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Catálogo finalista Prêmio criança 2004

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Parceria
Apoio
Prêmio Criança 2004
Boas iniciativas em busca da proteção integral à criança pequena
Saúde do Bebê, da Gestante e da Criança
Educação Infantil
Convivência Familiar
Convivência Comunitária
Agosto/2004
DIRETORIA EXECUTIVA
Diretor-presidente: Rubens Naves
Diretor-tesoureiro: Synésio Batista da Costa
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Presidente: Ismar Lissner
Secretário: Sérgio E. Mindlin
Membros efetivos: Aloísio Wolff, Carlos Antonio Tilkian, Carlos Rocha Ribeiro da Silva,
Daniel Trevisan, Emerson Kapaz, Érika Quesada Passos, Fernando Moreira Salles,
Guilherme Peirão Leal, Gustavo Marin, Hans Becker, Isa Maria Guará, José Berenguer,
José Eduardo P. Pañella, Lourival Kiçula, Márcio Ponzini, Oded Grajew e Therezinha Fram
Membros suplentes: Edison Ferreira, José Luis Juan Molina e José Roberto Nicolau
CONSELHO FISCAL
Membros efetivos: Audir Queixa Giovani, José Francisco Gresenberg e Mauro Antônio Ré
Membros suplentes: Alfredo Sette, Rubem Paulo Kipper e Vítor Aruk Garcia
CONSELHO CONSULTIVO
Presidente: Therezinha Fram
Vice-presidente: Isa Maria Guará
Membros: Aldaíza Sposati, Aloísio Mercadante Oliva, Âmbar de Barros,
Antônio Carlos Gomes da Costa, Araceli Martins Elman, Benedito Rodrigues dos Santos,
Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Helena M. Oliveira Yazbeck, Hélio Pereira Bicudo,
Ilo Krugli, João Benedicto de Azevedo Marques, Joelmir Betting, Jorge Broide,
Lélio Bentes Corrêa, Lídia Izecson de Carvalho, Magnólia Gripp Bastos, Mara Cardeal,
Marcelo Pedroso Goulart, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto,
Maria Cristina de Barros Carvalho, Maria Cristina S. M. Capobianco,
Maria Ignês Bierrenbach, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch Noleto,
Marta Silva Campos, Melanie Farkas, Munir Cury, Newton A. Paciulli Bryan,
Norma Jorge Kyriakos, Oris de Oliveira, Pedro Dallari, Rachel Gevertz, Ronald Kapaz,
Rosa Lúcia Moysés, Ruth Rocha, Sandra Juliana Sinicco, Sílvia Gomara Daffre,
Tatiana Belinky, Valdemar de Oliveira Neto e Vital Didonet
SECRETARIA EXECUTIVA
Gerente Executiva Operacional: Ely Harasawa
Gerente Executivo de Relacionamento: Luis Vieira Rocha
Área Administrativo-Financeira: Victor Alcântara da Graça
Área de Comunicação: Renata Cook
Área de Informação: Walter Meyer Karl
Área de Mobilização e Políticas Públicas: Itamar Batista Gonçalves
Área de Captação de Recursos: Lygia Fontanella - Deadman
Área de Planejamento e Avaliação: Ely Harasawa
Assessoria da Presidência: Ana Maria Wilheim
PROGRAMA PRÊMIO CRIANÇA
Equipe: Leila Midlej (Coordenadora), Maria do Carmo Krehan e Nelma dos Santos Silva
Parceria
Apoio
D esde seu primeiro momento de vida, as crianças devem ter todos osseus direitos garantidos. Esse desafio precisa ser cada vez mais
assumido pelo poder público e a sociedade civil — não apenas em
busca de um futuro melhor para o país, mas também de um presente
mais digno e feliz para cada criança.
A criança já nasce sujeito de direitos, e não “virá a ser”, como se pensou
durante tantos anos. Sua especial diferença é estar em pleno 
desenvolvimento, dependendo dos cuidados do adulto. Em nenhuma
outra fase da vida a pessoa se desenvolve tão intensamente como nos
meses da gestação ou nos primeiros anos da infância.
As últimas descobertas da neurociência revelam que nascemos com
quase todas as células cerebrais necessárias para nosso 
desenvolvimento. Mas, para que este ocorra de forma plena, descobriu-se
que são decisivas as ligações que se estabelecem entre elas — as
chamadas “sinapses”. Uma célula chega a se ligar a outras milhares de
células. Cada toque, cada olhar, cada estímulo provoca essa interação.
Mas se, ao contrário, uma criança não recebe carinho, não brinca ou não
se movimenta, ela deixa de realizar essas sinapses, que não terão mais
chance de acontecer. Isso porque esse processo não é linear. As sinapses
acontecem intensamente nos primeiros seis anos de vida, especialmente
nos três primeiros, continuam com menos intensidade até a adolescência
e depois decrescem.
Não por acaso a Constituição Federal elegeu a criança prioridade 
absoluta da sociedade e reconheceu a necessidade de se criar uma rede
de proteção integral à infância. Meninos e meninas precisam ser 
protegidos no seu direito de se alimentar, brincar, dormir,
ser estimulados, crescer de forma saudável, conviver com a família 
e com a comunidade. Mas essa é uma realidade ainda distante,
pois, apesar de importantes esforços, a situação da primeira infância
brasileira continua alarmante.
Anualmente, 88 mil crianças morrem no Brasil antes de completar seu
primeiro ano de vida, segundo dados do IBGE/2000. Já antes de nascer,
o descuido é fatal: 1461 mulheres morrem, a cada ano, durante a 
gestação, parto ou pós-parto por problemas que podiam ser evitados ou
controlados. Um total de 1,5 milhão de gestantes recebe atendimento
pré-natal insuficiente. Estima-se que, até 2000, 650 mil crianças com
menos de um ano não tinham registro civil. Quanto à alimentação, os
bebês brasileiros são amamentados, em média, apenas um sexto do
tempo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca
de 1,9 milhão de crianças até cinco anos apresentam desnutrição 
crônica! E quase 68% das 23 milhões de crianças de zero a seis anos
não freqüentam creches ou pré-escolas.
Vale ainda destacar as insistentes desigualdades: uma mulher que vive
no Pará tem 15 vezes mais chance de dar à luz sem assistência do que
uma moradora do Distrito Federal. Se ela for negra, essa proporção se
multiplica por dois. Uma criança pobre, por sua vez, tem oito vezes mais
chance de não freqüentar a escola que uma criança rica. Se for uma 
criança com deficiência a exclusão é duas vezes maior.
Visando mudar essa realidade, despontam em todo o país propostas 
consistentes e corajosas desenvolvidas pela sociedade, que merecem ser
reconhecidas, apoiadas e disseminadas. Em busca dessas boas iniciativas
para a criança pequena, a Fundação Abrinq tem o orgulho de apresentar
as 15 finalistas do Prêmio Criança 2004. São experiências inovadoras,
com forte impacto social e grande potencial de disseminação.
Nosso aplauso a todas as equipes, voluntários e apoiadores que realizam
esse trabalho, e especialmente às crianças que os motivam a cada dia.
Rubens Naves
Diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente
Pág. 6
Apresentação
Saúde do Bebê, 
da Gestante e da Criança
Educação 
Infantil
Prêmio Criança 2004
Índice
Pág. 8 Pág. 16
Pág. 10
Pág. 12
Pág. 14
Pág. 18
Pág. 20
Pág. 22
A VIDA DÁ SEUS PRIMEIROS PASSOS UM DIREITO QUE AINDA PRECISA SER GARANTIDO
PELAS MÃOS DA COMUNIDADE
Projeto Crescendo Seguro
Grupo de Apoio às
Comunidades Carentes 
do Maranhão
QUANDO O PROFESSOR VIRA ALUNO 
Programa de Formação em
Serviço para Educadores
Infantis das Associações
Rurais do Vale do
Jequitinhonha
Fundo Cristão para Crianças (CCF–Brasil)
EDUCADORES EM CONSTRUÇÃO 
Programa de Formação
dos Profissionais de
Educação Infantil
Fundação Orsa
UM NOVO OLHAR, UM NOVO VÍNCULO 
Projeto Criança é Vida —
Bebês
Instituto Criança é Vida
VIDA SAUDÁVEL NAS ONDAS DO RÁDIO
Comunicando Saberes,
Realizando Sonhos: o
Rádio no Fortalecimento 
das Competências
Familiares
Catavento Comunicação e Educação Ambiental
FAZER ARTE É COISA DE CRIANÇA
Projeto Arte-Educação
Movimento de Luta 
Pró-Creches (MLPC)
Convivência 
Familiar
Convivência 
Comunitária
Pág. 24 Pág. 34
Pág. 26
Pág. 28
Pág. 30
Pág. 32
Pág. 36
Pág. 38
Pág. 40
Pág. 42
Pág. 44
Pág. 50
Pág. 48
Pág. 46
A FORMAÇÃO DA REDE DE RELAÇÕES
A LEITURA DO MUNDO
Programa Baú de Leitura
Movimento Pró-
Desenvolvimento Comunitário
BRINCADEIRA PARATODOS
Programa Compartilhando
a Arte de Brincar
Espaço Compartilharte
SONHO E FANTASIA COLOREM O AGRESTE
Brinquedoteca, Aqui a
Gente Aprende
Centro de Apoio à Criança
LUGAR DE BRINCAR É NO HOSPITAL
A melhor história é a que
se aprende contando
Associação Viva e Deixe Viver
UM JEITO COOPERATIVO DE SER
Programa A União Faz a
Vida
Cooperativa Central de Crédito
do Rio Grande do Sul (Sicredi
Central/RS)
NO COLO DA ALDEIA
Projeto Saber Cuidar
Centro Comunitário de
Reabilitação e Educação
Nutricional/Centro de Nutrição
do Conjunto Palmeiras
UM ABRAÇO MAIS FORTE
Apoio Psicossocial às
Famílias Vivendo com
HIV/Aids 
Grupo Viva Rachid
PARA PREVENIR O ABANDONO
Prevenção do Abandono,
Acolhida e Reinserção
Familiar da Criança em
Situação de Risco 
Creche Comunitária Jardim
Felicidade — Casa de Acolhida Novella
DE VOLTA PARA CASA
Casa Abrigo Arte de Viver
Casa de Maria — Centro de
Apoio a Dependentes
A FAMÍLIA DE PORTAS ABERTAS
Publicações do Prêmio Criança 2002
Contemplados com o Prêmio Criança (1989-2002)
Programas da Fundação Abrinq
6
A s crianças pequenas — de zero a seisanos de idade — voltam a ser o centro
das atenções do Prêmio Criança em sua
edição de 2004. Realizada pela Fundação
Abrinq desde 1989, a premiação já 
revelou 52 ações exemplares na defesa da
proteção integral das crianças e adolescentes,
nos mais variados locais do país (veja os 
premiados dos anos anteriores na página 48).
