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Revisão 
 
Vasconcelos F. Psicomotricidade: Uma prática para o desenvolvimento infantil. Temas sobre Desenvolvimento 2008; 16(93):127-132. 
 
Artigo recebido em: 06/05/2007. Aceito para publicação em: 24/03/2008. 
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Psicomotricista titular da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, Professora de Educação 
Física pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Professora Convidada do Curso de Pós-
graduação em Educação Especial da Universidade Gama Filho. 
 
CORRESPONDÊNCIA 
Fátima Vasconcelos 
Rua Laura Teles 123 / 104, Bloco 5 – 22.703-305 – Jacarepaguá – RJ – mffv@ig.com.br. 
 
 
RESUMO 
PSICOMOTRICIDADE: UMA PRÁTICA PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL: Este trabalho foi elaborado com o objetivo de sistemati-
zar de forma muito particular pressupostos teóricos da prática psicomotora educacional. O percurso adotado na evolução deste trabalho 
seguiu com a abordagem de conceitos referentes à construção teórico-científica da psicomotricidade, como conceito, delimitação das á-
reas de atuação, compreensão do processo de educação psicomotora, de aquisição da noção de corpo, do desenvolvimento infantil de-
terminado por sua intervenção, e os aspectos psicomotores com referência ao processo de aquisição da leitura e da escrita. 
Descritores: Psicomotricidade, Desenvolvimento psicomotor, Esquema corporal, Integração sensorial. 
 
ABSTRACT 
PSYCHOMOTRICITY: A USEFUL PRATICE FOR CHILDREN DEVELOPMENT: This review is about a very peculiar systematization of 
theoretical purposes of educational psychomotricity practice. The developing trajectory of this paper approached some aspects referring the 
scientific and theoretical construction of psychomotricity as its concepts, actuation areas, development process of its practice in education, 
the acquisition of corporal notion, children development determined by this intervention, and psychomotor aspects referring to acquisition 
process of reading and writing. 
Keywords: Psychomotricity, Psychomotricity development, Corporal scheme, Sensorial integration. 
 
 
De acordo com a definição da Sociedade Brasileira de Psi-
comotricidade (1999), psicomotricidade é “a ciência que tem 
como objeto de estudo o homem através do seu corpo em mo-
vimento e em relação ao seu mundo interno e externo, bem 
como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, 
com os objetos e consigo mesmo. Está relacionada ao processo 
de maturação, em que o corpo é a origem das aquisições cogni-
tivas, afetivas e orgânicas”. A Psicomotricidade é uma ciência de 
grande complexidade no que se refere à sua compreensão e aos 
elementos que a compõem. Contudo, é também uma ciência de 
extrema simplicidade no que se refere à sua prática. Com o 
objetivo de realizar uma pequena análise a respeito da composi-
ção conceitual de Psicomotricidade, farei referência a alguns 
aspectos etimológicos da Psicomotricidade. 
 
