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Metodologia I

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
Disciplina: Metodologia Econômica I
DEMONSTRAR A ORDEM RACIONAL DO MERCADO: REFLEXÕES EM TORNO DE UM PROJETO IMPOSSÍVEL
GANEM, A. Revista de Economia Política, vol. 16, n° 2 
No texto “Demonstrar a ordem racional do mercado: reflexões em torno de um projeto impossível” a autora Angela Ganem, inicia afirmando que para Lakatos, os elementos de um programa dividem-se em partes rígidas e flexíveis, onde as rígidas são ideias centrais que formam o núcleo duro (TEG) e escapam do teste empírico, sendo infalsificáveis.  Além do núcleo, as ideias flexíveis chamadas de anel protetor, representam as hipóteses auxiliares, onde essas estão sujeitas a verificação.
Com a axiomática, a Teoria do Equilíbrio Geral (TEG), tem como objetivo demonstrar matematicamente a superioridade do mercado, onde o comportamento maximizador individual, defende o mecanismo de preços como o mecanismo de coordenação. As regras do programa de pesquisa possuem demonstrações da existência, da estabilidade, e da otimicidade do equilíbrio do modelo de Arrow/Debreu. Segue abaixo os 3 subprogramas da TEG:
A prova da existência resultado importante da TEG, nada mais é do que a generalização feita por Von Newman do teorema do ponto fixo do matemático Brouwer, em que toda aplicação convexa de um conjunto Rn admite ao menos um ponto fixo. Portanto, para que fosse aplicado o teorema da existência, em equilíbrio geral era necessária continuidade das curvas de oferta e demanda. Logo, foram formuladas hipóteses que eliminaram a incerteza. Com a eficiência do sistema de preços e com as hipóteses, nota-se que a há um vetor–preço de equilíbrio, onde: a existência do equilíbrio é demonstrada e está assegurada lógico-formalmente a existência de uma ordem.
A ordem ótima mostra que o equilíbrio possuía a seguinte propriedade: não existe nenhuma alocação de bens que outorgará a cada família uma posição melhor do que a sua de equilíbrio.  Através do critério de Pareto, peça nuclear para o bem-estar coletivo, é mostrar que o equilíbrio concorrencial é o mais eficiente. Segundo Arrow “a partir de uma alocação ótima paretiana é sempre possível achar um equilíbrio concorrencial associado a um ótimo”.
A estabilidade é um desafio ao longo do tempo, pois, sua demonstração constitui o calcanhar-de-aquiles da TEG, pois para Fisher, se a estabilidade não está demonstrada não há nada que possa justificar o objetivo do equilíbrio. Nos anos 70, constata-se “o caráter decepcionante do teorema de estabilidade geral, posto que, ele arruína toda a esperança de se obter leis gerais, a partir do estudo das demandas líquidas walrasianas” (Guerrien, 1989). Com pesquisas alternativas, levam ao fenômeno de hysteresis, isto é indeterminação: os planos não têm origem de um comportamento racional, e o equilíbrio não é determinado. É necessária intervenção da moeda, para que haja trocas em desequilíbrios. Logo, a moeda que no qual era um acelerador, passa a ter uma função estratégica nesses modelos afetados por incertezas. Fisher, se recusa usar o leiloeiro e chama atenção para o fato de que o desaparecimento significa o risco de abalar, nos seus fundamentos, a teoria de valor neoclássica.
Os subprogramas de pesquisa (cinturão protetor) obedecem a regras consensuais de conduta: i) a TEG representa o modelo de referência ou a caução científica para modelos mais pedestres. Em certas condições, está demonstrada a existência, estabilidade e a otimicidade do equilíbrio concorrencial; ii) introduz imperfeições, correções e relaxando hipóteses mais restritivas. Fazem parte da heurística do cinturão protetor.
A introdução de imperfeições ao ideal perfeito atualiza o projeto do mito de mercado, que coordena e gera ordem social. Segue abaixo dois subprogramas que compõem o cinturão protetor e que refletem os impasses na ordem de mercado.
A pesquisa dos fundamentos micro da macroeconomia neoclássica: tem como objetivo a procura dos fundamentos micro para os comportamentos agregados, ou a pesquisa de leis de conjunto que reflitam os comportamentos maximizadores individuais. Para os neoclássicos era um empreendimento perigoso, pois estavam diante da dificuldade de passar de um conjunto de números a um número agregado representativo. O dilema do subprograma com a teoria neoclássica atual são os modelos reduzidos em que a teoria aparece em um catalogo de pequenos modelos, as vezes com conclusões opostas, ou o quadro ideal da TEG, com hipóteses restritivas e de impossível aplicabilidade.
Teoria dos jogos e concorrência imperfeita: esse subprograma permite a construção de modelos mais realistas que os da concorrência perfeita. Os neoclássicos que optam pelo quadro da teoria dos jogos ou da concorrência imperfeita, possuem maiores possibilidades de discutir o conceito de racionalidade. A preocupação central da teoria dos jogos é a de precisar de comportamentos racionais e extrair as principais características de suas interações. Esse subprograma se depara com dois tipos de problemas: a multiplicidade de equilíbrios, gerando dificuldade da construção de um micro geral, e o caráter não ótimo no sentido paretiano das soluções não-cooperativas. O primeiro problema é fonte de indeterminação e o segundo indicação de perda do caráter normativo dos modelos (Guerrien, 1993).

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