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AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá, Futuro Servidor Concursado do INSS! Animado para mais uma aula? Hoje vamos abordar os Títulos IV – Do Regime Disciplinar e V – Do Processo Administrativo Disciplinar da Lei 8.112/1990. Lembrem-se, visando auxiliar a memorização do texto legal1, que: Todos os artigos estarão negritados, neste tipo de formatação, visando facilitar suas localizações para leituras e consultas durante possíveis futuras revisões rápidas da matéria. Em virtude de tal formatação, eliminaremos, inclusive, as aspas que sinalizam a transcrição ipsis litteris2 do texto. Não deixe de acessar o Fórum deste curso e inserir sua pergunta ou, quem sabe, analisar os questionamentos lá existentes que poderão ter alguma serventia a você. Boa aula para todos nós !!! Críticas e sugestões poderão ser enviadas para: henriquecampolina@pontodosconcursos.com.br Prof. Henrique Campolina Março/2013 1 “Texto legal”: é uma expressão usualmente utilizada para referir-se a um texto extraído de alguma legislação (leis, decretos, portarias, medidas provisórias, etc.) 2 Ipsis litteris expressão latina que significa transcrição literal do texto, mesmas palavras e letras. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 2 2. A Estrutura da Lei Federal nº 8.112/1990 (continuação) 2.5. Título IV – Do Regime Disciplinar Este título começa elencando os deveres (art. 116) e, em seguida, as proibições (art. 117). Precisamos entender que os deveres, em virtude do caráter positivo das regulações, trazem conceitos subjetivos, amplos e exemplificativos. Enquanto as proibições, por descreverem posturas e condutas vedadas em lei, são objetivas e taxativas. Isto é, um dever abrange uma série de condutas e situações. Já uma proibição define e tipifica a conduta reprovável. Dos Deveres Alguns autores, como o Juiz Federal Fábio Dutra Lucarelli3, gostam de dividir os deveres em relação aos comportamentos funcionais e profissionais dos servidores públicos. Sendo os funcionais decorrentes do cargo ocupado pelo servidor e os profissionais das atividades laborais que se esperam de quaisquer trabalhadores. Ficariam assim (entre parênteses: os incisos do art.116): DEVERES Comportamento funcional Comportamento profissional � Ser leal à instituição (II); � Observar as normas (III); � Cumprir ordens superiores (IV); � Atender com presteza ao público, à expedição de certidões e às requisições para a defesa da Fazenda Pública (V); � Levar as irregularidades de que tiver ciência ao conhecimento da autoridade superior competente para apuração (VI); � Guardar sigilo profissiona (VIII); � Manter conduta compatível com a moralidade administrativa (IX); � Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder (XII). � Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo (I); � Zelar pela economia do material (VIII); � Zelar pela conservação do patrimônio público (VIII); � Ser assíduo ao serviço (X); � Ser pontual ao serviço (X); � Tratar com urbanidade as pessoas (IX). 3 ROCHA, Daniel Machado da (Coordenador); LUCARELLI, Fábio Dutra e MACHADO, Guilherme Pinho. Comentários à Lei do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União. 2ª ed. Florianópolis: Conceito Editorial, 2012, pag. 187. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 3 Antes de analisarmos cada dever presente no art. 116, como sempre recomendamos e recomendaremos, façam uma leitura do texto legal: Art. 116. São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com urbanidade as pessoas; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa. Vamos, agora, analisar cada um destes deveres: Zelo e Dedicação I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; Costumo me perguntar se seria mesmo necessário que a lei formalizasse, expressamente, este e outros deveres que abordaremos aqui. Não nos parece lógico que o servidor, assim como todo empregado, deve exercer suas atividades com zelo e dedicação. Desta forma, o servidor deverá se esforçar para atingir os objetivos institucionais das tarefas que lhe são atribuídas. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 4 Lealdade Institucional II - ser leal às instituições a que servir; Importante gravarmos que esta lealdade deverá ser direcionada à instituição da qual o servidor é funcionário público. É uma lealdade institucional e não pode ser confundida com lealdade às pessoas investidas em cargos e funções de chefia, gerenciamento e supervisão do referido órgão/entidade. A lealdade institucional é superior a tal pessoalidade. Observância às Normas III - observar as normas legais e regulamentares; Este dever é um desdobramento direto e imediato do Princípio da Legalidade, que aparece no caput do art. 37 da CF/88 e compõe o famoso “LIMPE” (Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência): � Princípio da Legalidade: Princípio constitucional, condição fundamental à estrutura do Estado de Direito, que traz a obrigatoriedade que a Administração Pública deve obedecer à Lei: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”4; Assim, o servidor, além da constitucional observância às leis, também deverá obedecer às normas legais e regulamentares relacionadas ao seu cargo, emprego ou função pública. Obediência Hierárquica IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; Qualquer estrutura hierarquicamente organização, como possuem os órgãos e entidades da administração pública, necessita que seus integrantes obedeçamas ordens de seus superiores. 