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Parceria Apoio Prêmio Criança 2004 Boas iniciativas em busca da proteção integral à criança pequena Saúde do Bebê, da Gestante e da Criança Educação Infantil Convivência Familiar Convivência Comunitária Agosto/2004 DIRETORIA EXECUTIVA Diretor-presidente: Rubens Naves Diretor-tesoureiro: Synésio Batista da Costa CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente: Ismar Lissner Secretário: Sérgio E. Mindlin Membros efetivos: Aloísio Wolff, Carlos Antonio Tilkian, Carlos Rocha Ribeiro da Silva, Daniel Trevisan, Emerson Kapaz, Érika Quesada Passos, Fernando Moreira Salles, Guilherme Peirão Leal, Gustavo Marin, Hans Becker, Isa Maria Guará, José Berenguer, José Eduardo P. Pañella, Lourival Kiçula, Márcio Ponzini, Oded Grajew e Therezinha Fram Membros suplentes: Edison Ferreira, José Luis Juan Molina e José Roberto Nicolau CONSELHO FISCAL Membros efetivos: Audir Queixa Giovani, José Francisco Gresenberg e Mauro Antônio Ré Membros suplentes: Alfredo Sette, Rubem Paulo Kipper e Vítor Aruk Garcia CONSELHO CONSULTIVO Presidente: Therezinha Fram Vice-presidente: Isa Maria Guará Membros: Aldaíza Sposati, Aloísio Mercadante Oliva, Âmbar de Barros, Antônio Carlos Gomes da Costa, Araceli Martins Elman, Benedito Rodrigues dos Santos, Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Helena M. Oliveira Yazbeck, Hélio Pereira Bicudo, Ilo Krugli, João Benedicto de Azevedo Marques, Joelmir Betting, Jorge Broide, Lélio Bentes Corrêa, Lídia Izecson de Carvalho, Magnólia Gripp Bastos, Mara Cardeal, Marcelo Pedroso Goulart, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria Cristina de Barros Carvalho, Maria Cristina S. M. Capobianco, Maria Ignês Bierrenbach, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch Noleto, Marta Silva Campos, Melanie Farkas, Munir Cury, Newton A. Paciulli Bryan, Norma Jorge Kyriakos, Oris de Oliveira, Pedro Dallari, Rachel Gevertz, Ronald Kapaz, Rosa Lúcia Moysés, Ruth Rocha, Sandra Juliana Sinicco, Sílvia Gomara Daffre, Tatiana Belinky, Valdemar de Oliveira Neto e Vital Didonet SECRETARIA EXECUTIVA Gerente Executiva Operacional: Ely Harasawa Gerente Executivo de Relacionamento: Luis Vieira Rocha Área Administrativo-Financeira: Victor Alcântara da Graça Área de Comunicação: Renata Cook Área de Informação: Walter Meyer Karl Área de Mobilização e Políticas Públicas: Itamar Batista Gonçalves Área de Captação de Recursos: Lygia Fontanella - Deadman Área de Planejamento e Avaliação: Ely Harasawa Assessoria da Presidência: Ana Maria Wilheim PROGRAMA PRÊMIO CRIANÇA Equipe: Leila Midlej (Coordenadora), Maria do Carmo Krehan e Nelma dos Santos Silva Parceria Apoio D esde seu primeiro momento de vida, as crianças devem ter todos osseus direitos garantidos. Esse desafio precisa ser cada vez mais assumido pelo poder público e a sociedade civil — não apenas em busca de um futuro melhor para o país, mas também de um presente mais digno e feliz para cada criança. A criança já nasce sujeito de direitos, e não “virá a ser”, como se pensou durante tantos anos. Sua especial diferença é estar em pleno desenvolvimento, dependendo dos cuidados do adulto. Em nenhuma outra fase da vida a pessoa se desenvolve tão intensamente como nos meses da gestação ou nos primeiros anos da infância. As últimas descobertas da neurociência revelam que nascemos com quase todas as células cerebrais necessárias para nosso desenvolvimento. Mas, para que este ocorra de forma plena, descobriu-se que são decisivas as ligações que se estabelecem entre elas — as chamadas “sinapses”. Uma célula chega a se ligar a outras milhares de células. Cada toque, cada olhar, cada estímulo provoca essa interação. Mas se, ao contrário, uma criança não recebe carinho, não brinca ou não se movimenta, ela deixa de realizar essas sinapses, que não terão mais chance de acontecer. Isso porque esse processo não é linear. As sinapses acontecem intensamente nos primeiros seis anos de vida, especialmente nos três primeiros, continuam com menos intensidade até a adolescência e depois decrescem. Não por acaso a Constituição Federal elegeu a criança prioridade absoluta da sociedade e reconheceu a necessidade de se criar uma rede de proteção integral à infância. Meninos e meninas precisam ser protegidos no seu direito de se alimentar, brincar, dormir, ser estimulados, crescer de forma saudável, conviver com a família e com a comunidade. Mas essa é uma realidade ainda distante, pois, apesar de importantes esforços, a situação da primeira infância brasileira continua alarmante. Anualmente, 88 mil crianças morrem no Brasil antes de completar seu primeiro ano de vida, segundo dados do IBGE/2000. Já antes de nascer, o descuido é fatal: 1461 mulheres morrem, a cada ano, durante a gestação, parto ou pós-parto por problemas que podiam ser evitados ou controlados. Um total de 1,5 milhão de gestantes recebe atendimento pré-natal insuficiente. Estima-se que, até 2000, 650 mil crianças com menos de um ano não tinham registro civil. Quanto à alimentação, os bebês brasileiros são amamentados, em média, apenas um sexto do tempo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 1,9 milhão de crianças até cinco anos apresentam desnutrição crônica! E quase 68% das 23 milhões de crianças de zero a seis anos não freqüentam creches ou pré-escolas. Vale ainda destacar as insistentes desigualdades: uma mulher que vive no Pará tem 15 vezes mais chance de dar à luz sem assistência do que uma moradora do Distrito Federal. Se ela for negra, essa proporção se multiplica por dois. Uma criança pobre, por sua vez, tem oito vezes mais chance de não freqüentar a escola que uma criança rica. Se for uma criança com deficiência a exclusão é duas vezes maior. Visando mudar essa realidade, despontam em todo o país propostas consistentes e corajosas desenvolvidas pela sociedade, que merecem ser reconhecidas, apoiadas e disseminadas. Em busca dessas boas iniciativas para a criança pequena, a Fundação Abrinq tem o orgulho de apresentar as 15 finalistas do Prêmio Criança 2004. São experiências inovadoras, com forte impacto social e grande potencial de disseminação. Nosso aplauso a todas as equipes, voluntários e apoiadores que realizam esse trabalho, e especialmente às crianças que os motivam a cada dia. Rubens Naves Diretor-presidente da Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente Pág. 6 Apresentação Saúde do Bebê, da Gestante e da Criança Educação Infantil Prêmio Criança 2004 Índice Pág. 8 Pág. 16 Pág. 10 Pág. 12 Pág. 14 Pág. 18 Pág. 20 Pág. 22 A VIDA DÁ SEUS PRIMEIROS PASSOS UM DIREITO QUE AINDA PRECISA SER GARANTIDO PELAS MÃOS DA COMUNIDADE Projeto Crescendo Seguro Grupo de Apoio às Comunidades Carentes do Maranhão QUANDO O PROFESSOR VIRA ALUNO Programa de Formação em Serviço para Educadores Infantis das Associações Rurais do Vale do Jequitinhonha Fundo Cristão para Crianças (CCF–Brasil) EDUCADORES EM CONSTRUÇÃO Programa de Formação dos Profissionais de Educação Infantil Fundação Orsa UM NOVO OLHAR, UM NOVO VÍNCULO Projeto Criança é Vida — Bebês Instituto Criança é Vida VIDA SAUDÁVEL NAS ONDAS DO RÁDIO Comunicando Saberes, Realizando Sonhos: o Rádio no Fortalecimento das Competências Familiares Catavento Comunicação e Educação Ambiental FAZER ARTE É COISA DE CRIANÇA Projeto Arte-Educação Movimento de Luta Pró-Creches (MLPC) Convivência Familiar Convivência Comunitária Pág. 24 Pág. 34 Pág. 26 Pág. 28 Pág. 30 Pág. 32 Pág. 36 Pág. 38 Pág. 40 Pág. 42 Pág. 44 Pág. 50 Pág. 48 Pág. 46 A FORMAÇÃO DA REDE DE RELAÇÕES A LEITURA DO MUNDO Programa Baú de Leitura Movimento Pró- Desenvolvimento Comunitário BRINCADEIRA PARATODOS Programa Compartilhando a Arte de Brincar Espaço Compartilharte SONHO E FANTASIA COLOREM O AGRESTE Brinquedoteca, Aqui a Gente Aprende Centro de Apoio à Criança LUGAR DE BRINCAR É NO HOSPITAL A melhor história é a que se aprende contando Associação Viva e Deixe Viver UM JEITO COOPERATIVO DE SER Programa A União Faz a Vida Cooperativa Central de Crédito do Rio Grande do Sul (Sicredi Central/RS) NO COLO DA ALDEIA Projeto Saber Cuidar Centro Comunitário de Reabilitação e Educação Nutricional/Centro de Nutrição do Conjunto Palmeiras UM ABRAÇO MAIS FORTE Apoio Psicossocial às Famílias Vivendo com HIV/Aids Grupo Viva Rachid PARA PREVENIR O ABANDONO Prevenção do Abandono, Acolhida e Reinserção Familiar da Criança em Situação de Risco Creche Comunitária Jardim Felicidade — Casa de Acolhida Novella DE VOLTA PARA CASA Casa Abrigo Arte de Viver Casa de Maria — Centro de Apoio a Dependentes A FAMÍLIA DE PORTAS ABERTAS Publicações do Prêmio Criança 2002 Contemplados com o Prêmio Criança (1989-2002) Programas da Fundação Abrinq 6 A s crianças pequenas — de zero a seisanos de idade — voltam a ser o centro das atenções do Prêmio Criança em sua edição de 2004. Realizada pela Fundação Abrinq desde 1989, a premiação já revelou 52 ações exemplares na defesa da proteção integral das crianças e adolescentes, nos mais variados locais do país (veja os premiados dos anos anteriores na página 48). Em 2002, o prêmio tornou-se temático e focou em uma faixa etária específica — a primeira infância. Garantir o direito de uma vida digna desde os primeiros momentos de vida revelou-se um caminho valioso para a construção de uma infância mais justa e feliz. A partir daquele