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Na observação morfológica da palavra psicomotricidade, de-
paramo-nos com sua composição: psico e motricidade. Motrici-
dade refere-se ao componente dinâmico do indivíduo, sua fun-
cionalidade, sua realização, seu desenvolvimento, sua maturação. A 
motricidade - ou função motriz - nos remete ao movimento do indiví-
duo, ao seu deslocamento, à sua ação, para a qual se faz necessá-
ria uma estrutura neuro-anatomo-fisiológica adequada. 
O componente psico se refere à atividade psíquica, atividade 
essa que possui dois elementos integradores: a sócio-afetividade 
e a cognição. Embora estes conceitos estejam bastante defini-
dos, ainda não temos assegurada a compreensão exata do que 
seja a Psicomotricidade. Para tal se faz necessário ter em mente 
que a Psicomotricidade trata da unidade do indivíduo, de sua 
globalidade, oferece ao indivíduo uma visão holística. 
Portanto, podemos entender a Psicomotricidade como a re-
lação mútua entre a atividade psíquica e a função motora do 
indivíduo. Por meio desta relação é possível considerar que, 
ainda que a base da Psicomotricidade seja o movimento, consti-
tui-se de uma atividade psíquica consciente. A Psicomotricidade 
é a integração da motricidade elevada ao nível do “desejar” e do 
“querer fazer”. 
A Psicomotricidade desempenha papel muito importante no 
corpo, já que o coloca no esquema geral da linguagem do existir 
corporal: “é o corpo com seus aspectos anatômicos, neurofisio-
lógicos, mecânicos e locomotores, coordenando-se e sincroni-
zando-se no espaço e no tempo, para emitir e receber significa-
dos e ser significante” (Defontaine). 
Vários autores têm tentado definir o termo Psicomotricidade 
como Wallon, Piaget, Ajuriaguerra, entre outros, e todos têm 
ressaltado a interação psiquismo-motricidade, pondo em relevo 
sua relação profunda. 
Conseqüentemente, a psicomotricidade se nos apresenta 
como o conjunto de comportamentos tecno-gestuais, tanto inten-
cionais como involuntários. A função motora, definitivamente, 
não é nada sem o aspecto psíquico. É através do psiquismo que 
o movimento se converte em gesto, em portador de resposta, de 
intencionalidade e de significação. 
A evolução conceitual e prática da psicomotricidade aconte-
ceu de forma gradativa, tendo seu início na década de 1950. Um 
momento importante na história da Psicomotricidade foi a reali-
zação do I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade em 1982, 
constituindo o marco fundamental para a determinação da Psi-
comotricidade como ciência e a fundação de um órgão nacional 
representativo da Psicomotricidade – a Sociedade Brasileira de 
Psicomotricidade. 
Ao longo desse percurso, a prática da Psicomotricidade se 
fez representar em diversas áreas,compondo uma atuação 
profissional presente na educação, na terapia e na reabilitação. 
Veremos a seguir como se processa a prática psicomotora no 
âmbito destas realidades diferenciadas. 
 
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A prática da psicomotricidade estende-se a três áreas de a-
tuação: Reeducação, Terapia e Educação. 
A reeducação psicomotora tem como objetivo principal o alí-
vio e a adaptação do indivíduo às atividades diárias, buscando 
reduzir o sintoma já instalado através de atividades psicomotoras 
como jogos e exercícios específicos. Ela pretende desenvolver o 
aspecto comunicativo do corpo, isto é, permitir ao indivíduo a 
possibilidade de expressão através de seu próprio corpo da 
forma mais harmoniosa possível, dominando sua gestualidade, 
economizando sua energia, aumentando sua eficácia, aperfeiço-
ando seu equilíbrio e ampliando sua qualidade de vida. “Estar 
bem dentro da sua pele” significa aceitar limitações e viver com 
elas sem constrangimento. 
Em alguns casos o sintoma psicomotor pode estar inserido 
em um contexto global em que problemas psíquicos, psiquiátri-
cos, neurológicos ou relacionais podem também estar presentes. 
Há uma grande complexidade nesse quadro, pois dificilmente os 
distúrbios surgem isoladamente. A instabilidade psicomotora 
sempre deve ser relacionada à forma pela qual a criança viven-
cia suas experiências na escola, na família e no grupo social em 
que convive. Certos distúrbios, cuja manifestação parece à pri-
meira vista ser puramente psicomotora - como os problemas 
ligados à ortografia - sempre apresentam uma significação. 
A terapia psicomotora é constituída por um processo de ela-
borações psíquicas, em que elementos fantasmáticos são abor-
dados com o intuito de uma reorganização psíquica das experi-
ências emocionais anteriores mal elaboradas. Os instrumentos 
utilizados para o alcance de tal objetivo são jogos simbólicos, 
relaxamentos, dramatizações, manipulações, entre outros. O 
sintoma apresentado pelo paciente não é abordado diretamente, 
sendo feitas abordagens no contexto geral da vivência do paci-
ente até que se possa alcançar o sintoma original. 
A educação psicomotora é um processo preventivo. Trata, 
sobretudo, de crianças que aparentemente não apresentam 
nenhum sintoma instalado, e tem por finalidade promover o 
desenvolvimento infantil harmônico, desenvolvimento esse físico, 
mental e afetivo. Ela é desenvolvida em instituições escolares, 
onde é concebida com freqüência como uma série de jogos e 
atividades fundamentalmente lúdicas que valorizam a esponta-
neidade, expressividade e criatividade da criança e são destina-
dos a estimular e desenvolver o potencial da criança para apren-
dizagens futuras. Esta abordagem busca desenvolver na criança 
uma melhor organização espacial e temporal, do equilíbrio, da 
coordenação, motricidade fina, conhecimento e integração corpo-
ral, como veremos posteriormente. No entanto, não podemos 
deixar de observar que o desenvolvimento de toda a organização 
motora da criança tem o objetivo de respeitar a integração cons-
tante e dinâmica de seus aspectos sócio-afetivos e cognitivos. 
 
