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Mon Apr 16 14:28:57 2018 AbiWord aluno Mon Apr 16 14:28:57 2018 application/x-abiword 3 O SIGNIFICADO HISTÓRICO DO IMPERIALISMO O colonialismo foi fundamental para a expansão global do sistema capitalista atingindo regiões e países ainda não pertencentes à órbita da circulação e reprodução do capitalismo mundial, ou seja, em áreas onde predominavam as relações de produção pré-capitalistas. A generalização das relações de produção capitalistas propiciada pela política colonial, ao mesmo tempo, que tornou o capitalismo o modo de produção dominante em escala global expressou mais claramente as profundas contradições do capitalismo inerentes a sua própria lógica de funcionamento. As contradições do capitalismo existem desde o seu nascimento, porém, somente em sua fase mais desenvolvida que elas atingem o ápice de seu desenvolvimento. Nesse sentido, o imperialismo pavimentou o caminho para as discussões entre os marxistas sobre as possibilidades que se abriam para a derrubada do capitalismo e a emergência de um novo sistema sócio-econômico. O sistema internacional da divisão do trabalho foi estruturado desde os primórdios do modo de produção capitalista de modo a reproduzir continuamente as profundas desigualdades entre os países por meio de suas relações financeiras, comerciais, políticas, tecnológicas, etc. No período imperialista, as relações desenvolvidas entre os países metropolitanos e as suas colônias adquirem maior regularidade por meio dos interesses criados pela exportação de capitais. Com o desenvolvimento da exportação de capitais o capital não apenas fez valer a força de seus interesses nas colônias como também exportou o seu modo de produção específico destruindo os modos de produção pré-capitalistas, que ainda predominavam nesses países. Desde então, criou-se o interesse contínuo dos países imperialistas pelas condições de reprodução do capital nas colônias e nos países semicoloniais. Os interesses criados pela exportação de capitais repercutem-se no desenvolvimento sócio-econômico dos países receptores desse capital acelerando o desenvolvimento capitalista nesses países. O rápido desenvolvimento do capitalismo nos principais países imperialistas no último quartel do século XIX e o início do século XX estimulou a luta pela dominação e o controle direto das colônias e provocou o recrudescimento do colonialismo nesse período, ou mais especificamente, entre a década de 1870 a 1914. Nesse período, inaugura-se o desfecho das condições relativamente pacíficas que caracterizaram o53 desenvolvimento do capitalismo em meados do século XIX. Harry Magdoff observa o seguinte: O conflito sobre a partilha da África, a Guerra Sul-Africana (a Guerra dos Bôeres), a Guerra Sino-Japonesa, a Guerra Hispano-Americana e a Guerra Russo-Japonesa foram algumas das indicações de que o novo imperialismo iniciara uma nova era que era tudo, menos pacífica (MAGDOFF, 1979, p. 36). O período imperialista foi um período extremamente crítico na história da humanidade onde a exclusividade da hegemonia britânica característica do capitalismo competitivo foi sucedido pela competição entre impérios rivais que disputavam o mundo entre si. Além da Inglaterra e da França, antigos impérios coloniais, houve a entrada em cena de novos impérios coloniais, tais como: a Alemanha; os Estados Unidos; a Bélgica; a Itália; o Japão. Por outro lado, o imperialismo acentuou as diferenças de desenvolvimento econômico entre os países metropolitanos e as suas colônias criando uma forte oposição nos povos submetidos à dominação imperialista. A divisão do mundo entre países avançados e atrasados tornou-se sistema geral na fase imperialista do capital. Eric Hobsbawn define o período 1875-1914 como a Era dos Impérios não somente por marcar o recrudescimento das rivalidades entre os principais Estados imperialistas pela posse de colônias, mas também, por ser o período da história da humanidade em que chegou ao máximo o número de governantes que se autodenominavam “imperadores”. Nesse sentido, esse período acentuou as tensões nas relações econômicas internacionais e serviu de apoio ao surgimento de regimes autoritários nas economias metropolitanas. Por trás da expansão do capitalismo por todo o globo terrestre e do aumento das rivalidades entre os Estados na fase imperialista está o amadurecimento das condições que permitem o