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EIRELI EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

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Prévia do material em texto

EIRELI EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA
Conceito
Conforme de_ ne o Art. 966 do Código Civil, considera-se empresário aquele que “exerce pro_ ssio- nalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços”. 
Em outras palavras, é a pessoa que articula os fatores de produção (capital, mão de obra, insumos e tecnologia) de forma organizada para exercer uma atividade com bens ou serviços visando obter lucro (atividade econômica) e o faz de forma habitual, com o emprego de um conhecimento que ele detém, sempre contando com o trabalho de empregados que realizam sua atividade principal (pro- _ ssionalismo). 
Nota: Convém ressaltar que, nos termos do parágrafo único do art. 966 do Código Civil, não são considerados empresários aqueles que exercem pro_ ssão de natureza intelectual (contadores, en- genheiros, médicos, arquitetos, advogados etc.), cientí_ ca (pesquisadores em geral etc.), literária ou artística (músicos, atores, modelos etc.), ainda que se valham de auxiliares ou colaboradores, exceto se o exercício destas atividades constituir elemento de empresa – ou seja, se for perdida a pessoalidade do empreendedor no exercício das atividades, que passarão a ser exercidas pelos empregados, enquanto que o empreendedor passará apenas a administrá-lo, articulando os fato- res de produção. Existem duas espécies de empresário:
Empresa individual Sociedade A Empresa individual é adotada pela pessoa física que resolve exercer a atividade empresária sem se unir a um sócio. Já a sociedade é a união de pessoas que, conjuntamente, resolvem realizar a ativi- dade empresária. 
Assim, quando o empreendedor decide exercer uma atividade empresária, deve ele optar por exercê-la de forma isolada (sem contar com a participação de sócios), ou, cumular esforços com ou- tros empreendedores e, por consequência, repartir os resultados com os sócios. 
As duas espécies de empresário possuem subespécies. A empresa individual possuía, até o ad- vento da Lei 12.441/ 2011, uma única subespécie, o Empresário Individual. Agora, teremos também a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI. Já a sociedade possui várias modalidades, dentre as quais a sociedade limitada e a anônima. 
Para entender melhor a EIRELI, é preciso entender a modalidade Empresário Individual.
Origem
Inserida pela Lei 12.441/11 (Art. 980A CC)
Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli) é uma categoria empresarial que permite a constituição de uma empresa com apenas um sócio: o próprio empresário.
Essa modalidade foi criada em 2011 e surgiu com o propósito de acabar com a figura do sócio “fictício”, prática comum em empresas registradas como sociedade limitada, que antes só poderiam ser constituídas por, no mínimo, duas pessoas, e agora podem ser abertas com um único sócio.
Responsabilidade
A Eireli permite a separação entre o patrimônio empresarial e privado. Ou seja, caso o negócio contraia dívidas, apenas o patrimônio social da empresa será utilizado para quitá-las, exceto em casos de fraude.
A Eireli deverá ser constituída com uma única pessoa como titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, sendo que o valor deste não poderá ser inferior a 100 vezes o maior salário mínimo vigente, no momento do registro da empresa.
A Eireli assim constituída adquire personalidade jurídica, passando a ter patrimônio próprio, distinto do patrimônio do seu titular, cuja responsabilida de pessoal fica limitada ao montante do capital que a ela for atribuído.
As obrigações contraídas pela Eireli são de sua exclusiva responsabilidade, e se seu patrimônio não for suficiente para a resolução, ficará a mesma sujeita ao regime falimentar.
Características
Exercício da atividade empresarial por uma pessoa.
Responsabilidade limitada, sem comprometer o patrimônio pessoal;
Não há necessidade de constituir sócio “fantasma”, como ocorre em sociedades limitadas;
O empresário, mesmo individual, adquire personalidade jurídica;
Redução da informalidade, com a regularização da situação do empresário individual de fato, que exercia a atividade à margem da lei;
Se o empresário for o único sócio em uma empresa já registrada com outro regime jurídico, ele pode convertê-la em Eireli, assumindo, portanto, a condição de Eireli derivada;
Os ramos de atividade econômica permitidos à Eireli são amplos e abrangem todas as atividades comerciais, industriais, rurais e de serviços.