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A educação psicomotora, como citado anteriormente, atua 
como agente profilático no que se refere à instalação de disfun-
ções e distúrbios psicomotores. Sua prática ocorre segundo 
alguns princípios fundamentais que asseguram o seu sucesso. 
A atuação psicomotora no âmbito escolar pressupõe o aten-
dimento a crianças que não apresentam queixas quanto ao seu 
desenvolvimento psicomotor, relacional ou até mesmo em rela-
ção ao processo de aprendizagem. As estratégias utilizadas pela 
educação psicomotora têm o objetivo de oferecer estímulos 
necessários e adequadamente modulados para possibilitar a 
expressão plena da “psicomotricidade” da criança. Há uma valo-
rização da aplicação dos movimentos lúdicos, exploratórios, 
espontâneos, expressivos e criativos da criança nas atividades 
vivenciadas na “aula” de psicomotricidade. O movimento realiza-
do pela criança deve estar permeado, fundamentalmente, pelo 
prazer, pela intencionalidade e pelo desejo. A orientação das 
 
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atividades deve primar pela sugestão e observação das dinâmi-
cas em detrimento a diretividade e imposição do orientador. 
Os objetos utilizados na prática psicomotora têm o objetivo 
inicial de mediar a relação da criança com o orientador e com os 
outros integrantes do grupo, assim como facilitar a expressão 
mais primitiva dos seus movimentos e gestos. Os objetos ainda 
atuam como estimuladores para a realização dos diversos movi-
mentos, auxiliando na intensificação da atividade exploratória da 
criança. Alguns objetos são classificados como dinâmicos, por 
incentivarem movimentos amplos e intensos (cordas, bolas, bam-
bolês etc.), e outros materiais como calmantes ou afetivos por 
estimularem ações mais introspectivas (lençóis, almofadas, etc.)1. 
O ambiente dos encontros de educação psicomotora deve 
oferecer aconchego, assegurando uma realização motora e uma 
expressão livre de qualquer risco à integridade física, assim 
como garantir que a privacidade não seja ameaçada, pois, 
quando a criança vivencia uma determinada proposta em toda 
sua intensidade, ela se “desnuda” para o mundo, uma vez que 
sua psique e sua motricidade estão fortemente expressas na-
quele momento lúdico vivencial. Neste momento, a criança der-
rama sobre os elementos concretos (brincadeiras, objetos, ou-
tros, ambiente) uma grande carga de simbolização, trazendo 
para a realidade momentânea daquele “brincar” seus elementos 
psíquicos mais profundos. É por isso que sua organização emo-
cional pode ser trabalhada no processo de educação psicomoto-
ra. Lembramos que, caso surja algum elemento fantasmático 
que denuncie alguma desestruturação interna em alguma crian-
ça, este não deve ser evocado com maior profundidade, pois a 
educação psicomotora não é um espaço terapêutico. Contudo, 
tal fato deve ser cuidadosamente observado e registrado, para 
que possa ser encaminhado para um processo terapêutico pos-
terior ou até mesmo sofrer abordagens educacionais específicas 
para que sejam reelaborados. 
O outro, na “aula” de psicomotricidade, é fundamentalmente 
importante, pois ele é constituinte das relações de espelhamento 
e ação no mundo. O “professor-psicomotricista” também é um 
“outro” com significações mais intensas, pois sempre é objeto 
das transferências relacionais dos “alunos”. Para que possa 
exercer eficientemente sua função, este deve fazer-se presente 
com plena disponibilidade afetivo-corporal, ou seja, deve ofere-
cer primordialmente uma escuta afetuosa, seu corpo como objeto 
relacional, e um olhar terapêutico. O profissional de psicomotrici-
dade deve estar preparado para realizar constantemente a leitura 
corporal de seus “alunos” e a leitura do simbolismo presente nas 
“falas”. Para tal, um processo vivencial deve ser elemento constitu-
inte de sua formação profissional, pois este processo possibilitará 
a estruturação de suas elaborações emocionais. 
Diante do conhecimento desses elementos, que são de fun-
damental importância para a realização da Educação Psicomoto-
ra, podemos seguir com o desenvolvimento da proposição teóri-
ca da psicomotricidade em seu contexto maior. A prática de um 
programa de educação psicomotora desenvolve fundamental-
mente, em seu praticante (aluno), um processo que alguns auto-
res denominam de aquisição da noção de corpo, que é o ele-
mento fundamental para a estruturação de todo o desenvolvi-
mento infantil. 
 