desenvolvimento do capital monopolista em cada país avançado. Sob o comando dos cartéis e dos trustes, a concentração da produção e do capital atinge níveis nunca antes imaginados na história do capitalismo. Os mercados, antes locais e regionais, passaram a ser explorados em nível internacional por empresas gigantes. A consequencia de todo esse processo foi o desenvolvimento acelerado das forças produtivas mundiais e a internacionalização da vida econômica sob bases capitalistas. É característica desse período a grande revolução nos meios de comunicação e dos meios de transportes.54 Todos esses desenvolvimentos só foram possíveis por causa da expansão do crédito capitalista, que se tornou um instrumento centralizador de capitais antes dispersos em vários pontos por meio do desenvolvimento das sociedades acionárias. Por outro lado, o desenvolvimento do sistema creditício acelerou o impacto das crises capitalistas e tornaram mais recorrentes e periódicas as suas manifestações. A contradição fundamental do sistema capitalista entre o caráter privado de apropriação da riqueza material e o caráter cada vez mais socializado da produção atinge o seu apogeu com o desenvolvimento das companhias acionárias. Nelas, o trabalho está completamente separado dos meios sociais de produção. A propriedade dos meios sociais de produção adquire a forma pura e simples de posse de ações que pode ser transferida a qualquer momento e que se valoriza de forma fictícia, ou seja, pela inflação do valor dos ativos e o capital adquire assim uma forma autônoma de movimento que parece ser independente do movimento real da economia. A alta e a baixa no preço das ações parecem seguir uma lógica que independe das condições da indústria, pois elas podem continuar a ser negociadas no mercado financeiro mesmo quando o capitalista industrial já empregou o capital adquirido com a venda das ações na esfera produtiva. Com o desenvolvimento dos mercados acionários abre-se espaço para todo um sistema de fraude e de embuste com a constituição das sociedades anônimas. Nesse sentido, no que tange as modalidades de acumulação capitalista, a época imperialista traz para o primeiro plano a hegemonia do capital financeiro concentrado nas instituições bancárias. O capital financeiro representa a forma mais desenvolvida do capital e revela a face mais destrutiva do capitalismo. Ele representa a sequência lógica e histórica do desenvolvimento do modo de produção capitalista em que o capitalismo comercial é substituído pelo capitalismo industrial e este abre espaço para o domínio do capitalismo financeiro. Como o objetivo da produção capitalista é a maximização do lucro no menor espaço de tempo possível, em seu desenvolvimento histórico observamos a cristalização dessa tendência com a passagem da hegemonia do capital industrial para o capital financeiro, pois o ciclo de valorização do capital que antes era composto pelas fases (D – M – D’) agora é composto apenas pelas fases (D – D’). Ou seja, a própria lógica da acumulação capitalista, a partir de um determinado ponto de55 seu desenvolvimento tende a encurtar os ciclos de valorização do capital colocando assim o capital financeiro (D – D’) em posição hegemônica relativamente às demais formas de capital. Essa lógica impõe certo grau de parasitismo nas economias capitalistas mais desenvolvidas, o que afeta profundamente as condições de existência das classes trabalhadoras diminuindo assim as suas possibilidades de inserção no mercado de trabalho. Na fase imperialista do capital, a questão do desemprego adquire contornos cada vez mais dramáticos. Na época de hegemonia do capital industrial os interesses da classe trabalhadora poderiam convergir momentaneamente com os interesses da burguesia, pois a ampliação da capacidade produtiva significava maiores oportunidades de emprego para os trabalhadores. Por outro lado, o período imperialista é caracterizado não somente pelo desenvolvimento dos componentes rentistas e parasitários, mas também, por sua vez, a maior composição orgânica do capital existente nas empresas monopolistas reduz proporcionalmente e em termos relativos à absorção de novos trabalhadores no mercado de trabalho. Trata-se da formação do exército industrial de reserva que atinge na fase imperialista, com o desenvolvimento dos cartéis e dos trustes, graves consequências.
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