser utilizados 
instrumentos regidos pelo direito privado, como o direito de superfície, comodato e o 
arrendamento de áreas. Por exemplo: a sociedade de economia mista federal Companhia 
Docas do Estado de São Paulo (Codesp) poderá promover licitação para arrendamento 
de bem destinado à atividade portuária (art. 4º da Lei 12.815/2013 – Lei de Portos). 
 
Para melhor visualização, façamos um esquema comparativo: 
 
 
Lei 8.666/1993
(caput do art. 2º)
Lei 13.303/2016
(caput do art. 2º)
Obras
Serviços, inclusive publicidade
Compras
Alienações
Permissões
Locações
Sem correspondência
Execução de obras
Prestação de serviços, inclusive 
engenharia e publicidade
Aquisição
Alienação de bens e ativos
Sem correspondênciaConcessões
Sem correspondência
Locações de bens
Implementação de ônus real
 
 
É fácil perceber que o campo de aplicação da LRE é bem abrangente. Nesse 
contexto, parte da doutrina diz que o dever de licitar tem de ser entendido como 
verdadeiro princípio, nos termos do inc. XXI do art. 37 da CF/1988. 
 
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Entretanto, sendo o inc. XXI do art. 37 da CF/1988 uma norma de eficácia 
direta e imediata, nem sempre integral, fica autorizada a edição de legislação futura 
condicionando sua aplicação, ou seja, afastando o dever de licitar em algumas situações 
(“ressalvadas as hipóteses...”). É o que os constitucionalistas chamam de norma de 
eficácia contida ou conteúdo restringível. 
 
Assim, destaca-se que o dever de licitar é uma regra para as contratações da 
Administração Pública, o qual, no entanto, encontra exceções (as hipóteses de contratação 
direta, por dispensa ou inexigibilidade de licitação e inaplicabilidade). 
 
Tome nota 
 
As empresas públicas e sociedades de economia mista poderão celebrar 
convênios e contratos de patrocínio com pessoas físicas ou jurídicas para a 
promoção de atividade culturais, sociais, esportivas e educacionais,desde que 
vinculadas ao fortalecimento de sua marca: nesse caso, serão observadas as 
normas de licitações e contratos, no que couber (§3º do art. 27). 
 
Em relação aos convênios, é “batida” a lição doutrinária de não ser necessária 
a realização de prévia modalidade de licitação, porque os convênios são acordos 
em que os interesses não são contrapostos. 
 
Por sua vez, o contrato de patrocínio pode ser considerado uma novidade 
legislativa. Em termos jurisprudenciais, a matéria foi submetida ao crivo do 
Supremo Tribunal Federal (RE 574636/SP). No caso concreto, discutiu-se a 
exigência de licitação para contrato de patrocínio entre o Município de São 
Paulo e emissora de TV para a realização do evento esportivo “I Maratona de 
São Paulo”. O Supremo afastou o dever de licitar pela simples participação da 
Administração como patrocinadora de eventos de interesse da sociedade. 
 
Ainda sobre o contrato de patrocínio, o TCU sustenta que se trata de hipótese de 
inexigibilidade de licitação. Na Decisão Plenária 855/1997, o Tribunal 
reconheceu a validade do patrocínio do Banco do Brasil à Confederação 
Brasileira de Voleibol, e, na oportunidade, determinou que fosse observada a 
necessidade de justificativa da inexigibilidade de licitação, para a formalização 
dos contratos de patrocínio. 
 
3. Objetivos, princípios e diretrizes 
 
A lei das estatais é uma mistura de ingredientes advindos da Lei 8.666/1993, da 
Lei 10.520/2002 (lei do pregão) e da Lei 12.462/2011 (lei do RDC), porém, a pretensão 
foi a de se reportar às melhores práticas de cada um dos diplomas, resultando na 
consolidação de precedentes do TCU e de lições doutrinárias já sedimentadas. Por 
exemplo, os objetivos indicados no art. 31 da Lei 13.303/2016 são bem próximos àqueles 
da Lei 8.666/1993 e da lei do RDC: 
 
 
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Lei 8.666/1993 
 
“Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princípio 
constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a 
administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será 
processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da 
legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, 
da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do 
julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos”. 
 
Lei do RDC 
 
“Art. 3º As licitações e contratações realizadas em conformidade com o RDC 
deverão observar os princípios da legalidade, da impessoalidade, da 
moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade 
administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, 
da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo. 
 
Lei das estatais 
 
“Art. 31. As licitações realizadas e os contratos celebrados por empresas 
públicas e sociedades de economia mista destinam-se a assegurar a seleção 
da proposta mais vantajosa, inclusive no que se refere ao ciclo de vida do 
objeto, e a evitar operações em que se caracterize sobrepreço ou 
superfaturamento, devendo observar os princípios da impessoalidade, da 
moralidade, da igualdade, da publicidade, da eficiência, da probidade 
administrativa, da economicidade, do desenvolvimento nacional sustentável, 
da vinculação ao instrumento convocatório, da obtenção de competitividade 
e do julgamento objetivo”. 
 
Os trechos em destaque servem-nos para comprovar que, embora sejam 
disposições próximas, há nítidas diferenças, com objetivos e princípios não encontrados 
expressamente na Lei 8.666/1993 e no RDC. 
 