Tributação
Dependerá da escolha do regime tributário, atividade econômica e faturamento.
O empresário tem a liberdade de escolher o modelo de tributação que melhor adapte a sua atividade ao porte da empresa, podendo optar, inclusive, pelo Simples Nacional.
É importante lembrar que as obrigações sociais, incidentes sobre a folha de pagamento também serão as mesmas, neste caso.
Incidem os seguintes impostos: IRPJ, a CSLL, o PIS, a COFINS, o IPI, o ICMS, o ISS e o INSS.
No aspecto tributário, a EIRELI trará vantagens, pois permitirá que pro_ ssionais autônomos criem uma pessoa jurídica para exercer sua atividade, valendo-se de uma tributação menos one- rosa, com limitação de responsabilidade pelas dívidas da empresa e sem precisar de outro sócio. 
A EIRELI poderá contar com benefícios como o regime da microempresa, da empresa de pe- queno porte e do Simples Nacional, caso se enquadre em seus requisitos, como dispõe a Lei Complementar nº 139/11, que já acrescentou a EIRELI como bene_ ciária desse regime (confor- me a nova redação do artigo 3º da Lei Complementar 123). Como os principais requisitos para enquadramento são a receita bruta da empresa (art. 3º da Lei Complementar nº 123) e a ativida- de desenvolvida pela empresa (art. 17 da Lei Complementar nº 123), caso ela também preencha os demais requisitos desses regimes e não se enquadre em nenhuma das situações excludentes, poderá solicitar seu enquadramento. 
Caso a atividade do empresário permita, ele poderá até mesmo cadastrar seu endereço resi- dencial para exercício da atividade. 
No mais, todas as normas tributárias vigentes poderão ser aplicadas à EIRELI, o que não im- pede o legislativo de editar novas normas, inclusive para bene_ ciar a nova modalidade. Ou seja, a Lei nº 12.441/11 apenas criou a nova modalidade de empresa, não dispondo sobre quaisquer questões de natureza tribu- tária, de modo que, salvo decisão futura em contrá- rio, as normas ora vigentes se aplicam à EIRELI. 
Vale, por fim, frisar que algumas normas preveem que apenas sociedades po- dem gozar dos seus benefí- cios, pois ainda não existia a _ gura da EIRELI. É provável, porém, que essas normas se apliquem por analogia ao caso da EIRELI, haja vista que ela é uma empresa, assim como as sociedades.
Quadro comparativo: Empresário Individual x EIRELI
Projeto que aperfeiçoa a EIRELI segue para o plenário
Texto retira a exigência de capital mínimo para a formação da empresa individual e a obrigação de integrar todo o capital no momento da constituição da empresa.
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara aprovou em 29 de abril, em caráter terminativo, o PLP nº 6698/13 que altera a Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), para aperfeiçoar a disciplina da empresa individual de responsabilidade limitada e para permitir a constituição de sociedade limitada unipessoal.
A matéria, de autoria do Senador Paulo Bauer (PSDB/SC), foi aprovada no Senado em outubro de 2013.
O texto retira a exigência de capital mínimo para a formação da empresa individual – que pela lei em vigor é de pelo menos 100 salários mínimos – e a obrigatoriedade de integralização de todo o capital no momento da constituição da empresa.
Outra forma de pessoa jurídica passa a ser reconhecida com a aprovação do texto: A sociedade limitada unipessoal (SLU).
Uma das principais diferenças entre a EIRELI e uma SLU é a forma societária: é permitido que uma única pessoa jurídica seja titular de uma SLU, mas somente uma pessoanatural pode ser titular de uma empresa individual. O capital da SLU, entretanto, pode ser dividido entre dois sócios ou mais.
