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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE INSTITUTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA CURSO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE GEOFÍSICA APLICADA Centro Universitário de Belo Horizonte Matheus Fraga Freitas Belo Horizonte, novembro de 2017 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE INSTITUTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA CURSO DE GEOLOGIA RELATÓRIO DE GEOFÍSICA APLICADA Centro Universitário de Belo Horizonte Matheus Fraga Freitas Processamento e interpretação de dados magnetométricos e gamaespectrométricos de Clifton 1º x 2º quadrícula do Condado de Greenlee, Arizona – EUA, apresentado como critério de avaliação na disciplina Geofísica Aplicada no curso de Geologia do Centro Universitário de Belo Horizonte, sob orientação do professor Dionísio Uendro Carlos. Belo Horizonte, novembro de 2017 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Linhas de voo e de controle da área de estudo ................................................... 8 FIGURA 2: Mapa geológico simplificado do Arizona .............................................................. 9 FIGURA 3: Aerolevantamento magnetométrico de Greenlee, Arizona ................................ 10 FIGURA 4: Aerolevantamento radiométrico de Greenlee, Arizona ...................................... 11 FIGURA 5: Mapa das razões de eTh/K, eU/K e eU/eTh e geológico de Greenlee, AZ ....... 12 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 5 2. METODOLOGIA ................................................................................................................ 5 3. GEOLOGIA ....................................................................................................................... 9 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................10 5. CONCLUSÃO...................................................................................................................13 6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................13 5 1. INTRODUÇÃO A Geofísica é uma ciência caracterizada pela multidisciplinaridade, ao passo que se aproxima da Geologia em seus objetivos e alinha-se à Física quanto aos seus métodos. Deve-se aos estudos geofísicos todo o conhecimento que se tem acerca das variadas camadas que formam o sistema Terra. Para investigação do interior do planeta, a Geofísica se vale do estudo das propriedades físicas da Terra como: calor, eletricidade, gravidade, magnetismo, ondas elásticas, radioatividade, entre outras. De acordo com Ernesto & Ussami (2002), para cada uma dessas propriedades físicas desenvolveram-se um ou mais métodos de investigação geofísica que envolve trabalhos de campo e de laboratório. Os métodos geofísicos abordados adiante são os da Gamaespectrometria e o da Magnetometria. Objetiva-se com o presente trabalho a elaboração de malhas interpoladas de temas geofísicos para representação em mapas magnetométricos dos campos residual e total, e radiométricos das concentrações de K, eU, eTh e Contagem Total, além das razões de eTh/K, eU/K e eU/eTh do Condado estadunidense de Greenlee, Arizona – região de expressiva importância na geologia global, sobretudo pela presença massiva de depósitos de cobre e ouro. 2. METODOLOGIA 2.1 Magnetometria Na natureza há minerais que apresentam comportamento magnético, como é o caso da magnetita. Ernesto & Ussami (2002) dizem que tais minerais estão contidos em algumas rochas e são capazes de produzir anomalias magnéticas, assim como objetos produzidos pelo homem, como materiais arqueológicos que contém ferro (ferramentas e cerâmicas). Quanto mais básicas são as rochas em relação à sua composição mineralógica, aumentam- se as possibilidades de apresentarem magnetismo, devido a um conteúdo maior de magnetita, sendo que a proporção desse mineral em rochas magmáticas tende a decrescer à medida que aumenta a acidez das rochas. É no âmbito dessas anomalias do campo magnético da Terra em que o método geofísico da magnetometria se baseia, tentando, a partir das medições do campo magnético terrestre inferir a distribuição de minerais com propriedades magnéticas distintas em subsuperfície. Conforme afirmam Ernesto & Ussami (2002), os corpos mineralizados de magnetita, diques, fluxo de lavas, intrusões básicas, rochas do embasamento metamórfico, soleiras falhadas, deformadas e truncadas são as causas mais comuns de anomalias magnéticas. 6 Ernesto & Ussami (2002) dizem ainda que a magnetometria tem por objetivo último fornecer informações quantitativas sobre a fonte causadora da anomalia, ou seja, um modelo geológico. 