ano, a Fundação Abrinq lançou-se também ao desafio de sistematizar as experiências premiadas para que pudessem ser disseminadas pelo país, inspirando inclusive as políticas públicas da área. Para garantir o ciclo completo de avaliação, seleção, premiação, sistematização e disseminação, o prêmio também tornou-se bienal. Durante todo o ano de 2003, foi realizado esse trabalho em relação às iniciativas vencedoras do ano anterior, o que Prêmio Criança 2004 Apresentação 7 resultou na publicação das quatro experiências em diferentes estratégias de divulgação e disseminação (saiba mais sobre estas publicações na página 46). A primeira infância voltou a inspirar esta edição do prêmio, priorizando quatro temas: Saúde do Bebê, da Gestante e da Criança — com ênfase em ações de nutrição e pré-natal, parto, pós-parto, aleitamento e cuidados no primeiro ano de vida; Educação Infantil — com ênfase na formação de professores e na inclusão de crianças com deficiência; Convivência Familiar — com ênfase no trabalho de apoio e orientação à família, de abrigo e de inserção familiar; e Convivência Comunitária — com ênfase na valorização de brincadeiras, arte e cultura, redes de solidariedade e ações comunitárias de comunicação, como rádios ou campanhas. No total, inscreveram-se 260 iniciativas realizadas por indivíduos, empresas e, na sua grande maioria, organizações sociais. Distribuídas de maneira regular pelas quatro áreas temáticas, prevaleceram as inscrições da região Sudeste (67%), seguidas pelo Nordeste (17%), Sul (12%), Centro-Oeste (4%) e apenas uma inscrição da região Norte. Para concorrer à premiação, as iniciativas deviam ter pelo menos um ano de funcionamento e estar em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na perspectiva da proteção integral à criança. Deviam também contar com a efetiva participação da comunidade, apontar sua inserção no contexto cultural local e apresentar estratégias de articulação com os atores sociais e o poder público envolvidos no tema de atuação. Outro requisito era apresentarem metodologias eficazes e eficientes em relação ao contexto regional e ao público atendido, destacando seus aspectos inovadores, além de utilizar estratégias de avaliação e ter resultados que pudessem ser analisados quantitativa e qualitativamente. Ao mesmo tempo, deviam apresentar custos coerentes e viáveis, planejar e assegurar sua continuidade e ser avaliadas como passíveis de disseminação. A esses requisitos gerais, foram somados critérios específicos para cada categoria. Nessa fase, a Fundação Abrinq organizou quatro seminários com especialistas para ampliar a compreensão dos temas e subsidiar o trabalho do Comitê Técnico. Formado por profissionais das diferentes áreas, o comitê avaliou o material enviado e selecionou 24 experiências para receberem visita técnica. Em seguida, examinou os relatórios elaborados pelos visitadores e escolheu as 15 semifinalistas. Esse grupo foi então examinado pela Comissão Julgadora — composta por membros do Conselho de Administração, Conselho Consultivo e Grupo Gestor da Fundação Abrinq e também por representante do Banco Santander Banespa, principal apoiador do Prêmio Criança. A comissão confirmou as 15 como finalistas e elegeu as quatro vencedoras, anunciadas em evento público de premiação na cidade de São Paulo. Além de receber o troféu, elas serão protagonistas de um trabalho de sistematização e disseminação, que terá início ainda em 2004. Nas páginas a seguir, divididas pelas áreas temáticas, são apresentadas as finalistas desse processo seletivo. Um mosaico de idéias, ações e resultados que revelam o entusiasmo e a seriedade daqueles que buscam garantir os direitos de todas as crianças no país. 8 G arantir o direito à saúde da criançapequena vai muito além do necessário combate às doenças. É essencial preveni-las e, principalmente, promover o bem-estar integral e contínuo da criança. Nesse caminho, a primeira certeza é que seu desenvolvimento saudável começa já nos primeiros momentos de sua existência e está intimamente ligado à saúde de sua mãe. A alarmante dimensão da mortalidade materna no país revela a urgência de iniciativas e políticas efetivas na área. Anualmente, morrem 51 mulheres para cada 100 mil nascidos vivos. E a absoluta maioria por causas que podem ser evitadas ou tratadas. Basta garantir o devido acompanhamento de saúde durante todo o período de gestação, parto e puerpério. Com duração média de 40 semanas, a ges- tação torna o organismo da mulher mais vul- nerável a doenças e infecções. Afinal, ele sofre uma intensa adaptação para suportar a ges- tação. Para detectar e enfrentar qualquer risco nessa fase, a mulher e o bebê devem ser acompanhados atentamente. É o chamado cuidado pré-natal, que deve começar cedo (antes de 12 semanas de gestação), se repetir todos os meses, incluir exames variados e os devidos encaminhamentos. Ao terminar o pré-natal, a mãe também deve saber onde dará à luz. Chegada a hora do nascimento, mãe e filho enfrentam o momento de maior risco desse ciclo. Além da habitual peregrinação em busca de vaga, a gestante brasileira depara-se com a falta de assistência humanizada, estando sujeita ao abuso das cesarianas e ao abandono depois do parto — a falta de supervisão faz com que ainda hoje mulheres morram por hemorragia. Na realidade, a mãe precisa de atenção não apenas no pós-parto imediato, mas durante todo o período puerpério — que se estende por, no mínimo, 42 dias. Além de orientar quanto ao planejamento familiar, o serviço de saúde deve cuidar do risco de depressão e desnutrição da mãe. Não se pode esquecer que o aleitamento representa um desgaste nutricional e energético muito maior do que a gestação. E somente bem alimentada, saudávele apoiada, a mãe poderá amamentar e cuidar devidamente do bebê. Importantes esforços realizados por diferentes organizações sociais e pelo próprio Ministério da Saúde nos últimos anos têm produzido efeito animador nas estatísticas. Mas é necessário intensificar a ação, pois 88 mil crianças continuam morrendo todos os anos antes de completar seu primeiro ano de vida. Saúde do Bebê, da Gestante e da Criança A vida dá seus primeiros passos Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 7 — A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. 9 Ao mesmo tempo, cerca de 1,9 milhão de crianças até cinco anos apresentam desnutrição crônica. São desafios que mere- cem ação ampla e integrada, pois, embora a renda baixa esteja na base do problema, ela não é a única causa a ser enfrentada. Saúde para além dos hospitais Muitas vezes, a mãe da criança desnutrida não teve um pré-natal adequado, fez uma cesariana desnecessária ou ainda interrompeu a amamentação antes do tempo. Além disso, a desnutrição atinge mais comumente a criança que nasceu de forma prematura ou com baixo peso. Ou que não recebeu a estimulação de que precisava, crescendo numa família marcada pela violência ou uso de drogas. É revelador perceber como a desnutrição está intimamente ligada ao lugar que a criança ocupa na família: se recebe afeto, atenção e cuidado, dificilmente será desnutrida. Além da desnutrição, milhares de meninos e meninas adoecem e morrem por anemia, doenças respiratórias, diarréia e infecção urinária, além de Aids. Há os que sofrem continuamente com a violência doméstica e a falta de acesso à alimentação, lazer, esporte, escola e moradia — temas que também devem ser enfrentados na promoção da saúde. Em busca de iniciativas que afirmem e assegurem o direito à saúde integral da mulher e da criança, o Prêmio Criança 2004 identificou três propostas inspiradoras, consistentes em sua metodologia e rotina de avaliação. O desafio da desnutrição infantil está sendo combatido de maneira inovadora pelo Projeto Crescendo Seguro, desenvolvido pelo Grupo de Apoio às Comunidades Carentes do Maranhão (GACC/MA), na capital maranhense. Desde a gestação, as mães e bebês são orientados e acompanhados pela equipe do projeto. Iniciado em março de 2001, já atendeu 852 crianças desnutridas de zero a seis anos e 445 gestantes e nutrizes. Garantir o acesso às informações fundamentais para um desenvolvimento saudável da criança pequena também faz parte da estratégia do Projeto Criança é Vida — Bebês, do Instituto Criança é Vida, desen- volvido na capital paulista. Na sua fase piloto, de agosto de 2002 ao final de 2003, o projeto formou 53 funcionárias e diretoras de creches, que repassaram conhecimento para 1045 mães com 1130 bebês de até dois anos de idade. As famílias e a comunidade também são o foco de atenção do Projeto Comunicando Saberes, Realizando Sonhos: o Rádio no Fortalecimento das Competências Familiares, desenvolvido pela organização Catavento Comunicação e Educação Ambiental, espalhado por 28 municípios cearenses. Além de produzir programas de rádio, ouvidos por um público estimado de 8700 famílias, o projeto já capacitou 103 radialistas e estruturou sete grupos de famílias, sempre promovendo a discussão e o fortalecimento das competências familiares e municipais para o desenvolvimento saudável da criança pequena. A promoção da saúde de maneira ampla e integrada, para além dos muros de consultórios ou hospitais, é um ponto em comum das três iniciativas. Familiares, agentes comunitários, radialistas, profissionais de creche, todos são chamados a compartilhar a responsabilidade pelo desenvolvimento saudável das crianças. 