4 Inciso II do artigo 5º da Constituição Federal de 1988 AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 5 A ressalva do inciso é muito válida e, podemos dizer, é um desdobramento da Lealdade Institucional. Afinal, os servidores só estarão vinculados ao cumprimento de ordens superiores, se estas forem legais, institucionais e relacionadas à sua atividade profissional. Presteza, Agilidade e Defesa da Fazenda Pública V - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. Por mais que possam parecer sinônimos, agilidade refere-se à ligeireza e desembaraço no atendimento ao público, enquanto a presteza reveste tal celeridade com prontidão e adequação às necessidades de cada situação descrita no inciso V deste art. 116. Fidelidade Institucional VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; Outro dever que pode ser considerado um desdobramento da lealdade institucional. Afinal é obrigação do servidor, ao tomar ciência de alguma irregularidade, informar a autoridade superior competente que possa adotar as providências cabíveis e pertinentes ao caso concreto. É por isto que caso suspeitem que as autoridades superiores estejam envolvidas nas referidas irregularidades, o servidor tem o dever de “subir” com as informações até encontrar quem possa, hierarquicamente, apurar a situação. Zelo pelo Patrimônio Público e Combate ao Desperdício VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; Vejam novamente como é nítida e lógica a obrigação constante neste inciso. Devemos, sempre, em qualquer esfera de nossas vidas, evitar o desperdício e conservar nossos bens. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 6 Sigilo Profissional VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; Este dever não é absoluto. Afinal, acabamos de analisar o dever de presteza no atendimento ao público para fornecer informações requeridas. O que é vedado ao servidor é divulgar é divulgar assunto protegido por sigilo, conforme aparece até na ressalva do inciso V a: ressalvadas as protegidas por sigilo. Para isto, o servidor tem que ter conhecimento técnico e discernimento para saber diferenciar ambas as situações. Moralidade Administrativa IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; Este dever é um desdobramento de outro princípio constitucional (art. 37 da CF/1988): � Princípio da Moralidade: também pertencente ao constitucional “LIMPE”, está relacionado a uma administração “honesta”, isto é, um gerenciamento do dinheiro e do patrimônio públicos embasado nos valores éticos e morais da sociedade, nos bons costumes, na equidade5 e na justiça. E nada mais óbvio que esteja intimamente ligado aos procedimentos de contratação da Administração Pública; Assiduidade e Pontualidade X - ser assíduo e pontual ao serviço; Todo servidor deve ser assíduo (presença frequente, regular e periódica) e pontual (presente na hora marcada, exato no cumprimento das suas obrigações de horário). Urbanidade XI - tratar com urbanidade as pessoas; Urbanidade: “Qualidade do que é urbano. Cortesia, civilidade, polidez.”6 5 Equidade: Justiça natural. Disposição para reconhecer imparcialmente o direito de cada qual. Igualdade, justiça, retidão. (fonte: Dicionário Online Michaelis UOL) 6 Dicionário Online Michaelis-UOL (www.michaelis.uol.com.br) AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 7 O legislador, propositalmente, definiu genericamente os destinatários deste tratamento cortês: as pessoas. Deste modo, o servidor deverá tratar com urbanidade o público, os colegas de trabalho, as autoridades, os subordinados e todas as pessoas com as quais ele se relacionará em decorrência do cargo ocupado. Representação contra Ilegalidade, Omissão e Abuso de Poder XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa. Podemos dizer que este dever é muito próximo daquele que analisamos sob o título “Fidelidade Institucional”. O parágrafo único reforça um direito constitucionalmente estabelecido ao representando, a ampla defesa: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Das Proibições Novamente tenham um contato com todo o artigo 117, que depois analisaremos cada uma das 19 condutas proibições aqui delineadas: Art. 117. Ao servidor é proibido: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 8 VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estadoestrangeiro; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; XV - proceder de forma desidiosa; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interesses. Precisamos buscar uma das premissas que norteiam o Direito Penal, sendo um desdobramento do Princípio da Legalidade: “Não há crime sem lei anterior que o defina”. Desta forma, não cabe interpretação ampliativa na caracterização da conduta tipificada nas proibições. Por mais óbvio que possa parecer, precisamos identificar os elementos/requisitos de cada um dos incisos: Art. 117. Ao servidor é proibido: Em virtude do caput, podemos adiantar que o sujeito ativo destas proibições é o próprio servidor público. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 9 Ausência não autorizada: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; � Conduta proibida: � Ausentar-se do serviço; � Demais elementos/requisitos: � Durante o expediente, � Sem prévia autorização do chefe imediato; Retirada não autorizada de documento ou objeto: II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; � Condutas proibidas: � Retirar qualquer documento da repartição ou � Retirar qualquer objeto da repartição; � Demais elementos/requisitos: � Sem prévia anuência da autoridade competente; Recusa de fé a documento público: III - recusar fé a documentos públicos; (CONDUTA) Resistência ao andamento de processo, processo ou serviço: IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; � Condutas proibidas: � Opor resistência ao andamento de documento, � Opor resistência ao andamento de processo, � Opor resistência à execução de serviço; � Demais elementos/requisitos: � Resistência tem que ser injustificada; Manifestação de apreço/desapreço no recinto da repartição: V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; � Condutas proibidas: � Promover manifestação de apreço no recinto da repartição, � Promover manifestação de desapreço no recinto da repartição; AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 10 Delegação de atribuição a pessoa estranha à repartição: VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; � Conduta proibida: � Cometer a pessoa estranha à repartição o desempenho de atribuições da instituição; � Demais elementos/requisitos: � Atribuição de responsabilidade do servidor ou de seu subordinado; � Situações que descaracterizam a proibição: � Casos com previsão