Em 2002, o prêmio tornou-se temático e focou
em uma faixa etária específica — a primeira
infância. Garantir o direito de uma vida digna
desde os primeiros momentos de vida 
revelou-se um caminho valioso para a 
construção de uma infância mais justa e feliz.
A partir daquele ano, a Fundação Abrinq
lançou-se também ao desafio de sistematizar
as experiências premiadas para que pudessem
ser disseminadas pelo país, inspirando 
inclusive as políticas públicas da área.
Para garantir o ciclo completo de avaliação,
seleção, premiação, sistematização e 
disseminação, o prêmio também tornou-se
bienal. Durante todo o ano de 2003, foi 
realizado esse trabalho em relação às 
iniciativas vencedoras do ano anterior, o que
Prêmio Criança 2004
Apresentação
7
resultou na publicação das quatro experiências
em diferentes estratégias de divulgação e 
disseminação (saiba mais sobre estas 
publicações na página 46).
A primeira infância voltou a inspirar esta
edição do prêmio, priorizando quatro temas:
Saúde do Bebê, da Gestante e da Criança
— com ênfase em ações de nutrição e 
pré-natal, parto, pós-parto, aleitamento e 
cuidados no primeiro ano de vida;
Educação Infantil — com ênfase na formação
de professores e na inclusão de crianças com
deficiência; Convivência Familiar — 
com ênfase no trabalho de apoio 
e orientação à família, de abrigo e de inserção
familiar; e Convivência Comunitária — com
ênfase na valorização de brincadeiras, arte e
cultura, redes de solidariedade e ações 
comunitárias de comunicação, como 
rádios ou campanhas.
No total, inscreveram-se 260 iniciativas 
realizadas por indivíduos, empresas e, na sua
grande maioria, organizações sociais.
Distribuídas de maneira regular pelas quatro
áreas temáticas, prevaleceram as inscrições da
região Sudeste (67%), seguidas pelo Nordeste
(17%), Sul (12%), Centro-Oeste (4%) e apenas
uma inscrição da região Norte.
Para concorrer à premiação, as iniciativas deviam
ter pelo menos um ano de funcionamento e estar
em consonância com o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), na perspectiva da proteção
integral à criança. Deviam também contar com a
efetiva participação da comunidade, apontar sua
inserção no contexto cultural local e apresentar
estratégias de articulação com os atores sociais
e o poder público envolvidos no tema de atuação.
Outro requisito era apresentarem metodologias
eficazes e eficientes em relação ao contexto
regional e ao público atendido, destacando seus
aspectos inovadores, além de utilizar estratégias
de avaliação e ter resultados que pudessem ser
analisados quantitativa e qualitativamente.
Ao mesmo tempo, deviam apresentar custos 
coerentes e viáveis, planejar e assegurar sua 
continuidade e ser avaliadas como passíveis 
de disseminação.
A esses requisitos gerais, foram somados
critérios específicos para cada categoria.
Nessa fase, a Fundação Abrinq organizou 
quatro seminários com especialistas para
ampliar a compreensão dos temas e 
subsidiar o trabalho do Comitê Técnico.
Formado por profissionais das diferentes 
áreas, o comitê avaliou o material enviado 
e selecionou 24 experiências para
receberem visita técnica. Em seguida,
examinou os relatórios elaborados pelos 
visitadores e escolheu as 15 semifinalistas.
Esse grupo foi então examinado pela
Comissão Julgadora — composta por membros
do Conselho de Administração, Conselho
Consultivo e Grupo Gestor da Fundação Abrinq
e também por representante do Banco
Santander Banespa, principal apoiador do
Prêmio Criança. A comissão confirmou 
as 15 como finalistas e elegeu as quatro
vencedoras, anunciadas em evento público 
de premiação na cidade de São Paulo. Além 
de receber o troféu, elas serão protagonistas 
de um trabalho de sistematização e 
disseminação, que terá início ainda em 2004.
Nas páginas a seguir, divididas pelas áreas
temáticas, são apresentadas as finalistas desse
processo seletivo. Um mosaico de idéias, ações
e resultados que revelam o entusiasmo e a
seriedade daqueles que buscam garantir os
direitos de todas as crianças no país.
8
G arantir o direito à saúde da criançapequena vai muito além do necessário
combate às doenças. É essencial preveni-las e,
principalmente, promover o bem-estar integral
e contínuo da criança. Nesse caminho, a
primeira certeza é que seu desenvolvimento
saudável começa já nos primeiros momentos
de sua existência e está intimamente ligado à
saúde de sua mãe.
A alarmante dimensão da mortalidade 
materna no país revela a urgência de 
iniciativas e políticas efetivas na área.
Anualmente, morrem 51 mulheres para cada
100 mil nascidos vivos. E a absoluta maioria
por causas que podem ser evitadas ou
tratadas. Basta garantir o devido 
acompanhamento de saúde durante todo o
período de gestação, parto e puerpério.
Com duração média de 40 semanas, a ges-
tação torna o organismo da mulher mais vul-
nerável a doenças e infecções. Afinal, ele sofre
uma intensa adaptação para suportar a ges-
tação. Para detectar e enfrentar qualquer risco
nessa fase, a mulher e o bebê devem ser
acompanhados atentamente. É o chamado
cuidado pré-natal, que deve começar cedo
(antes de 12 semanas de gestação), se 
repetir todos os meses, incluir exames 
variados e os devidos encaminhamentos.
Ao terminar o pré-natal, a mãe também deve
saber onde dará à luz. Chegada a hora do
nascimento, mãe e filho enfrentam o momento
de maior risco desse ciclo. Além da habitual
peregrinação em busca de vaga, a gestante
brasileira depara-se com a falta de assistência
humanizada, estando sujeita ao abuso das
cesarianas e ao abandono depois do parto —
a falta de supervisão faz com que ainda hoje
mulheres morram por hemorragia.
Na realidade, a mãe precisa de atenção não
apenas no pós-parto imediato, mas durante
todo o período puerpério — que se estende
por, no mínimo, 42 dias. Além de orientar 
quanto ao planejamento familiar, o serviço de
saúde deve cuidar do risco de depressão e
desnutrição da mãe. Não se pode esquecer
que o aleitamento representa um desgaste
nutricional e energético muito maior do que a
gestação. E somente bem alimentada,
saudávele apoiada, a mãe poderá amamentar
e cuidar devidamente do bebê.
Importantes esforços realizados por diferentes
organizações sociais e pelo próprio Ministério
da Saúde nos últimos anos têm produzido
efeito animador nas estatísticas. Mas é
necessário intensificar a ação, pois 88 mil 
crianças continuam morrendo todos os anos
antes de completar seu primeiro ano de vida.
Saúde do
Bebê, 
da Gestante e 
da Criança
A vida dá seus 
primeiros passos
Estatuto da Criança 
e do Adolescente, art. 7 — 
A criança e o adolescente têm
direito a proteção à vida e à saúde,
mediante a efetivação de políticas
sociais públicas que permitam 
o nascimento e o desenvolvimento
sadio e harmonioso, em condições 
dignas de existência.
9
Ao mesmo tempo, cerca de 1,9 milhão de 
crianças até cinco anos apresentam 
desnutrição crônica. São desafios que mere-
cem ação ampla e integrada, pois, embora a
renda baixa esteja na base do problema, ela
não é a única causa a ser enfrentada.
Saúde para além dos 
hospitais
Muitas vezes, a mãe da criança desnutrida 
não teve um pré-natal adequado, fez uma
cesariana desnecessária ou ainda interrompeu
a amamentação antes do tempo. Além 
disso, a desnutrição atinge mais 
comumente a criança que nasceu de forma
prematura ou com baixo peso. Ou que não
recebeu a estimulação de que precisava,
crescendo numa família marcada pela 
violência ou uso de drogas. É revelador 
perceber como a desnutrição está 
intimamente ligada ao lugar que 
a criança ocupa na família: se recebe 
afeto, atenção e cuidado, dificilmente 
será desnutrida.
Além da desnutrição, milhares de meninos e
meninas adoecem e morrem por anemia,
doenças respiratórias, diarréia e infecção
urinária, além de Aids. Há os que sofrem 
continuamente com a violência doméstica 
e a falta de acesso à alimentação, lazer,
esporte, escola e moradia — temas que 
também devem ser enfrentados na 
promoção da saúde.
Em busca de iniciativas que afirmem e 
assegurem o direito à saúde integral da 
mulher e da criança, o Prêmio Criança 2004
identificou três propostas inspiradoras,
consistentes em sua metodologia e rotina 
de avaliação.
O desafio da desnutrição infantil está sendo
combatido de maneira inovadora pelo Projeto
Crescendo Seguro, desenvolvido pelo Grupo de
Apoio às Comunidades Carentes do Maranhão
(GACC/MA), na capital maranhense. Desde a
gestação, as mães e bebês são orientados e
acompanhados pela equipe do projeto.
Iniciado em março de 2001, já atendeu 
852 crianças desnutridas de zero a seis anos 
e 445 gestantes e nutrizes.
Garantir o acesso às informações 
fundamentais para um desenvolvimento
saudável da criança pequena também faz
parte da estratégia do Projeto Criança é Vida
— Bebês, do Instituto Criança é Vida, desen-
volvido na capital paulista. Na sua fase piloto,
de agosto de 2002 ao final de 2003, o projeto
formou 53 funcionárias e diretoras de creches,
que repassaram conhecimento para 1045 
mães com 1130 bebês de até dois 
anos de idade.