10 A uma hora do centro da capital maranhense, em casas sem saneamento básico, com ruas de chão batido, mato e poças d’água, famílias da Cidade Olímpica são visitadas pela equipe do Projeto Crescendo Seguro. A razão da visita é a presença de gestantes ou crianças desnutridas, que precisam de um acompanhamento atento e transformador. Iniciado em março de 2001, com duração prevista de quatro anos, o projeto já atendeu 852 crianças desnutridas de zero a seis anos e 445 gestantes e nutrizes. Realizado na Cidade Olímpica e na área do Turu (incluindo Vila Luisão, Sol e Mar e Brisa do Mar), esta é uma iniciativa do Grupo de Apoio às Comunidades Carentes do Maranhão (GACC/MA). O GACC/MA tem como missão “contribuir, no âmbito do Estado do Maranhão, para o fortalecimento de estratégias de desenvolvimento comunitário, a partir das aspirações da própria comunidade, visando à construção de maiores espaços de participação social”. Em parceria com entidades comunitárias, desenvolve ações integradas nas áreas de saúde preventiva, educação, qualificação profissional, inclusão no mercado de trabalho, formação de lideranças jovens e capacitação de agentes comunitários. O Projeto Crescendo Seguro faz parte das ações do Programa Acompanhamento Social Familiar, que orienta as famílias sobre seus direitos fundamentais na área de saúde, educação, trabalho e renda. Como estratégia de atendimento local, são instalados nas comunidades Plantões de Orientação Social e realizadas visitas domiciliares. A partir daí, identificam-se as principais demandas e prioridades a serem trabalhadas nas comunidades. Entre outras urgências, despontou a necessidade de se realizar atividades relativas à saúde da mulher. Com a participação das próprias mulheres, foi organizado um grupo temático sobre Gestantes e Nutrizes e outro sobre Planejamento Familiar, além de visitas. PELAS MÃOS DA COMUNIDADE A desnutrição infantil é prevenida e combatida na periferia de São Luís do Maranhão por meio do fortalecimento da própria comunidade, que se torna protagonista das mudanças sociais Os agentes comunitários visitam quinzenalmente as famílias atendidas pelo Projeto Crescendo Seguro 11 Também mereceu destaque a atenção à criança de zero a seis anos, muitas vezes comprometida em seu crescimento e desenvolvimento saudável. As crianças dessa faixa etária representam 26% da população da área do Turu e 23% da Cidade Olímpica. Em 2002, o GACC/MA realizou uma pesquisa junto a 721 crianças deste bairro e identificou que 605 apresentavam baixo peso. Com o objetivo de proporcionar um desenvolvimento saudável às crianças pequenas de ambas as localidades, nasceu o Projeto Crescendo Seguro. O projeto é desenvolvido em parceria com entidades locais. Estas indicam os agentes comunitários que são capacitados para realizar as visitas domiciliares e facilitar os grupos temáticos. A capacitação focou temas ligados à saúde e à cidadania infantil, incluindo aleitamento, vacinação, afetividade, estimulação e alimentação alternativa.Todos esses assuntos também fazem parte de uma cartilha produzida com linguagem simples e objetiva, numa tiragem de três mil exemplares. Os agentes realizam visitas quinzenais às famílias, quando pesam as crianças, observam o cartão de vacinas da criança e do pré-natal da gestante e fazem encaminhamentos médicos. Vale também destacar a atenção dada à estimulação infantil, buscando conscientizar a família sobre a importância de brincar com a criança. Além das visitas, os agentes organizam grupos com as mães das crianças desnutridas para orientação e troca de informações. As mãestambém são envolvidas no preparo e distribuição mensal de farinha láctea e da multimistura da Pastoral da Criança para auxiliar na recuperação nutricional. E ainda é incentivado o cultivo de hortas caseiras para ampliar as alternativas alimentares. Outro exemplo de ação é a Campanha de Filtro para demonstrar às famílias a importância da água tratada na prevenção de doenças. A Campanha de Pesagem, por sua vez, busca identificar meninos e meninas que apresentam algum nível de desnutrição para que possam ser acompanhados. Na soma dessas ações, o projeto tem contribuído efetivamente para a melhoria da qualidade de vida das crianças e suas famílias. Das 852 crianças desnutridas atendidas até fevereiro de 2004, 66% evoluíram de peso e 29% saíram do quadro de desnutrição — sendo que 5% não foram avaliadas por terem se desligado do projeto. Em relação às 445 gestantes atendidas, observou-se que 91% realizaram o pré-natal e 100% amamentaram seus filhos. DADOS GERAIS Iniciativa: Projeto Crescendo Seguro Local de atuação: São Luís (MA) Organização: Grupo de Apoio às Comunidades Carentes do Maranhão (GACC/MA) Público atendido pela iniciativa até fevereiro de 2004 307 crianças de zero a um ano de idade 247 crianças de dois a três anos de idade 298 crianças de quatro a seis anos de idade 445 gestantes Principais parceiros da organização Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) Alumar Comitê para Democratização de Informática (CDI) Conselhos Estadual e Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Essor (França) Fundação Alcoa Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Governo do Estado do Maranhão Instituto de Cidadania Empresarial Prefeitura do Município de São Luís Rede Amiga da Criança Uniões de moradores, grupos organizados e associações de bairro Principais parceiros da iniciativa Associação de Moradores da Brisa do Mar (Abrismar) Conselho Estadual da Criança e do Adolescente Essor (França) Faculdade Santa Terezinha Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Grupo da Amizade de Apoio à Comunidade da Vila Luizão (GAACVL) Grupo Luz do Amanhã (Glacol) Grupo Solidário da Cidade Olímpica (GSCOL) Grupo Vida e Esperança da Cidade Olímpica (GVECOL) Maternidade Marli Sarney Pastoral da Criança Programa Saúde da Família (PSF) Secretaria Municipal de Saúde Sociedade Brasileira de Pediatria União de Moradores do Bairro Sol e Mar (Unimar) Fontes de recursos da iniciativa 100% de agências financiadoras internacionais Grupo de Apoio às Comunidades Carentes do Maranhão (GACC/MA) Rua Rocha Pombo, 76 Vila Passos São Luís – MA Cep: 65025-750 Tel: (98) 232-4604 Fax: (98) 221-6187 gacc@elo.com.br www.gacc-ma.org.br Relato de visita: “A valorização das parcerias, especialmente com entidades comunitárias, é o ponto mais forte do projeto. Elas são entendidas como esteio principal para garantir a sustentabilidade da proposta político-pedagógica na comunidade.” Magnólia Gripp Bastos Educadores são capacitados com cartilhas sobre cidadania infantil “P assamos a fazer nosso trabalho deoutra maneira.Temos um novo olhar que nos permite perceber o desenvolvimento dos bebês de forma mais ampla e clara, reconhecendo seus anseios e necessidades, dificuldades e medos. Estamos nos sentindo mais preparadas para assumir este importante papel na vida de cada criança.” O depoimento de uma educadora da Creche Parque Santa Madalena II traduz a essência do Projeto Criança é Vida — Bebês, desenvolvido em São Paulo (SP) pelo Instituto Criança é Vida. Criado em 2002, pela Indústria Química e Farmacêutica Schering-Plough, o instituto tem a missão de “colaborar para a construção de um país com mais saúde”. Dedica-se à transmissão de conteúdos de educação para saúde, bem como à mobilização e formação de voluntários e profissionais da área para atuar junto a comunidades socialmente excluídas. Cerca de 400 multiplicadores já foram capacitados pela organização, ajudando a levar conhecimento e dicas práticas a mais de 17 mil famílias e 39 mil crianças. Com a mesma estratégia, o Projeto Criança é Vida — Bebês foca a saúde das crianças em seus dois primeiros anos de vida. É dirigido aos cuidadores — profissionais de creche e familiares — para ampliar seu conhecimento sobre a vida emocional de um bebê, promover suas competências e conscientizá-los sobre a importância de seus cuidados. De agosto de 2002 a novembro de 2003, aconteceu a etapa piloto do projeto, com a sensibilização de 53 funcionárias e diretoras de 13 creches da cidade, que repassaram os conteúdos aprendidos para 1045 mães com 1130 bebês de zero a dois anos de idade. O projeto nasceu no ano em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a prevenção à violência como uma prioridade em saúde pública. Uma das linhas de ação proposta foi justamente a realização de programas junto a educadores de crianças pequenas para desenvolvimento de conhecimentos, competências e práticas para uma educação positiva, amistosa e cooperativa. O ponto de partida do Criança é Vida — Bebês é perceber o bebê como um ser competente e capaz de interagir com seus cuidadores desde os primeiros dias de vida. Ao mesmo tempo, afirma-se que a qualidade dessa primeira ligação determina, em grande parte, a forma como a criança vai se relacionar com o mundo por toda a sua vida. Ao experimentar a sensação de que alguém se interessa por ele, o bebê desenvolve o sentimento de confiança no ambiente e a esperança de que suas necessidades serão UM NOVO OLHAR, UM NOVO VÍNCULO Na capital paulista, cuidadores de bebês participam de um projeto de sensibilização que amplia a compreensão do desenvolvimento infantil e garante a base para