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A aquisição da noção de corpo que se dá através da cons-
trução do esquema e da imagem corporal, como veremos poste-
riormente, é o alicerce de toda estrutura psicomotora. É a partir 
do conhecimento do corpo em relação às suas partes,à sua 
espacialidade, à sua temporalidade e às suas potencialidades 
que o indivíduo se torna capaz de realizar com plenitude sua 
motricidade, sua ação no mundo. 
O objetivo da prática psicomotora é oferecer ao indivíduo a 
possibilidade de alcançar um desenvolvimento harmônico no que 
se refere à integração de seus aspectos físicos, sócio-emocional 
e cognitivo2. O elemento utilizado para que esse desenvolvimen-
to seja alcançado é a estimulação sensorial que, por sua vez, é 
provocada por instrumentos utilizados na prática psicomotora 
como, principalmente, os movimentos e as manipulações. 
No decorrer de sua ação e interação com o meio ambiente, a 
criança potencializa sua capacidade de apreensão do mundo, 
pois utiliza, de forma cada vez mais complexa, seus receptores, 
permitindo que a sensação original se transforme, através do 
sistema nervoso, em informação significante3. 
A estimulação sensorial tratada na prática psicomotora com-
preende toda e qualquer informação que possa ser oferecida ao 
corpo, captada por nossos receptores e processada pelas estru-
turas do sistema nervoso responsáveis pela integração destas 
informações. 
No que se refere à plasticidade do movimento humano, o sis-
tema nervoso preenche algumas funções, sendo uma delas a de 
“analisar, filtrar e integrar as aferências sensoriais para construir 
uma representação do mundo exterior adaptada às atuações 
específicas do animal”4. 
A integração das informações sensoriais realizada pelo sis-
tema nervoso é decorrente de um processamento dessas infor-
mações que são recebidas pelos sensores e associadas a infor-
mações preexistentes, construídas e armazenadas a partir de 
experiências anteriores. Então é gerado um novo padrão de 
resposta, um aprimoramento da resposta anteriormente alcan-
çada. É acrescida ao corpo uma nova possibilidade de reação e 
ação no ambiente. 
“Para interpretar a informação e traduzi-la em diretivas de 
ação, o SNC, depois de codificar e filtrar as mensagens sensori-
ais (só passa o que é significativo), deve compará-la com a 
informação já existente, já registrada e conservada em suas 
próprias estruturas“3. 
O corpo age, ou seja, o corpo oferece realizações de acordo 
com o que ele recebe do meio no qual está inserido. Portanto, 
sem o processo de integração sensorial o corpo estará incapaci-
tado de realizar respostas, de reagir ao ambiente. 
A relevância dada ao sistema somato-sensorial está na cap-
tação das informações através de seus receptores, para a cons-
trução do esquema corporal e, por conseguinte, para a constru-
ção do conhecimento do corpo e de suas partes. 
As informações sensoriais referidas - aferências - são capta-
das por receptores sensoriais específicos. São eles os somato-
sensores, sistema vestibular e órgãos dos sentidos (audição, 
visão e tato). 
Sherington (apud Le Boulch4) classifica as diferentes ordens 
de sensibilidade em três campos de recepção das informações 
sensoriais: “Algumas sensações informam sobre os objetos 
exteriores que agem sobre a superfície do corpo: são as sensa-
ções exteroceptivas. Outras estão relacionadas com a excitação 
da superfície interna do organismo [...] ou de certos órgãos ca-
vos sensíveis à distensão [...]: são as sensações interoceptivas. 
 