O projeto seguiria para a sanção presidencial, mas, em razão de recurso interposto pelo deputado Rogério Rosso (PSD/GO), terá que ser analisado pelo Plenário da Casa.
Características do Empresário Individual
Nos termos de nossa legislação, somente pessoas físicas podem ser empresários individuais. A formação do nome da empresa deve se dar por _ rma, a qual terá de ser consti- tuída pelo nome do empreendedor, completo ou abreviado, podendo-se acrescentar, caso desejado, uma de- signação mais precisa da pessoa na- tural ou do gênero de sua atividade (por exemplo: João da Silva Comér- cio de Roupas, José Batista Restau- rante etc.). A característica marcante é a utilização do nome próprio da pessoa física.
Para exercer a atividade empresária isoladamente (sem sócio), o empreendedor deve requerer sua inscrição como empresário no Registro Público de Empresas Mercantis, hoje a cargo das Juntas Comer- ciais dos Estado e do Distrito Federal. 
Após o registro na Junta Comercial, ele poderá requerer a inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ. Isso, entretanto, não o torna uma pessoa jurídica, pois, até o advento da Lei nº 12.441, o legislador não havia incluído o Empresário Individual como uma pessoa jurídica. 
A personalidade jurídica é justamente a separação entre a pessoa do empreendedor e a empresa pro- priamente dita. Quando a empresa adquire personalidade jurídica, signi_ ca que ela se separou daqueles que a criaram, passando, a partir deste momento, a ter um patrimônio próprio. Ou seja, ao adquirir per- sonalidade jurídica, o patrimônio que os sócios entregaram à empresa deixa de ser deles. Em troca, ou eles recebem cotas da empresa, podendo participar dos seus lucros, ou, em caso de encerramento da empresa, recebem o que sobrar após o pagamento de todos os credores. 
O Empresário Individual não possui personalidade jurídica, de modo que o empreendedor, ao se tor- nar Empresário Individual, está montando uma empresa com todo seu patrimônio, visando realizar a atividade sem sócios. Em caso de dívidas, seu patrimônio pessoal poderá ser usado para quitá-las. Ou seja, não há distinção entre o patrimônio da pessoa física e da empresa. É um patrimônio só.
Nota: A razão para o Empresário Individual possuir um CNPJ é permitir que a Receita Federal possa _ scalizar o regular pagamento de impostos, bem como para facilitar a exploração da atividade empresária, pois o CNPJ é exigido para realização de uma série de operações, como abrir conta bancária, _ rmar contratos etc. Dessa forma, optou-se por permitir o uso do CNPJ, evitando a criação de mais um tipo de cadastro.
Como se pode imaginar, a modalidade Empresário Individual existe para pequenos empreendedores, em que a vida patrimonial dele e da empresa não são separadas. Como exemplo, podemos citar uma pequena o_ cina mecânica em que a vida e o patrimônio da empresa se confundem, não havendo ges- tão separada. Ou mesmo um vendedor de cachorros quentes, que não possui condição de separar sua contabilidade pessoal da empresarial. 
Logo, ao optar pela modalidade de Empresário Individual, o empreendedor tem de aceitar que seu patrimônio pessoal não será separado do patrimônio da empresa, se as dívidas da empresa poderão re- cair sobre seu patrimônio pessoal. Em termos jurídicos, diz-se que não há limitação da responsabilidade pelas dívidas da empresa. 
A limitação de responsabilidade cria uma barreira entre as dívidas pessoais e da empresa. O Empresá- rio Individual, porém, não possui essa garantia, de modo que, até o advento da Lei nº 12.441/ 2011, para gozar desta proteção, precisaria arranjar um sócio e constituir uma sociedade. 
A nova lei, no entanto, criou uma nova modalidade de empresa individual: a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI, para que o empresário possa ter os benefícios da separação de seu patrimônio do patrimônio da empresa. Nesse caso, a dívida deve _ car restrita ao patrimônio da empresa, somente podendo atingir o patrimônio do empresário em situações especiais (mas sempre depois de esgotados os bens da empresa). 
