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TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA Profa. Karen Tokuhashi TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA Refere-se aos efeitos que as mudanças dos níveis de fecundidade e mortalidade provocam sobre o ritmo de crescimento populacional e sobre a estrutura por idade e sexo, traduzindo-se por um envelhecimento da população (maior proporção de idosos). Etapas da transição demográfica, considerando- se a fecundidade e a mortalidade: • Quando as taxas de fecundidade e mortalidade, principalmente infantil, são elevadas, a população é jovem e estável. • Com a redução da mortalidade, principalmente por doenças infecciosas, não acompanhada da redução da fecundidade (permanece elevada), há ganho de vidas em todas as idades, o ritmo de crescimento populacional aumenta e a população permanece jovem. • Quando a fecundidade começa a diminuir, mantido o decréscimo da mortalidade, é que efetivamente a população inicia o seu processo de envelhecimento, diminuindo o ritmo de crescimento populacional. TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA • trata-se de um esquema geral de tendências por que passaram sociedades consideradas “desenvolvidas” • foi elaborado com base na experiência europeia, mas tem aplicação geral • representa a realidade com certa precisão, embora possa ocorrer, concomitantemente, importantes variações regionais e entre segmentos sociais • cada país pode ser colocado, em um dado momento, em um dos estágios da transição demográfica: • permite antecipar o perfil do seu crescimento demográfico TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA Algumas considerações: É caracterizada por: • Redução da taxa de fecundidade total e como consequência redução do número absoluto de nascidos vivos e redução das taxas de natalidade. • Redução das taxas de crescimento da população. • Aumento da participação de idosos (60 anos e mais) no conjunto da população. • Aumento da idade média da população. Transição demográfica No Brasil... • Nos países industrializados, a transição demográfica foi lenta e gradual (fim do século XIX e início do séc. XX), com as melhorias sociais e econômicas. • No Brasil, o início da queda de mortalidade foi na década de 40 e da fecundidade, na década de 60, por causa da tecnologia médica e sanitária, nas décadas de 40 a 60, houve um maior crescimento populacional no Brasil Regiões 1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 Norte 27,7 29,6 35,5 42,6 50,2 57,8 69,8 Nordeste 23,4 26,4 34,2 41,8 50,7 60,6 69,0 Sudeste 39,4 47,5 57,4 72,8 82,8 88,0 90,5 Sul 27,7 29,5 37,6 44,6 62,7 74,1 80,9 Centro Oeste 21,5 25,9 37,2 50,9 70,7 81,3 86,7 Brasil 31,2 36,2 45,1 56,0 67,7 75,5 81,2 Proporção de população urbana (%) nas datas dos recenseamentos gerais. Brasil e Grandes Regiões Fonte: IBGE Censos Demográficos 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991 e 2000 Taxa de fecundidade total -Brasil e regiões, 1965 a 2000 Região 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1996 2000 Norte 7,0 6,7 6,2 5,5 4,8 4,0 3,0 3,1 Nordeste 7,2 6,9 6,9 5,8 4,9 4,0 2,9 2,6 Sudeste 4,7 4,4 4,4 3,2 2,7 2,4 2,1 2,1 Sul 5,7 5,2 3,8 3,4 2,7 2,3 2,1 2,2 C.