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O campo proprioceptivo representa o conjunto das sensações 
músculo-tendinosas, articulares, que transmitem informações 
sobre a situação do aparelho locomotor. As informações labirín-
ticas provenientes do ouvido interno são igualmente anexadas 
ao campo proprioceptivo.” 
Os somato-sensores, como estão distribuídos pelo corpo, 
são essenciais na determinação da configuração dos segmentos 
corporais5. Fornecem continuamente informações sobre a orien-
tação do corpo. 
E é a partir destas informações que a estrutura neurológica 
faz uso de sua capacidade de reorganizar-se. Lundy-Ekman6 
pontua que “no encéfalo adulto, as áreas corticais rotineiramente 
ajustam o modo como processam informação, conservando 
novas funções [...] Os mapas das áreas funcionais do córtex 
cerebral são produzidos pelo registro da atividade neuronal, em 
resposta à estimulação sensorial durante as contrações muscu-
lares ativas”. 
O conhecimento do corpo, que é alcançado através das in-
formações recebidas nos momentos de experimentação desse 
mesmo corpo, é uma síntese do processo de integração senso-
rial realizada pelo sistema nervoso. 
O conceito de esquema corporal decorreu, inicialmente, de 
estudos da medicina a respeito do córtex cerebral, e Bornier foi o 
primeiro estudioso a fazer, em 1933, referências a uma repre-
sentação topográfica do corpo7. O estudo do esquema do corpo 
seguiu uma evolução bastante significativa e de importância 
fundamental para o aprimoramento da compreensão do conceito 
de indivíduo sob o olhar psicomotor. 
Dando seqüência a esta evolução, foi introduzida por Head 
(apud Coste7) a concepção de “esquema postural”, definido 
como uma realidade essencialmente plástica que se encontra 
em construção contínua, sofrendo influências permanentes das 
aferências interoceptivas e exteroceptivas. 
Observamos, então, que a construção da noção do corpo é 
de fundamental importância para a realização da prática psico-
motora eficaz, pois a estrutura do esquema corporal e, posteri-
ormente, da imagem corporal são condições para que o desen-
volvimento psicomotor ocorra com sucesso. 
 
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O desenvolvimento psicomotor ocorre de forma natural e 
gradativa, sofrendo e interferência de alguns fatores que podem 
ser categorizados em externos e internos ou, ainda, em práxicos 
e subjetivos. Os fatores externos que interferem no processo de 
desenvolvimento psicomotor são aqueles relacionados ao “outro” 
e ao meio. Os fatores de ordem interna são os que se relacio-
nam com as necessidades afetivas, fisiológicas e intencionais do 
indivíduo. 
Há ainda os fatores caracterizados como práxicos, que são 
os movimentos e manipulações de uma forma geral, e os de 
ordem subjetiva, relacionados aos desejos e relações estabele-
cidas. O processo global do desenvolvimento psicomotor com-
põe-se de elementos pertencentes às várias instâncias da for-
mação do indivíduo como os elementos de formação estrutural 
(neuroanatômicos), sócio-afetiva (relacionais / simbólicos) e 
cognitiva (conceituais). 
Este desenvolvimento necessita estimulação para que se es-
truture de forma harmônica. Esta estimulação, por sua vez, 
ocorre inicialmente através de atitudes diversas na relação da 
criança com a mãe, a seguir com o pai, avós etc. e, posterior-
mente, através de suas experiências motoras e afetivas que vai 
estabelecendo com o mundo. 
O desenvolvimento psicomotor compreende todo o processo 
maturacional da estrutura anátomo-neurológica e emocional da 
criança, desde o seu primeiro movimento reflexo, passando 
pelos movimentos simples, pelos gestos, até os movimentos 
mais complexos e intencionais. 
Segundo Rita Thompson, “os diferentes processos que inte-
gram o desenvolvimento psicomotor não são fenômenos separá-
veis, e, por isso, a maturação neurológica, o desenvolvimento do 
esquema e da imagem corporal, os processos de lateralização, 
as coordenações, o equilíbrio, o ritmo e, até mesmo, o desenvol-
vimento cognitivo e da linguagem devem ser abordados em seu 
conjunto”. 
Observaremos, a seguir, os aspectos psicomotores importan-
tes para a evolução do desenvolvimento infantil e faremos algu-
mas considerações importantes a respeito de cada um deles em 
relação ao processo de aquisições cognitivas. 
 