uma saúde integral Cartazes do projeto facilitam o repasse de conteúdos às famílias 12 atendidas. São as sementes da auto-estima, tão importante na construção de uma personalidade positiva e equilibrada. Esse processo facilita a formação de bons vínculos sociais, pois cria senso de respeito e consideração pelo outro. Se essa ligação saudável não acontece, surge um círculo vicioso e perverso que se expande, principalmente nas famílias em estado de abandono social: crianças que sofreram privações físicas e afetivas tornam-se pais incapazes de cuidar de seus filhos e indivíduos sem confiança em si e nos outros. Com essas certezas, o Projeto Criança é Vida — Bebês buscou se aproximar de 13 creches, propondo a elas um ciclo de seis módulos de formação. Desse modo foram convidadas a debater o tema, e depois replicar os conteúdos entre sua equipe ou também junto às famílias dos bebês — uma população composta principalmente de gestantes ou mães pobres, muitas vezes chefes de família ou adolescentes. Como material de apoio, cada módulo ofereceu uma apostila e um conjunto de cartazes, com linguagem simples e abordagem lúdica, para facilitar o repasse do conteúdo às famílias. Cada módulo também incluiu dinâmicas de “treinamento” de habilidades: o público era convidado a se colocar no lugar do bebê para vivenciar a experiência discutida. O primeiro módulo, Um Bom Início de Vida, tratou da expectativa da gravidez, da chegada do bebê, do seu mundo mental, da importância da confiança e afeto. Alimentação e Sono foi o tema do segundo módulo, com a discussão sobre aleitamento materno, mamadeira, hora de dormir, de abraçar e se separar. No terceiro encontro, foram debatidos os Indicadores do Desenvolvimento Emocional e Social, como o sorriso, a linguagem, o objeto de apego. O módulo seguinte, Crescendo com as Separações, abordou temas comoo desmame, o papel do pai e a ida para a creche. Os Novos Progressos do Bebê, como os primeiros passos, a mordida, o esconde- esconde e o brincar, ganharam atenção no quinto módulo. E, para finalizar o ciclo, foi levantado o tema Deixando de Ser Bebê, sobre a socialização, medos, limites e autonomia da criança. O sucesso na sensibilização dos adultos impulsionou a segunda etapa do projeto. Ela começou em abril de 2004, com duração prevista de oito meses. A grande notícia é que seu alcance quase triplicou, envolvendo 33 novas instituições. Em outras palavras, mais e mais crianças estão conquistando a oportunidade de um bom começo de vida. DADOS GERAIS Iniciativa: Projeto Criança é Vida — Bebês Local de atuação: São Paulo (SP) Organização: Instituto Criança é Vida Público atendido pela iniciativa em 2003 1130 crianças de zero a dois anos de idade 1045 mães 53 multiplicadores (funcionárias e diretoras de creches) Principais parceiros da organização Conquest One Eli Lilly do Brasil Futura Propaganda Indústria Química e Farmacêutica Schering-Plough S/A Pinhão & Koiffman Advogados Price Waterhouse Coopers Popular Comunicação Ltda. Parthner Terceirização de Recursos Humanos S/C Ltda. Perez & Damiani Comunicações Ltda. Rana Administradora e Consultoria de Seguros Vedacit Otto Baumgart Principais parceiros da iniciativa Eli Lilly do Brasil Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente Indústria Química e Farmacêutica Schering-Plough S/A Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP) Vedacit Otto Baumgart Fontes de recursos da iniciativa 100% de empresa privada Instituto Criança é Vida Rua Antonio das Chagas, 1623 Chácara Santo Antônio São Paulo – SP Cep: 04714-002 Tel: (11) 5188-5332 Fax: (11) 5188-5296 atendimento@criancaevida.org.br www.criancaevida.org.br Relato de visita: “Neste momento em que a preocupação com a violência nos impõe tensão e muitas vezes desencantamento, é um alento encontrar um trabalho como este, que prima pelo respeito a todos os atores envolvidos no começo da vida.” Sandra Regina de Souza 13 Educadores são capacitados para ampliar seus conhecimentos sobre a vida emocional da criança U ma boa notícia espalha-se pelo semi-áridocearense. Por meio das ondas do rádio, as famílias estão falando, ouvindo e discutindo seu papel no desenvolvimento saudável das crianças. É o Projeto Comunicando Saberes, Realizando Sonhos: o Rádio no Fortalecimento das Competências Familiares, que envolve 28 municípios do Ceará, destacados dentre os que possuem os piores índices de desenvolvimento humano do país. A iniciativa é da Catavento Comunicação e Educação Ambiental, que já realizou duas etapas do projeto com apoio do Unicef. A primeira estendeu-se de outubro de 2002 a fevereiro de 2003, e a segunda de julho de 2003 a fevereiro de 2004. O financiamento foi renovado e a terceira fase vem sendo preparada para ir ao ar. Criada em 1995, a Catavento dedica-se à missão de “contribuir com a construção de uma sociedade justa e solidária, fortalecendo aspectos culturais que promovam o desenvolvimento territorial, integrado e sustentável, através de ações plurais, formativas e educativas de comunicação, priorizando o trabalho com crianças e adolescentes”. Em todos os estados do Nordeste brasileiro, trabalha a partir de quatro eixos temáticos: Desenvolvimento Sustentável, Mobilização Social, Infância e Adolescência e Identidade Cultural. Com o projeto Comunicando Saberes, a Catavento lança-se ao objetivo de favorecer a troca de informações e práticas entre famílias, gestores municipais e profissionais de saúde na realização das competências familiares e municipais básicas para um desenvolvimento infantil saudável. Além do apoio do Unicef, conta com a parceria da Secretaria de Saúde do Estado, que dá suporte técnico, bem como facilita o acesso às secretarias municipais dos locais escolhidos. São as secretarias ou prefeituras que dão apoio logístico e operacional à equipe da Catavento. Seu primeiro passo é iniciar o debate junto a radialistas e comunicadores populares. São realizadas oficinas de sensibilização com duração de seis horas, em que são discutidas as competências familiares e municipais e como elas podem ser potencializadas através VIDA SAUDÁVEL NAS ONDAS DO RÁDIO As competências familiares ganham voz no semi-árido cearense por meio do rádio, graças à sensibilização e articulação dos profissionais das emissoras locais 14 Os programas de rádio são encenados para novos públicos do rádio. Depois da discussão teórica, os participantes são convidados a experimentar novos formatos e pensar como abordar o tema em seus programas — sejam eles esportivos, musicais ou jornalísticos. Até fevereiro de 2004, 103 radialistas e 11 comunicadores populares foram capacitados e introduziram conteúdos como a importância do exame pré-natal, da amamentação, das brincadeiras que estimulam o desenvolvimento infantil, dentre outros temas até então nada usuais em suas produções. Um concurso foi realizado, com júri formado por professores de universidades cearenses, e o autor da melhor matéria sobre esses assuntos premiado pela Catavento. Em segundo lugar, o projeto abre um espaço de conversa com as próprias famílias. No mesmo período, foram estruturados sete grupos de famílias, com a participação de 85 pessoas. A idéia é promover uma troca de experiências e saberes entre os adultos que cuidam das crianças. As conversas acontecem no formato de “rádio- fórum”, no qual famílias cadastradas no Programa Saúde da Família são convidadas a falar sobre suas experiências na garantia da saúde dos filhos. Discutem gravidez, alimentação, vacinas, prevenção de doenças etc. Esse debate é registrado e torna-se ponto de partida para a conversa com outro grupo, que comenta e complementa o que ouviu. Essa repercussão pode ainda gerar uma segunda rodada de conversa no primeiro grupo. A conversa é gravada, editada e transformada em conteúdo distribuído para 40 emissoras do estado, que integram a Rede de Rádio pelo Desenvolvimento Infantil, articulada pela Catavento.Até fevereiro de 2004, foram produzidos 38 spots curtos e 28 edições do programa semanal Conversa em Família, com dez minutos de duração. Dessa forma, a discussão chega ao público em geral. Os programas oferecem subsídios para que as famílias discutam e reflitam sobre suas competências, provocando uma mudança das práticas cotidianas em relação aos cuidados das crianças. Das mais diversas maneiras, o público tem recebido, reagido e recriado o conteúdo, dando novos impulsos à discussão. Crianças telefonam para as emissoras dizendo que acharam tudo muito bonito.Também chegam notícias de professores que levaram o programa para a sala de aula ou de grupos de teatro que encenaram o tema para novos públicos. São ventos que — criativamente — não param. DADOS GERAIS Iniciativa: Comunicando Saberes, Realizando Sonhos: o Rádio no Fortalecimento das Competências Familiares Local de atuação: 28 municípios do Ceará Organização: Catavento Comunicação e Educação Ambiental Público atendido pela iniciativa em 2003 Estimativa de 8700 famílias ouvintes da programação 114 radialistas e comunicadores populares capacitados 85 familiares participantes dos grupos de discussão Principais parceiros da organização Agência Nacional dos Direitos da Infância (Andi) Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Fórum Cearense pela Vida no Semi-Árido Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Fundo