legal; Coação ou aliciamento de subordinados para filiação a associação (profissional ou sindical) ou a partido político: VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; � Condutas proibidas: � Coagir subordinados para filiação, � Aliciar subordinados para filiação; � Demais elementos/requisitos: � Filiação associações profissionais ou sindicais e/ou a partidos políticos; Nepotismo: VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; � Conduta proibida: � Manter sob sua chefia imediata cônjuge/companheiro ou parente; � Demais elementos/requisitos: � Parentesco até o 2º grau civil7, � O parente deverá estar em cargo ou função de confiança; 7 LEMBRETE: Para calcular o grau civil de parentesco, devemos “subir” até o parente comum e, depois, “descer” até o parente como o qual se quer calcular este grau. Exemplo: Qual o grau de parentesco entre 2 irmãos? Saímos de um irmão e chegamos ao pai: 1 grau. Como já chegamos ao parente comum (pai) descemos até o outro irmão: mais 1 grau. Desta forma, uma pessoa é parente de 2º grau civil de seus irmãos. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 11 Usar o cargo em proveito pessoal ou de outrem: IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; � Condutas proibidas: � Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal, � Valer-se do cargo para lograr proveito de outrem; � Demais elementos/requisitos: � Em detrimento da dignidade da função pública; Participação em gerência ou administração de sociedade privada ou exercício de comércio: X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interesses. � Condutas proibidas: � Participar de gerência de sociedade privada, personificada ou não personificada, � Participar da administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, � Exercer o comércio; � Situações que descaracterizam a proibição: � Estiver na qualidade de acionista, cotista ou comanditário, � Participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros, � Estiver em gozo de licença para tratar de interesses particulares (art. 91), observada a legislação sobre conflito de interesses; Advocacia Administrativa: XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolinawww.pontodosconcursos.com.br 12 � Conduta proibida: � Atuar junto a repartições públicas, como procurador ou intermediário; � Situações que descaracterizam a proibição: � Quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o 2º grau, e de cônjuge ou companheiro; Recebimento de propina, comissão, presente ou vantagem: XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; � Condutas proibidas: � Receber propina, � Receber comissão, � Receber presente, � Receber vantagem de qualquer espécie; � Demais elementos/requisitos: � Vantagens recebidas em razão das atribuições do servidor; Aceite de comissão, emprego ou pensão de Estado estrangeiro: XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; � Condutas proibidas: � Aceitar comissão, � Aceitar emprego, � Aceitar pensão. � Demais elementos/requisitos: � Vantagens recebidas de Estado estrangeiro Prática de usura: XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; (CONDUTA) Procedimento desidioso: XV - proceder de forma desidiosa8; (CONDUTA) Uso de recursos em interesse particular: XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; � Condutas proibidas: � 8 Desídia: Dir Descaso pelos serviços funcionais; incúria, negligência. (Dicionário Online Michaelis) AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 13 � Utilizar pessoal da repartição, � Utilizar recursos materiais da repartição; � Demais elementos/requisitos: � Em serviços ou atividades particulares; Desvio de função: XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; � Conduta proibida: � Cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa; � Situações que descaracterizam a proibição: � Situações de emergência e transitórias; Exercício de atividade incompatíveis: XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; (CONDUTA) Recusa à atualização de dados XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. (CONDUTA) Da Acumulação Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constituição, é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos. § 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. § 2º A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica condicionada à comprovação da compatibilidade de horários. § 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na atividade. Antes de analisarmos o conteúdo do art. 118 da Lei 8.112/1990, precisamos relembrar o que disciplina, sobre esta matéria, a Constituição Federal, mencionada no respectivo caput: AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 14 Incisos XVI e XVII do art. 37: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...] XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.9 a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;10 XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público; Inciso I do parágrafo único do art. 95 Art. 95. [...] Parágrafo único. Aos juízes é vedado: I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma de magistério; Temos, também, a aliena d do inciso II do §5º do art. 128 § 5º - Leis complementares da União e dos Estados, cuja iniciativa é facultada aos respectivos Procuradores-Gerais, estabelecerão a organização, as atribuições e o estatuto de cada Ministério Público, observadas, relativamente a seus membros: [...] II - as seguintes vedações: [...] d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra função pública, salvo uma de magistério; E, ainda, temos os §§ 1º e 2º do art. 17 do ADCT: § 1º É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de médico que estejam sendo exercidos por médico militar na administração pública direta ou indireta. § 2º É assegurado o exercício cumulativo de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde que estejam sendo exercidos na administração pública direta ou indireta. Desta forma, compilando todas estas informações, encontramos as exceções constitucionais à acumulação remunerada de cargos, empregos e/ou funções públicos, respeitada ordem de aparecimento em nossa Lei Maior, referentes a: � Professor + Professor; 9 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/1998: Inciso XVI: caput e alíneas ‘a’ e ‘b’ e Inciso XVII 10 Redação dada pela Emenda Constitucional nº 34/2001 AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 15 � Professor + Técnico; � Professor + Científico; � Privativo de profissional de saúde + Privativo de profissional de saúde11; � Juiz + Professor; � Membro do Ministério Público + Professor; � Privativo de Médico + Privativo de Médico: exercidos por médico militar; � Privativo de profissional de saúde + Privativo de profissional de saúde, que estivessem sendo exercidos na data da promulgação da CF/1988. ACUMULAÇÃO x HORÁRIOS – I A acumulação de cargos sempre ficará condicionada à comprovação da compatibilidade de horários. Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso previsto no parágrafo único do art. 9º, nem ser remunerado pela participação em órgão de deliberação coletiva. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à remuneração devida pela participação em conselhos de administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social, observado o que, a respeito, dispuser legislação específica. Relembrem o que diz o parágrafo único do art. 9º, citado neste dispositivo: Art. 9º [...] Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deveráoptar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. ACUMULAÇÃO x HORÁRIOS – II O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos. Exceção:se houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos envolvidos. 11 As profissões de saúde devem ser regulamentadas AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 16 Das Responsabilidades Art. 121. O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício irregular de suas atribuições. A Lei 8.112/1990 está inserida no ordenamento jurídico brasileiro na parte voltada à Administração Pública, como estamos vendo desde sua ementa. Desta forma, devemos entender que este artigo objetiva reforçar às autoridades administrativas as naturezas das responsabilidades a que estão submetidos os servidores públicos. Afinal, as regulamentações que deverão ser observadas nos âmbitos penal e civil estão contidas nas suas respectivas legislações. Este dispositivo também tem a função de determinar aos administradores públicos que, ao tomarem ciência de “irregularidades cometidas por servidor público no exercício de suas atribuições”, providenciem os pertinentes procedimentos apuradores e/ou reparatórios dos danos causados, além de comunicar os fatos ao Ministério Público, quando o caso determinar (penal). Para o âmbito da responsabilidade administrativa, deverá o fato ser apurado internamente no órgão/entidade público, mediante instauração do devido processo administrativo (próximo Título desta lei trata exatamente do “Processo Administrativo Disciplinar”). Já as responsabilidades civil e penal serão tratadas nos próximos artigos desta Lei, relembrando a existência de legislação específica para tais situações. Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em prejuízo ao erário ou a terceiros. § 1º A indenização de prejuízo dolosamente causado ao erário somente será liquidada na forma prevista no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a execução do débito pela via judicial. § 2º Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação regressiva. § 3º A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucessores e contra eles será executada, até o limite do valor da herança recebida. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 17 É necessária a presença de 3 elementos para a caracterização da situação da responsabilização civil: 1º) Elemento volitivo (vontade do servidor) - Dolo ou culpa: para caracterização do tipo disposto neste artigo é necessária a presença de um elemento decorrente da vontade do servidor em fazer ou deixar de fazer determinado ato inerente às atribuições de seu cargo. Vejam as definições12 que nos ajudam a distinguir estes dois tipos de elementos volitivos: Dolo: “Em direito civil, manobra ou artifício que se inspira em má-fé e leva alguém a induzir outrem à prática de um ato com prejuízo para este”. Desta forma, falamos que a conduta dolosa se caracteriza quando o servidor pratica ou omite propositadamente a conduta, por vontade própria, ou, ainda, quando pratica a conduta assumindo o risco do resultado danoso que poderá acontecer (esta segunda hipótese é o chamado dolo eventual); Culpa: “No direito civil, falta contra o dever jurídico, cometida por ação ou omissão e proveniente de inadvertência ou descaso”. “No direito penal, ato voluntário, proveniente de imperícia, imprudência ou negligência, de efeito lesivo ao direito de outrem”. Podemos, nestas definições, encontrar as três modalidades de culpa: � Negligência: “inobservância e descuido na execução de ato”; � Imperícia: “falta de habilidade ou experiência reputada necessária para a realização de certas atividades e cuja ausência, por parte do agente, o faz responsável pelos danos ou ilícitos penais advenientes”; � Imprudência: “inobservância das precauções necessárias”. 2º) Dano: sem a presença de dano, não há responsabilização civil. Dano: 12 Dicionário Houaiss – Conceitos de Dolo, Culpa, Negligência, Imperícia e Imprudência AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 18 “Toda diminuição nos bens jurídicos de uma pessoa; qualquer prejuízo, esp. financeiro e patrimonial, sofrido por alguém, em que houve ação, influência ou omissão de outrem”13. A jurisprudência já consagrou a obrigatoriedade da presença deste requisito na caracterização da responsabilização civil. Vejam alguns exemplos desta jurisprudência vinda do STJ. Nestes casos, o Tribunal Superior descaracterizou até crime tipificado na Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 8.666/93), em decorrência da ausência de resultado danoso ao erário: “Conforme entendimento adotado por esta Corte, a dispensa de licitação fora dos casos previstos em lei só é punível quando a conduta acarretar prejuízo ao erário público. Precedentes do STJ.”14 “O entendimento dominante do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que o crime do art. 89 da Lei 8.666, de 1993, somente é punível quando produz resultado danoso ao erário.”15 3º) Nexo Causal: deve também estar presente um elo de casualidade entre a conduta do agente público e o dano ocorrido. O art. 122 ainda traz disposições quanto à: §1º: Formas de ressarcimento ao erário público, incluindo a via judicial; §2º: Responsabilidade regressiva, nas hipóteses de danos causados a terceiros; §3º: Extensão aos herdeiros: até os limites das heranças recebidas. Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções imputadas ao servidor, nessa qualidade. Dispositivo que serve, conforme já comentamos, apenas para reforçar a necessidade das autoridades administrativas comunicarem as condutas aqui analisadas ao Ministério Público. 13 Dicionário Houaiss 14 HC nº 95.103/SP, 5ªT., relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe de 09.06.2008 15 APN nº 375, Corte Especial, relator Ministro Fernando Gonçalves, DJ de 24.04.2006 AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 19 Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resulta de ato omissivo ou comissivo praticado no desempenho do cargo ou função. Já o art. 124 reforça o ambiente que deve ser observado na responsabilização civil-administrativa: ato praticado no desempenho do cargo ou função. Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes entre si. Aqui temos a conhecida “Independência de Instâncias”. Principal desdobramento desta situação: servidor poderá se punido nas três esferas de responsabilidade. Art. 126. A responsabilidadeadministrativa do servidor será afastada no caso de absolvição criminal que negue a existência do fato ou sua autoria. Apesar da citada independência, este artigo dispõe que se o servidor for absolvido criminalmente (com trânsito em julgado), não mais poderá ser responsabilizado administrativamente. É um ponto bastante polêmico na Doutrina, existindo, inclusive, a Súmula nº 18 do STF, que diz: Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público. Tal súmula decorre do fato que algumas condutas poderão não ser passíveis de condenação penal, mas caracterizarão infrações administrativas. Percebam a situação: a falta residual, tratada na transcrita súmula, não está compreendida na absolvição pelo juízo criminal, motivo que não poderá ser utilizada a disposição do art. 126 para afastar sua responsabilidade administrativa. Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado civil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra autoridade competente para apuração de informação concernente à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou função pública.16 16 Incluído pela Lei nº 12.527, de 2011 (entrou em vigor em maio/2012) AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 20 Dispositivo recém incluído na Lei, visando preservar o servidor que tomar a iniciativa de dar ciência aos superiores competentes em apurar os fatos irregulares que tenha tomado conhecimento (cuja conduta é um dos deveres dos servidores que estudamos no início desta aula). Das Penalidades Art. 127. São penalidades disciplinares: I - advertência; II - suspensão; III - demissão; IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; V - destituição de cargo em comissão; VI - destituição de função comissionada. Não é permitido ao administrador público criar, inventar ou fundir penalidades, sendo taxativa a relação apresentada neste dispositivo. Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela provierem para o serviço público, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os antecedentes funcionais. Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade mencionará sempre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. Artigo ditado pelo Princípio da Proporcionalidade na Aplicação das Penalidades Administrativas, correlato ao princípio orientador da esfera penal. É a chamada “Dosimetria da Pena ou da Penalidade”. O parágrafo único do dispositivo traz um requisito formal para o “ato de imposição da penalidade”: a menção expressa do fundamento legal e a causa da sanção disciplinar. Tal formalidade visa, inclusive, propiciar ao servidor condições favoráveis para o exercício da ampla defesa e do contraditório. Passemos, agora, a analisar cada uma das penalidades disciplinares: Penalidade Disciplinar: ADVERTÊNCIA Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos casos de violação de proibição constante do art. 117, incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever funcional previsto em lei, regulamentação ou norma interna, que não justifique imposição de penalidade mais grave. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 21 Para caracterizarmos os casos puníveis com advertência, por escrito, precisamos resgatar os citados incisos do art. 117, já aqui estudado por nós, que trata das proibições: Art. 117. Ao servidor é proibido: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. Às inobservâncias dos deveres dos servidores (art. 116), quando não ensejam penalidades mais graves, serão passíveis de advertência. Se tais condutas se referirem a outras leis, regulamentos ou normas internas, também será possível a aplicação de advertência. Vamos já trazer o art. 131 que também trata esta penalidade: Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. Advertência: Decurso de 3 anos de efetivo exercício = Registro cancelado. Condição: Ausência de nova infração disciplinar nesse período. Penalidade Disciplinar: SUSPENSÃO Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de reincidência das faltas punidas com advertência e de violação das demais proibições que não tipifiquem infração sujeita a penalidade de demissão, não podendo exceder de 90 (noventa) dias. § 1º Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser submetido a inspeção médica AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 22 determinada pela autoridade competente, cessando os efeitos da penalidade uma vez cumprida a determinação. § 2º Quando