As famílias e a comunidade também são o
foco de atenção do Projeto Comunicando
Saberes, Realizando Sonhos: o Rádio no 
Fortalecimento das Competências Familiares,
desenvolvido pela organização Catavento
Comunicação e Educação Ambiental,
espalhado por 28 municípios cearenses. Além
de produzir programas de rádio, ouvidos por
um público estimado de 8700 famílias,
o projeto já capacitou 103 radialistas e 
estruturou sete grupos de famílias, sempre 
promovendo a discussão e o fortalecimento
das competências familiares e municipais 
para o desenvolvimento saudável da 
criança pequena.
A promoção da saúde de maneira ampla 
e integrada, para além dos muros de 
consultórios ou hospitais, é um ponto em
comum das três iniciativas. Familiares,
agentes comunitários, radialistas, profissionais
de creche, todos são chamados a compartilhar
a responsabilidade pelo desenvolvimento
saudável das crianças.
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A uma hora do centro da capital maranhense, em casas sem saneamento
básico, com ruas de chão batido, mato e poças
d’água, famílias da Cidade Olímpica são 
visitadas pela equipe do Projeto Crescendo
Seguro. A razão da visita é a presença de 
gestantes ou crianças desnutridas, que 
precisam de um acompanhamento 
atento e transformador.
Iniciado em março de 2001, com duração 
prevista de quatro anos, o projeto já atendeu
852 crianças desnutridas de zero a seis anos e
445 gestantes e nutrizes. Realizado na Cidade
Olímpica e na área do Turu (incluindo Vila
Luisão, Sol e Mar e Brisa do Mar), esta é uma
iniciativa do Grupo de Apoio às Comunidades
Carentes do Maranhão (GACC/MA).
O GACC/MA tem como missão “contribuir, no
âmbito do Estado do Maranhão, para o 
fortalecimento de estratégias de 
desenvolvimento comunitário, a partir das 
aspirações da própria comunidade, visando à
construção de maiores espaços de participação
social”. Em parceria com entidades 
comunitárias, desenvolve ações integradas nas
áreas de saúde preventiva, educação,
qualificação profissional, inclusão no mercado
de trabalho, formação de lideranças jovens e
capacitação de agentes comunitários.
O Projeto Crescendo Seguro faz parte das ações
do Programa Acompanhamento Social Familiar,
que orienta as famílias sobre seus direitos 
fundamentais na área de saúde, educação,
trabalho e renda. Como estratégia de 
atendimento local, são instalados nas 
comunidades Plantões de Orientação Social e
realizadas visitas domiciliares. A partir daí,
identificam-se as principais demandas 
e prioridades a serem trabalhadas 
nas comunidades.
Entre outras urgências, despontou a 
necessidade de se realizar atividades relativas 
à saúde da mulher. Com a participação das
próprias mulheres, foi organizado um grupo
temático sobre Gestantes e Nutrizes e outro
sobre Planejamento Familiar, além de visitas.
PELAS MÃOS 
DA COMUNIDADE 
A desnutrição infantil é prevenida e combatida na periferia de 
São Luís do Maranhão por meio do fortalecimento da própria 
comunidade, que se torna protagonista das mudanças sociais
Os agentes comunitários 
visitam quinzenalmente as
famílias atendidas pelo
Projeto Crescendo Seguro
11
Também mereceu destaque a atenção à criança
de zero a seis anos, muitas vezes comprometida
em seu crescimento e desenvolvimento 
saudável. As crianças dessa faixa etária 
representam 26% da população da área do Turu
e 23% da Cidade Olímpica. Em 2002, o GACC/MA
realizou uma pesquisa junto a 721 crianças
deste bairro e identificou que 605 apresentavam
baixo peso. Com o objetivo de proporcionar um
desenvolvimento saudável às crianças pequenas
de ambas as localidades, nasceu o Projeto
Crescendo Seguro.
O projeto é desenvolvido em parceria com 
entidades locais. Estas indicam os agentes 
comunitários que são capacitados para realizar
as visitas domiciliares e facilitar os grupos 
temáticos. A capacitação focou temas ligados à
saúde e à cidadania infantil, incluindo 
aleitamento, vacinação, afetividade, estimulação
e alimentação alternativa.Todos esses assuntos
também fazem parte de uma cartilha produzida
com linguagem simples e objetiva, numa tiragem
de três mil exemplares.
Os agentes realizam visitas quinzenais às
famílias, quando pesam as crianças, observam o
cartão de vacinas da criança e do pré-natal da
gestante e fazem encaminhamentos 
médicos. Vale também destacar a atenção dada
à estimulação infantil, buscando conscientizar a
família sobre a importância de brincar 
com a criança.
Além das visitas, os agentes organizam grupos
com as mães das crianças desnutridas para 
orientação e troca de informações. As mãestambém são envolvidas no preparo e 
distribuição mensal de farinha láctea e da 
multimistura da Pastoral da Criança para 
auxiliar na recuperação nutricional. E ainda é
incentivado o cultivo de hortas caseiras para
ampliar as alternativas alimentares.
Outro exemplo de ação é a Campanha de Filtro
para demonstrar às famílias a importância da
água tratada na prevenção de doenças.
A Campanha de Pesagem, por sua vez, busca 
identificar meninos e meninas que apresentam
algum nível de desnutrição para que possam 
ser acompanhados.
Na soma dessas ações, o projeto tem contribuído
efetivamente para a melhoria da qualidade de
vida das crianças e suas famílias. Das 852 
crianças desnutridas atendidas até fevereiro de
2004, 66% evoluíram de peso e 29% saíram do
quadro de desnutrição — sendo que 5% não
foram avaliadas por terem se desligado do 
projeto. Em relação às 445 gestantes atendidas,
observou-se que 91% realizaram o pré-natal e
100% amamentaram seus filhos.
DADOS GERAIS
Iniciativa: Projeto Crescendo Seguro
Local de atuação: São Luís (MA)
Organização: Grupo de Apoio às Comunidades 
Carentes do Maranhão (GACC/MA)
Público atendido pela iniciativa até fevereiro de 2004
307 crianças de zero a um ano de idade
247 crianças de dois a três anos de idade
298 crianças de quatro a seis anos de idade
445 gestantes
Principais parceiros da organização
Associação Brasileira de Organizações 
Não-Governamentais (Abong)
Alumar
Comitê para Democratização de Informática (CDI)
Conselhos Estadual e Municipal dos Direitos da Criança 
e do Adolescente
Essor (França)
Fundação Alcoa
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
Governo do Estado do Maranhão
Instituto de Cidadania Empresarial
Prefeitura do Município de São Luís
Rede Amiga da Criança
Uniões de moradores, grupos organizados e 
associações de bairro
Principais parceiros da iniciativa
Associação de Moradores da Brisa do Mar (Abrismar) 
Conselho Estadual da Criança e do Adolescente 
Essor (França)
Faculdade Santa Terezinha
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
Grupo da Amizade de Apoio à Comunidade da Vila Luizão
(GAACVL)
Grupo Luz do Amanhã (Glacol)
Grupo Solidário da Cidade Olímpica (GSCOL)
Grupo Vida e Esperança da Cidade Olímpica (GVECOL)
Maternidade Marli Sarney
Pastoral da Criança
Programa Saúde da Família (PSF) 
Secretaria Municipal de Saúde 
Sociedade Brasileira de Pediatria
União de Moradores do Bairro Sol e Mar (Unimar)
Fontes de recursos da iniciativa
100% de agências financiadoras internacionais
Grupo de Apoio às Comunidades Carentes do Maranhão
(GACC/MA)
Rua Rocha Pombo, 76
Vila Passos
São Luís – MA
Cep: 65025-750
Tel: (98) 232-4604
Fax: (98) 221-6187
gacc@elo.com.br
www.gacc-ma.org.br
Relato de visita:
“A valorização das parcerias, especialmente com entidades comunitárias, é o ponto mais forte do 
projeto. Elas são entendidas como esteio principal para garantir a sustentabilidade da proposta 
político-pedagógica na comunidade.”
Magnólia Gripp Bastos
Educadores são 
capacitados com cartilhas
sobre cidadania infantil
“P assamos a fazer nosso trabalho deoutra maneira.Temos um novo olhar
que nos permite perceber o desenvolvimento
dos bebês de forma mais ampla e clara,
reconhecendo seus anseios e necessidades,
dificuldades e medos. Estamos nos sentindo
mais preparadas para assumir este importante
papel na vida de cada criança.” O depoimento 
de uma educadora da Creche Parque Santa
Madalena II
traduz a essência
do Projeto
Criança é 
Vida — Bebês,
desenvolvido em
São Paulo (SP)
pelo Instituto
Criança é Vida.
Criado em 2002,
pela Indústria
Química e
Farmacêutica
Schering-Plough,
o instituto tem a
missão de
“colaborar para a
construção de
um país com
mais saúde”. Dedica-se à transmissão de 
conteúdos de educação para saúde, bem como
à mobilização e formação de voluntários e
profissionais da área para atuar junto a 
comunidades socialmente excluídas. Cerca de
400 multiplicadores já foram capacitados pela
organização, ajudando a levar conhecimento e
dicas práticas a mais de 17 mil famílias e 39
mil crianças.
Com a mesma estratégia, o Projeto Criança é
Vida — Bebês foca a saúde das crianças em
seus dois primeiros anos de vida. É dirigido aos
cuidadores — profissionais de creche e 
familiares — para ampliar seu conhecimento
sobre a vida emocional de um bebê, promover
suas competências e conscientizá-los sobre a
importância de seus cuidados.
De agosto de 2002 a novembro de 2003,
aconteceu a etapa piloto do projeto, com a 
sensibilização de 53 funcionárias e diretoras de
13 creches da cidade, que repassaram os 
conteúdos aprendidos para 1045 mães com
1130 bebês de zero a dois anos de idade.