Internacional parao Desenvolvimento da Agricultura (Fida) Rede Cearense de Socioeconomia Solidária Principais parceiros da iniciativa 40 emissoras da Rede de Rádio pelo Desenvolvimento Infantil Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Secretaria de Saúde do Estado do Ceará Secretarias Municipais de Saúde Fontes de recursos da iniciativa 100% de projetos/organismos de cooperação internacional Catavento Comunicação e Educação Ambiental Rua Costa Barros, 1088 – casa 14 Centro Fortaleza – CE Cep: 60160-280 Tel: (85) 231-2765 E-mail: catavento@baydenet.com.br Relato de visita: “Usar o rádio para difundir a causa da infância numa região com os piores indicadores, num país de dimensões continentais e grande número de analfabetos, torna esta ação grandiosa.” Leila Midlej 15 Crianças acompanham os pais nos grupos de famíias O Brasil apenas começou a assumir o direito à educação de suas crianças pequenas. Quase 68% das meninas e meninos entre zero e seis anos de idade não freqüentam creches ou pré-escolas — segundo dados do Censo Demográfico 2000 (IBGE). Esse índice cresce se forem enfocadas apenas as crianças de zero a três anos: mais de 90% não são atendidas. Entre quatro e seis, o índice aproxima-se de 39%. Na área rural, o total de zero a seis anos sobe para quase 79%, sendo que 224 municípios brasileiros não oferecem serviço algum. Já em 1988, a Constituição Federal reconheceu que o atendimento nos primeiros anos de vida faz parte da educação básica da pessoa.Apesar de não ser declarada obrigatória para o Estado e a família, a educação infantil é garantida como direito universal.Anos mais tarde, em 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) confirmou esse direito. Cresce, portanto, a certeza de que, para se desenvolver de maneira integral, a criança precisa de afeto e respeito desde o primeiro momento de vida. Além de receber alimentação regular e diversificada, ter a chance de brincar, se relacionar, se movimentar em um ambiente limpo e seguro, conhecer e desenvolver as várias linguagens de expressão e conhecimento, ter todos os estímulos para descoberta de si, dos outros e do mundo.Tudo isso é uma intensa aprendizagem que encontra na escola um espaço privilegiado para se realizar. Mas conquistar o direito à educação não significa que, desde cedo, as crianças sejam colocadas dentro de uma grade curricular. A brincadeira, por exemplo, deve ter presença livre e obrigatória, defendem os especialistas. Afinal, é por meio dela que a criança indaga o mundo e encontra o seu lugar. O centro da proposta educativa deve ser a multiplicidade de relações da criança com todos os espaços em que está convivendo, com as outras pessoas e os mais variados estímulos. É necessário aprofundar a compreensão do desenvolvimento infantil, prestar atenção em cada criança, valorizar a diversidade em todas as suas dimensões. Para garantir uma educação de qualidade para todas as crianças, torna-se obrigatória uma nova compreensão e prática sobre o convívio das diferenças. Por essa razão, no Prêmio Criança 2004 foi enfatizada a inclusão de crianças com deficiência no tema de educação infantil. Entretanto, nenhuma iniciativa inscrita permaneceu até o final do processo seletivo. Educação Infantil UM DIREITO QUE AINDA PRECISA SER GARANTIDO Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 53 — A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho (...). 16 Investimento estratégico em professores Outro tema destacado foi a importância de se investir fortemente na formação dos educadores. Afinal, é dela que depende o avanço da qualidade do atendimento. Não só os profissionais atuantes, mas as novas gerações devem ter oportunidade de aprender, refletir e avaliar seu trabalho na educação infantil. Ao mesmo tempo, técnicos e gestores públicos devem despertar para a relevância do tema, assim como os pesquisadores da área. A formação exige estratégias criativas, variadas e contínuas, como as desenvolvidas pelas três iniciativas apresentadas nas páginas a seguir. Elas foram escolhidas como finalistas do Prêmio Criança 2004 no tema de educação infantil. Na área rural, destaca-se o Programa de Formação em Serviço para Educadores Infantis das Associações Comunitárias Rurais do Vale do Jequitinhonha, realizado pelo Fundo Cristão para Crianças junto a 17 associações comunitárias do Vale Médio do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Em 2003, foram envolvidos 126 educadores infantis, 85 ajudantes de sala de aula e 38 coordenadoras pedagógicas. No total, foram beneficiadas 2700 crianças mineiras. A Fundação Orsa, por sua vez, lançou em junho de 1998 o Programa de Formação dos Profissionais de Educação Infantil. Com caráter permanente e multidisciplinar, é dirigido a profissionais atuantes em creches e pré-escolas públicas e de organizações sociais de 14 municípios dos estados da Bahia, Alagoas, Pará e São Paulo. Desde o início do programa, participaram 1130 profissionais. Em Belo Horizonte (MG), a arte foi matéria-prima do Projeto Arte-Educação, que envolveu 25 coordenadoras pedagógicas de creches comunitárias associadas ao Movimento de Luta Pró-Creches (MLPC). De outubro de 2001 a dezembro de 2003, os profissionais receberam formação para valorizar a brincadeira e a cultura local no trabalho diário com 1500 crianças de zero a três anos. De diferentes maneiras, essas iniciativas assumem a formação como um processo amplo e contínuo, equilibram teoria e prática, valorizando o saber acumulado por cada profissional, e reconhecem o diversificado colorido local para enriquecer e legitimar suas ações. 17 N o Vale do Jequitinhonha, em MinasGerais, educadores da zona rural tornam- se protagonistas de uma nova educação infantil. Desde 1999, o Fundo Cristão para Crianças — CCF-Brasil — desenvolve um programa permanente de formação junto a 88 instituições educativas de 17 municípios, buscando qualificar o atendimento realizado. Em 2003, participaram do Programa de Formação em Serviço para Educadores Infantis das Associações Comunitárias Rurais do Vale do Jequitinhonha 85 ajudantes de sala de aula,126 educadoras e 38 coordenadoras pedagógicas, beneficiando 2705 crianças de zero a seis anos de idade. São meninos e meninas cujas famílias sobrevivem da lavoura de milho, arroz e feijão. Sem infra-estrutura de saneamento, energia, transporte ou saúde, muitas buscam migrar para a cidade. Analfabetos ou com pouco estudo, os adultos dificilmente encontram alternativa de trabalho, e as histórias se repetem com seus filhos. O despreparo profissional estende-se às salas de aula das escolas locais. No geral, os educadores infantis não completaram o ensino médio, e poucas coordenadoras chegaram à faculdade. Atento à formação pessoal e profissional das equipes de suas instituições conveniadas, o CCF-Brasil decidiu lançar o programa, centrado na valorização dessas pessoas. Criado em 1966 e mantido até hoje pelo Christian Children’s Fund, o CCF-Brasil tem como missão “promover o desenvolvimento do potencial da criança e do adolescente, com o envolvimento da família e da comunidade, através de ações que fortaleçam o exercício da cidadania para a melhoria das condições de vida”. Ele desenvolve programas na área de saúde, saneamento, nutrição, educação básica e desenvolvimento infantil. E não só em Minas Gerais, mas também em São Paulo, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. O Programade Formação em Serviço para Educadores Infantis das Associações Comunitárias Rurais do Vale do Jequitinhonha visa capacitar os educadores de forma que eles próprios façam uma reflexão sobre o quê e como avançar no trabalho com as crianças e famílias. As experiências do cotidiano inspiram debates teóricos, possibilitando a construção de novos saberes que, por sua vez, são reorientados para a prática. QUANDO O PROFESSOR VIRA ALUNO Educadoras, ajudantes e coordenadoras participam de um programa permanente de formação que provoca um salto de qualidade na educação infantil de comunidades rurais de Minas Gerais 18 A capacitação dos educadores infantis prioriza o desenvolvimento, a aprendizagem e a saúde da criança pequena Desenvolvido por uma assessora de programas sociais, uma coordenadora e três assessores pedagógicos, o programa começa com um diagnóstico de cada instituição. A seguir, ocorrem encontros presenciais, num total de 24 horas por semestre. No centro das discussões estão o desenvolvimento, a aprendizagem e a saúde das crianças pequenas. A criança é entendida como sujeito cultural, social e histórico, que deve ser estimulada em sua autonomia e senso crítico. A brincadeira e a cultura local merecem destaque. Apreendidos pelos educadores, esses valores são então transmitidos às crianças e à comunidade. Além das reuniões, os formadores fazem intervenções na sala de aula e acompanham a atuação dos educadores. Há também uma supervisão à distância, completada por visitas de acompanhamento. Nessas ocasiões, a equipe avalia o impacto dos cursos de formação, bem como aproveita para dialogar com a comunidade, a diretoria e as crianças, a fim de manter todos mobilizados por uma educação infantil de qualidade. A comunidade é personagem central de todo o processo. Logo no início, as famílias são chamadas a discutir suas prioridades e decidir se a escola infantil figura na lista. O projeto