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Os aspectos psicomotores são elementos constituintes da 
organização psicomotora do indivíduo. A estruturação destes 
aspectos pressupõe prontidão para aquisições de ordem cogniti-
va, como a compreensão de conceitos,a capacidade de abstra-
ção, a aquisição das linguagens lida e escrita, entre outras. 
Coordenação motora ampla refere-se à “colocação em ação 
simultânea de grupos musculares diferentes, com vistas à exe-
cução de movimentos amplos e voluntários mais ou menos 
complexos, envolvendo principalmente o trabalho de membros 
inferiores, superiores e do tronco”8. A coordenação estrutural da 
coordenação motora ampla capacita a criança à realização de 
movimentos amplos e complexos de forma eficiente, possibili-
tando organização motora e gestual. Esta eficiência motora que 
está relacionada especificamente aos membros superiores e 
coluna prepara a criança para a aprendizagem da escrita, pois a 
organização motora para o ato da escrita exige grupamentos 
musculares que vão desde a sustentação postural, ao posicio-
namento da cabeça, dos braços, do antebraço e, finalmente, das 
mãos. 
Coordenação motora fina refere-se ao “trabalho de forma or-
denada dos pequenos músculos. Engloba principalmente as 
atividades manuais e digitais, oculares, labiais e linguais”. A 
organização das atividades motoras digitais é determinante para 
a capacitação da criança para a aquisição da escrita. A coorde-
nação visomotora se insere neste item e favorece o ato da leitura 
e da escrita. 
Organização temporal “é a capacidade de orientar-se diante 
de um espaço físico e de perceber a relação de proximidade de 
coisas entre si”. A organização temporal capacita a criança a 
compreender o seqüenciamento das ações e, portanto, das 
letras para a formação das palavras, das palavras para a forma-
ção das frases, e assim por diante. Permite ainda a compreen-
são de conceitos como início, meio e fim; antes e depois etc. 
Organização espacial é a “capacidade de orientar-se diante 
de um espaço físico e de perceber a relação de proximidade das 
coisas entre si”. A orientação espacial possibilita à criança locali-
zar-se espacialmente em seu próprio corpo para, a seguir, trans-
por a escrita para diferentes planos como o espaço restrito do 
 