O projeto nasceu no ano em que a Organização
Mundial da Saúde (OMS) decretou a prevenção à
violência como uma prioridade em saúde pública.
Uma das linhas de ação proposta foi justamente a
realização de programas junto a educadores de
crianças pequenas para desenvolvimento de 
conhecimentos, competências e práticas para
uma educação positiva, amistosa e cooperativa.
O ponto de partida do Criança é Vida — Bebês
é perceber o bebê como um ser competente e
capaz de interagir com seus cuidadores desde
os primeiros dias de vida. Ao mesmo tempo,
afirma-se que a qualidade dessa primeira 
ligação determina, em grande parte, a forma
como a criança vai se relacionar com o mundo
por toda a sua vida.
Ao experimentar a sensação de que alguém 
se interessa por ele, o bebê desenvolve o 
sentimento de confiança no ambiente e a
esperança de que suas necessidades serão
UM NOVO OLHAR, 
UM NOVO VÍNCULO
Na capital paulista, cuidadores de bebês participam de um projeto
de sensibilização que amplia a compreensão do desenvolvimento
infantil e garante a base para uma saúde integral 
Cartazes do projeto facilitam
o repasse de conteúdos 
às famílias
12
atendidas. São as sementes da auto-estima,
tão importante na construção de uma 
personalidade positiva e equilibrada.
Esse processo facilita a formação de bons 
vínculos sociais, pois cria senso de respeito e
consideração pelo outro.
Se essa ligação saudável não acontece, surge
um círculo vicioso e perverso que se expande,
principalmente nas famílias em estado de 
abandono social: crianças que sofreram 
privações físicas e afetivas tornam-se pais 
incapazes de cuidar de seus filhos e indivíduos
sem confiança em si e nos outros.
Com essas certezas, o Projeto Criança é Vida —
Bebês buscou se aproximar de 13 creches,
propondo a elas um ciclo de seis módulos de
formação. Desse modo foram convidadas a
debater o tema, e depois replicar os conteúdos
entre sua equipe ou também junto às famílias
dos bebês — uma população composta 
principalmente de gestantes ou mães pobres,
muitas vezes chefes de família ou adolescentes.
Como material de apoio, cada módulo ofereceu
uma apostila e um conjunto de cartazes, com
linguagem simples e abordagem lúdica, para
facilitar o repasse do conteúdo às famílias.
Cada módulo também incluiu dinâmicas de
“treinamento” de habilidades: o público era 
convidado a se colocar no lugar do bebê para
vivenciar a experiência discutida.
O primeiro módulo, Um Bom Início de Vida,
tratou da expectativa da gravidez, da chegada
do bebê, do seu mundo mental, da importância
da confiança e afeto. Alimentação e Sono foi o
tema do segundo módulo, com a discussão
sobre aleitamento materno, mamadeira, hora de
dormir, de abraçar e se separar.
No terceiro encontro, foram debatidos os
Indicadores do Desenvolvimento Emocional e
Social, como o sorriso, a linguagem, o objeto de
apego. O módulo seguinte, Crescendo com as
Separações, abordou temas comoo desmame,
o papel do pai e a ida para a creche.
Os Novos Progressos do Bebê, como os
primeiros passos, a mordida, o esconde-
esconde e o brincar, ganharam atenção no
quinto módulo. E, para finalizar o ciclo, foi 
levantado o tema Deixando de Ser Bebê,
sobre a socialização, medos, limites e 
autonomia da criança.
O sucesso na sensibilização dos adultos 
impulsionou a segunda etapa do projeto. Ela
começou em abril de 2004, com duração 
prevista de oito meses. A grande notícia é que
seu alcance quase triplicou, envolvendo 33
novas instituições. Em outras palavras, mais 
e mais crianças estão conquistando a 
oportunidade de um bom começo de vida.
DADOS GERAIS
Iniciativa: Projeto Criança é Vida — Bebês
Local de atuação: São Paulo (SP)
Organização: Instituto Criança é Vida
Público atendido pela iniciativa em 2003
1130 crianças de zero a dois anos de idade
1045 mães
53 multiplicadores (funcionárias e diretoras de creches)
Principais parceiros da organização
Conquest One
Eli Lilly do Brasil
Futura Propaganda
Indústria Química e Farmacêutica Schering-Plough S/A 
Pinhão & Koiffman Advogados
Price Waterhouse Coopers
Popular Comunicação Ltda.
Parthner Terceirização de Recursos Humanos S/C Ltda.
Perez & Damiani Comunicações Ltda.
Rana Administradora e Consultoria de Seguros
Vedacit Otto Baumgart 
Principais parceiros da iniciativa
Eli Lilly do Brasil 
Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente
Indústria Química e Farmacêutica Schering-Plough S/A
Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP) 
Vedacit Otto Baumgart
Fontes de recursos da iniciativa
100% de empresa privada
Instituto Criança é Vida
Rua Antonio das Chagas, 1623
Chácara Santo Antônio
São Paulo – SP
Cep: 04714-002
Tel: (11) 5188-5332
Fax: (11) 5188-5296
atendimento@criancaevida.org.br
www.criancaevida.org.br
Relato de visita:
“Neste momento em que a preocupação
com a violência nos impõe tensão e muitas
vezes desencantamento, é um alento
encontrar um trabalho como este, que
prima pelo respeito a todos os atores
envolvidos no começo da vida.”
Sandra Regina de Souza
13
Educadores são capacitados
para ampliar seus 
conhecimentos sobre a vida
emocional da criança
U ma boa notícia espalha-se pelo semi-áridocearense. Por meio das ondas do rádio,
as famílias estão falando, ouvindo e discutindo
seu papel no desenvolvimento saudável das 
crianças. É o Projeto Comunicando Saberes,
Realizando Sonhos: o Rádio no Fortalecimento
das Competências Familiares, que envolve 28
municípios do Ceará, destacados dentre os que
possuem os piores índices de desenvolvimento
humano do país.
A iniciativa é da Catavento Comunicação e
Educação Ambiental, que já realizou duas 
etapas do projeto com apoio do Unicef. A
primeira estendeu-se de outubro de 2002 a
fevereiro de 2003, e a segunda de julho de
2003 a fevereiro de 2004. O financiamento foi
renovado e a terceira fase vem sendo preparada
para ir ao ar.
Criada em 1995, a Catavento dedica-se à 
missão de “contribuir com a construção de uma
sociedade justa e solidária, fortalecendo 
aspectos culturais que promovam o 
desenvolvimento territorial, integrado e 
sustentável, através de ações plurais, formativas
e educativas de comunicação, priorizando o 
trabalho com crianças e adolescentes”. Em
todos os estados do Nordeste brasileiro,
trabalha a partir de quatro eixos temáticos:
Desenvolvimento Sustentável, Mobilização
Social, Infância e Adolescência e 
Identidade Cultural.
Com o projeto Comunicando Saberes, a
Catavento lança-se ao objetivo de favorecer 
a troca de informações e práticas entre famílias,
gestores municipais e profissionais de saúde na
realização das competências familiares e
municipais básicas para um desenvolvimento
infantil saudável.
Além do apoio do Unicef, conta com a parceria
da Secretaria de Saúde do Estado, que dá
suporte técnico, bem como facilita o acesso às
secretarias municipais dos locais escolhidos.
São as secretarias ou prefeituras que dão apoio
logístico e operacional à equipe da Catavento.
Seu primeiro passo é iniciar o debate junto a
radialistas e comunicadores populares. São 
realizadas oficinas de sensibilização com
duração de seis horas, em que são discutidas
as competências familiares e municipais e
como elas podem ser potencializadas através
VIDA SAUDÁVEL NAS 
ONDAS DO RÁDIO
As competências familiares ganham voz no semi-árido cearense 
por meio do rádio, graças à sensibilização e articulação dos 
profissionais das emissoras locais
14
Os programas de rádio são
encenados para novos públicos
do rádio. Depois da discussão teórica, os 
participantes são convidados a experimentar
novos formatos e pensar como abordar o tema
em seus programas — sejam eles esportivos,
musicais ou jornalísticos.
Até fevereiro de 2004, 103 radialistas e 11
comunicadores populares foram capacitados e
introduziram conteúdos como a importância do
exame pré-natal, da amamentação, das 
brincadeiras que estimulam o desenvolvimento
infantil, dentre outros temas até então nada
usuais em suas produções. Um concurso foi
realizado, com júri formado por professores 
de universidades cearenses, e o autor da 
melhor matéria sobre esses assuntos 
premiado pela Catavento.
Em segundo lugar, o projeto abre um espaço de
conversa com as próprias famílias. No mesmo
período, foram estruturados sete grupos de
famílias, com a participação de 85 pessoas.
A idéia é promover uma troca de experiências e
saberes entre os adultos que cuidam das crianças.
As conversas acontecem no formato de “rádio-
fórum”, no qual famílias cadastradas no
Programa Saúde da Família são convidadas a
falar sobre suas experiências na garantia da
saúde dos filhos. Discutem gravidez,
alimentação, vacinas, prevenção de doenças
etc. Esse debate é registrado e torna-se ponto
de partida para a conversa com outro grupo,
que comenta e complementa o que ouviu. Essa
repercussão pode ainda gerar uma segunda
rodada de conversa no primeiro grupo.
A conversa é gravada, editada e transformada 
em conteúdo distribuído para 40 emissoras 
do estado, que integram a Rede de Rádio pelo
Desenvolvimento Infantil, articulada 
pela Catavento.Até fevereiro de 2004, foram 
produzidos 38 spots curtos e 28 edições do 
programa semanal Conversa em Família, com dez
minutos de duração. Dessa forma, a discussão
chega ao público em geral. Os programas 
oferecem subsídios para que as famílias discutam
e reflitam sobre suas competências, provocando
uma mudança das práticas cotidianas em relação
aos cuidados das crianças.
Das mais diversas maneiras, o público tem 
recebido, reagido e recriado o conteúdo, dando
novos impulsos à discussão. Crianças telefonam
para as emissoras dizendo que acharam tudo
muito bonito.Também chegam notícias de 
professores que levaram o programa para a
sala de aula ou de grupos de teatro que 
encenaram o tema para novos públicos. São
ventos que — criativamente — não param.