Nota: Convém destacar que essa limitação de responsabilidade, assim como nas sociedades, não é absoluta. Diversas situações podem causar o que se chama de desconsideração da personali- dade jurídica, tais como a confusão entre o patrimônio da sociedade e dos sócios e o mau uso da personalidade jurídica (para praticar fraudes, por exemplo); a sonegação de impostos (por sone- gação se entende a prática de atos que busquem criar situações falsas para reduzir imposto, pois deixar de pagar imposto não é fraude, apenas falta de pagamento); o não repasse dos valores previdenciários retidos do empregado; a impossibilidade de pagamento de direitos trabalhistas em razão da falta de disponibilidade de bens em nome de empresa ativa, dentre outros.
Por que surgiu a EIRELI?
Como visto, o Empresário Individual não goza da proteção fornecida pela personalidade jurídica, qual seja, a limitação de responsabilidade decorrente da separação do patrimônio da empresa e daquele que a controla. 
No Brasil, antes da EIRELI, a única forma de se gozar dessa proteção era por meio da consti- tuição de algum tipo de sociedade que tivesse limitação de responsabilidade, como a socieda- de limitada e a sociedade anônima, sendo a sociedade limitada amplamente a mais utilizada. 
Desse modo, se o empreendedor quisesse a proteção da limitação de responsabilidade, era necessário encontrar um sócio, o que poderia trazer inconvenientes, como a dificuldade de relacionamento e a repartição do lucro. Na prática, o que ocorria era a utilização de um parente ou terceira pessoa como sócio fictício – ou seja, um sócio que não participava de fato da sociedade, apenas emprestando seus dados para que fosse possível a criação da empresa. 
Essa situação atrasava o desenvolvimento do País, pois o empreendedor não gozava da se- gurança necessária para investir seus recursos de forma individual, situação que dava ensejo ao surgimento de inúmeras empresas individuais travestidas de sociedades. 
Em outros países, no entanto, a figura da Empresa Individual com Responsabilidade Limi- tada já existe há muitos anos, como em Portugal (que já tem modalidade semelhante desde 1986), Dinamarca, França, Espanha, Bélgica, Chile, dentre outros. Em alguns países, inclusive, o empreendedor pode escolher modalidades de sociedade para montar a empresa individual, como a sociedade anônima de capital fechado. 
Não havia mais razão para, no século XXI, obrigar o empreendedor a ter sócio para poder gozar da separação entre seu patrimônio pessoal e aquele destinado à empresa, principal- mente ao se considerar que muitas sociedades possuem um sócio apenas “no papel”. O mun- do contemporâneo é muito dinâmico, principalmente em razão da internet, sendo imprescin- dível a criação de mecanismos que facilitem e incentivem o empreendedorismo. 
A EIRELI certamente facilitará a atividade empreendedora, trazendo mais segurança, prin- cipalmente ao pequeno empresário. Consequentemente, essa medida contribuirá para o cres- cimento econômico do País. 
Alterações promovidas pela Lei nº 12.441/2011 A Lei nº 12.441/2011 criou uma nova modalidade de empresário: a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI. Com a criação desse novo tipo, o empreendedor que optar por, sozinho, exercer a atividade empresária poderá escolher entre duas subespécies: Empresário Individual Empresa Individual de Responsabilidade Limitada. O Empresário Individual, como visto, não goza de personalidade jurídica nem de limitação de responsabilidade, enquanto que a EIRELI possui personalidade e os benefícios da separa- ção de patrimônio e limitação de responsabilidade. A EIRELI funcionará como uma empresa normal, podendo, inclusive, participar de licita- ções. Vejamos quais as características da EIRELI.
Personalidade Jurídica e Formação do CapitalSocial 
A nova lei alterou o Código Civil, acrescentando a EIRELI na lista de pessoas jurídicas, per- mitindo que ela separe seu patrimônio do patrimônio da pessoa física que monta a empresa. Diz a Lei (Código Civil):
“Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
(...) 