Para melhor visualização, façamos um esquema comparativo, em que “sem 
correspondência” representa a não previsão expressa (quando muito implícita), e o termo 
“expresso” quer significar que o princípio foi reproduzido expressamente. Por exemplo: 
a legalidade é expressa na Lei 8.666/1993 e não prevista na Lei 13.303/2016 (sem 
correspondência): 
 
 
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Lei 8.666/1993
(caput do art. 3º)
Lei do RDC
(caput do art. 3º)
Isonomia
Seleção proposta mais 
vantajosa
Desenvolvimento nacional 
sustentável
Legalidade
Moralidade
Igualdade
Publicidade
Sem correspondência
Sem correspondência
Expresso
Expresso
ExpressoImpessoalidade
Expresso
Expresso
Expresso
Lei 13.303/2016
(caput do art. 31)
Vinculação
Julgamento objetivo
Sem correspondência
Expresso
Expresso
Sem correspondência
Expresso
Expresso
Expresso
Expresso
Expresso
Expresso
Expresso
Expresso
Sem correspondência
Sem correspondência
Eficiência e economicidade
Sem correspondência
Expresso
Competitividade
 
 
 À semelhança da Lei 8.666/1993, nem todos os princípios são encontrados 
expressamente na Lei 13.303/2016. Vide o exemplo do princípio implícito da 
adjudicação compulsória. A adjudicação é a penúltima etapa do procedimento de 
licitação regido pela Lei 13.303/2016; é de natureza obrigatória, conferindo à empresa 
vencedora a expectativa de contratação, ou seja, adjudicar não se confunde com 
contratar. 
 
Dica da hora 
 
Na LRE, a última fase da licitação é a homologação. É ato de controle a 
posteriori, em que a autoridade examinará o rito licitatório sob os aspectos da 
legalidade e do mérito (conveniência e oportunidade). Se ilegal, caberá à 
autoridade convalidar os vícios sanáveis ou anular o procedimento. Se não 
conveniente, à autoridade competirá a revogação da licitação. 
 
Distintamente da fase de adjudicação, em que o vencedor possui mera expectativa 
de direito à contratação, a homologação do resultado implicará a constituição de 
direito relativo à celebração do contrato em favor do licitante vencedor (art. 60). 
 
Nesse contexto, é o primeiro diploma normativo de que temos ciência que 
reconhece expressamente o direito subjetivo à contratação, a partir de 
homologado o resultado da licitação. Certamente, essa peculiaridade será 
bastante explorada pelos ilustres examinadores. 
 
 
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Abre-se um parêntese para uma das aplicações, na lei das estatais, do princípio da 
moralidade. Pela Lei 8.666/1993, é vedada a participação, direta ou indireta, na licitação 
ou na execução de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles necessários do autor 
ou da empresa responsável pela elaboração dos projeto básico ou executivo e servidor ou 
dirigente do órgão/entidade que promove a licitação. 
 
Por sua vez, a lei das estatais trouxe novos impedimentos à participação de 
licitações e nas contratações. Por exemplo, o art. 38 veda a participação de empresas: em 
que administrador ou sócio detenha mais de 5% do capital social em empresa estatal; 
constituídas por sócio de empresa que estiver suspensa, impedida ou declarada inidônea 
e em que os sócios ou administrador tenham relação de parentesco, até o terceiro grau 
civil, com empregado da estatal cujas atribuições envolvam a atuação na área 
responsável pela licitação ou contratação. 
 
Aprofundamento 
 
Sobrepreço e superfaturamento 
 
Nas fiscalizações promovidas pelos Tribunais de Contas, na área de licitações e 
contratos, a verificação da existência de sobrepreço e superfaturamento costuma 
ser quesito obrigatório. 
 
São institutos próximos, mas inconfundíveis entre si. E, pelo que temos notícia, a 
lei das estatais é o primeiro diploma normativo a trazer, expressamente, os 
conceitos de tais institutos.A preocupação de o legislador positivar tais conceitos parece-nos justificável, 
diante dos ordinários escândalos envolvendo as licitações promovidas por 
empresas governamentais. 
 
Dá-se o sobrepreço quando os preços orçados para a licitação ou os preços 
contratados são expressivamente superiores aos preços referenciais de mercado, 
podendo referir-se ao valor unitário de um item, se a licitação ou a contratação 
for por preços unitários de serviço, ou ao valor global do objeto, se a licitação ou 
a contratação for por preço global ou por empreitada (inc. I do §1º do art. 31). 
 
Já o superfaturamento ocorre quando houver dano ao patrimônio da empresa 
pública ou da sociedade de economia mista caracterizado, por exemplo, pela 
medição de quantidades superiores às efetivamente executadas ou fornecidas e 
por alterações no orçamento de obras e de serviços de engenharia que causem o 
desequilíbrio econômico-financeiro do contrato em favor do contratado. 
 
Perceba que se constata a existência de eventual sobrepreço na fase interna da 
licitação (preços orçados ou preços contratados); já o sobrepreço pode ser 
verificado durante a execução contratual propriamente dita (p. ex.: pagamento 
por serviços não executados e manipulação dos itens da planilha de formação de 
preços, vulgarmente conhecida por “jogo de planilhas”). 
 
 
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Como nos esclarece o TCU (Acórdão-Plenário 310/2006), o sobrepreço ocorre 
quando uma cotação de um bem ou serviço é superior ao valor praticado pelo 
mercado. Já o superfaturamento se verifica após a regular liquidação da despesa, 
ou seja, depois da aquisição, faturamento e pagamento de um bem ou serviço. 
 
Para que você, estudante, nunca mais se esqueça da distinção, só se justifica a 
figura do faturamento quando há um efetivo ingresso de recursos a favor de 
alguém; e, a empresa não terá faturamento se não executar o objeto do contrato, 
ainda que parcialmente. Portanto, acaso existente, o superfaturamento só 
ocorrerá depois de celebrado o contrato. 
 