DADOS GERAIS
Iniciativa: Comunicando Saberes, Realizando Sonhos: o Rádio
no Fortalecimento das Competências Familiares
Local de atuação: 28 municípios do Ceará 
Organização: Catavento Comunicação e Educação Ambiental
Público atendido pela iniciativa em 2003
Estimativa de 8700 famílias ouvintes da programação
114 radialistas e comunicadores populares capacitados
85 familiares participantes dos grupos de discussão
Principais parceiros da organização
Agência Nacional dos Direitos da Infância (Andi)
Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA)
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq)
Fórum Cearense pela Vida no Semi-Árido
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
Fundo Internacional parao Desenvolvimento da Agricultura
(Fida)
Rede Cearense de Socioeconomia Solidária
Principais parceiros da iniciativa
40 emissoras da Rede de Rádio pelo 
Desenvolvimento Infantil
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
Secretaria de Saúde do Estado do Ceará
Secretarias Municipais de Saúde 
Fontes de recursos da iniciativa
100% de projetos/organismos de cooperação internacional
Catavento Comunicação e Educação Ambiental
Rua Costa Barros, 1088 – casa 14
Centro
Fortaleza – CE
Cep: 60160-280
Tel: (85) 231-2765
E-mail: catavento@baydenet.com.br
Relato de visita:
“Usar o rádio para difundir a causa da infância numa região com os piores indicadores, num país de
dimensões continentais e grande número de analfabetos, torna esta ação grandiosa.”
Leila Midlej
15
Crianças acompanham os
pais nos grupos de famíias
O Brasil apenas começou a assumir o direito à educação de suas crianças
pequenas. Quase 68% das meninas e meninos
entre zero e seis anos de idade não 
freqüentam creches ou pré-escolas — 
segundo dados do Censo Demográfico 2000
(IBGE). Esse índice cresce se forem enfocadas
apenas as crianças de zero a três anos: mais
de 90% não são atendidas. Entre quatro e seis,
o índice aproxima-se de 39%. Na área rural, o
total de zero a seis anos sobe para quase
79%, sendo que 224 municípios brasileiros
não oferecem serviço algum.
Já em 1988, a Constituição Federal 
reconheceu que o atendimento nos primeiros
anos de vida faz parte da educação básica da
pessoa.Apesar de não ser declarada obrigatória
para o Estado e a família, a educação infantil é
garantida como direito universal.Anos mais
tarde, em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) confirmou esse direito.
Cresce, portanto, a certeza de que, para se
desenvolver de maneira integral, a criança 
precisa de afeto e respeito desde o primeiro
momento de vida. Além de receber 
alimentação regular e diversificada, ter a
chance de brincar, se relacionar, se 
movimentar em um ambiente limpo e seguro,
conhecer e desenvolver as várias linguagens
de expressão e conhecimento, ter todos os
estímulos para descoberta de si, dos outros e
do mundo.Tudo isso é uma intensa 
aprendizagem que encontra na escola um
espaço privilegiado para se realizar.
Mas conquistar o direito à educação não 
significa que, desde cedo, as crianças sejam
colocadas dentro de uma grade curricular.
A brincadeira, por exemplo, deve ter presença
livre e obrigatória, defendem os especialistas.
Afinal, é por meio dela que a criança indaga o
mundo e encontra o seu lugar.
O centro da proposta educativa deve ser a
multiplicidade de relações da criança com
todos os espaços em que está convivendo,
com as outras pessoas e os mais variados 
estímulos. É necessário aprofundar a 
compreensão do desenvolvimento 
infantil, prestar atenção em cada 
criança, valorizar a diversidade 
em todas as suas dimensões.
Para garantir uma educação de qualidade para
todas as crianças, torna-se obrigatória uma
nova compreensão e prática sobre o convívio
das diferenças. Por essa razão, no Prêmio
Criança 2004 foi enfatizada a inclusão de 
crianças com deficiência no tema de 
educação infantil. Entretanto, nenhuma 
iniciativa inscrita permaneceu até o final 
do processo seletivo.
Educação 
Infantil
UM DIREITO QUE AINDA
PRECISA SER GARANTIDO
Estatuto da Criança e do
Adolescente, art. 53 — 
A criança e o adolescente têm
direito à educação, visando ao
pleno desenvolvimento de sua 
pessoa, preparo para o exercício
da cidadania e qualificação para 
o trabalho (...).
16
Investimento estratégico 
em professores
Outro tema destacado foi a importância 
de se investir fortemente na formação 
dos educadores. Afinal, é dela que depende o
avanço da qualidade do atendimento. Não só
os profissionais atuantes, mas as novas 
gerações devem ter oportunidade de aprender,
refletir e avaliar seu trabalho na educação
infantil. Ao mesmo tempo, técnicos e 
gestores públicos devem despertar para a
relevância do tema, assim como os
pesquisadores da área.
A formação exige estratégias criativas,
variadas e contínuas, como as desenvolvidas
pelas três iniciativas apresentadas nas páginas
a seguir. Elas foram escolhidas como finalistas
do Prêmio Criança 2004 no tema de 
educação infantil.
Na área rural, destaca-se o Programa de
Formação em Serviço para Educadores Infantis
das Associações Comunitárias Rurais do Vale
do Jequitinhonha, realizado pelo 
Fundo Cristão para Crianças junto a 
17 associações comunitárias do 
Vale Médio do Jequitinhonha, em Minas
Gerais. Em 2003, foram envolvidos 126 
educadores infantis, 85 ajudantes de sala de
aula e 38 coordenadoras pedagógicas.
No total, foram beneficiadas 2700 
crianças mineiras.
A Fundação Orsa, por sua vez, lançou em
junho de 1998 o Programa de Formação dos
Profissionais de Educação Infantil. Com 
caráter permanente e multidisciplinar, é 
dirigido a profissionais atuantes em creches e
pré-escolas públicas e de organizações sociais
de 14 municípios dos estados da Bahia,
Alagoas, Pará e São Paulo. Desde o início do
programa, participaram 1130 profissionais.
Em Belo Horizonte (MG), a arte foi 
matéria-prima do Projeto Arte-Educação, que
envolveu 25 coordenadoras pedagógicas de
creches comunitárias associadas ao
Movimento de Luta Pró-Creches (MLPC).
De outubro de 2001 a dezembro de 2003,
os profissionais receberam formação para 
valorizar a brincadeira e a cultura local 
no trabalho diário com 1500 crianças de 
zero a três anos.
De diferentes maneiras, essas iniciativas
assumem a formação como um processo
amplo e contínuo, equilibram teoria e prática,
valorizando o saber acumulado por cada
profissional, e reconhecem o diversificado 
colorido local para enriquecer e legitimar 
suas ações.
17
N o Vale do Jequitinhonha, em MinasGerais, educadores da zona rural tornam-
se protagonistas de uma nova educação 
infantil. Desde 1999, o Fundo Cristão para
Crianças — CCF-Brasil — desenvolve um 
programa permanente de formação junto 
a 88 instituições educativas de 17 municípios,
buscando qualificar o atendimento realizado.
Em 2003, participaram do Programa de
Formação em Serviço para Educadores Infantis
das Associações Comunitárias Rurais do Vale do
Jequitinhonha 85 ajudantes de sala de aula,126
educadoras e 38 coordenadoras pedagógicas,
beneficiando 2705 crianças de zero a seis anos
de idade. São meninos e meninas cujas famílias
sobrevivem da lavoura de milho, arroz e feijão.
Sem infra-estrutura de saneamento, energia,
transporte ou saúde, muitas buscam migrar
para a cidade. Analfabetos ou com pouco 
estudo, os adultos dificilmente encontram 
alternativa de trabalho, e as histórias se
repetem com seus filhos.
O despreparo profissional estende-se às salas
de aula das escolas locais. No geral, os 
educadores infantis não completaram o ensino
médio, e poucas coordenadoras chegaram à
faculdade. Atento à formação pessoal e 
profissional das equipes de suas instituições
conveniadas, o CCF-Brasil decidiu lançar o 
programa, centrado na valorização 
dessas pessoas.
Criado em 1966 e mantido até hoje pelo
Christian Children’s Fund, o CCF-Brasil tem
como missão “promover o desenvolvimento 
do potencial da criança e do adolescente, com
o envolvimento da família e da comunidade,
através de ações que fortaleçam o exercício da
cidadania para a melhoria das condições de
vida”. Ele desenvolve programas na área de
saúde, saneamento, nutrição, educação básica
e desenvolvimento infantil. E não só em Minas
Gerais, mas também em São Paulo, Ceará, Rio
Grande do Norte e Pernambuco.
O Programade Formação em Serviço para
Educadores Infantis das Associações
Comunitárias Rurais do Vale do Jequitinhonha
visa capacitar os educadores de forma que 
eles próprios façam uma reflexão sobre 
o quê e como avançar no trabalho com 
as crianças e famílias. As experiências 
do cotidiano inspiram debates teóricos,
possibilitando a construção de novos 
saberes que, por sua vez, são reorientados 
para a prática.
QUANDO O PROFESSOR 
VIRA ALUNO
Educadoras, ajudantes e coordenadoras participam de um programa
permanente de formação que provoca um salto de qualidade na
educação infantil de comunidades rurais de Minas Gerais
18
A capacitação dos 
educadores infantis prioriza
o desenvolvimento, a 
aprendizagem e a saúde da
criança pequena
Desenvolvido por uma assessora de programas
sociais, uma coordenadora e três assessores
pedagógicos, o programa começa com um
diagnóstico de cada instituição. A seguir,
ocorrem encontros presenciais, num total de 
24 horas por semestre.
No centro das discussões estão o 
desenvolvimento, a aprendizagem e a saúde
das crianças pequenas. A criança é entendida
como sujeito cultural, social e histórico, que
deve ser estimulada em sua autonomia e 
senso crítico. A brincadeira e a cultura local
merecem destaque. Apreendidos pelos 
educadores, esses valores são então 
transmitidos às crianças e à comunidade.