VI – as empresas individuais de responsabilidade limitada.
Com essa modificação, o empresário passa a ter responsabilidade limitada, ou seja, seu pa- trimônio pessoal deixa de responder pelas dívidas da empresa. 
Nota: Como já vimos, a limitação de responsabilidade possui exceções, as quais tam- bém se aplicam ao caso da EIRELI. Dessa forma, caso o empresário se enquadre em alguma situação que permita a desconsideração da personalidade jurídica da empresa, ele poderá ter seu patrimônio afetado por dívidas da empresa. O legislador até tentou impedir que isso ocorresse, incluindo o §4º ao art. 980-A, mas ele foi vetado pela Presi- dente da República.
No entanto, para proteger o interesse dos credores que a EIRELI terá, o legislador obrigou o empreendedor a integralizar um capital social de, no mínimo, 100 (cem) vezes o valor do maior salário-mínimo vigente no país (Art. 980-A, do Código Civil), uma vez que o credor não poderá mais avançar sobre o patrimônio do empresário, mas apenas da EIRELI. 
Apenas a título ilustrativo, vale mencionar que o salário-mínimo federal hoje vigente é de R$ 622,00, de modo que, se a EIRELI fosse constituída hoje, seria necessário integralizar R$ 62.200,00. 
Há, aqui, um problema que deveria ser regulamentado pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio – DNRC, que expede normas gerais a serem observadas pelas Juntas Comerciais dos Estados e do Distrito Federal: o que fazer quando o salário-mínimo aumentar? O empresário será obrigado a aumentar o seu capital? 
Por hora, não há regra clara sobre o tema, uma vez que o Manual expedido pelo DNRC apenas expõe que, para registro, o ato constitutivo deve obedecer ao salário-mínimo vigente naquele momento. Vale ainda destacar que, ao se realizar redução de capital, o novo valor deve estar em conformidade com a regra dos cem salários-mínimos, conforme a Instrução Normativa nº 117/2011, expedida pelo DNRC, de modo que, no momento da alteração, deve ser novamente verificado se ele se encontra dentro da salário-mínimo vigente. Em relação ao aumento, há ainda dúvida sobre qual será a interpretação, uma vez que a Instrução normativa não fala se será preciso adequar o capital ao salário-mínimo em vigor, ou, se isso era necessá- rio apenas no momento do enquadramento. 
Só existirá certeza sobre esses temas no dia em que houver algum pronunciamento judicial ou quando for expedida alguma norma sobre o assunto. No entanto, na ausência de normas a respeito, é muito provável que não seja exigida a atualização de valor a cada aumento do salário-mínimo, mas apenas que o valor respeite o limite no momento da constituição. 
O § 1º do art. 980-A do Código Civil prevê que a formação do nome da empresa individual deverá conter a expressão EIRELI após a firma (nome próprio do sócio) ou denominação (nome fantasia). Note-se que a EIRELI pode utilizar denominação, enquanto o Empresário Individual deve usar apenas a firma.
Uma EIRELI por pessoa 
Outro impeditivo trazido pelo legislador para evitar abuso da EIRELI é a utilização de ape- nas uma EIRELI por pessoa. Nos termos do §2º do art. 980-A, do Código Civil, a pessoa natural que constituir uma EIRELI, só poderá ter uma empresa dessa modalidade. Assim como no Em- presário Individual, somente pode ter EIRELI uma pessoa física. 
Dessa forma, caso o empreendedor queira se dedicar a outra atividade, deverá buscar um sócio para constituir uma sociedade ou requerer uma inscrição como Empresário Individual. 
Caso queira abrir uma nova EIRELI, precisará, antes, encerrar regularmente a EIRELI que pos- suía, para, só então, requerer nova inscrição.