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papel, ou caderno, permitindo à criança uma organização mental 
para a compreensão dos conceitos de tamanho, volume, forma, 
quantidade, além dos conceitos de localização como em cima e 
embaixo; dentro e fora; direita e esquerda. 
Equilíbrio é a “capacidade de manter-se sobre uma base re-
duzida de sustentação do corpo através de uma combinação 
adequada de ações musculares e sob influência de forças exter-
nas”. A construção do equilíbrio capacita a criança a desenvolver 
estabilidade corporal para a captação dos estímulos através de 
uma postura bem estruturada, assim como conquistar a estabili-
dade postural através da visão. 
Lateralidade é a “capacidade de se vivenciarem as noções 
de direita e esquerda sobre o mundo exterior, independentemen-
te de sua própria situação física”9. A estruturação da lateralidade 
permite a compreensão dos conceitos de direita e esquerda, a 
utilização harmônica dos membros e permite a definição eficien-
te da dominância lateral, capacitando a criança a compreender 
os conceitos de ordenação da escrita (E�D) e da “escolha” 
assertiva e determinada pelo SNC da dominância lateral. 
Esquema corporal refere-se à “intuição de conjunto ou co-
nhecimento imediato que temos de nosso corpo em posição 
estática ou em movimento, na relação das suas diferentes partes 
entre si, sobretudo nas relações com o espaço e os objetos que 
nos circundam”4. O esquema corporal é o conhecimento do 
próprio corpo em posição estática ou em movimento, em relação 
às suas partes, aos objetos e aos outros. A aquisição do esque-
ma corporal potencializa a criança ao conhecimento da espacia-
lidade do seu corpo e, portanto, ao conhecimento de conceitos 
externos de localização, volume, forma e tamanho. Possibilita o 
reconhecimento dos seus limites corporais e, por conseguinte, 
dos limites externos. Também assegura o reconhecimento dos 
segmentos corporais e de seu corpo como um todo - o conheci-
mento dos processos de análise e síntese; aprende também que 
o seu corpo possui uma ordenação em suas partes e, portanto, 
compreende a noção de ordenação com elementos externos. O 
esquema corporal inicia na primeira infância, na relação com a 
mãe, através das manipulações e nomeações desta em relação 
ao corpo do bebê, na exploração lúdica do bebê com o seu 
próprio corpo, e através das oscilações tônicas ocorridas nos 
momentos de desprazer (fralda suja, fome etc.) e prazer (troca 
da fralda, mamada etc.). Ou seja, o esquema corporal é adquiri-
do através das sensações, das percepções e das experimenta-
ções captadas e vividas pelo corpo. 
Imagem corporal refere-se ao “lugar inconsciente de emissão 
e recepção das emoções. Integração sensório-motora, elabora-
ção psíquica a partir da percepção das sensações corporais. 
Memória inconsciente da vivência relacional”10. A imagem corpo-
ral é a representação mental inconsciente que a criança tem do 
esquema do seu próprio corpo. É adquirida progressivamente, 
através das experimentações corporais e afetivas vividas pela 
criança (e adulto). É um elemento de ordem subjetiva e, portan-
to, em constante reformulação, e está dotada de uma impregna-
ção emocional, através dos referenciais ditados por um “outro” 
afetivamente significativo. A imagem corporal interfere na ação 
do indivíduo no mundo, em função de sua interferência determi-
nante dos processos de autoconfiança, segurança, medo, potên-
cia, iniciativa etc. 
Tônus muscular é a “tensão dos músculos, pela qual as po-
sições relativas das diversas partes do corpo são corretamente 
mantidas e que se opõe às modificações passivas dessas posi-
ções”7. A aquisição de tonicidade equilibrada possibilita à criança 
agir corporalmente de acordo com a sua característica própria, 
pois se expressa com naturalidade, sem tensões indesejadas 
que limitam os movimentos e estados de hipotonia que a incapa-
citam para a realização segura dos movimentos. O equilíbrio 
tônico é um elemento fundamental para a manutenção da postu-
ra que, por sua vez, é fundamental para a aquisição da escrita, 
como vimos anteriormente. Através do estado tônico somos 
capazes também de nos expressar, pois o elemento emocional 
interfere direta e continuamente no grau de contração da muscu-
latura. 
Ritmo é a “capacidade de relacionar ações a uma determi-
nada dimensão de tempo, onde sucessões de acontecimentos e 
de intervalo de tempo são fundamentais”. Este é um aspecto 
desenvolvido através das atividades psicomotoras e está direta-
mente associado à noção temporal, interferindo fundamental-
mente na capacidade de rítmica que a leitura e a escrita exigem. 
Dissociação de movimentos é a “capacidade de individualizar 
os segmentos corporais que tomam parte na execução de um 
gesto”9. A aquisição da dissociação de movimentos capacita o 
indivíduo a movimentar-se de forma equilibrada e com complexi-
dade em sua realização, possibilitando, portanto, a eficiência dos 
movimentos finos no momento da escrita. 
 
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No processo de aquisição cognitiva, a percepção é um ele-
mento fundamental, pois, quanto maior for a diversidade de 
informações referidas internamente como significativas, maior 
será o potencial de aprendizagem do indivíduo, e, ainda, quanto 
maior for a quantidade de relações estabelecidas como significa-
tivas de uma mesma informação, maior a intensidade deste 
aprendizado. 
A proposta de uma abordagem corporal no âmbito escolar é 
de fundamental importância, pois sua ação é profunda na cons-
trução dos registros significativos na experiência escolar de uma 
criança. Esses registros são significativos porque se dão através 
do corpo, da atividade lúdica, dos movimentos, das experimen-
tações, das brincadeiras, das situações prazerosas. 
Diante da organização teórica da práticaeducacional da psi-
comotricidade percebemos que a sua aplicabilidade primordial 
se dá em função destes registros na construção do indivíduo, 
pois a dinâmica de sua prática pressupõe uma abordagem que 
atende aos aspectos afetivo-social, cognitivo e motor da criança, 
tendo, portanto, abrangência em todas as instâncias formadoras 
deste indivíduo. Ou seja, os estímulos oferecidos pela educação 
psicomotora estendem-se por toda a estrutura de composição do 
ser humano. Através da realização de um movimento a criança é 
solicitada em várias instâncias como a organização de sua estru-
tura corporal para a realização do movimento, passando por 
elementos de ordem cognitiva para o planejamento da ação, até 
os elementos de ordem emocionais que estão inseridos simboli-
camente em sua ação. 
De acordo com o apanhado teórico apresentado, ousamos 
conceber que a prática psicomotora aplicada adequadamente 
em ambiente escolar e com adequação do seu programa de 
atividades ao atendimento de sala de aula constitui grande pos-
sibilidade de minimizar situações de fracassos escolares, desor-
dens decorrentes de fatores emocionais e até mesmo situações 
de inadequação social. 
 