Além das reuniões, os formadores fazem 
intervenções na sala de aula e acompanham 
a atuação dos educadores. Há também uma
supervisão à distância, completada por visitas
de acompanhamento. Nessas ocasiões, a
equipe avalia o impacto dos cursos de 
formação, bem como aproveita para dialogar
com a comunidade, a diretoria e as crianças, a
fim de manter todos mobilizados por uma 
educação infantil de qualidade.
A comunidade é personagem central de todo 
o processo. Logo no início, as famílias são
chamadas a discutir suas prioridades e decidir
se a escola infantil figura na lista. O projeto
político-pedagógico da instituição é então 
discutido passo a passo.
Na seqüência, todos são incluídos nas 
atividades do dia-a-dia. As mães, por exemplo,
responsabilizam-se pela alimentação das 
crianças, ensinam receitas, reforçam noções de
higiene e nutrição. Junto com os pais, cuidam
da limpeza da escola, lavam roupas e toalhas,
cultivam hortas e pomares. Participam das 
festas, bem como de oficinas de narração de
histórias ou confecção de brinquedos.
Todo o trabalho desenvolvido — do 
planejamento diário da educadora e encontros
com mães até as reuniões de assessoria e os 
cursos modulares semestrais — é registrado por
escrito e, muitas vezes, fotografado. A construção
desse registro estimula o trabalho de reflexão de
todos os envolvidos. Os critérios de avaliação 
também são definidos coletivamente, e, a cada
planejamento pedagógico, o grupo monitora o
avanço do trabalho.
Os resultados já aparecem. Saberes e 
brincadeiras tradicionais entraram na sala de
aula, e a concepção de criança e educação
infantil se renovou. Muitas educadoras 
decidiram voltar a estudar, enquanto mães e
pais assumiram novos papéis na escola.
Pulsantes, as instituições tornaram-se 
referências locais e já inspiram novas 
conquistas de cidadania.
DADOS GERAIS
Iniciativa: Programa de Formação em Serviço para
Educadores Infantis das Associações Comunitárias Rurais do
Vale do Jequitinhonha
Local de atuação: 17 municípios do Vale do 
Jequitinhonha (MG)
Organização: Fundo Cristão para Crianças (CCF–Brasil)
Público atendido pela iniciativa em 2003
45 crianças de zero a um ano de idade
700 crianças de dois a três anos de idade
1.960 crianças de quatro a seis anos de idade
1.700 famílias
126 educadores infantis
38 coordenadoras pedagógicas
85 ajudantes de sala de aula
Principais parceiros da organização
Instituto C&A
Instituto Magnum
Pontífice Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas)
Universidade Federal de Viçosa
Principais parceiros da iniciativa
Associação Beneficente de Itaporé (Abita)
Associação Chapadense de Assistência às Necessidades 
do Trabalhador e da Infância (Achanti)
Associação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente
de Veredinha (Adecave)
Associação Municipal de Assistência Infantil (Amai)
Associação Minasnovense de Promoção ao Lavrador e 
a Infância da Área Rural (Ampliar)
Associação de Promoção ao Lavrador e ao Menor de
Turmalina (Aplamt)
Associação de Promoção Infantil Social e 
Comunitária (Aprisco)
Associação Rural de Assistência à Infância (Arai)
Associação Comunitária do Município de Medina (Ascomed)
Associação Comunitária de Padre Paraíso (Ascopp)
Associação Comunitária e Infantil de Araçuaí (Associar)
Associação do Clube de Mães de Rio das Pedras
Conselho de Associações e Creches de 
Jequitinhonha (Conacreje)
Federação das Associações de Felício dos Santos
Federação das Associações de São Gonçalo do Rio Preto 
Projeto Caminhando Juntos (Procaj)
Projeto Semeando Esperança em Carbonita (Prosesc)
Fontes de recursos da iniciativa
100% de agências financiadoras internacionais
Fundo Cristão para Crianças (CCF–Brasil)
Rua Curitiba, 689 – 6o andar
Cep: 30170-120
Belo Horizonte – MG
Tel: (31) 3279-7400
Fax: (31) 3279-7416
E-mail:obedess@fundocristao.org.br 
www.apadrinhamento.org.br
Relato de visita:
“Foi emocionante perceber a sintonia 
do trabalho dos educadores com teorias 
e recursos bastante atuais no campo 
da construção do conhecimento.
Ficaram visíveis os resultados do 
processo de formação.”
Maria Cecília de Camargo Aranha Lima
19
I nquieta com a falta de oportunidades de formação para o profissional atuante na
educação infantil, a Fundação Orsa lançou 
um programa permanente dirigido a esse 
público. Fruto de uma história de lutas e 
reivindicações da sociedade civil organizada, o
reconhecimento do direito das crianças 
pequenas a uma educação de qualidade exige
a qualificação da equipe. Entretanto, grande
parte dos profissionais atuantes, mesmo 
comprometida com seu trabalho, não possui 
o nível mínimo de formação exigido por lei,
nem acesso a essa qualificação.
Iniciado em 1998, o Programa de Formação dos
Profissionais de Educação Infantil vem atender
esse direito do profissional de ter uma formação
de qualidade e ser incluído no avanço da edu-
cação infantil no país. Até 2003, já foram
envolvidos 1130 profissionais — de diferentes
graus de escolaridade e funções — atuantes
em creches e escolas de educação infantil 
de 14 municípios em Alagoas, Bahia,
Pará e São Paulo.
A iniciativa traduz o entendimento da Fundação
Orsa de que investir no educador é investir na
criança, e vice-versa. Criada em 1994, a 
instituição tem como missão “promover a 
formação integral da criança e do adolescente
em situação de risco pessoal e social”. E hoje
desenvolve mais de 60 programas e 
projetos nas áreas de educação, saúde, meio
ambiente e promoção social, em todo o país.
De caráter permanente, multidisciplinar e 
interativo, o Programa de Formação dos
Profissionais de Educação Infantil apresenta três
objetivos principais. Primeiro: contribuir na 
formação do profissional para elaborar,
implementar e avaliar projetos pedagógicos 
em parceria com a escola, a família e a 
comunidade. Segundo: desenvolver nos 
educadores as competências, saberes e 
habilidades necessários para garantir uma 
educação compatível com as necessidades da
criança em desenvolvimento.Terceiro:
sensibilizar os gestores para elaborar 
políticas públicas visando otimizar as 
condições para um trabalho pedagógico 
de qualidade.
EDUCADORES EM
CONSTRUÇÃO
O direito do educador infantil de avaliar, refletir e aprofundar suas
práticas e conhecimentos motiva um bem-sucedidoprograma de
formação continuada, já realizado em 14 municípios brasileiros
As atividades devem 
ser compatíveis com 
as necessidades 
de desenvolvimento
20
Para realizar o trabalho, o programa conta 
com três coordenadoras, três profissionais
responsáveis pelas oficinas e três consultoras
educacionais. Quinzenalmente, essa equipe 
se reúne para estudar, discutir e planejar 
as tarefas.
O primeiro passo é o diagnóstico da realidade
onde acontecerá a formação. São realizadas
entrevistas com a Secretaria Municipal de
Educação e os supervisores escolares, além 
de visitas à comunidade. Elabora-se então a
proposta com uma minuta de convênio com 
a Prefeitura, cuja contrapartida é certificar os
profissionais formados e envolver os 
professores, técnicos e comunidade,
garantindo a continuidade da ação.
A formação em si começa com encontros 
presenciais discutindo o mundo infantil, os 
direitos da criança, o ambiente educacional e
as alternativas pedagógicas.Toda discussão
parte do resgate e valorização do conhecimento
já acumulado pela turma. Em paralelo, são
desenvolvidas atividades musicais, literárias,
dramáticas, explorando as diferentes linguagens
de expressão. Estimula-se a organização de 
grupos de estudo, bem como a implantação 
de novas práticas e rotinas pedagógicas.
Na seqüência, a equipe realiza oficinas para
aprofundar e consolidar o conteúdo vivenciado
no processo.
Nesse caminho, uma aprendizagem importante
foi construir projetos pedagógicos diferenciados
para crianças de zero a três anos. Para essa fase
da vida, as instituições são chamadas a priorizar
o direito de brincar, a organização específica dos
espaços e rotinas e a participação da família.
Diferentes idéias têm garantido a presença dos
familiares na escola. A Escola de Pais, por 
exemplo, surge como espaço de encontro e
aprendizagem sobre a criança pequena —
todos são convidados a participar de dinâmicas
sobre nutrição, higiene bucal, violência 
doméstica ou direitos da criança. O Projeto
Tempero de Mãe, por sua vez, estimula as 
mães a organizar uma vez por mês o lanche 
da turma na escola.
A fim de garantir a continuidade da formação,
o programa inclui ainda a criação de uma 
sistemática local para aprofundar as questões
emergentes sobre a criança pequena. Organiza
também centros de referência regionais, que
possam assumir a continuidade da formação do
profissional e a revisão contínua do projeto
pedagógico das escolas. Afinal, a qualidade da
educação é um desafio permanente.
DADOS GERAIS
Iniciativa: Programa de Formação dos Profissionais de
Educação Infantil
Local de atuação: 14 municípios dos estados da Bahia,
Alagoas, Pará e São Paulo
Organização: Fundação Orsa
Público atendido pela iniciativa em 2003
1130 profissionais 
Principais parceiros da organização
Associação Terra dos Homens
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES)
Compaq
Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
Microsiga 
Ministério da Educação
Ministério da Saúde
Organization for Industrial, Spiritual and Cultural Advancement
(Oisca)
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD)
Organização das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura (Unesco)
Universidade de São Paulo (USP)
Principais parceiros da iniciativa
Prefeituras de Belmonte, Eunápolis, Porto Seguro, Prado, Santa
Cruz de Cabrália, na Bahia; Batalha, Belo Monte, Jaramataia,
Major Izidoro, São José da Tapera, em Alagoas; Vitória do Jari
e Laranjal do Jari, no Pará; Caraguatatuba e Ubatuba,
em São Paulo.