político-pedagógico da instituição é então discutido passo a passo. Na seqüência, todos são incluídos nas atividades do dia-a-dia. As mães, por exemplo, responsabilizam-se pela alimentação das crianças, ensinam receitas, reforçam noções de higiene e nutrição. Junto com os pais, cuidam da limpeza da escola, lavam roupas e toalhas, cultivam hortas e pomares. Participam das festas, bem como de oficinas de narração de histórias ou confecção de brinquedos. Todo o trabalho desenvolvido — do planejamento diário da educadora e encontros com mães até as reuniões de assessoria e os cursos modulares semestrais — é registrado por escrito e, muitas vezes, fotografado. A construção desse registro estimula o trabalho de reflexão de todos os envolvidos. Os critérios de avaliação também são definidos coletivamente, e, a cada planejamento pedagógico, o grupo monitora o avanço do trabalho. Os resultados já aparecem. Saberes e brincadeiras tradicionais entraram na sala de aula, e a concepção de criança e educação infantil se renovou. Muitas educadoras decidiram voltar a estudar, enquanto mães e pais assumiram novos papéis na escola. Pulsantes, as instituições tornaram-se referências locais e já inspiram novas conquistas de cidadania. DADOS GERAIS Iniciativa: Programa de Formação em Serviço para Educadores Infantis das Associações Comunitárias Rurais do Vale do Jequitinhonha Local de atuação: 17 municípios do Vale do Jequitinhonha (MG) Organização: Fundo Cristão para Crianças (CCF–Brasil) Público atendido pela iniciativa em 2003 45 crianças de zero a um ano de idade 700 crianças de dois a três anos de idade 1.960 crianças de quatro a seis anos de idade 1.700 famílias 126 educadores infantis 38 coordenadoras pedagógicas 85 ajudantes de sala de aula Principais parceiros da organização Instituto C&A Instituto Magnum Pontífice Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas) Universidade Federal de Viçosa Principais parceiros da iniciativa Associação Beneficente de Itaporé (Abita) Associação Chapadense de Assistência às Necessidades do Trabalhador e da Infância (Achanti) Associação de Desenvolvimento da Criança e do Adolescente de Veredinha (Adecave) Associação Municipal de Assistência Infantil (Amai) Associação Minasnovense de Promoção ao Lavrador e a Infância da Área Rural (Ampliar) Associação de Promoção ao Lavrador e ao Menor de Turmalina (Aplamt) Associação de Promoção Infantil Social e Comunitária (Aprisco) Associação Rural de Assistência à Infância (Arai) Associação Comunitária do Município de Medina (Ascomed) Associação Comunitária de Padre Paraíso (Ascopp) Associação Comunitária e Infantil de Araçuaí (Associar) Associação do Clube de Mães de Rio das Pedras Conselho de Associações e Creches de Jequitinhonha (Conacreje) Federação das Associações de Felício dos Santos Federação das Associações de São Gonçalo do Rio Preto Projeto Caminhando Juntos (Procaj) Projeto Semeando Esperança em Carbonita (Prosesc) Fontes de recursos da iniciativa 100% de agências financiadoras internacionais Fundo Cristão para Crianças (CCF–Brasil) Rua Curitiba, 689 – 6o andar Cep: 30170-120 Belo Horizonte – MG Tel: (31) 3279-7400 Fax: (31) 3279-7416 E-mail:obedess@fundocristao.org.br www.apadrinhamento.org.br Relato de visita: “Foi emocionante perceber a sintonia do trabalho dos educadores com teorias e recursos bastante atuais no campo da construção do conhecimento. Ficaram visíveis os resultados do processo de formação.” Maria Cecília de Camargo Aranha Lima 19 I nquieta com a falta de oportunidades de formação para o profissional atuante na educação infantil, a Fundação Orsa lançou um programa permanente dirigido a esse público. Fruto de uma história de lutas e reivindicações da sociedade civil organizada, o reconhecimento do direito das crianças pequenas a uma educação de qualidade exige a qualificação da equipe. Entretanto, grande parte dos profissionais atuantes, mesmo comprometida com seu trabalho, não possui o nível mínimo de formação exigido por lei, nem acesso a essa qualificação. Iniciado em 1998, o Programa de Formação dos Profissionais de Educação Infantil vem atender esse direito do profissional de ter uma formação de qualidade e ser incluído no avanço da edu- cação infantil no país. Até 2003, já foram envolvidos 1130 profissionais — de diferentes graus de escolaridade e funções — atuantes em creches e escolas de educação infantil de 14 municípios em Alagoas, Bahia, Pará e São Paulo. A iniciativa traduz o entendimento da Fundação Orsa de que investir no educador é investir na criança, e vice-versa. Criada em 1994, a instituição tem como missão “promover a formação integral da criança e do adolescente em situação de risco pessoal e social”. E hoje desenvolve mais de 60 programas e projetos nas áreas de educação, saúde, meio ambiente e promoção social, em todo o país. De caráter permanente, multidisciplinar e interativo, o Programa de Formação dos Profissionais de Educação Infantil apresenta três objetivos principais. Primeiro: contribuir na formação do profissional para elaborar, implementar e avaliar projetos pedagógicos em parceria com a escola, a família e a comunidade. Segundo: desenvolver nos educadores as competências, saberes e habilidades necessários para garantir uma educação compatível com as necessidades da criança em desenvolvimento.Terceiro: sensibilizar os gestores para elaborar políticas públicas visando otimizar as condições para um trabalho pedagógico de qualidade. EDUCADORES EM CONSTRUÇÃO O direito do educador infantil de avaliar, refletir e aprofundar suas práticas e conhecimentos motiva um bem-sucedidoprograma de formação continuada, já realizado em 14 municípios brasileiros As atividades devem ser compatíveis com as necessidades de desenvolvimento 20 Para realizar o trabalho, o programa conta com três coordenadoras, três profissionais responsáveis pelas oficinas e três consultoras educacionais. Quinzenalmente, essa equipe se reúne para estudar, discutir e planejar as tarefas. O primeiro passo é o diagnóstico da realidade onde acontecerá a formação. São realizadas entrevistas com a Secretaria Municipal de Educação e os supervisores escolares, além de visitas à comunidade. Elabora-se então a proposta com uma minuta de convênio com a Prefeitura, cuja contrapartida é certificar os profissionais formados e envolver os professores, técnicos e comunidade, garantindo a continuidade da ação. A formação em si começa com encontros presenciais discutindo o mundo infantil, os direitos da criança, o ambiente educacional e as alternativas pedagógicas.Toda discussão parte do resgate e valorização do conhecimento já acumulado pela turma. Em paralelo, são desenvolvidas atividades musicais, literárias, dramáticas, explorando as diferentes linguagens de expressão. Estimula-se a organização de grupos de estudo, bem como a implantação de novas práticas e rotinas pedagógicas. Na seqüência, a equipe realiza oficinas para aprofundar e consolidar o conteúdo vivenciado no processo. Nesse caminho, uma aprendizagem importante foi construir projetos pedagógicos diferenciados para crianças de zero a três anos. Para essa fase da vida, as instituições são chamadas a priorizar o direito de brincar, a organização específica dos espaços e rotinas e a participação da família. Diferentes idéias têm garantido a presença dos familiares na escola. A Escola de Pais, por exemplo, surge como espaço de encontro e aprendizagem sobre a criança pequena — todos são convidados a participar de dinâmicas sobre nutrição, higiene bucal, violência doméstica ou direitos da criança. O Projeto Tempero de Mãe, por sua vez, estimula as mães a organizar uma vez por mês o lanche da turma na escola. A fim de garantir a continuidade da formação, o programa inclui ainda a criação de uma sistemática local para aprofundar as questões emergentes sobre a criança pequena. Organiza também centros de referência regionais, que possam assumir a continuidade da formação do profissional e a revisão contínua do projeto pedagógico das escolas. Afinal, a qualidade da educação é um desafio permanente. DADOS GERAIS Iniciativa: Programa de Formação dos Profissionais de Educação Infantil Local de atuação: 14 municípios dos estados da Bahia, Alagoas, Pará e São Paulo Organização: Fundação Orsa Público atendido pela iniciativa em 2003 1130 profissionais Principais parceiros da organização Associação Terra dos Homens Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Compaq Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) Microsiga Ministério da Educação Ministério da Saúde Organization for Industrial, Spiritual and Cultural Advancement (Oisca) Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Universidade de São Paulo (USP) Principais parceiros da iniciativa Prefeituras de Belmonte, Eunápolis, Porto Seguro, Prado, Santa Cruz de Cabrália, na Bahia; Batalha, Belo Monte, Jaramataia, Major Izidoro, São José da Tapera, em Alagoas; Vitória do Jari e Laranjal do Jari, no Pará; Caraguatatuba e Ubatuba, em São Paulo. Fontes de recursos da iniciativa 75% de recursos públicos 25% da empresa privada mantenedora Fundação Orsa Av. Deputado Emílio Carlos, 821 Bairro de Santa Terezinha Cep: 06310-160 Carapicuíba – SP Tel/Fax: (11) 4181-2232 fundorsa@fundacaoorsa.org.br www.fundacaoorsa.org.br Relato de visita: “É uma iniciativa