2.2 Gamaespectrometria A Gamaespetrometria consiste numa técnica capaz de realizar a medida dos espectros do 40K, 238U e 232Th, uma vez que diferentes rochas podem ser reconhecidas por suas assinaturas radioativas. Isso faz com que tal método seja bastante empregado para fins de mapeamento geológico. Conforme Ernesto & Ussami (2002), inicialmente os instrumentos radiométricos foram desenvolvidos para a detecção de urânio, mas logo apareceram diversas outras aplicações, dentre as quais Ribeiro et al. (2013) citam: identificação de pontos de afloramentos de intrusões ígneas; caracterização de intrusões indiferenciadas; prospecção mineral; estudo de crateras de impacto; análise da influência de fertilizantes com derivados do urânio em cursos d’água; exploração de petróleo; controle ambiental em áreas com vazamento radioativo, entre outros. 2.3 Levantamento e processamento dos dados Durante meados da década de 70 ao início dos anos 80, o Departamento de Energia dos Estados Unidos da América (EUA) contratou inúmeros aerolevantamentos adquiridos pelo NURE (National Uranium Resource Evaluation), que cobriram a maioria do território estadunidense e grande parte do Alasca. O principal objetivo era a obtenção de dados radiométricos para localização e avaliação dos recursos de urânio. Dados aeromagnéticos foram adquiridos ao mesmo tempo, durante os levantamentos. Em meados da década de 1980, todos os dados do programa NURE foram entregues ao Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) e os dados aeromagnéticos também foram arquivados no National Geophysical Data Center. A melhoria da comunicação digital nos últimos anos e a capacidade de armazenar e transmitir grandes conjuntos de dados possibilitaram ao USGS disponibilizar os dados das linhas de voo em formato comum, assim sendo, o USGS permite o download pela internet de informações como atributos e unidades geológicas em formatos específicos para trabalhos em plataformas como as SIG (sistemas de informações geográficas).Para a elaboração dos mapas seguiu-se roteiro disponibilizado pelo docente, com indicação de sítios da internet para download de banco de dados geofísicos e geológicos; passo-a- 7 passo para a preparação dos dados a serem importados para ambiente SIG e sugestão de interpoladores para aplicação aos dados geofísicos. Para a escolha da área de interesse foram utilizados previamente imagens de satélite do programa Google Earth e mapa geológico dos EUA, que permitem a identificação de feições geológicas, falhamentos e diferentes litotipos; além de pesquisas na internet e bibliográficas, que destacam Greenlee como importante produtor de cobre no mundo. Após a escolha da região e já de posse dos respectivos dados geofísicos e geológicos, o próximo passo foi o da preparação dos arquivos para a importação no ambiente SIG (o programa utilizado foi o ArcGIS), através do uso de editor de textos digitais (programa Bloco de Notas) e editor de planilhas (Microsoft Excel). Os arquivos de dados magnetométricos e radiométricos apresentam valores obtidos por aerolevantamento, seguindo-se as técnicas de linhas de produção e linhas de controle, que são modos de voos por sobre a região a ser estudada, desenvolvidos para levantamentos geofísicos. De acordo com Ribeiro et al. (2013), para os aerolevantamentos magnetométricos, o magnetômetro é instalado na parte externa da aeronave (string), em virtude do efeito de paralaxe, que é a diferença dos tempos de medição do magnetômetro e do altímetro com o sistema de posicionamento (Louro, 2013), enquanto que nos gamaespectrométricos, o equipamento localiza-se no interior da aeronave, por não serem afetados por tal efeito. Cada registro desses voos, obtidos através de um magnetômetro contém 13 atributos, como: latitude, longitude, hora, dia e ano da medição, valor magnético total e residual, dentre outros, enquanto os obtidos por um gamaespectrômetro apresentam 21 atributos, dentre eles as medições dos espectros do 40K, 238U e 232Th, e da Contagem Total de Radioatividade. De acordo com o U. S. Department of Energy (2009), os dados da USGS foram adquiridos por um único contratado ou grupo responsável pela coleta e processamento dos dados. Todos esses dados foram coletados usando os mesmos instrumentos (magnetômetros, altímetros, espectro-radiômetros, GPS) ao longo da pesquisa e adquiridos durante dias de climas favoráveis e sem longos atrasos entre o início e o final dos estudos. A perda de alguns dados devido a más transmissões, spikings, gaps e demais erros foram substituídos pelos valores: -9999.9, -999.9, -99, etc. Em alguns casos os canais foram adicionados e preenchidos com dummies (-9999.9, etc) para cumprimento do formato estabelecido. Os registros que não