-oeste 6,4 5,9 4,4 4,2 3,4 2,9 2,1 2,1 Brasil 5,7 5,4 4,8 4,0 3,2 2,7 2,3 2,3 Fonte :Ibge TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA PNAD – 2013 - Tendência de envelhecimento da estrutura etária no País - Comparando 2002 e 2012, verifica-se: - a participação do grupo com até 29 anos de idade passa de 54,4%, em 2004, para 46,6%, em 2013 - aumento da participação do grupo com 45 anos ou mais de idade, em 2004 era de 24%, atingindo 30,7%, em 2013 - Composição da população por sexo em 2013: - 51,4% de mulheres - 48,6% de homens Ou seja... Regiões Grupos Etários (%) 0 a 14 anos 15 a 64 anos 65 e mais anos 1980 1991 2004 1980 1991 2004 1980 1991 2004 Norte 46,2 42,4 34,2 51,0 54,6 61,5 2,8 3,0 4,2 Nordeste 43,5 39,4 30,1 52,2 55,5 63,5 4,4 5,1 6,4 Sudeste 34,2 31,2 24,5 61,7 63,6 68,1 4,2 5,1 7,4 Sul 36,3 31,9 24,9 59,9 63,1 68,1 3,8 5,0 7,0 Centro Oeste 40,5 35,3 27,8 57,0 61,5 67,2 2,6 3,3 5,0 Brasil 38,2 34,7 27,1 57,7 60,7 66,2 4,0 4,8 6,7 Distribuição percentual da população segundo grupos etários, Regiões e Brasil. 1980, 1991 e 2004 Fonte: IBGE – Tendências Demográficas. Avaliações a partir dos dados do censo demográfico de 1991 (1994) e Contagem da população 1996. Índice de envelhecimento Conceito: Número de pessoas de 60 e mais anos de idade, para cada 100 pessoas menores de 15 anos de idade, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Interpretação: Razão entre os componentes etários extremos da população, representados por idosos e jovens. Valores elevados desse índice indicam que a transição demográfica encontra-se em estágio avançado. Índice de envelhecimento Usos: Acompanhar a evolução do ritmo de envelhecimento da população, comparativamente entre áreas geográficas e grupos sociais. Contribuir para a avaliação de tendências da dinâmica demográfica. Subsidiar a formulação, gestão e avaliação de políticas públicas nas áreas de saúde e de previdência social. Método de cálculo: Índice de envelhecimento Fonte: IBGE Em países desenvolvidos... (IBGE, 2008) (IBGE, 2008) (IBGE, 2008) 65 milhões de idosos 75emais 70a74 65a69 60a64 55a59 50a54 45a49 40a44 35a39 30a34 25a29 20a24 15a19 10a14 05a09 00a04 0123456 0 1 2 3 4 5 6 homens mulheres Município de São Paulo, 1997 75emais 70a74 65a69 60a64 55a59 50a54 45a49 40a44 35a39 30a34 25a29 20a24 15a19 10a14 05a09 00a04 0123456 0 1 2 3 4 5 6 homens mulheres Distrito Jardim Paulista, 1997 75emais 70a74 65a69 60a64 55a59 50a54 45a49 40a44 35a39 30a34 25a29 20a24 15a19 10a14 05a09 00a04 0123456 0 1 2 3 4 5 6 homens mulheres Distrito Guaianases, 1997 1980 7.226.805 idosos 2000 14.536.029 idosos 2010 20.590.599 idosos (IBGE, 2014) 10,8% 2014 23 milhões (12%) No Mundo 2014 800 milhões Estimativa para os próximos 20 anos: 2034 89 milhões idosos (39%) (IBGE, 2014) Esperança de Vida ao Nascer • BRASIL (2012): – AMBOS OS SEXOS = 73,62 anos • HOMENS = 69,73 anos • MULHERES = 77,32 anos TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA • É resultante dos processos de urbanização e da transição demográfica. • Refere-se às modificações, em longo prazo, dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. Características da transição epidemiológica: 1- Redução da mortalidade proporcional por doenças infecciosas e parasitárias; 2- Aumento da participação das doenças crônicas degenerativas; 3- Aumento da participação das Causas Externas; 4- Surgimento de doenças infecciosas emergentes (AIDS, febre aviária) e reemergentes (dengue, febre amarela): 1- Redução da participação (mortalidade proporcional) e da intensidade (taxas) da mortalidade por doenças infecciosas: - Redução da parcela da população mais suscetível às doenças infecciosas, devido à redução das taxas de fecundidade. - Aumento de saneamento básico (www.tratabrasil.org.br) - Medidas de prevenção e controle de doenças transmissíveis. - Acesso aos serviços de saúde. - Aumento da escolaridade. - Melhoria das condições de habitação. SEPTICEMIA (15.748 óbitos em 2013) 2- Aumento da participação das doenças crônico-degenerativas - Aumento da população idosa devido à redução das taxas de fecundidade.