Concentração das quotas nas mãos num único sócio 
No Brasil, até o advento da Lei nº 12.441/2011, havia apenas dois casos em que se podia ter uma socieda- de com um único sócio. São eles: (a) subsidiária integral (situação em que todas as ações de uma sociedade anônima pertencem a uma sociedade brasileira); e (b) quando uma sociedade per- manecia com apenas um só- cio pelo prazo de 180 dias, até conseguir outro, sob pena de ter de se dissolver. 
Com a nova lei, para fa- cilitar a transformação, o legislador previu que a con centração de quotas nas mãos de um único sócio poderá dar causa à formação de uma EIRELI, independentemente da razão que levou a essa concentração. Isso significa que, caso o sócio se encontre sozinho numa sociedade, pela saída ou pelo falecimento de sócio, poderá reque- rer sua conversão em EIRELI, por meio de pedido de transformação de tipo jurídico na respec- tiva Junta Comercial (§3º do art. 980-A, do Código Civil). 
No direito brasileiro, uma sociedade só pode ficar com apenas um sócio pelo período de 180 dias, devendo ser dissolvida após esse prazo se não conseguir outro sócio (art. 1.033 do Código Civil). A nova lei alterou a redação do parágrafo único ao artigo 1.033, para prever, justamente, que a sociedade que estiver com apenas 1 sócio não precisará ser dissolvida se o sócio que sobrou solicitar a transformação em Empresário Individual ou numa EIRELI. Para fazer a alteração, não é preciso encerrar a sociedade. Basta fazer um pedido de transformação na Junta Comercial, respeitando as regras da EIRELI (ter apenas 1 “sócio”; ter capital acima de 100 vezes o salário-mínimo; e ter apenas uma EIRELI em seu nome). Vale destacar que o DNRC, órgão que cria a regulamentação das Juntas, ainda não expediu nenhuma norma sobre a EI- RELI, mas deve fazê-lo em breve.
Utilização para explorar direito de imagem e autoral 
Um Empresário Individual, por se confundir com a pessoa do empreendedor, podia ser utili- zado para explorar seus direitos de imagem e autorais. Como a EIRELI é uma pessoa distinta da pessoa física, o legislador optou por deixar expresso que a EIRELI constituída para a prestação de serviços e a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica sejam vincula- dos à sua atividade profissional (§5º do art. 980-A, do Código Civil).
Aplicação subsidiária das regras da sociedade limitada 
Para não ter de acrescentar mais artigos ao Código Civil, bem como sanar controvérsias, o legislador previu que, além das regras da EIRELI, poderão ser utilizadas as regras da sociedade limitada, quando não conflitarem com as regras da EIRELI. Serão aplicadas, principalmente, as regras sobre formação, aumento e redução do capital social, transferência de quotas e admi- nistração da sociedade. 
Deve-se frisar a aplicação da regra de responsabilidade: caso uma empresa seja convertida em EIRELI, os sócios que saíram permanecerão responsáveis pelas dívidas da empresa (caso se aplique algum caso de quebra da personalidade jurídica) por mais dois anos após o arqui- vamento de sua saída na Junta Comercial. Aquele que permaneceu na empresa continuará responsável pelas dívidas, sem limitação de tempo.
Perguntas frequentes
EIRELI pode se enquadrar no regime do Simples Nacional? 
Resposta: Sim. Se a EIRELI preen- cher os requisitos do regime Simples Nacional (tal como o limite de fatu- ramento – atualmente em R$ 3,6 mi- lhões, o tipo de atividade, o limite de participação do proprietário em ou- tra sociedade etc.), ela pode gozar de seus benefícios. Essa regra também vale para o caso de transformação de sociedade para uma EIRELI. 
A EIRELI deve ser registrada em Cartório de Pessoas Jurídicas ou na Junta Comercial? 