Fontes de recursos da iniciativa
75% de recursos públicos
25% da empresa privada mantenedora
Fundação Orsa
Av. Deputado Emílio Carlos, 821
Bairro de Santa Terezinha
Cep: 06310-160
Carapicuíba – SP
Tel/Fax: (11) 4181-2232
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Relato de visita:
“É uma iniciativa exitosa no campo da formação de profissionais e pode ser caracterizada como
importante contribuição para a formulação de política pública na área.”
Amélia Bampi Paines
21
A participação da família na
escola é fundamental para
um projeto pedagógico 
diferenciado para as 
crianças pequenas
A certeza de que a arte faz parte do dia-a-diada criança desde o primeiro ano de vida
impulsionou o Movimento de Luta Pró-Creches
(MLPC) a executar o Projeto Arte-Educação, na
região metropolitana de Belo Horizonte.
A arte revelou-se um caminho valioso para 
contrapor a tendência de repetir o modelo 
escolar centrado na alfabetização já nos
primeiros anos da educação infantil.
Um modelo que exclui o cuidar e o brincar,
tão essenciais nessa fase da vida. Percebendo
esse risco de apenas “preparar” para a escola
fundamental, as creches associadas ao MLPC
demandaram projetos que contribuíssem para 
a formação das educadoras, garantindo o 
lúdico e as múltiplas linguagens como
metodologia de trabalho.
O Arte-Educação veio dar suporte a esse 
resgate, defendendo que, se a criança pequena
vivencia oportunidades de expressão e
descobertas artísticas e lúdicas, com certeza
terá mais condições de enfrentar a 
alfabetização e a longa jornada escolar. De
qualquer forma, o maior objetivo é prepará-la
para a vida. Fortalecer seus valores éticos,
morais e humanos, além de desabrochar sua
criatividade e senso crítico.
Criado em 1987, o MLPC tem como missão
“promover ações que garantam a qualidade 
no atendimento das crianças de zero a seis
anos de idade assistidas pelas creches e 
centros infantis comunitários e filantrópicos, a
partir de ações sustentadas no saber popular”.
Em outubro de 2001, buscou a parceria da
Universidade Politécnica de Ryerson, de Toronto
(Canadá), e a colaboração da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais 
(PUC-Minas) para iniciar o 
Projeto Arte-Educação, que durou três anos.
Com foco na criança de zero a três anos, a 
iniciativa formou 25 coordenadoras 
pedagógicas de 25 creches comunitárias 
associadas ao MPLC, atuantes em vilas 
FAZER ARTE É COISA 
DE CRIANÇA
De mãos dadas com a arte e a brincadeira, a educação 
infantil ganha vida nova em 25 creches comunitárias da 
região metropolitana de Belo Horizonte
Educadores infantis se 
capacitam para desenvolver
atividades com as crianças
das creches
22
e favelas da região metropolitana de 
Belo Horizonte.
A equipe pedagógica do MPLC e os professores
canadenses realizaram quatro treinamentos
com as coordenadoras, somando 320 horas 
de trabalho. O encontro de duas realidades 
culturais e sociais tão distantes — Brasil e
Canadá — favoreceu a aprendizagem 
de respeito às diferenças e troca 
de conhecimentos.
As teorias sobre Múltiplas Inteligências,
do norte-americano Howard Gardner, e da
Abordagem Educacional, do italiano Reggio
Emília, desencadearam as discussões 
conceituais. Desconhecidos pelas equipes 
até então, esses conteúdos renovaram o
entendimento sobre o desenvolvimento 
infantil e as possibilidades de aprendizagem 
da criança pequena.
Mensalmente, as coordenadoras participaram
de grupos de estudo para aprofundar os
debates e vivências dos treinamentos.Também
foram envolvidas na formatação e execução de
workshops mensais com as educadoras para
repassar os temas debatidos.
Em paralelo, por meio de uma assessoria in loco,
foi desenvolvido junto a cada coordenadora um
plano de ação. Repensou-se a rotina pedagógica
para favorecer o cuidar e o educar 
simultaneamente, valorizando a arte e o brincar.
Foram três anos de troca, reflexão,
capacitação... e muitas mudanças. O projeto
apresentou às instituições uma forma prazerosa
de trabalhar com as crianças pequenas,
respeitandosuas demandas e especificidades.
Nesse caminho, foram desenvolvidos materiais
informativos coerentes com as realidades
locais, além de um centro de documentação
com textos, kits curriculares, computadores com
acesso à internet para reciclagem de 
profissionais da área de educação infantil.
Em 2004, nasceu um novo projeto — Pelos
Olhos da Criança — colhendo os frutos do 
Arte-Educação. Nessa fase, as próprias crianças
estão sendo mais ouvidas. Os educadores e os
pais aproximaram-se uns dos outros e, juntos,
se surpreenderam com a forma da criança
perceber o mundo e a vida. As crianças 
passaram a brincar e se movimentar com mais
liberdade. Cada um, do seu lugar, afirma-se
como protagonista de um novo aprendizado.
DADOS GERAIS
Iniciativa: Projeto Arte-Educação
Local de atuação: Região metropolitana de 
Belo Horizonte (MG)
Organização: Movimento de Luta Pró-Creches (MLPC)
Público atendido pela iniciativa de 2001 a 2003
1500 crianças de zero a três anos de idade
25 coordenadoras pedagógicas
Principais parceiros da organização
Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Belo
Horizonte (CMDCA)
Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese/BA)
Embaixada do Canadá – Fundo Canadá
Instituto Marista de Solidariedade (IMS)
MISEREOR (Alemanha)
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas)
Pueblito (Canadá) 
Universidade Politécnica de Ryerson (Canadá)
Principais parceiros da iniciativa
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas)
Pueblito (Canadá)
Universidade Politécnica de Ryerson (Canadá)
25 creches:
Assistência Social Kennedy (Aske)
Creche Comunitária Abrigo Coração de Jesus
Creche Comunitária Metodista Raios de Sol
Creche Comunitária 1º de Maio
Creche Comunitária Sementinha Alegre
Centro Infantil Transformar
Creche Comunitária Olívia Tinquintela
Creche Comunitária Vicentina do Santo Sacramento
Creche Comunitária Recanto Feliz
Creche Comunitária Tia Lucy
Centro Infantil Amélia Crispim
Creche Comunitária Abrigo Jesus
Creche Comunitária Lar Cristão da Criança
Creche Comunitária Santa Sofia
Creche Comunitária Aurélio Pires
Creche Comunitária Pe Francisco
Creche Comunitária Semente
Creche Comunitária Maria Florípes
Creche Comunitária Casinha da Vovó
Creche Comunitária João Augusto Bitarães
Creche Comunitária Eunice Lanza
Creche Comunitária Esperança 
Creche Comunitária Nossa Senhora do Perpetuo Socorro
Núcleo de Trabalho e Integração Social (Nutris)
Sociedade Irmãos das Crianças (Sicra)
Fontes de recursos da iniciativa
91% de agências financiadoras internacionais
5% de outras fontes
4% de agências financiadoras nacionais
Movimento de Luta Pró-Creches (MLPC)
Rua Desembargador Cerqueira Leite, 16
Bairro Salgado Filho
Cep: 30550-210
Belo Horizonte – MG
Tel: (31) 3312-1223
Fax: (31) 3312-1082
E-mail: mlpccreches@uol.com.br
www.mlpcreches.org.br
Relato de visita:
“É uma experiência inovadora que
assume a educação infantil como 
forma imprescindível de proteger a 
criança pequena nas classes mais 
empobrecidas. É um exemplo de 
atuação da comunidade.”
Maria Lúcia Carr Ribeiro Gulassa
23
Estatuto da Criança e do
Adolescente, art. 19 —
Toda criança ou adolescente 
tem direito a ser criado e 
educado no seio da sua família e,
excepcionalmente, em família 
substituta, assegurada a 
convivência familiar 
e comunitária (...)
24
A grande maioria dos meninos e meninas éalimentada, vestida e medicada nos
primeiros anos de suas vidas em casa. Entre
irmãos, primos e vizinhos, se desenvolvem,
brincam, descobrem o mundo. Aprendem as
primeiras palavras, ensaiam os primeiros 
passos. Mas também, muitas vezes, é nessa
mesma família que as crianças vivem 
situações de violência, crescem desnutridas 
ou são impedidas de brincar.
Reconhecendo o papel fundamental 
para o desenvolvimento da criança,
as famílias merecem toda a atenção. O direito
à convivência familiar de cada criança obriga
o poder público e a sociedade a apoiar e 
fortalecer as famílias. Afinal, apresentam um
valioso potencial como espaço privilegiado de
sobrevivência, crescimento, desenvolvimento e
participação da criança pequena.
O primeiro passo é olhar de frente essas
famílias — no plural — e descobrir que não 
correspondem aos mitos e referenciais por
séculos cultivados. Especialmente a partir dos
anos 60, os núcleos familiares têm passado
por profundas mudanças sociais, políticas e
econômicas. No meio dessa ebulição, novos
consensos começam a se firmar. O primeiro
deles é que as famílias de hoje se estruturam
e se organizam de formas variadas. Há famílias
com muitos, poucos ou nenhum filho. Podem
ser biológicos ou adotivos. A mãe ou o pai
pode ter se casado mais de uma vez, surgem
então os novos irmãos. Muitas vezes, moram
junto primos ou tios. A chefia da casa pode ser 
do pai, mas cada vez mais é assumida 
pela mãe ou avó. Sem esquecer dos casais
homossexuais.
Admitida a pluralidade, o segundo passo é
reconhecer que essas famílias já têm 
competências próprias, que precisam ser
amplamente apoiadas e valorizadas. Cuidam
da gestante e do bebê, previnem doenças e
acidentes, limpam a casa, freqüentam o posto
de saúde ou a creche, saem em busca de 
alimento. São saberes, habilidades e práticas
essenciais para o desenvolvimento da 
criança pequena que merecem ser 
fortalecidos e aprimorados.
Foco especial da atenção do Unicef, o 
fortalecimento das competências familiares
revela-se uma estratégia valiosa de garantia
dos direitos da criança. Representa inclusive
uma eficaz alternativa ao custoso investimento
em estruturas de atendimento que buscam
compensar as dificuldades das famílias.