- Estilo de vida (tabagismo, sedentarismo, elevação do consumo alimentar de gorduras, açúcares e sódio). - Aumento da poluição atmosférica. - Condições de trabalho – stress. - D. CEREBROVASCULAR - IAM - NEOPLASIAS - DOENÇA HIPERTENSIVA - DIABETES 3- Aumento da participação das Causas Externas (CID 10: V01 – Y98) - Grandes aglomerados urbanos. - Desigualdades sociais. - Consumo de drogas que alteram estado consciência. - Aumento do número de veículos circulantes. ÓBITOS EM 2013: AGRESSÕES = 56.804 AC. TRANSPORTE = 43.452 SUICIDIOS = 10.533 4- Surgimento de doenças infecciosas emergentes (AIDS, febre aviária) e reemergentes (dengue, febre amarela): - Expansão da fronteira agrícola. - Desmatamento. - Contato com novas espécies. - Surgimento de novas espécies por mutação. ÓBITOS EM 2013: SEPTICEMIA = 15.748 HIV = 12.564 0,0% 12,5% 25,0% 37,5% 50,0% 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 DIP Neoplasias Circulatório Externas Causas 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 DIP 45,7 43,5 35,9 25,9 15,7 11,4 6,3 Neoplasias 2,7 3,9 5,7 8,1 9,7 11,2 14,3 Circulatório 11,8 14,5 14,2 21,5 24,8 30,8 32 Externas 2,6 2,4 3,3 4,8 7,5 7,7 14,3 Evolução temporal da mortalidade proporcional por quatro causas de óbito no Brasil, 1930 a 1990 Fonte: Dr. Maria Magalhães in Dados 7/Radis – Fiocruz, 1984 Evolução temporal da mortalidade proporcional de óbitos no Brasil, 1996 a 2013 0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1991 Cap I - RJ Total Cap XVII - RJ Total Coeficientes* de mortalidade, por doenças infecciosas e parasitárias e causas externas, faixa etária de 15 a 24 anos, no município do Rio de Janeiro, 1930-1991. * por cem mil habitantes – Capítulo I – Doenças Infecciosas e Parasitárias (9ª Revisão da CID); Capítulo XVII – Causas Externas (9ª Revisão da CID) Alguns autores consideram que há estágios para a transição epidemiológica: transição completa e incompleta. Completa – quando a população como um todo já apresenta o perfil da transição e inicia-se também a redução das taxas de mortalidade por doenças crônico-degenerativas. Incompleta – quando persiste, em parte da população, as doenças infecciosas por falta de meios de controle eficiente das doenças transmissíveis (tuberculose, hanseníase, malária) e das DIP mais associadas às precárias condições de vida (diarréias). Europa, Canadá, EUA e Japão – transição completa África - a maioria dos países ainda não passou pela transição demográfica, conseqüentemente não apresentam a transição epidemiológica. Brasil – transição epidemiológica incompleta (dupla carga da doença) Principais causas de morte Brasil,1990,2000 e 2010 (A qualidade das informações) 1990 2000 2010 1- Doenças Ap. Circulatório 1- Doenças Ap. Circulatório 1- Doenças Ap. Circulatório 2-Mal definidas 2-Mal definidas 2- Neoplasias 3-Causas Externas 3-Neoplasias 3-Causas Externas 4-D. Infecc. e Parasit. 4-Causas Externas 4-D. Ap. Respiratório 5-Neoplasias 5-D. Ap. Respiratório 5- Mal definidas 6-D. Ap. Respiratório 6-D. End. Met. Nutri. 6-D. End. Met. Nutri. 7- Perinatais 7-D. Infecc. e Parasit. 7-D. Ap. Digestivo 8-D. End. Met. Nutri. 8-D. Ap. Digestivo 8-D. Infecciosas e Parasit. 9-D. Ap. Digestivo 9- Perinatais 9- D. Sist. Nervoso 10-D. Sist. Nervoso 10-D. Ap. genito urinário 10-D. Ap. genito urinário Fonte: Datasus Resumo LINK - VIDEO https://www.youtube.com/watch?v=jbkSRLY Sojo Referências • PEREIRA, M.G. Epidemiologia: Teoria e Prática. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 4ª ed, 2000. • ROUQUAYROL, M.Z.; ALMEIDA FILHO, N. Epidemiologia e Saúde. Rio de Janeiro, Medsi, 6ª ed, 2003. • BRASIL, Ministério da Saúde, (www.portalsaude.gov.br) 2014.
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