Resposta: Depende do tipo de ati- vidade a ser exercida pela EIRELI. Nos termos do parágrafo único do art. 966, do Código Civil, as empresas (o que inclui as EIRELIs) que exercerem atividade de natureza intelectual (contadores, engenheiros, médicos, arquitetos, advoga- dos etc.), científica (pesquisadores em geral etc.), literária ou artística(músicos, atores, mo- delos etc.) deverão registrar seu ato constitutivo perante ao Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas. Já aquelas que exercerem atividades típicas de empresário deverão se registrar perante às Juntas Comerciais. Caso o exercício das atividades de natureza simples (ativi- dade de natureza intelectual, científica, literária ou artística) passe a constituir elemento de empresa – ou seja, se for perdida a pessoalidade do empreendedor no exercício das atividades, que passará apenas a administrar o negócio, enquanto que seus empregados exercem a atividade principal –, ela perde a natureza de atividade simples, podendo, então, inscrever-se perante à Junta Comercial. A Receita Federal já se manifestou favorável a tal permissão, e a Comissão Nacional de Classificação (CONCLA) já criou duas CNAEs (Classi- ficação Nacional de Atividades Econômicas) para as EIRELIs, uma para atividade simples e outra para atividade empresária. Para maiores informações sobre a atividade das empresas, veja o Item “Conceito”.
É possível constituir uma EIRELI pela internet? 
Resposta: Não. O procedimento para constituição de uma EIRELI é semelhante ao de sociedades simples ou limitadas. Em caso de registro perante a Junta Comercial, é neces- sário gerar a capa e os demais documentos do procedimento, imprimi-los e levar à Junta Comercial, juntamente com os documentos do proprietário e o ato constitutivo da EIRELI.
Uma sociedade transformada em EIRELI perde o caráter de uniprofissional? 
Resposta: Via de regra, não. O que caracteriza a uniprofissionalidade é o tipo de ati- vidade que a empresa exerce e não o seu tipo jurídico. Por exemplo, um escritório de ar- quitetura continuará a exercer a atividade de arquitetura, independentemente de ser uma sociedade simples, uma limitada ou uma EIRELI. Ocorre que, como a EIRELI é um novo tipo jurídico, pode haver discussão a respeito. Por exemplo, o Decreto 16.128 de Distrito Federal, que regulamenta o ISS, permite que profissionais autônomos, empresários individuais e so- ciedades uniprofissionais paguem ISS de forma diferenciada. Ocorre que a EIRELI é um novo tipo que se enquadra entre os empresários individuais e as sociedades, podendo-se ques- tionar se a regra também vale para a EIRELI. Como as normas tributárias hoje vigentes são anteriores à criação da EIRELI, é natural que ainda não tenham sido adaptadas. Não parece razoável, porém, excluir uma EIRELI uniprofissional desse benefício. Vale analisar a situação com cuidado, pois ainda não foram editadas normas tributárias tratando especificamente da EIRELI. Qualquer enquadramento será por analogia, até que se editem novas leis ou que o Poder Judiciário se manifeste sobre o enquadramento.
Uma pessoa jurídica pode constituir uma EIRELI? 