houver conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço. Hipóteses de Suspensão (penalidade imediatamente superior à advertência): � Advertência + Advertência = Suspensão; � Violações das proibições que não sujeitam a demissão. Como as proibições que ensejam advertência só acarretarão suspensão se houver reincidência e eliminando as hipóteses do art. 132, encontramos apenas os incisos XVII e XVIII do art. 117: XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; SUSPENSÃO – Prazos Prazo mínimo: 1 dia; Prazo máximo: 90 dias (art. 130); Recusa a submeter a inspeção médica: até 15 dias; Novamente precisamos resgatar o art. 131: Art. 131. As penalidades de advertência e de suspensão terão seus registros cancelados, após o decurso de 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectivamente, se o servidor não houver, nesse período, praticado nova infração disciplinar. Suspensão: Decurso de 5 anos de efetivo exercício= Registro cancelado. Condição: Ausência de nova infração disciplinar nesse período. O cancelamento da penalidade (advertência e suspensão) não surtirá efeitos retroativos. CONVERSÃO DA SUSPENSÃO EM MULTA Havendo conveniência para o serviço, a penalidade de suspensão poderá ser convertida em multa, na base de 50% por dia de vencimento ou remuneração, ficando o servidor obrigado a permanecer em serviço. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 23 Desta forma, já buscando as disposições do art. 132, temos: VIOLAÇÃO DAS PROIBIÇÕES DO ARTIGO 117 DA LEI 8.112/1990 Incisos do art. 117 Penalidades Aplicáveis I a VIII e XIX � Advertência � Suspensão (se reincidente) XVII e XVIII � Suspensão IX a XVI � Demissão Penalidade Disciplinar: DEMISSÃO (art. 132) Para esta penalidade, vamos enumerar cada hipótese de aplicação, substituindo remissões a outros dispositivos pelos respectivos conteúdos: DEMISSÃO – Hipóteses de aplicação � Crime contra a administração pública; � Abandono de cargo; � Inassiduidade habitual; � Improbidade administrativa; � Incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição; � Insubordinação grave em serviço; � Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem; � Aplicação irregular de dinheiros públicos; � Revelação de segredo do qual se apropriou em razão do cargo; � Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; � Corrupção; � Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; � Transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117, a saber: � Valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; � Participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; � Atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; � Receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; � Aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 24 DEMISSÃO – Hipóteses de aplicação � Praticar usura sob qualquer de suas formas; � Proceder de forma desidiosa; � Utilizar pessoal/recursos materiais da repartição para proveito particular. Vamos falar um pouco de cada um dos casos passíveis de demissão contidos no art. 132. Afinal, trata-se da penalidade mais grave que pode ser aplicada ao servidor público: Crime contra a administração pública O Código Penal possui o Título XI, que trata “Dos Crimes Contra a Administração Pública”. Como já dissemos, qualquer rol de crimes e penalidades do ramo do Direito Penal é taxativo. Assim, para ser possível a demissão de servidor embasado nesta hipótese, sua conduta deverá estar enquadrada em algum dos crimes tipificados neste Título do CP, que inclui: � Peculatos doloso, culposo e mediante erro de outrem; � Emprego irregular de verbas ou rendas públicas; � Concussão; � Excesso de exação; � Corrupções passiva e ativa; � Facilitação e contrabando ou descaminho; � Prevaricação; � Advocacia administrativa; � Violação de sigilo funcional e de proposta de concorrência; � Usurpação de função pública; � Desacato; � Tráfico de Influência; � Auto-acusação falsa; � Coação no curso do processo; � Fraude processual; � Favorecimento pessoal e real; � Exercício arbitrário ou abuso de poder. Abandono de cargo Busquemos o art. 138 para nos auxiliar na caracterização desta hipótese: Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência intencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias consecutivos. Importante atentarmos para o fato da ausência ser intencional (ou seja, voluntária), por mais de 30 dias consecutivos. Servidor em licença-médica que não se submeta à inspeção (art. 130 §1º) e não retorne ao serviço, estará sujeito à presente penalidade. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 25 Abandono: Ausências > 30 dias consecutivos Inassiduidade habitual Agora é hora de anteciparmos o art. 139: Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, interpoladamente, durante o período de doze meses. Inassiduidade Habitual: 60 dias em 12 meses Ausências injustificadas, novamente intencionais e voluntárias, durante 12 meses consecutivos. INASSIDUIDADE HABITUAL A Lei não fala que as 60 faltas injustificadas num período de 12 meses, para caracterizar a inassiduidade habitual, ocorre entre 1º/Janeiro a 31/Dezembro. Ou seja, o período de 12 meses não precisa ser coincidente com o ano civil. - GUARDEM BEM ISTO! - Improbidade administrativa A Lei nº 8.429/1992, que “dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e dá outras providências”, é popularmente conhecida como Lei de Improbidade Administrativa e traz as regulamentações acerca da presente hipótese de demissão. Incontinência pública e conduta escandalosa, na repartição Importante a caracterização do ambiente onde deverá ser constatada a conduta desviada do servidor: na repartição. Insubordinação grave em serviço Particularmente, não gosto de conceitos genéricos em tipos legais, como o “grave” deste tipo. Afinal, como caracterizar o momento que uma AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 26 insubordinação é passível de advertência ou suspensão, por se enquadrar em alguma hipóteses dos artigos 116 (deveres) ou 117 (proibições), ou ultrapassou tal limite e caracteriza a presente hipótese de aplicação da