exitosa no campo da formação de profissionais e pode ser caracterizada como importante contribuição para a formulação de política pública na área.” Amélia Bampi Paines 21 A participação da família na escola é fundamental para um projeto pedagógico diferenciado para as crianças pequenas A certeza de que a arte faz parte do dia-a-diada criança desde o primeiro ano de vida impulsionou o Movimento de Luta Pró-Creches (MLPC) a executar o Projeto Arte-Educação, na região metropolitana de Belo Horizonte. A arte revelou-se um caminho valioso para contrapor a tendência de repetir o modelo escolar centrado na alfabetização já nos primeiros anos da educação infantil. Um modelo que exclui o cuidar e o brincar, tão essenciais nessa fase da vida. Percebendo esse risco de apenas “preparar” para a escola fundamental, as creches associadas ao MLPC demandaram projetos que contribuíssem para a formação das educadoras, garantindo o lúdico e as múltiplas linguagens como metodologia de trabalho. O Arte-Educação veio dar suporte a esse resgate, defendendo que, se a criança pequena vivencia oportunidades de expressão e descobertas artísticas e lúdicas, com certeza terá mais condições de enfrentar a alfabetização e a longa jornada escolar. De qualquer forma, o maior objetivo é prepará-la para a vida. Fortalecer seus valores éticos, morais e humanos, além de desabrochar sua criatividade e senso crítico. Criado em 1987, o MLPC tem como missão “promover ações que garantam a qualidade no atendimento das crianças de zero a seis anos de idade assistidas pelas creches e centros infantis comunitários e filantrópicos, a partir de ações sustentadas no saber popular”. Em outubro de 2001, buscou a parceria da Universidade Politécnica de Ryerson, de Toronto (Canadá), e a colaboração da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas) para iniciar o Projeto Arte-Educação, que durou três anos. Com foco na criança de zero a três anos, a iniciativa formou 25 coordenadoras pedagógicas de 25 creches comunitárias associadas ao MPLC, atuantes em vilas FAZER ARTE É COISA DE CRIANÇA De mãos dadas com a arte e a brincadeira, a educação infantil ganha vida nova em 25 creches comunitárias da região metropolitana de Belo Horizonte Educadores infantis se capacitam para desenvolver atividades com as crianças das creches 22 e favelas da região metropolitana de Belo Horizonte. A equipe pedagógica do MPLC e os professores canadenses realizaram quatro treinamentos com as coordenadoras, somando 320 horas de trabalho. O encontro de duas realidades culturais e sociais tão distantes — Brasil e Canadá — favoreceu a aprendizagem de respeito às diferenças e troca de conhecimentos. As teorias sobre Múltiplas Inteligências, do norte-americano Howard Gardner, e da Abordagem Educacional, do italiano Reggio Emília, desencadearam as discussões conceituais. Desconhecidos pelas equipes até então, esses conteúdos renovaram o entendimento sobre o desenvolvimento infantil e as possibilidades de aprendizagem da criança pequena. Mensalmente, as coordenadoras participaram de grupos de estudo para aprofundar os debates e vivências dos treinamentos.Também foram envolvidas na formatação e execução de workshops mensais com as educadoras para repassar os temas debatidos. Em paralelo, por meio de uma assessoria in loco, foi desenvolvido junto a cada coordenadora um plano de ação. Repensou-se a rotina pedagógica para favorecer o cuidar e o educar simultaneamente, valorizando a arte e o brincar. Foram três anos de troca, reflexão, capacitação... e muitas mudanças. O projeto apresentou às instituições uma forma prazerosa de trabalhar com as crianças pequenas, respeitandosuas demandas e especificidades. Nesse caminho, foram desenvolvidos materiais informativos coerentes com as realidades locais, além de um centro de documentação com textos, kits curriculares, computadores com acesso à internet para reciclagem de profissionais da área de educação infantil. Em 2004, nasceu um novo projeto — Pelos Olhos da Criança — colhendo os frutos do Arte-Educação. Nessa fase, as próprias crianças estão sendo mais ouvidas. Os educadores e os pais aproximaram-se uns dos outros e, juntos, se surpreenderam com a forma da criança perceber o mundo e a vida. As crianças passaram a brincar e se movimentar com mais liberdade. Cada um, do seu lugar, afirma-se como protagonista de um novo aprendizado. DADOS GERAIS Iniciativa: Projeto Arte-Educação Local de atuação: Região metropolitana de Belo Horizonte (MG) Organização: Movimento de Luta Pró-Creches (MLPC) Público atendido pela iniciativa de 2001 a 2003 1500 crianças de zero a três anos de idade 25 coordenadoras pedagógicas Principais parceiros da organização Conselho Municipal da Criança e do Adolescente de Belo Horizonte (CMDCA) Coordenadoria Ecumênica de Serviço (Cese/BA) Embaixada do Canadá – Fundo Canadá Instituto Marista de Solidariedade (IMS) MISEREOR (Alemanha) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas) Pueblito (Canadá) Universidade Politécnica de Ryerson (Canadá) Principais parceiros da iniciativa Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/Minas) Pueblito (Canadá) Universidade Politécnica de Ryerson (Canadá) 25 creches: Assistência Social Kennedy (Aske) Creche Comunitária Abrigo Coração de Jesus Creche Comunitária Metodista Raios de Sol Creche Comunitária 1º de Maio Creche Comunitária Sementinha Alegre Centro Infantil Transformar Creche Comunitária Olívia Tinquintela Creche Comunitária Vicentina do Santo Sacramento Creche Comunitária Recanto Feliz Creche Comunitária Tia Lucy Centro Infantil Amélia Crispim Creche Comunitária Abrigo Jesus Creche Comunitária Lar Cristão da Criança Creche Comunitária Santa Sofia Creche Comunitária Aurélio Pires Creche Comunitária Pe Francisco Creche Comunitária Semente Creche Comunitária Maria Florípes Creche Comunitária Casinha da Vovó Creche Comunitária João Augusto Bitarães Creche Comunitária Eunice Lanza Creche Comunitária Esperança Creche Comunitária Nossa Senhora do Perpetuo Socorro Núcleo de Trabalho e Integração Social (Nutris) Sociedade Irmãos das Crianças (Sicra) Fontes de recursos da iniciativa 91% de agências financiadoras internacionais 5% de outras fontes 4% de agências financiadoras nacionais Movimento de Luta Pró-Creches (MLPC) Rua Desembargador Cerqueira Leite, 16 Bairro Salgado Filho Cep: 30550-210 Belo Horizonte – MG Tel: (31) 3312-1223 Fax: (31) 3312-1082 E-mail: mlpccreches@uol.com.br www.mlpcreches.org.br Relato de visita: “É uma experiência inovadora que assume a educação infantil como forma imprescindível de proteger a criança pequena nas classes mais empobrecidas. É um exemplo de atuação da comunidade.” Maria Lúcia Carr Ribeiro Gulassa 23 Estatuto da Criança e do Adolescente, art. 19 — Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária (...) 24 A grande maioria dos meninos e meninas éalimentada, vestida e medicada nos primeiros anos de suas vidas em casa. Entre irmãos, primos e vizinhos, se desenvolvem, brincam, descobrem o mundo. Aprendem as primeiras palavras, ensaiam os primeiros passos. Mas também, muitas vezes, é nessa mesma família que as crianças vivem situações de violência, crescem desnutridas ou são impedidas de brincar. Reconhecendo o papel fundamental para o desenvolvimento da criança, as famílias merecem toda a atenção. O direito à convivência familiar de cada criança obriga o poder público e a sociedade a apoiar e fortalecer as famílias. Afinal, apresentam um valioso potencial como espaço privilegiado de sobrevivência, crescimento, desenvolvimento e participação da criança pequena. O primeiro passo é olhar de frente essas famílias — no plural — e descobrir que não correspondem aos mitos e referenciais por séculos cultivados. Especialmente a partir dos anos 60, os núcleos familiares têm passado por profundas mudanças sociais, políticas e econômicas. No meio dessa ebulição, novos consensos começam a se firmar. O primeiro deles é que as famílias de hoje se estruturam e se organizam de formas variadas. Há famílias com muitos, poucos ou nenhum filho. Podem ser biológicos ou adotivos. A mãe ou o pai pode ter se casado mais de uma vez, surgem então os novos irmãos. Muitas vezes, moram junto primos ou tios. A chefia da casa pode ser do pai, mas cada vez mais é assumida pela mãe ou avó. Sem esquecer dos casais homossexuais. Admitida a pluralidade, o segundo passo é reconhecer que essas famílias já têm competências próprias, que precisam ser amplamente apoiadas e valorizadas. Cuidam da gestante e do bebê, previnem doenças e acidentes, limpam a casa, freqüentam o posto de saúde ou a creche, saem em busca de alimento. São saberes, habilidades e práticas essenciais para o desenvolvimento da criança pequena que merecem ser fortalecidos e aprimorados. Foco especial da atenção do Unicef, o fortalecimento das competências familiares revela-se uma estratégia valiosa de garantia dos direitos da criança. Representa inclusive uma eficaz alternativa ao custoso investimento em estruturas de atendimento que buscam compensar as dificuldades das famílias. Além de serem estimulados em suas competências, mães, pais, avós e tios precisam encontrar portas abertas para as diferentes necessidades de seus filhos. O terceiro passo, portanto, é garantir as chamadas “competências locais”, que dizem respeito Convivência Familiar A FAMÍLIA DE PORTAS ABERTAS 25 aos serviços propriamente ditos, de educação, saúde ou assistência social, mas também aos vizinhos, agentes comunitários, juízes, promotores, prefeitos, vereadores, comunicadores, comerciantes... Forma-se assim uma rede ampliada de proteção básica da infância. Ambiente acolhedor mas provisório Essa mesma compreensão deve guiar a ação dos abrigos. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, os abrigos devem acolher uma criança em caráter excepcional e provisório até garantir que ela volte a sua casa ou encontre uma família substituta. Portanto, a institucionalização, historicamente difundida e praticada no Brasil,não deve ser mais considerada uma opção de vida para as crianças. No período transitório que estiver no abrigo, a menina ou o menino deve contar com todas as condições para se desenvolver. Deve encontrar um ambiente bem cuidado, íntimo e acolhedor. Por isso, não podem ser mais do que 20 crianças, e os irmãos devem, de preferência, sempre ficar juntos. Os dormitórios têm que ser pequenos, os armários individuais, e deve haver lugar para estudar e brincar. Os cuidadores não podem mudar a toda hora, nem fazer um trabalho isolado. Precisam interagir com a comunidade, bem como buscar um vínculo com as famílias das crianças. O abrigo é, portanto, um atendimento social qualificado, que requer investimento intenso por parte do poder público e avaliação contínua. Em busca de iniciativas inspiradoras na defesa do direito à convivência familiar, o Prêmio Criança 2004 localizou quatro experiências em diferentes cidades do país. Em Londrina, norte do Paraná, destaca-se a ação da Casa Abrigo Arte de Viver, ligada à Casa de Maria — Centro de Apoio aDependentes. Ela atende crianças de zero a 14 anos que têm famílias violentas ou com usuários de drogas, buscando o retorno a suas casas o mais breve possível. Desde 2000, foram acolhidas 38 crianças, 18 já voltaram a morar com os pais ou avós e quatro encon- traram uma nova família. Em Belo Horizonte (MG), destaca-se o Projeto Prevenção do Abandono, Acolhida e Reinserção Familiar da Criança em Situação de Risco, realizado pela Casa de Acolhida Novella. Em 2003, a Casa atendeu 32 crianças em situação de risco pessoal, afastadas da família por medidas do Juizado e dos Conselhos Tutelares. Em média, as crianças ficam abrigadas por seis meses, e 80% delas retornam à família de origem. Ao mesmo tempo, 45 famílias participaram de um trabalho de apoio e orientação. Evitar a institucionalização de crianças também é objetivo do Grupo Viva Rachid, criado em 1994, no Recife (PE). O Projeto Apoio Psicossocial às Famílias vivendo com HIV/Aids presta atendimento a crianças com o vírus e a seus familiares, buscando superar preconceitos e garantir a convivência familiar e comunitária. Em 2003 foram atendidas 132 crianças e adolescentes que moram na região metropolitana do Recife e 28 cidades do interior. Em Fortaleza (CE), o Centro de Nutrição do Conjunto Palmeiras (CNCP) desenvolve o Projeto Saber Cuidar junto a educadores infantis e familiares a fim de prevenir ou superar a desnutrição infantil. Em 2003, foram beneficiadas 176 crianças de zero a seis anos de idade com desnutrição. Da prevenção do abandono ao combate à desnutrição, as diferentes iniciativas intervêm junto às famílias como espaços singulares para o desenvolvimento infantil. Além disso, reconhecem a família como capaz de cuidar e proteger seus filhos, por mais difícil que seja sua situação de vida. C ada criança que chega à Casa Abrigo Artede Viver é convidada a se sentir em casa. Com jardim e quintal grande, a casa fica de portas abertas, com as crianças correndo livremente. São três quartos: um para as meninas, outro para os meninos e um terceiro para os bebês. A casa atende 14 crianças de zero a 14 anos de idade (incluindo grupos de irmãos) que foram maltratadas ou negligenciadas por mães ou pais dependentes de álcool ou outras drogas. Inaugurada em abril de 2000, na cidade de Londrina (PR), a casa abrigo já acolheu outras 24 crianças. Destas, 18 retornaram às famílias sendo que nove delas ainda participam das atividades diárias da casa, incluindo atendimento psicossocial. Quatro agora vivem com famílias substitutas, e duas foram encaminhadas a outras instituições e ainda recebem acompanhamento psicológico da equipe. A casa abrigo é uma iniciativa da Casa de Maria — Centro de Apoio a Dependentes, que desde 1990 dedica-se à missão de “atender os indivíduos e suas famílias com problemas relacionados ao álcool e à droga”. A partir de sua experiência com jovens e adultos, percebeu a necessidade de acolher as crianças dessas famílias para garantir seu desenvolvimento e impedir que a história de exclusão e dependência se repetisse. Encaminhada pelo Conselho Tutelar, Vara da Infância ou Ministério Público, a criança é recebida na casa abrigo pela mãe social. Com orientação e apoio da equipe técnica, ela assume o total cuidado da criança: providencia sua roupa, coloca para dormir, prepara a comida, dá banho e carinho. Além de criar uma vida normal dentro de casa, a proposta mantém o vínculo dos meninos e meninas com a comunidade, promovendo o acesso a todos os recursos disponíveis. Eles estudam na escola do bairro, freqüentam aulas de esporte, vão à catequese e ao posto de saúde. Em especial, recebem o apoio de uma psicóloga, que propõe dinâmicas para fortalecer o autoconhecimento, a auto-estima e a socialização. E não falta tempo livre para DE VOLTA PARA CASA Articulada com os serviços da comunidade, a Casa Abrigo Arte de Viver acolhe crianças maltratadas em famílias usuárias de drogas e cria condições para que voltem para casa A individualidade das crianças é respeitada na Casa Abrigo Arte de Viver 26 brincar, visitar os amigos ou não fazer nada — como qualquer criança. Em paralelo, a equipe faz um trabalho intenso com a família. Assim que a criança chega à instituição, a assistente social registra seus dados numa ficha e organiza uma visita a sua casa. Ao serem comunicados que seus filhos estão ali abrigados, os pais recebem todas as informações de como será o processo de abrigamento e quais as mudanças necessárias para que a criança possa retornar à família. Começam, então, os encontros de apoio e reflexão para ampliar a consciência dos pais em relação a seu papel no desenvolvimento infantil. A metodologia escolhida é a do genograma: um estudo das estruturas familiares para análise das relações que possibilitem uma posterior intervenção. Reconstrói-se a história das últimas três gerações, visando perceber os conflitos e dramas repetidos, bem como as oportunidades de mudança. Ao mesmo tempo, fica claro que cada família tem uma história e realidade diferente. Traçado esse “mapa”, por meio de conversas, visitas e reuniões, a equipe discute com os familiares o que estes desejam mudar e de que forma, sendo em seguida acionada a rede de atendimento local. A meta inicial era que, depois de um ano, as crianças retornassem às suas famílias. Mas logo a equipe avaliou que, embora as crianças já estivessem preparadas para o retorno, suas famílias precisavam de um tempo maior. Hoje trabalha com a média de dois anos de acompanhamento. E, mesmo após o retorno da criança, esta continua recebendo atendimento terapêutico na casa abrigo, além de aproveitar a parceria com a escola de esporte, por exemplo. O retorno das crianças para a família é a principal vitória da iniciativa. Principalmente, porque pais e mães tiveram a oportunidade e o apoio para realmente mudarem sua relação com os filhos.Todas que aderiram ao tratamento do alcoolismo e dependência química continuam em abstinência e inseridas no mercado de trabalho. A família tornou-se, assim, um ambiente saudável e afetuoso para o desenvolvimento da criança. DADOS GERAIS Iniciativa: Casa Abrigo Arte de Viver Local de atuação: Londrina (PR) Organização: Casa de Maria — Centro de Apoio a Dependentes Público atendido pela iniciativa em 2003 7 crianças de zero a seis anos de idade abrigadas 7 crianças de sete a 14 anos de idade abrigadas 9 crianças e adolescentes de sete a 17 anos ex-abrigados Principais parceiros da organização Centro de Atendimento à Mulher (CAM) Clínicas particulares Comissão Estadual DST/Aids Conselho Municipal de Assistência Social Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Conselho Nacional de Assistência Social Conselho Tutelar Escolas particulares/públicas Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas (FEBRACT) Hospitais da rede pública e particular Núcleo Regional de Ensino Prefeitura Municipal de Londrina Pronto-Atendimento Infantil (PAI) Rede de postos de saúde Secretaria de Ação Social da Prefeitura Municipal de Londrina Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Londrina Sercomtel S/A Telecomunicações Vara da Infância e da Juventude – Ministério Público Promotorial Principais parceiros da iniciativa Banco do Brasil Casa de Nazaré Cercontel Centro de Atendimento à Mulher (CAM) Clínica Homeopática Dr. Gilmar Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente Conselho Tutelar Escola de Natação Forma D’Água Escola de Natação Baby Nad Escola Meta Escolas municipais e estaduais Posto de Saúde Alvorada Pronto-Atendimento Infantil (PAI) Projeto
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