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1. Lapierre A. O adulto diante da criança. São Paulo: Manole; 1987. 
2. Lapierre A, Aucouturier B. Fantasmas corporais e prática psicomotora. São 
Paulo: Manole; 1984. 
3. Vayer P, Toulouse P. Linguagem corporal: A estrutura e a sociologia da 
ação. Porto Alegre: Artes Médicas; 1985. 
4. Le Boulch J. Rumo a uma ciência do movimento humano. Porto Alegre: 
Artes Médicas; 1987. 
5. Rowell LB, Shepherd JT. Manual de fisiologia: Uma apresentação crítica e 
abrangente dos conceitos e do conhecimento fisiológicos. Regulação e inte-
gração de sistemas múltiplos. Oxford: Seção 12; 1996. 
6. Lundy-Ekman L. Neurociência: Fundamentos para a reabilitação. Rio de 
Janeiro: Editora Guanabara Koogan; 1998. 
7. Coste JC. A psicomotricidade. Rio de Janeiro: Zahar Editores S.A.; 1981. 
8. Costallat DM. Psicomotricidade. Porto Alegre: Globo; 1981. 
9. Fonseca V. Psicomotricidade. São Paulo: Martins Fontes; 1996. 
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Comunicação 
 
Sakamoto CK. O adoecimento nas diversas fases da vida e o uso de recursos expressivos. Curso de Brinquedista Hospitalar, II. São Paulo, 2008. Temas 
sobre Desenvolvimento 2008; 16(93):132-6. 
 
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O adoecimento é para o ser humano, uma experiência singu-
lar que o remete à situação de vulnerabilidade vital expondo sua 
condição de ser frágil, falível, que possui limites e necessidades. 
O adoecimento nas diferentes fases da vida mostra peculia-
ridades relativas ao ciclo de vida humano assim como evidencia 
possíveis características de personalidade e idiossincrasias 
daquele que adoece. Contudo, o adoecer em qualquer momento 
ou modalidade vivenciada, é um acontecimento processual que 
possui início, desenvolvimento e conclusão (cura, acomodação 
ou cronicidade), que gera para a pessoa adoecida algum grau de 
ansiedade. Além disso, no seu intercurso, apresenta uma nova 
demanda psíquica ao sujeito da experiência – o adoecer convo-
ca o ser humano à ação mais efetiva para o enfrentamento da 
situação mobilizando o potencial de saúde e criatividade, já que 
uma doença é uma adversidade que, em última instância, amea-
ça a vida. 
O envolvimento afetivo daquele que adoece com o processo 
de recuperação da saúde implica que o processo alcança uma 
dimensão mais profunda na esfera da experiência, com natural 
ampliação da consciência de si mesmo e dos fatores – os mais 
variados – que se mostram envolvidos. 
Querer curar-se, por exemplo, é um importante ingrediente 
no processo do adoecimento, pois equivale a assumir responsa-
bilidades frente à situação vivida e representa o enfrentamento 
dos motivos inconscientes envolvidos. O fortalecimento do eu é 
um produto decorrente da elaboração da experiência de adoeci-
mento e recuperação e favorece o entendimento acerca da 
correlação do status de saúde psíquica e a utilização do potenci-
al criativo. A atitude frente a uma doença e o compromisso com 
a recuperação pode auxiliar a busca da compreensão dos pro-
cessos de recuperação ou cronificação de doenças psicossomá-
ticas, que existem em paralelo ao entendimento da utilização da 
capacidade criativa. 
Tendo em vista a perspectiva psicodinâmica do desenvolvi-
mento humano, podemos compreender a freqüente recorrência 
de algumas enfermidades nos vários períodos do ciclo vital e, a 
partir desta perspectiva, eleger procedimentos clínicos compatí-
veis com cada necessidade relativa à situação de sofrimento 
daquele que sofre. 
Acolher e auxiliar as pessoas adoecidas e as equipes que 
trabalham na área de saúde, na tarefa de compreender o pro-
cesso do adoecimento e de colaborar no processo de recupera-
ção (ou necessidade de aceitação de uma impossibilidade de 
recuperação), é um estimulante desafio ao psicólogo hoje, nos 
ambientes hospitalares. 
Refletir sobre o alcance do trabalho psicológico e buscar al-

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