 Por fim, o art. 32 da lei das estatais nos informa os rumos a serem observados 
pelas empresas governamentais para o alcance das metas definidas: as diretrizes. Abaixo, 
detalhemos as diretrizes: 
 
✓ padronização do objeto da contratação, dos instrumentos convocatórios e das 
minutas de contratos, de acordo com normas internas específicas; 
 
✓ busca da maior vantagem competitiva para a empresa pública ou sociedade de 
economia mista, considerando custos e benefícios, diretos e indiretos, de natureza 
econômica, social ou ambiental, inclusive os relativos à manutenção, ao 
desfazimento de bens e resíduos, ao índice de depreciação econômica e a outros 
fatores de igual relevância; 
 
Essas duas primeiras diretrizes foram inspiradas nos incs. I a III do art. 4º da lei 
do RDC: 
 
“Art. 4o Nas licitações e contratos de que trata esta Lei serão observadas 
as seguintes diretrizes: 
I - padronização do objeto da contratação relativamente às especificações 
técnicas e de desempenho e, quando for o caso, às condições de 
manutenção, assistência técnica e de garantia oferecidas; 
II - padronização de instrumentos convocatórios e minutas de contratos, 
previamente aprovados pelo órgão jurídico competente; 
III - busca da maior vantagem para a administração pública, considerando 
custos e benefícios, diretos e indiretos, de natureza econômica, social ou 
ambiental, inclusive os relativos à manutenção, ao desfazimento de bens e 
resíduos, ao índice de depreciação econômica e a outros fatores de igual 
relevância;” 
 
✓ parcelamento do objeto, visando a ampliar a participação de licitantes, sem 
perda de economia de escala, e desde que não atinja valores inferiores aos limites 
estabelecidos no art. 29, incisos I e II; 
 
 
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A redação é próxima da prevista no RDC (inc. VI do art. 4º). A única diferença – 
e substancial – é a vedação de que quaisquer dos lotes do parcelamento atinja valores 
inferiores a R$ 100.000,00 para obras e serviços de engenharia, e a R$ 50.000,00 para 
compras e outros serviços. Por exemplo, a Casa da Moeda do Brasil (CMB) – empresa 
pública federal – não poderá parcelar a aquisição de computadores nos seguintes lotes e 
orçamentos estimados: 100 unidades por R$ 150.000,00, 50 unidades por R$ 70.000,00 
e 40 unidades por R$ 45.000,00. É que o valor do último lote é inferior a R$ 50.000,00. 
 
Fica nítida a preocupação do legislador em evitar a dispensa de licitação em razão 
do valor. Ocorre que o parcelamento do objeto não se confunde com o fracionamento 
indevido de despesas. 
 
O fracionamento é prática ilícita, podendo configurar crime, consistente na ação 
de dividir o objeto da licitação em pequenos valores, para permitir a dispensa de licitação 
ou mesmo afastar a utilização de rito mais complexo e público de licitação. 
 
Já no parcelamento do objeto, caberá à empresa estatal realizar uma única 
modalidade de licitação para todos os lotes, ou seja, nunca será permitida a dispensa de 
licitação em razão do valor, ainda que um dos lotes tenha orçamento estimado inferior 
aos limites da dispensa. 
 
Para nós, portanto, a preocupação do legislador foi desmedida. Com o 
parcelamento lícito do objeto, nunca haverá a dispensa de licitação em razão do valor para 
frações ou lotes licitados. É porque se impõe a realização de uma única modalidade de 
licitação para todo o conjunto de objetos licitados. No exemplo acima da CMB, por serem 
bens comuns, caberia a realização de um único pregão, com a divisão em lotes. 
 
Claro que, para os futuros concursos, o estudante deve seguir a literalidade da 
norma que veda determinado lote do parcelamento com orçamento estimado dentro do 
limite da dispensa, pelo menos enquanto não tivermos novas orientações jurisprudenciais 
pelos Tribunais de Contas. 
 
✓ adoção preferencial da modalidade de licitação denominada pregão, instituída 
pela Lei no 10.520, de 17 de julho de 2002, para a aquisição de bens e serviços 
comuns, assim considerados aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade 
possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais 
no mercado; 
 
A lei não previu qualquer modalidade de licitação, seguindo o modelo da lei do 
RDC. No entanto, ressalvou-se a adoção preferencial do pregão (Lei 10.520/2002). E, 
quando realizado na forma eletrônica, os pregões deverão ser realizados exclusivamente 
em portais de compras de acesso público na internet. Só atenção para o fato de que tais 
portais não são, necessariamente, os mantidos pela Administração Pública, a exemplo do 
comprasnet. Por exemplo, o Banco do Brasil tem um portal de acesso público 
(http://www.licitacoes-e.com.br/aop/index.jsp). Enfim, o requisito é o portal assegurar o 
acesso ao público. 
 
✓ observação da política de integridade nas transações com partes interessadas. 
 
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Nos termos do inc. VII do art. 8º, as estatais deverão observar como requisito de 
transparência a elaboração e divulgação da política de transações com partes 
relacionadas, em conformidade com os requisitos de competitividade, conformidade, 
transparência, equidade e comutatividade, a ser revista no mínimo anualmente e aprovada 
pelo Conselho de Administração. Assim, evitar-se-á que, nas licitações, ocorram 
operações discutíveis entre instituições sob controle de uma mesma entidade. 
 
AprofundamentoLicitações e as políticas públicas 
 
É induvidoso que as licitações se destinam à seleção da proposta mais vantajosa. 
Mas será que a vantajosidade da proposta deve ser vista só sob uma ótica 
estritamente econômica? Para nós, está evidente que o legislador se preocupou 
com fatores externos bem mais abrangentes. 
 
Com idêntico teor do §1º do art. 4º do RDC, o §1º do art. 32 da LRE estabelece 
que as licitações e os contratos devem respeitar, dentre outras, normas relativas 
à: 
 
• disposição final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos gerados 
pelas obras contratadas; 
 
• mitigação dos danos ambientais por meio de medidas condicionantes e de 
compensação ambiental, que serão definidas no procedimento de 
licenciamento ambiental; 
 
• utilização de produtos, equipamentos e serviços que, comprovadamente, 
reduzam o consumo de energia e de recursos naturais; 
 
• avaliação de impactos de vizinhança, na forma da legislação urbanística; 
 
• proteção do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e imaterial, 
inclusive por meio da avaliação do impacto direto ou indireto causado por 
investimentos realizados por empresas públicas e sociedades de economia 
mista; 
 
• acessibilidade para pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. 
 