Além de serem estimulados em suas 
competências, mães, pais, avós e tios precisam
encontrar portas abertas para as diferentes
necessidades de seus filhos. O terceiro passo,
portanto, é garantir as chamadas 
“competências locais”, que dizem respeito 
Convivência
Familiar
A FAMÍLIA DE 
PORTAS ABERTAS
25
aos serviços propriamente ditos, de educação,
saúde ou assistência social, mas também aos
vizinhos, agentes comunitários, juízes,
promotores, prefeitos, vereadores,
comunicadores, comerciantes... Forma-se
assim uma rede ampliada de proteção básica
da infância.
Ambiente acolhedor 
mas provisório
Essa mesma compreensão deve guiar a ação
dos abrigos. Segundo o Estatuto da Criança e
do Adolescente, os abrigos devem acolher uma
criança em caráter excepcional e provisório até
garantir que ela volte a sua casa ou encontre
uma família substituta. Portanto, a 
institucionalização, historicamente difundida 
e praticada no Brasil,não deve ser mais 
considerada uma opção de vida para 
as crianças.
No período transitório que estiver no abrigo, a
menina ou o menino deve contar com todas
as condições para se desenvolver. Deve 
encontrar um ambiente bem cuidado, íntimo 
e acolhedor. Por isso, não podem ser mais do
que 20 crianças, e os irmãos devem, de 
preferência, sempre ficar juntos. Os dormitórios
têm que ser pequenos, os armários individuais,
e deve haver lugar para estudar e brincar. Os
cuidadores não podem mudar a toda hora,
nem fazer um trabalho isolado. Precisam 
interagir com a comunidade, bem como 
buscar um vínculo com as famílias das 
crianças. O abrigo é, portanto, um atendimento
social qualificado, que requer investimento
intenso por parte do poder público e 
avaliação contínua.
Em busca de iniciativas inspiradoras na defesa
do direito à convivência familiar, o Prêmio
Criança 2004 localizou quatro experiências em
diferentes cidades do país.
Em Londrina, norte do Paraná, destaca-se a
ação da Casa Abrigo Arte de Viver, ligada à
Casa de Maria — Centro de Apoio aDependentes. Ela atende crianças de zero a 
14 anos que têm famílias violentas ou com
usuários de drogas, buscando o retorno a suas
casas o mais breve possível. Desde 2000,
foram acolhidas 38 crianças, 18 já voltaram a
morar com os pais ou avós e quatro encon-
traram uma nova família.
Em Belo Horizonte (MG), destaca-se o Projeto
Prevenção do Abandono, Acolhida e Reinserção
Familiar da Criança em Situação de Risco,
realizado pela Casa de Acolhida Novella. Em
2003, a Casa atendeu 32 crianças em 
situação de risco pessoal, afastadas da família
por medidas do Juizado e dos Conselhos
Tutelares. Em média, as crianças ficam 
abrigadas por seis meses, e 80% delas 
retornam à família de origem. Ao mesmo
tempo, 45 famílias participaram de um 
trabalho de apoio e orientação.
Evitar a institucionalização de crianças 
também é objetivo do Grupo Viva Rachid,
criado em 1994, no Recife (PE). O Projeto
Apoio Psicossocial às Famílias vivendo com
HIV/Aids presta atendimento a crianças com o
vírus e a seus familiares, buscando superar
preconceitos e garantir a convivência 
familiar e comunitária. Em 2003 foram 
atendidas 132 crianças e adolescentes 
que moram na região metropolitana do 
Recife e 28 cidades do interior.
Em Fortaleza (CE), o Centro de Nutrição do
Conjunto Palmeiras (CNCP) desenvolve o
Projeto Saber Cuidar junto a educadores 
infantis e familiares a fim de prevenir ou 
superar a desnutrição infantil. Em 2003,
foram beneficiadas 176 crianças de zero a
seis anos de idade com desnutrição.
Da prevenção do abandono ao combate à
desnutrição, as diferentes iniciativas intervêm
junto às famílias como espaços singulares
para o desenvolvimento infantil. Além disso,
reconhecem a família como capaz de cuidar e
proteger seus filhos, por mais difícil que seja
sua situação de vida.
C ada criança que chega à Casa Abrigo Artede Viver é convidada a se sentir em casa.
Com jardim e quintal grande, a casa fica de 
portas abertas, com as crianças correndo 
livremente. São três quartos: um para as 
meninas, outro para os meninos e um terceiro
para os bebês. A casa atende 14 crianças de
zero a 14 anos de idade (incluindo grupos de
irmãos) que foram maltratadas ou 
negligenciadas por mães ou pais dependentes
de álcool ou outras drogas.
Inaugurada em abril de 2000, na cidade de
Londrina (PR), a casa abrigo já acolheu outras
24 crianças. Destas, 18 retornaram às famílias
sendo que nove delas ainda participam das
atividades diárias da casa, incluindo 
atendimento psicossocial. Quatro agora vivem
com famílias substitutas, e duas foram 
encaminhadas a outras instituições e ainda
recebem acompanhamento psicológico 
da equipe.
A casa abrigo é uma iniciativa da Casa de
Maria — Centro de Apoio a Dependentes, que
desde 1990 dedica-se à missão de “atender os
indivíduos e suas famílias com problemas 
relacionados ao álcool e à droga”. A partir de
sua experiência com jovens e adultos, percebeu
a necessidade de acolher as crianças dessas
famílias para garantir seu desenvolvimento e
impedir que a história de exclusão e dependência
se repetisse. Encaminhada pelo Conselho
Tutelar, Vara da Infância ou Ministério Público, a
criança é recebida na casa abrigo pela mãe
social. Com orientação e apoio da equipe 
técnica, ela assume o total cuidado da criança:
providencia sua roupa, coloca para dormir,
prepara a comida, dá banho e carinho.
Além de criar uma vida normal dentro de casa,
a proposta mantém o vínculo dos meninos e
meninas com a comunidade, promovendo o
acesso a todos os recursos disponíveis. Eles
estudam na escola do bairro, freqüentam aulas
de esporte, vão à catequese e ao posto de
saúde. Em especial, recebem o apoio de uma
psicóloga, que propõe dinâmicas para fortalecer
o autoconhecimento, a auto-estima e a 
socialização. E não falta tempo livre para 
DE VOLTA 
PARA CASA
Articulada com os serviços da comunidade, a Casa Abrigo Arte de
Viver acolhe crianças maltratadas em famílias usuárias de drogas e
cria condições para que voltem para casa
A individualidade das 
crianças é respeitada na
Casa Abrigo Arte de Viver
26
brincar, visitar os amigos ou não fazer nada —
como qualquer criança.
Em paralelo, a equipe faz um trabalho intenso
com a família. Assim que a criança chega à
instituição, a assistente social registra seus
dados numa ficha e organiza uma visita a sua
casa. Ao serem comunicados que seus filhos
estão ali abrigados, os pais recebem todas as
informações de como será o processo de
abrigamento e quais as mudanças necessárias
para que a criança possa retornar à família.
Começam, então, os encontros de apoio e
reflexão para ampliar a consciência dos pais
em relação a seu papel no desenvolvimento
infantil. A metodologia escolhida é a do
genograma: um estudo das estruturas familiares
para análise das relações que possibilitem uma
posterior intervenção. Reconstrói-se a história
das últimas três gerações, visando perceber os
conflitos e dramas repetidos, bem como as
oportunidades de mudança. Ao mesmo tempo,
fica claro que cada família tem uma história e
realidade diferente.
Traçado esse “mapa”, por meio de conversas,
visitas e reuniões, a equipe discute com os
familiares o que estes desejam mudar e de que
forma, sendo em seguida acionada a rede de
atendimento local.
A meta inicial era que, depois de um ano, as 
crianças retornassem às suas famílias. Mas logo
a equipe avaliou que, embora as crianças já
estivessem preparadas para o retorno, suas
famílias precisavam de um tempo maior. Hoje
trabalha com a média de dois anos de 
acompanhamento. E, mesmo após o retorno da
criança, esta continua recebendo atendimento
terapêutico na casa abrigo, além de aproveitar a
parceria com a escola de esporte, por exemplo.
O retorno das crianças para a família é a 
principal vitória da iniciativa. Principalmente,
porque pais e mães tiveram a oportunidade e o
apoio para realmente mudarem sua relação
com os filhos.Todas que aderiram ao 
tratamento do alcoolismo e dependência 
química continuam em abstinência e inseridas
no mercado de trabalho. A família tornou-se,
assim, um ambiente saudável e afetuoso 
para o desenvolvimento da criança.
DADOS GERAIS
Iniciativa: Casa Abrigo Arte de Viver
Local de atuação: Londrina (PR)
Organização: Casa de Maria — Centro de Apoio a
Dependentes
Público atendido pela iniciativa em 2003
7 crianças de zero a seis anos de idade abrigadas
7 crianças de sete a 14 anos de idade abrigadas 
9 crianças e adolescentes de sete a 17 anos 
ex-abrigados 
Principais parceiros da organização
Centro de Atendimento à Mulher (CAM)
Clínicas particulares
Comissão Estadual DST/Aids
Conselho Municipal de Assistência Social
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
Conselho Nacional de Assistência Social
Conselho Tutelar
Escolas particulares/públicas
Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT)
Hospitais da rede pública e particular
Núcleo Regional de Ensino
Prefeitura Municipal de Londrina
Pronto-Atendimento Infantil (PAI)
Rede de postos de saúde
Secretaria de Ação Social da Prefeitura Municipal de Londrina
Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Londrina
Sercomtel S/A Telecomunicações
Vara da Infância e da Juventude – Ministério Público Promotorial
Principais parceiros da iniciativa 
Banco do Brasil
Casa de Nazaré
Cercontel
Centro de Atendimento à Mulher (CAM)
Clínica Homeopática Dr. Gilmar
Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
Conselho Tutelar
Escola de Natação Forma D’Água
Escola de Natação Baby Nad
Escola Meta
Escolas municipais e estaduais
Posto de Saúde Alvorada
Pronto-Atendimento Infantil (PAI)
Projeto

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