apresentavam dados utilizáveis foram excluídos. O aerolevantamento foi realizado a uma altura média de 400 pés (aproximadamente 120 metros), utilizando-se o 8 método draped de voo, com o espaçamento entre as linhas de três milhas (aproximadamente 4800 metros). A partir da preparação dos arquivos de dados magnetométricos e radiométricos, foi possível realizar a plotagem das linhas de voo e controle no ArcGIS (Figura 1) e confeccionar tabelas com os atributos necessários para a elaboração dos mapas propostos. O trabalho proposto tem como foco a região de Greenlee, porém as linhas de voo abrangem parte do estado de New Mexico. Figura 1: Linhas de voo e de controle da área de estudo referentes ao aerolevantamento radiométrico. Linha vertical em vermelho representa os limites territoriais entre Greenlee (à esquerda) e New Mexico (à direita). 9 3. GEOLOGIA Além das reconhecidas belezas naturais do Grand Canyon, o Arizona possui uma geologia muito rica e complexa. De acordo com dados do AZGS (The Arizona Geological Survey), a região de Greenlee tem no seu embasamento rochas metamórficas do Proterozoico, com alguns afloramentos de metassedimentares, principalmente derivadas de arenito e xisto, além de porções de conglomerados e rochas carbonáticas. Inclui o xisto Pinal e rochas vulcanosedimentares nos Supergrupos Yavapai e Tonto Basin. Na porção Oeste de Greenlee afloram rochas graníticas do Mesoproterozoico. Já próximo à cidade de Clifton, existe um complexo rochoso, com Granitos do Proterozoico; depósitos sedimentares do Permiano e Pensilvaniano; rochas sedimentares paleozoicas como calcário, dolomito, entre outras; arenito do tipo Dakota, de idade cretácea; e os importantes depósitos de cobre porfirítico em rochas graníticas que vão do início do Terciário até o Cretáceo tardio; além de rochas piroclásticas e coberturas quaternárias. É justamente neste complexo litológico onde se instalou a Morenci Mine, uma das maiores minas de cobre do mundo, tendo reservas estimadas de 3,2 bilhões de toneladas de minério com 0,16% de cobre. Figura 2: Mapa geológico simplificado do Arizona, com a área de estudo localizada na porção leste. 10 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os mapas a seguir foram elaborados de acordo com os critérios especificados no tópico Metodologia. O Datum de referência utilizado foi o NAD27, Zona 12N. A geração das malhas interpoladas e a confecção dos mapas foram realizadas com o uso do programa ArcGIS, que disponibiliza vários recursos de interpolação de dados, cada um fundamentado sobre um algoritmo distinto. Para os mapas magnetométricos, foi utilizado o interpolador do tipo Vizinho Natural, com célula de saída de 3000 unidades, enquanto para os mapas radiométricos, o interpolador que apresentou a melhor visualização dos dados, sem perda de detalhes importantes foi o do tipo Krigagem, com célula de saída de 5000 unidades. Nos arquivos de dados radiométricos do condado de Greenlee disponibilizados pela USGS, há valores negativos nos canais do potássio, do urânio e do tório, isto se deve, provavelmente por algum tipo de inconsistência gerada durante a sua aquisição. Para a confecção dos mapas radiométricos, esses valores negativos foram suprimidos, em virtude de não existirem concentrações negativas desses elementos na natureza. Figura 3: Aerolevantamento magnetométrico de Greenlee, Arizona. (A) Mapa do campo magnético residual. (B) Mapa do campo magnético total. O mapa do campo magnético total (Figura 3-B) demonstra valores que variam de 50432 a 52618 Nano Tesla (nT), sendo que os altos valores - em cores quentes - estão associados a rochas ígneas extrusivas. Esse grupo de rochas apresenta minerais que possuem alto teor de ferro em sua composição química e alta susceptibilidade magnética, como é o caso da biotita, magnetita, zircão, dentre outros. Onde os valores são mais baixos - cores mais frias - afloram-se rochas ou coberturas sedimentares, com presença de minerais como a gipsita e o quartzo, com baixas susceptibilidades magnéticas. Na Figura 3, os picos em vermelho são 11 representados no mapa geológico (Figura 2) pelos anfibolitos, basaltos e dacitos da região de Greenlee, e a área azulada, na porção SE representa o complexo granítico onde localizam-se os depósitos de cobre porfiríticos citados anteriormente. A parte em branco na porção SW deve-se à inconsistência ou inexistência de dados adquiridos para a determinada faixa durante o aerolevantamento magnetométrico. Figura 4: Aerolevantamento radiométrico de Greenlee, Arizona. (A) Mapa das concentrações de K. (B) Mapa das concentrações de eU. (C) Mapa das concentrações de eTh. (D) Mapa da Contagem Total. No mapa do radioisótopo de potássio (Figura 4-A) é possível identificar uma incidência de média a alta, bastante localizada do elemento na região sul. De acordo com Neto& Ferreira (2003), as assinaturas gamaespectrométricas de depósitos de ouro são bastante variáveis, porém o enriquecimento potássico normalmente configura um guia para uma localização indireta de concentrações auríferas. No caso da área estudada, essas incidências de potássio relacionam-se com od depósitos auríferos que estão associados aos depósitos de 12 cobre, em intrusões graníticas, na porção SE do mapa geológico (Figura 5-D). As porções com índices potássicos mais baixos devem-se à presença de rochas de composições predominantemente básicas. Ribeiro et. al (2013) afirma que essas rochas e seus produtos metamórficos apresentam baixos teores de potássio e ainda que, as rochas ígneas félsicas são as que apresentam maior teor do elemento, o que fica evidenciado pelo ponto em vermelho (Figura 4-A) à leste, indicando alta concentração de potássio nessa localidade. Esse padrão se repete tanto nos mapas do urânio e do tório, quanto no de Contagem Total (Figura 4-B, C e D), localizados à NE e NW, intercalando-se com os Granodioritos, representados no mapa geológico da Figura 2. Considerando esse padrão, infere-se que o dado grupo rochoso também apresenta em sua composição altos níveis de U e Th, visto que esses elementos estão comumente associados a rochas magmáticas quartzo-feldspáticas. Figura 5: Aerolevantamento radiométrico de Greenlee, Arizona. (A) Mapa da razão eTh/K. (B) Mapa da razão eU/K. (C) Mapa da razão eU/eTh. (D) Mapa geológico simplificado do Condado de Greenlee. Os mapas das razões (Figura 5) foram gerados a partir das contagens individuais dos radioelementos e são úteis principalmente para diferenciar a proporção de um elemento 13 radiométrico de um dado local em relação a outro elemento da mesma região. O resultado apresentado foi coerente com o mapa geológico local e com o que era esperado a partir das aplicações publicadas por Ribeiro et. al (2013), visto que a razão Th/K (Figura 5-A) é baixa, tendo uma pequena elevação onde demarcou-se a maior concentração de Th; a razão U/Th (Figura 5-C) apresenta valores prioritariamente intermediários a altos, sendo os altos condizentes com os núcleos de urânio; e por fim, a razão U/K (Figura 5-B) é muito baixa, visto que a concentração do potássio é bastante superior na região em relação ao urânio. 5. CONCLUSÃO A aplicação de todos os processos relatados para a preparação, interpolação, processamento e interpretação dos dados geofísicos adquiridos transmite ao discente – agora de maneira prática – sobre a importância do uso da Geofísica Aplicada, dentre outras utilidades, para fins de prospecção e pesquisa mineral na geologia, pois de maneira indireta, tem-se uma ideia bastante fiel da geologia de subsuperfície e das prováveis localizações de depósitos de minerais minério com a aplicação do conhecimento geofísico; com inferência de possíveis contatos geológicos e estruturas de interesse. O processamento dos dados geofísicos fornece uma série de elementos que possibilitam um entendimento do comportamento geológico e estrutural de uma determinada área, porém faz-se necessário ainda a apuração do conhecimento da Geofísica Aplicada por parte do graduando para a obtenção de resultados cada vez mais assertivos. 6. REFERÊNCIAS Ernesto, M. & Ussami, N. 2002. Introdução à Geofísica. Departamento de Geofísica – IAG/USP. Disponível em <iag.usp.br> (Acesso em 26/11/2017) GONÇALVES, B. F. 2008. Modelagem de dados geofísicos magnéticos e radiométricos aéreos e terrestres aplicados à interpretação geológica. Instituto de Geociências – UFBA. Disponível em <cpgg.ufba.br> (Acesso em 28/11/2017) Louro, V. H. A. 2013. Procedimentos de Análise em Magnetometria: Estimativa de Magnetização Remanente visando Inversões para Exploração Mineral. Disponível em <teses.usp.br> (Acesso em 26/11/2017) Neto, L. F. & Ferreira, F. J. F. 2003. Gamaespectrometria integrada a dados exploratórios multifonte em ambiente SIG aplicada à prospecção de ouro na folha Botuverá, SC. Revista Brasileira de Geociências 33(2-Suplemento):197-208 Ribeiro, V. B. et al,. 2013. Aerogamaespectrometria e suas aplicações no mapeamento geológico. Terrae Didatica 10:29-51 14 Serviço Geológico do Arizona. Disponível em <azgs.az.gov> (Acesso em 08/10/2017) Serviço Geológico dos Estados Unidos. Disponível em <usgs.gov> (Acesso em 08/10/2017) U. S. Department of Energy, U. S. Geological Survey, Department of Interior and the National Geophysical Date Center, NOAA. 2009. Clifton 1º x 2º Quadrangle. Denver, CO. Publisher: U.S. Geological Survey
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