A adoção de tais normas tem sido constante nas licitações públicas, 
caracterizando o conceito de contratações sustentáveis. Na esfera federal, os 
critérios para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável foram 
regulamentados pelo Decreto 7.746/2012, o qual, inclusive, alcança 
expressamente as empresas estatais dependentes (art. 1º). 
 
 
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Na Lei 13.303/2016, o caput do art. 31 da LRE é expresso ao determinar a 
observância ao princípio do desenvolvimento nacional sustentável, à 
semelhança do já previsto no caput dos art. 3º da Lei 8.666/1993 e da lei do RDC. 
 
Dentre as diretrizes da lei das estatais, destaca-se o inc. II do art. 32, em que se 
determina, nas licitações e contratos, a busca da maior vantagem competitiva, 
considerando custos e benefícios, diretos e indiretos, de natureza ambiental, 
inclusive os relativos ao desfazimento de bens e resíduos. No §1º do art. 32, 
obriga-se a mitigação dos danos ambientais por meio de medidas compensatórias 
e utilização de produtos que, comprovadamente, reduzam o consumo de energia 
e de recursos naturais. 
 
É dever de os gestores das estatais considerarem, em suas contratações, os 
eventuais reflexos negativos ao meio ambiente, bem de uso comum do povo e 
essencial às presentes e futuras gerações. Como nos esclarece o TCU (Acórdão-
Plenário 1375/2015), é legítimo que as contratações da Administração se 
adequem a novos parâmetros de sustentabilidade ambiental, ainda que com 
possíveis reflexos na economicidade da contratação. 
 
O §2º do art. 32 dispõe que a contratação da qual decorra impacto negativo sobre 
bens do patrimônio cultural, histórico, arqueológico e imaterial tombados deverá 
ser compensado por meio de medidas determinadas pelo dirigente máximo da 
estatal e dependerá de autorização da esfera de governo encarregada da 
proteção do respectivo patrimônio. 
 
Essa exigência de autorização da entidade promotora do tombamento é novidade 
em relação ao §2º do art. 4º da lei do RDC. Por exemplo, a empresa pública 
federal Infraero decidiu por ampliar as pistas de pouso no aeroporto de São 
Paulo/Congonhas – Deputado Freitas Nobre, com impacto negativo sobre bens 
tombados pelo município de São Paulo; nesse caso, a contratação dependerá de 
autorização do município de São Paulo, por ser esse o ente federativo 
encarregado da proteção do patrimônio. 
 
 
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4. Lei das estatais comparada 
 
Embora o estatuto das estatais conte com várias contribuições advindas da lei de 
licitações, da lei do pregão e do Regime Diferenciado de Contratações (RDC), deve ser 
considerado diploma com novos institutos e diretrizes, até então inexistentes na 
Administração Pública. E, bem provavelmente, serão essas sutilezas as mais requeridas 
pelos ilustres examinadores. 
 
4.1. Publicidade 
 
 Os procedimentos licitatórios, a pré-qualificação e os contratos devem ser 
divulgados em portal específico mantido pelas estatais na internet. É o que determina o 
caput do art. 39 da LRE: 
 
“Art. 39. Os procedimentos licitatórios, a pré-qualificação e os contratos 
disciplinados por esta Lei serão divulgados em portal específico mantido pela 
empresa pública ou sociedade de economia mista na internet, devendo ser 
adotados os seguintes prazos mínimos para apresentação de propostas ou lances, 
contados a partir da divulgação do instrumento convocatório: (...)” 
 
 Adicionalmente, esclareça que o §2º do art. 51 da lei impõe que os atos e 
procedimentos de licitação sejam previamente publicados no diário oficial da União, do 
Estado ou do Município. Não há previsão, portanto, para a publicação em jornais diários 
de grande circulação. Na lei do RDC, por exemplo, o inc. I do §1º do art. 15 faculta 
expressamente a publicação do extrato em jornal diário de grande circulação. Enquanto 
o inc. III do art. 21 da Lei 8.666/1993 obriga a publicidade em jornais. 
 
Tome nota 
 
Na Lei 12.462/2011 (RDC), o § 2º do art. 15 dispensa a publicação em diários 
oficiais, no caso de licitação cujo valor não ultrapasse R$ 150.000,00 para obras 
ou R$ 80.000,00 para bens e serviços, inclusive de engenharia. 
 
Na lei das estatais, não há dispositivo similar. Porém, para nós, não há vedação 
de os regulamentos internos de licitação das estatais estabelecerem semelhante 
 
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faculdade, inclusive com limites diversos de valores. É que, na lei do RDC, os 
valores-limite são iguais aos limites da modalidade convite da Lei 8.666/1993. 
 
A dispensa de publicação em diários oficiais para objetos de valor mais diminuto 
é uma aplicação do princípio da economicidade e da eficiência. 
 
 Os prazos mínimos de publicidade da LRE são semelhantes, em grande parte, aos 
previstos na lei do RDC. Façamos um comparativo entre as normas: 
 
• Inc. I do art. 39 da LRE e inc. I do art. 15 do RDC – aquisição de bens 
 
- 5 dias úteis, quando adotados critérios de julgamento pelo menor preço ou 
pelo maior desconto, e 
 
- 10 dias úteis, nas demais hipóteses. 
 
• Inc. II do art. 39 da LRE e inc. II do art. 15 do RDC – contratação de bens e 
serviços 
 
- 15 dias úteis, quando adotado como critério de julgamento o menor preço 
ou o maior desconto, e 
 
- 30 dias úteis, nas demais hipóteses. 
 