Resposta: A questão é controversa. O legislador parece ter criado a EIRELI, pensando apenas nas pessoas físicas. Porém não consta na lei que somente pessoas físicas possam constituir uma EIRELI. No texto original do projeto de lei (PL nº 4.605/2009) constava que a futura EIRELI somente seria constituída “por um único sócio, pessoa natural, que é o titular da totalidade do capital social e que somente poderá figurar numa única empresa dessa modali- dade”. Mas essa exigência de “um único sócio pessoa natural” foi suprimida do texto final da Lei nº 12.441/2011, constando apenas que a EIRELI será constituída por uma única pessoa (levando a crer que uma pessoa jurídica também poderia constituir uma EIRELI). Para alguns juristas, trata-se apenas de um equívoco do legislador, que teria se “esque- cido” de repetir a expressão “pessoa natural” quando a redação da frase foi reformulada. Já para outros juristas, crê-se que o legislador quis permitir que a EIRELI fosse utilizada por pessoas jurídicas. Neste ponto, esbarra-se no inciso II do art. 5º, da Constituição Federal, o qual prevê que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (princípio constitucional da legalidade). Seguindo este raciocínio, se a lei não proibiu a constituição da EIRELI por pessoa jurídica, em tese, tal seria possível. Entretanto, em novembro de 2011, o DNRC expediu a instrução normativa nº 117/2011 (que estabeleceu os procedimentos para registro das EIRELIs) e vedou a sua constituição por pessoa jurídica. Alguns juristas entenderam que o DNRC violou a Constituição Federal, ultrapassando sua competência e criando requisito não exigido em lei – poder que o DNRC não possui. Em função da instrução normativa nº 117/2011, o DNRC não tem aceitado a constituição de EIRELIs por pessoas jurídicas. Por outro lado, a instrução normativa nº 117/2011 não se aplica aos cartórios, pois o DNRC não tem jurisdição sobre os atos daqueles. Novamente, em tese, seria possível uma pessoa jurídica constituir uma EIRELI no cartório (desde que se tratasse do desenvolvimento de atividade simples, ou seja, intelectual, científica, artística ou literária). A questão é bastante controversa. Só será possível saber se a pessoa jurídica pode cons- tituir uma EIRELI quando os tribunais se pronunciarem sobre o assunto. Até lá, o DNRC continuará se negando a registrá-la (salvo ordem judicial determinando o registro) e alguns cartórios poderão aceitá-la.
Uma EIRELI precisa de contrato social? 
Resposta: Contrato social não seria a nomenclatura correta, pois um contrato precisaria ter ao menos duas partes. A EIRELI, entretanto, precisa, sim, de um documento de constitui- ção, denominado apenas como “Ato Constitutivo” pela Instrução Normativa nº 117/2011 do DNRC. Nos termos dessa instrução, o Ato Constitutivo deve conter as seguintes cláusulas obrigatórias: a) nome empresarial, que poderá ser firma ou denominação, do qual constará obrigato- riamente, como última expressão, a abreviatura EIRELI; b) capital, expresso em moeda corrente, equivalente a pelo menos 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País; c) declaração de integralização de todo o capital; d) endereço completo da sede (tipo e nome do logradouro, número, complemento, bair- ro/distrito, município, unidade federativa e CEP), bem como o endereço das filiais; e) declaração precisa e detalhada do objeto da empresa; f ) prazo de duração da empresa; g) data de encerramento do exercício social, quando não coincidente com o ano civil; h) a(s) pessoa(s) natural(is) incumbida(s) da administração da empresa e seus poderes e atribuições; i) qualificação do administrador, caso não seja o titular da empresa; e j) declaração de que o seu titular não participa de nenhuma outra empresa dessa moda- lidade. A Instrução Normativa nº 117, do DNRC, também fixou o nome para os casos de alteração do ato constitutivo e de dissolução da EIRELI, de modo que o ato de alteração foi chamado de “Decisão do Titular” e o de dissolução foi chamado de “Desconstituição”.
Fontes:
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-o-que-e-uma-eireli,4fe2be300704e410VgnVCM1000003b74010aRCRD
http://www.normaslegais.com.br/guia/clientes/nova-modalidade-empresarial-eireli-parte1.htm
http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/como-saber-qual-o-enquadramento-tributario-para-minha-empresa,2ae2ace85e4ef510VgnVCM1000004c00210aRCRD
SESCON-DF (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Distrito Federal). Cartilha EIRELI. Brasília / Distrito Federal – 2012
Exercício
O que é uma Eireli?
Qual a origem da Eireli?
Qual o objetivo para a constituição de uma Eireli?
Explique os requisitos para a constituição da Eireli?
O que são sociedades unipessoais?
Quantas pessoas de titular da totalidade do capital social poderá constituir a empresa individual de responsabilidade limitada?
Pode-se adotar a expressão Firma ou Denominação ao se constituir uma Eireli?
Qual a diferença entre Eireli e MEI?
Quais os impostos que incidem sobre a Eireli?
Qual as principais diferenças entre a EIRELI e SLU?

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