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TÍTULO II: DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS CAPÍTULO I: DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO 1. ULTRAJE A CULTO OU IMPEDIMENTO OU PERTURBAÇÃO DE ATO A ELE RELATIVO (208) Escarnecer alguém publicamente, por motivo de crença o função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso. Detenção de 1 mês a 1 ano, ou multa. Escárnio de alguém publicamente por motivo de crença ou função religiosa: Objeto jurídico: tutela-se a liberdade individual do homem de ter uma crença, bem como exercer o ministério religioso. Tutela-se também a própria religião contra o escárnio. Escarnecer significa zombar, ridicularizar, de forma a ofender alguém, em virtude de crença ou função religiosa. O escárnio pode ser praticado de diversas formas (oral, escrita, simbólica, etc.) desde que publicamente. Passando o fato entre o agente e a vítima, será injúria. A ofensa dirigida à religião em si mesma, sem que haja ofensa direta a uma pessoa, não configura o crime em tela. Sujeito ativo: é crime comum. Sujeito passivo: é a pessoa determinada que crê em determinada religião ou que exerce o ministério religioso. Consumação e tentativa: consuma-se com o ato de escarnecer publicamente. A tentativa é possível, menos no escárnio verbal. Impedimento ou perturbação de cerimônia ou pratica de culto religioso: Objeto jurídico: tutela-se a liberdade individual de professar uma crença religiosa e a liberdade de culto. Protege-se também a ordem pública. Sujeito ativo: crime comum. Sujeito passivo: são os fiéis bem como aqueles que realizam a celebração do culto religioso. Elemento subjetivo: é o dolo direto ou eventual. Consumação e tentativa: consuma-se com o efetivo impedimento ou perturbação da cerimônia ou prática de culto religioso. A tentativa é possível. Vilipêndio público de ato ou objeto de culto religioso: Objeto jurídico: tutela-se a liberdade individual de crença e de culto religioso. Vilipendiar é tratar com desprezo, desdém, de modo ultrajante. Pode-se vilipendiar por meio escrito, oral, gesticulado, etc. Deve ser realizado publicamente no decorrer do ato religioso ou diretamente sobre ou contra a coisa objeto do culto religioso. Objeto material: é o ato ou objeto de culto religioso. Consumação e tentativa: consuma-se o crime com a prática do ato ultrajante. A tentativa é admissível quando o crime é material, sendo inadmissível quando praticado mediante ofensas verbais. Causas de aumento de pena (§único): se há emprego de violência, a pena é aumentada de 1/3, sem prejuízo da correspondente à violência. É crime de ação penal pública incondicionada. CAPÍTULO II: DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS 1. IMPEDIMENTO OU PERTURBAÇÃO DE CERIMÔNIA FUNERÁRIA (209) Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária. Detenção de 1 mês a 1 ano, ou multa. Objeto jurídico: protege-se o sentimento de respeito pelos mortos. Admite-se que o crime seja praticado por omissão, por ex., deixar de fornecer o veículo para transportar o corpo. A cerimônia fúnebre não deve ter caráter religioso, pois, do contrário, o crime será enquadrado no 208. Sujeito ativo: é crime próprio. Sujeito passivo: é crime vago; tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, como a coletividade, a família e os amigos do morto. Consumação e tentativa: consuma-se com o efetivo impedimento ou perturbação do enterro ou cerimônia funerária. É possível a tentativa. Forma simples (caput): Detenção de 1 mês a 1 ano, ou multa. Forma majorada (§único): se há emprego de violência, a pena é aumentada de 1/3, sem prejuízo da correspondente à violência. É crime de ação penal pública incondicionada. 2. VIOLAÇÃO DE SEPULTURA (210) Violar ou profanar sepultura ou urna funerária. Reclusão de 1 a 3 anos e multa. Objeto jurídico: protege-se o sentimento de respeito pelos mortos. Violar: abrir, destruir, descobrir. Com a violação, o cadáver ou as cinzas do defunto devem ficar expostos, mas não há necessidade de que sejam removidos. Profanar: tratar com desprezo, ultrajar, macular, aviltar, ex.: jogar excrementos sobre a sepultura ou urna funerária, destruir ornamentos, escrever palavras injuriosas. Objeto material: sepultura ou urna funerária. Não é apenas a cova ou vala, mas compreende também o que se acha construído sobre ela. Deve necessariamente conter o cadáver. Sujeito ativo: crime comum. Sujeito passivo: é crime vago (família, coletividade, amigos). Consumação e tentativa: consuma-se com a violação ou profanação de sepultura ou urna funerária. A tentativa é possível. É crime de ação penal pública incondicionada. 3. DESTRUIÇÃO, SUBTRAÇÃO OU OCULTAÇÃO DE CADÁVER (211) Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele. Reclusão de 1 a 3 anos, e multa. Objeto jurídico: protege-se o sentimento de respeito pelos mortos. É crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. A ocultação somente pode ocorrer antes do sepultamento. A subtração pode dar-se antes ou depois do sepultamento. Objeto material: é o cadáver ou parte dele. Não se considera cadáver o esqueleto humano ou as suas cinzas; quanto a estas, constituem objeto material do 212. Sujeito ativo: é crime comum. Sujeito passivo: é crime vago. Consumação e tentativa: consuma-se o crime com a destruição total ou parcial do cadáver. Na modalidade ocultar, com o desaparecimento do cadáver/parte dele. Na modalidade subtrair, com a retirada do cadáver/parte dele da esfera de proteção e guarda da família, amigos, etc.. A tentativa é possível. É crime de ação penal pública incondicionada. 4. VILIPÊNDIO A CADÁVER (212) Vilipendiar cadáver ou suas cinzas. Detenção de 1 a 3 anos, e multa. Objeto jurídico: protege-se o sentimento de respeito pelos mortos. O vilipêndio pode ser praticado de diversos modos, como atirar excrementos no cadáver, proferir palavrões contra ele, praticar atos sexuais com ele. Objeto material: é o cadáver ou suas cinzas. Sujeito ativo: crime comum. Sujeito passivo: é crime vago. Consumação e tentativa: consuma-se com a prática do ato configurador do vilipêndio. A tentativa é possível, salvo na hipótese de vilipendio oral (crime unissubsistente). É crime de ação penal pública incondicionada.
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