• Inc. III do art. 39 da LRE sem correspondência na lei do RDC – 45 dias úteis 
para licitação em que se adote como critério a melhor técnica, técnica e preço ou 
licitação em que haja contratação semi-integrada ou integrada. 
 
O prazo mínimo de 45 dias úteis é similar ao previsto para as licitações na 
modalidade concorrência da Lei 8.666/1993 (alínea ‘b’ do inc. I do § 2º do art. 21), em 
que se adote o tipo de licitação melhor técnica ou técnica e preço. Já na lei do RDC (inc. 
IV do art. 15), previu-se o prazo mínimo de 30 dias úteis. 
 
Fique atento 
 
Na Lei 8.666/1993, não houve menção para as contratações semi-integrada e 
integrada; logo, não existentes prazos de publicidade. Já na Lei 12.462/2011 
(RDC), houve destaque apenas para a contratação integrada e, por acaso, sem 
qualquer prazo específico de publicidade. Enfim,a lei das estatais pode ser 
considerada inovadora ao exigir prazo autônomo para as contratações semi-
integrada e integrada. 
 
A respeito da contagem de prazo, vigora a regra do direito processual civil (art. 
224), em que, nos prazos fixados em dias úteis, excluir-se-á o dia de início, 
incluindo-se o de vencimento. E o dia de início é sempre o primeiro dia útil ao da 
publicação, e o vencimento deverá recair, igualmente, em dia útil. 
 
 
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Por exemplo: instrumento convocatório foi publicado na segunda-feira 
(31/7/2017), para aquisição de bens, adotando-se o critério de julgamento menor 
preço. Portanto, o prazo será de 5 dias úteis a começar no dia 1/8/2017 (exclui-
se o dia de início). O 5º dia é não útil, sábado (5/8/2017). Logo, prorroga-se o 
vencimento para o primeiro dia útil subsequente, no caso, 7/8/2017. 
 
4.2. Inversão de fases 
 
Nas licitações regidas pela Lei 8.666/1993, a regra é a habilitação anteceder o 
julgamento das propostas. Já na lei das estatais, à semelhança do pregão e do RDC, a 
diretriz é a habilitação ser posterior ao julgamento, ou seja, todas as empresas passam 
pela etapa de julgamento, mas a análise dos requisitos de habilitação recai 
exclusivamente sobre a empresa mais bem classificada. 
 
Vejamos a sequência completa das etapas no art. 51 da lei: 
 
“Art. 51. As licitações de que trata esta Lei observarão a seguinte sequência 
de fases: 
I - preparação; 
II - divulgação; 
III - apresentação de lances ou propostas, conforme o modo de disputa 
adotado; 
IV - julgamento; 
V - verificação de efetividade dos lances ou propostas; 
VI - negociação; 
VII - habilitação; 
VIII - interposição de recursos; 
IX - adjudicação do objeto; 
X - homologação do resultado ou revogação do procedimento”. 
 
Dica da hora 
 
Os atos e procedimentos praticados pelas estatais e por licitantes serão efetivados 
preferencialmente por meio eletrônico, devendo os avisos contendo os resumos 
dos editais das licitações e contratos ser previamente publicados no Diário 
Oficial da União, do Estado ou do Município e na internet. 
 
Distintamente do previsto na Lei 8.666/1993, reforçamos que não há a obrigação 
de a estatal publicar os atos e procedimentos em jornais diários de grande 
circulação. 
 
Para nós, a lei das estatais poderia ter sido menos tímida, e ter dispensado a 
publicidade de determinados atos no Diário Oficial. Por exemplo, pelo § 2º do 
art. 15 do RDC, a publicação em Diário Oficial é dispensada, no caso de 
 
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licitações cujo valor não ultrapasse R$ 150.000,00 para obras ou R$ 80.000,00 
para bens e serviços, inclusive engenharia. 
 
Façamos um rápido comparativo com o rito da Lei 8.666/1993, do pregão e do 
RDC: 
 
 
Estatais RDC Pregão Licitações
Preparação
(fase interna)
Divulgação
(início fase 
externa)
Apresentação 
de propostas
Julgamento
Verificação de 
efetividade 
das propostas
Negociação
Habilitação
Recursos
Adjudicação
Homologação
Habilitação
Também chamada de preparatória
Inversão de fases
Realizada pela Comissão ou Pregoeiro, mas 
sem menção expressa ao termo
Sem correspondente
Julgamento
Inversão de fases
Única etapa recursal
Não vigora a 
unicidade recursal
Homologação
Inversão de fases
Adjudicação
Inversão de fases
 
 
Importantes diferenças podem ser notadas. A principal em relação à Lei 
8.666/1993 – e tema recorrente em concursos – é que o julgamento precede a fase de 
 
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habilitação. Duas outras distinções devem ser objeto de atenção. A primeira é que, na 
lei de licitações, há recursos contra as etapas de habilitação e julgamento e com efeito 
suspensivo; já nas leis das estatais, pregão e RDC, a fase recursal é única. A segunda é 
que, na lei de licitações, a última etapa é a adjudicação; nas leis das estatais, pregão e 
RDC, a última fase é a homologação. 
 
Importante 
 
Excepcionalmente, a fase de habilitação poderá ser anterior ao julgamento e ao 
recebimento das propostas ou lances (incs. III e IV do art. 51). Essa inversão só 
será possível se o instrumento convocatório for expresso (§ 1º do art. 51). Idêntica 
previsão é encontrada no parágrafo único do art. 12 da lei do RDC, o qual 
certamente serviu de inspiração para a Lei 13.303/2016. 
 
Por sua vez, na lei do pregão sempre haverá a inversão de fases, ou seja, a 
habilitação deve ser posterior ao julgamento. Não há, portanto, espaço para que 
o instrumento convocatório disponha de forma diversa. 
 
Sobre a etapa de habilitação, merece destaque o art. 58: 
 
“Art. 58. A habilitação será apreciada exclusivamente a partir dos seguintes 
parâmetros: 
I - exigência da apresentação de documentos aptos a comprovar a 
possibilidade da aquisição de direitos e da contração de obrigações por parte 
do licitante; 
II - qualificação técnica, restrita a parcelas do objeto técnica ou 
economicamente relevantes, de acordo com parâmetros estabelecidos de 
forma expressa no instrumento convocatório; 
III - capacidade econômica e financeira; 
IV - recolhimento de quantia a título de adiantamento, tratando-se de 
licitações em que se utilize como critério de julgamento a maior oferta de 
preço”. 
 
A lista de requisitos de habilitação é coincidente, em parte, com o rol do art. 27 
da Lei 8.666/1993. A seguir, façamos um paralelo entre as normas: 
 
 
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Lei 8.666/1993
(art. 27)
Lei 13.303/2016
(art. 58)
Habilitação jurídica
Qualificação técnica
Qualificação econômico-
financeira
Regularidade fiscal e 
trabalhista
Sem correspondência
(no entanto, o art. 18 prevê o recolhimento)
Expresso
Expresso
Expresso
Sem correspondência
Sem correspondência
(no entanto, é decorrência constitucional)
Inc. XXXIII do art. 7º da CF
Recolhimento de quantia a 
título de adiantamento
 
 
Perceba que a lei das estatais não previu expressamente a exigência de 
regularidade fiscal e trabalhista. Assim, a considerar a taxatividade do art. 58, não haverá 
impedimento de a empresa governamental contratar com empresa com restrições fiscais 
(devedora de impostos e contribuições, por exemplo). E quanto à habilitação jurídica, 
apesar de essa não aparece nestes termos na lei das estatais, houve a transcrição do seu 
conceito, portanto, é requisito também expresso na LRE. 
 
Fique atento 
 
É improvável que as bancas examinadoras requeiram o conhecimento específico 
dos regulamentos internos de licitação das estatais, algo do tipo: “pelo 
regulamento do Banco do Brasil, é possível afirmar (...)”. É algo inimaginável, 
em razão do elevadíssimo número de empresas governamentais. 
 
Porém, para os concursos específicos de acesso aos empregos públicos das 
estatais, como para a Caixa Econômica, o BNDES, a Petrobras e a Infraero, 
temos que a Lei 13.303/2016 (LRE) não será suficiente, devendo o estudante ler 
atentamente o edital e verificar se há ou não a cobrança expressa dos 
regulamentos. 
 
Os regulamentos poderão dispor de temas além dos já tratados pela Lei 
13.303/2016. Vide o exemplo do regulamento de licitação da Infraero, publicado 
em 31 de janeiro de 2017 e adequado à LRE, em que se fez menção expressa à 
regularidade fiscal e trabalhista, ingredientes não previstos na redaçãoda LRE. 
 
Para nós, embora a norma seja bastante controvertida, é o que deve ser levado para 
as provas. Claro que a norma de natureza infraconstitucional não poderá contrariar a 
CF/1988, por isso, devem ser observados os comandos do § 3º do art. 195 da CF: “§ 3º A 
pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, 
não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos 
 
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fiscais ou creditícios” e do inc. XXXIII do art. 7º da CF (“proibição de trabalho noturno, 
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de 
dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos”). 
 
Tome nota 
 
Quando o critério de julgamento utilizado for a maior oferta de preço, os 
requisitos de qualificação técnica e de capacidade econômica e 
financeira poderão ser dispensados. Isso ocorre porque, no caso concreto, a 
empresa receberá o objeto da licitação depois do efetivo pagamento, sem que se 
mantenha vinculada à execução de contrato perante a estatal. Essa possibilidade 
é prevista na Lei 8.666/1993 (§ 1º do art. 32), na Lei 12.462/2011 (§ 1º do art. 
22) e na Lei 13.303/2016 (§ 1º do art. 58). 
 
Ainda quanto à comparação literal dos dispositivos, no art. 27 da Lei 8.666/1993, 
não houve previsão expressa para o “recolhimento de quantia a título de adiantamento”, 
exigível nas licitações em que se socorra do tipo de licitação maior oferta de preços 
(inc. IV do art. 58 da Lei 13.303/2016). A ideia do legislador é conferir maior segurança 
às licitações, garantindo-se que a empresa vencedora do certame honre com o pagamento 
integral do objeto da licitação, sob pena de ver revertido a favor da estatal a quantia 
adiantada. 
 
Então, será que tal exigência é exclusiva da lei das estatais? 
 
De partida, façamos a leitura do inc. IV do § 1º do art. 45 da Lei 8.666/1993: 
 
“Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de 
licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos 
de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de 
acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar 
sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. 
§1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na 
modalidade concurso: 
(...) 
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de 
direito real de uso”. 
 
Agora, vejamos o disposto no caput do art. 18 da Lei 8.666/1993: 
 
Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis, a fase de habilitação 
limitar-se-á à comprovação do recolhimento de quantia correspondente a 5% 
(cinco por cento) da avaliação. 
 
 Enfim, a lei de licitações possibilita o recolhimento de quantia a título de 
adiantamento. A diferença é que, na lei das estatais, o limite percentual é 
indeterminado. 
 
 
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 E, na lei do RDC, previu-se no § 2º do art. 22: 
 
“Art. 22. O julgamento pela maior oferta de preço será utilizado no caso de 
contratos que resultem em receita para a administração pública. 
(...) 
§ 2º No julgamento pela maior oferta de preço, poderá ser exigida a 
comprovação do recolhimento de quantia a título de garantia, como requisito de 
habilitação, limitada a 5% (cinco por cento) do valor ofertado”. 
 
 A redação é bem próxima do inc. IV do art. 58 da lei das estatais, havendo duas 
diferenças. A primeira – e mais evidente – é a menção ao percentual de 5%, à semelhança 
da Lei 8.666/1993. A segunda distinção é a facultatividade da comprovação e 
recolhimento a título de garantia (“poderá ser (...)”), afinal, pela lei das estatais, o 
recolhimento antecipado se tornou obrigatório. 
 
Dica da hora 
 
A fase de negociação não é uma exclusividade da Lei 13.303/2016, tendo sido 
prevista, igualmente, no inc. XVII do art. 4º da Lei 10.520/2002 e art. 26 da Lei 
12.462/2011. 
 
Pela lei das estatais (art. 57), uma vez confirmada a efetividade da proposta, a 
estatal tem o dever de negociar condições mais vantajosas. No entanto, se a 
empresa não tiver o interesse de adequar-se ao orçamento estimado pela estatal, 
a negociação deverá ser estendida aos demais licitantes, na ordem de 
classificação. Não obtido valor igual ou inferior ao orçamento estimado para a 
contratação, a licitação será revogada. 
 
Já nas leis do pregão e do RDC, definido o resultado do julgamento, a 
Administração Pública poderá negociar condições mais vantajosas com o 
primeiro colocado. Ou seja, é ato discricionário e não vinculado como o previsto 
na lei das estatais. Os demais licitantes poderão ser chamados à negociação, se 
frustrado o acordo com o primeiro colocado para se adequar ao patamar de 
valores estimados pela Administração. E, mais uma vez, se não alcançado o 
orçamento estimado, a licitação será revogada. 
 
 
4.2.1. Verificação de efetividade das propostas 
 
À semelhança da lei do pregão (inc. IX do art. 4º) e da lei do RDC (§ 1º do art. 
24), previu-se a verificação da efetividade das propostas com uma das etapas do 
procedimento de licitação. Sobre o tema, façamos a leitura de trechos do art. 56 da lei: 
 
“Art. 56. Efetuado o julgamento dos lances ou propostas, será promovida a 
verificação de sua efetividade, promovendo-se a desclassificação daqueles que: 
I - contenham vícios insanáveis; 
II - descumpram especificações técnicas constantes do instrumento convocatório; 
 
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III - apresentem preços manifestamente inexequíveis; 
IV - se encontrem acima do orçamento estimado para a contratação de que trata 
o § 1o do art. 57, ressalvada a hipótese prevista no caput do art. 34 desta Lei; 
V - não tenham sua exequibilidade demonstrada, quando exigido pela empresa 
pública ou pela sociedade de economia mista; 
VI - apresentem desconformidade com outras exigências do instrumento 
convocatório, salvo se for possível a acomodação a seus termos antes da 
adjudicação do objeto e sem que se prejudique a atribuição de tratamento 
isonômico entre os licitantes”. 
 
A rigor, a verificação de efetividade não é uma nova etapa dentro do procedimento 
de licitação. Perceba que o artigo menciona “promovendo-se a desclassificação”, ou seja, 
primeiro as propostas são escalonadas pela comissão de licitação ou pregoeiro durante o 
julgamento e, depois, passa-se à classificação propriamente dita. 
 
E não pense que a análise da aceitabilidade das propostas é uma exclusividade das 
leis das estatais, do pregão e do RDC. Por exemplo, o art. 48 da Lei 8.666/1993 prevê a 
desclassificação das propostas: 
 
I - que não atendam às exigências do ato convocatório da licitação, e 
 
II - com valor global superior ao limite estabelecido ou com preços 
manifestamente inexequíveis, assim considerados aqueles que não venham a ter 
demonstrada sua viabilidade através de documentação que comprove que os 
custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes de 
produtividade são compatíveis com a execução do objeto do contrato, condições 
estas necessariamente especificadas no ato convocatório da licitação. 
 
 
Aprofundamento 
 
Cálculo para propostas inexequíveis 
 
Nas licitações de obras e serviços de engenharia1, consideram-se inexequíveis as 
propostas com valores globaisinferiores a 70% do menor dos seguintes valores: 
 
I - média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinquenta por 
cento) do valor do orçamento estimado pela empresa pública ou sociedade de 
economia mista; ou 
 
II - valor do orçamento estimado pela empresa pública ou sociedade de economia 
mista. 
 
Vejamos um exemplo prático. 
 
1 O caput do art. 48 da Lei 8.666/1993 prevê o cálculo para as obras e serviços de engenharia, sob o tipo de licitação 
menor preço. Já na lei das estatais, não se restringiu o cálculo das propostas inexequíveis ao critério de julgamento 
menor preço. 
 
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Em uma licitação para a contratação de serviços de engenharia, as seguintes 
propostas comerciais foram apresentadas: Empresa Rodger: R$ 60.000,00; 
Empresa DukaPC: R$ 57.500,00; Empresa Junico: R$ 55.000,00; Empresa 
Monteiro: R$ 41.000,00. 
O orçado estimado foi de R$ 85.000,00. 
1.º passo – valor orçado de R$ 85.000,00 
2.º passo – valores das propostas apresentadas pelas empresas: 
Rodger – R$ 60.000,00 
DukaPC – R$ 57.500,00 
Junico – R$ 55.000,00 
Monteiro – R$ 41.000,00 
3.º passo – 50% do valor orçado para o cálculo da média: (R$ 85.000,00)/2 = 
42.500,00 
4.º passo – valores das propostas que são superiores a 50% do valor orçado e 
que comporão a média citada no 3.º passo: 
Rodger – R$ 60.000,00 
DukaPC – R$ 57.500,00 
Junico – R$ 55.000,00 
5.º passo – média das propostas = (60 + 57,5 + 55)/3 = 57.500,00 
6.º passo – 70% do menor valor encontrado entre o valor orçado (1.º passo – 
R$ 85.000,00) e média (5.º passo – R$ 57.500,00), logo, R$ 42.250,00 (70% de 
R$ 57.500,00) 
7.º passo – propostas inexequíveis são aquelas com valores inferiores a 
R$ 40.250,00; logo, nenhuma empresa tem valor inexequível. 
A proposta da Empresa Monteiro é a vencedora. 
 
O cálculo acima é exclusivo para as obras e serviços de engenharia (§ 3º do art. 
56). Para os demais objetos licitados, para efeito de avaliação da exequibilidade ou de 
sobrepreço, deverão ser estabelecidos critérios de aceitabilidade de preços que 
considerem o preço global, os quantitativos e os preços unitários, assim definidos no 
instrumento convocatório (§ 4º do art. 56). 
 
Fique atento 
 
O § 1º do art. 56 da LRE informa-nos que a verificação da efetividade dos lances 
ou propostas poderá ser feita exclusivamente em relação aos lances e propostas 
mais bem classificados. 
 
Já na lei do pregão, o inc. IX do art. 4º dispõe que, examinada a proposta 
classificada em primeiro lugar, quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro 
decidir motivadamente a respeito da sua aceitabilidade. 
 
Por sua vez, o §1º do art. 24 da lei do RDC estabelece que a verificação da 
conformidade das propostas poderá ser feita exclusivamente em relação à 
proposta mais bem classificada. 
 
 
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Então, conseguiu notar as diferenças? São pouco perceptíveis, porém serão 
essas as sutilezas que servirão de base para as questões mais complicadas nos 
concursos públicos. 
A primeira distinção é que, pela lei das estatais, haverá o exame da aceitabilidade 
de duas ou mais propostas. Certamente, o quantitativo de propostas a serem 
verificadas virá no respectivo instrumento convocatório. Já pela lei do pregão, a 
verificação da aceitabilidade recai, exclusivamente, sobre a proposta classificada 
em primeiro lugar. 
 
A segunda diferença é em relação ao RDC. Perceba que, pela lei do RDC, a 
verificação de conformidade poderá ser feita exclusivamente sobre a proposta 
mais bem classificada. Com outras palavras, não há impedimento de ser 
examinada a aceitabilidade de duas ou mais propostas, à semelhança da lei das 
estatais. 
 
Fica a informação de que, antes do reconhecimento formal da inexequibilidade 
dos preços, e, portanto, desclassificação das propostas, a estatal poderá promover 
diligências, com o objetivo de oportunizar às licitantes a defesa das respectivas propostas. 
Sobre o tema, dispõe o § 2º do art. 56 da Lei 13.303/2016: 
 
“Art. 56. Efetuado o julgamento dos lances ou propostas, será promovida a 
verificação de sua efetividade, promovendo-se a desclassificação daqueles que: 
(...) 
§2º A empresa pública e a sociedade de economia mista poderão realizar 
diligências para aferir a exequibilidade das propostas ou exigir dos licitantes que 
ela seja demonstrada, na forma do inciso V do caput”. 
 
Esse procedimento investigativo não é uma exclusividade da lei das estatais. O § 
3º do art. 43 da Lei 8.666/1993 dispõe que “é facultada à Comissão ou autoridade 
superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer 
ou a complementar a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de documento 
ou informação que deveria constar originariamente da proposta”. E o § 2º do art. 24 da 
lei do RDC estabelece que “a administração pública poderá realizar diligências para 
aferir a exequibilidade das propostas ou exigir dos licitantes que ela seja demonstrada, 
na forma do inciso IV do caput deste artigo”. 
 
Dica da hora 
 
O orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos 
de serviços e fornecimentos propriamente avaliados, é um dos elementos 
essenciais do projeto básico. Essa obrigatoriedade é prevista na alínea ‘f’ do inc. 
IX do art. 6º da Lei 8.666/1993 e no inc. VI do parágrafo único do art. 2º da lei 
do RDC. 
 
À semelhança de tais diplomas, a alínea ‘f’ do inc. VIII do art. 42 da LRE exigia 
o orçamento detalhado como elemento do projeto básico. Ocorre que essa 
disposição foi vetada, sob o seguinte argumento: 
 
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“Buscando-se evitar o enrijecimento desnecessário do procedimento 
licitatório em sua fase interna, inclusive com elevação de custos, e 
considerando que o objetivo da norma é estabelecer regime mais moderno 
para os processos de aquisição das estatais, entende-se que o orçamento 
detalhado, mencionado no dispositivo, deve ser peça obrigatória apenas no 
projeto executivo, o qual já é previsto no próprio projeto de lei sob sanção, 
como o conjunto dos elementos necessários e suficientes à execução 
completa da obra.” 
 
Ante o exposto, conclui-se que, pela lei das estatais, o orçamento detalhado é 
elemento obrigatório quando da elaboração do projeto executivo. 
 
4.3. Fase recursal 
 
Os recursos são todos os instrumentos postos à disposição dos administrados para 
a reapreciação da matéria pela Administração. Por exemplo, o art. 109 da Lei 8.666/1993 
enumera três meios de impugnação: recursos em sentido estrito, representação e pedido 
de reconsideração. Dentre outras etapas, os recursos em sentido estrito podem ser 
utilizados para discussão das fases de habilitação e de julgamento, contando, nesses casos, 
com efeito suspensivo. 
 
Distintamente da Lei 8.666/1993, a lei do pregão prevê uma única fase recursal 
(inc. XVIII do art. 4º da Lei 10.520/2002): 
 
“XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e 
motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 
(três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes 
desde logo intimados para apresentar contrarrazões em igual número de dias, 
que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes 
assegurada vista imediata dos autos”. 
 
Na lei do RDC, igualmente há uma única fase

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