penalidade de demissão? O que se vê na prática cotidiana das administrações públicas federais é a obrigação do superior hierárquico caracterizar detalhadamente a conduta desapropriada do subordinado, a fim de instruir corretamente o respectivo processo administrativo disciplinar. Ofensa física, em serviço, a servidor ou a particular, salvo em legítima defesa própria ou de outrem Aqui a lei não determina que a ofensa física seja cometida na repartição, isto é, não delimita espacialmente o local da prática do ato. Estando em serviço, realizada a ofensa física que não seja em legítima defesa própria ou de outrem, estará caracterizada esta hipótese. Aplicação irregular de dinheiros públicos É a aplicação de dinheiros públicos em desconformidade com a legislação orçamentária. Está prevista no art. 315 do Código Penal (retirei a pena): Emprego irregular de verbas ou rendas públicas Art. 315 Dar às verbas ou rendas públicas aplicação diversa da estabelecida em lei. Revelação de segredo do qualse apropriou em razão do cargo É importante que o as informações reveladas (segredos) tenha sido obtidas pelo servidor em função do cargo que ocupa. No Código Penal temos 2 artigos com condutas correlatas (retirei as penas): Violação de sigilo funcional Art. 325 Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação: § 1º Nas mesmas penas deste artigo incorre quem: I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública; II – se utiliza, indevidamente, do acesso restrito. § 2º Se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública ou a outrem. Violação do sigilo de proposta de concorrência Art. 326 Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 27 Lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional Aplicação irregular de dinheiro, dilapidação do patrimônio público e corrupção, são algumas condutas correlatas a este tipo. É o dano efetivo ao erário praticado pelo servidor com dolo. Corrupção Prevista e tipificada nos artigos 317 (passiva) e 333 (ativa) Código Penal: Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantage. § 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional. § 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outre. Corrupção ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se, em razão da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou omite ato de ofício, ou o pratica infringindo dever funcional. Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas Já trouxemos nesta aula o tema “Acumulação”. Assim, caso o servidor pratique esta conduta, estará sujeito à demissão. O próximo artigo (133) aborda mais detalhadamente estas situações. Vamos transcrever esquematicamente o artigo 133, tentando “traduzir” seus diversos dispositivos: Detectada a acumulação ilegal de cargos públicos17, a autoridade competente (art. 143) notificará o servidor (via chefia imediata) para apresentar opção no prazo improrrogável de 10 dias, contados da data da ciência. Caso o servidor se omita, deverá ser adotado procedimento sumário (prazo para conclusão: não excederá 30 dias, admitida prorrogação por até 15 dias, quando circunstâncias exigirem) para a sua apuração e regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: 17 Onde falamos Cargos, Leia-se: Cargos, empregos e funções públicas (já abordamos tal extensão) AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 28 � Instauração – publicação contendo: � Ato de constituição de comissão de 2 servidores estáveis, � Indicação da autoria (nome e matrícula do servidor) e � Materialidade da transgressão objeto da apuração (descrição dos cargos públicos em situação de acumulação ilegal, dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de ingresso, do horário de trabalho e do correspondente regime jurídico); � Instrução sumária, que compreende indiciação, defesa e relatório; � Julgamento. A comissão: � Lavrará (até 3 dias após a publicação do ato que a constituiu) termo de indiciação (com indicação da autoria e materialidade da transgressão); � Promoverá a citação do indiciado (pessoal ou via chefia imediata) para em 5 dias apresentar defesa escrita; � Assegurará ao indiciado vista do processo na repartição; � Elaborará, após apresentada a defesa, relatório conclusivo que: � Versará sobre a inocência ou a responsabilidade do servidor, � Resumirá as peças principais dos autos, � Opinará sobre a licitude da acumulação em exame, � Indicará o respectivo dispositivo legal; � Remeterá o processo à autoridade instauradora, para julgamento. A autoridade julgadora: � Proferirá a sua decisão, até 5 dias do recebimento do processo, � Encaminhará o processo à autoridade competente (art. 141 I), caso a penalidade prevista for a demissão ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade. BOA-FÉ DO SERVIDOR C/ACUMULAÇÃO DE CARGOS A opção pelo servidor até o último dia de prazo para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que se converterá automaticamente em pedido de exoneração do outro cargo. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 29 Caracterizada a acumulação ilegal e provada a má-fé, aplicar-se-á, comunicando aos órgãos de vinculação, pena em relação aos cargos públicos em regime de acumulação ilegal, de: � Demissão, � Destituição de aposentadoria, � Cassação de aposentadoria, � Disponibilidade ou � Rescisão do contrato de trabalho com justa causa (para empregados públicos com vínculo da CLT). No caso dos empregados públicos celetistas, a rescisão deverá ser efetuada pelo dirigente da entidade. Penalidade: CASSAÇÃO DE APOSENTADORIA ou DISPONIBILIDADE Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibilidade do inativo que houver praticado, na atividade, falta punível com a demissão. Este dispositivo legal visa permitir a revisão de atos já praticados em relação a condutas que deveriam ter sido punidas à época da atividade do servidor aposentado ou posto em disponibilidade. É uma forma de evitar que haja prescrição da aplicação da pertinente penalidade disciplinar. Penalidade Disciplinar: DESTITUIÇÃO DE CARGO EM COMISSÃO Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos casos de infração sujeita às penalidades de suspensão e de demissão. Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art. 35 será convertida em destituição de cargo em comissão. Penalidade vinculada à constatação, apuração e verificação de condutas passíveis das penalidades de suspensão e de demissão. Isto ocorre porque não se fala em demissão de ocupante de cargo em comissão, por se tratar de um posto de livre nomeação e exoneração pelas autoridades competentes. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 30 Um importante desdobramento da destituição (cuja previsão legal não foi estendida aos servidores exonerados) é o impedimento de nova investidura dos servidores demitidos e/ou destituídos em cargos públicos federais, temporariamente (por 5 anos subsequentesao respectivos ato) ou definitivamente e a indisponibilidade de seus bens e ressarcimento ao erário, conforme podemos constatar nos artigos 136 e 137: Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132, implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível. Vamos também relembrar estes incisos. É sempre importante substituirmos as remissões pelos seus reais conteúdos: Art. 132. Demissão será aplicada nos seguintes casos: I - crime contra a administração pública; ... IV - improbidade administrativa; ... VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos; ... X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do patrimônio nacional; ... XI - corrupção; A Doutrina costuma batizar estes impedimentos de penalidade acessória ou complementar. Afinal, para estar subordinado a este ressarcimento ao erário ou à indisponibilidade de seus bens, o servidor já deverá ter sido punido com a demissão ou com a destituição de cargo em comissão. Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em comissão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI, incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos. Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço público federal o servidor que for demitido ou destituído do cargo em comissão por infringência do art. 132, incisos I, IV, VIII, X e XI. Também o art. 137 refere-se a servidores punidos com a demissão ou a destituição de cargo em comissão, trazendo 2 tipos de impedimentos: � Impedimento temporário: Punições relativas ao art. 117 IX e XI: AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 31 Art. 117. Ao servidor é proibido: ... IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; ... XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; � Impedimento definitivo: Punições relativas ao art. 132 I, IV, VIII, X e XI; São os mesmos incisos do art. 136 transcritos acima. Percebam que o artigo 137 traz outra forma de penalidade complementar ou acessória. Novamente a 1º punição deverá ter sido a demissão ou a destituição de cargo em comissão. RITO SUMÁRIO Deverá ser adotado na apuração das hipóteses de: � Acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas; � Abandono de cargo; � Inassiduidade habitual. Obs: A indicação da materialidade deverá indicar os fatos concretos e caracterizadores de cada situação. COMPETÊNCIAS PARA APLICAÇÃO DE PENALIDADES Item Autoridades Penalidades Disciplinares 01 Presidente da República � Demissão � Cassação de aposentadoria � Cassação de disponibilidade Presidente do Senado Federal Presidente da Câmara dos Deputados Presidentes dos Tribunais Federais Presidentes dos Tribunais Regionais Procurador-Geral da República 02 Autoridades Administrativas abaixo imediatamente das descritas no item 1 � Suspensão superior a 30 dias 03 Chefe da repartição e outras autoridades (conforme regimentos ou regulamentos) � Advertência � Suspensão até 30 dias 04 Autoridade que houver feito a nomeação � Destituição de cargo em comissão AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 32 PRESCRIÇÃO DAS PENALIDADES DISCIPLINARES Prazos Penalidades Disciplinares 5 anos � Infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão 2 anos � Suspensão 180 dias � Advertência Obs: � Início do Prazo: da data em que o fato se tornou conhecido. � Prazos previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime. � Abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente. � Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. HORA DE NOS EXERCITARMOS! AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 33 QUESTÕES RESOLVIDAS Questão 1 (FCC – TRE-SP – Técnico Judiciário – 2012) – Para responder esta questão, considere a Lei nº 8.112/1990. Em matéria de proibições aos servidores públicos federais, analise a situação de cada um deles: I. Marcílio distribuiu propaganda de uma associação profissional para servidores não subordinados. II. Miriam praticou usura destinada a uma entidade de assistência social. III. Marta, na qualidade de cotista, participa de uma sociedade não personificada. IV. Manoel promoveu, no horário de folga, manifestação de apreço no recinto da repartição. Nesses casos, NÃO constituem proibições às situações apresentadas em A) I e II. B) I e III. C) I e IV. D) II e IV. E) III e IV. Resolução Para resolvermos esta questão precisamos resgatar o art. 117 e verificar se as condutas do enunciado estão tipificadas na Lei 8.112/1990. Lembrem que não há espaço para ampliação das hipóteses dispostas na legislação: não estando todos os requisitos presentes, a conduta não será passível de aplicável de penalidade. Ao transcrever o art. 117, já vamos identificar os casos trazidos nesta questão. Mas, como sempre recomendo, trarei todas as hipóteses deste dispositivo para lhes proporcionar mais um contato com o texto legal: AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 34 Art. 117. Ao servidor é proibido: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; (A conduta de Manoel se enquadra nesta hipótese, pois a prática da manifestação em dia de folga não a descaracteriza) VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; (A conduta de Marcílio não poderá ser enquadrada nesta hipótese, já que é necessário que os aliciados/coagidos sejam subordinados do servidor) VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotistaou comanditário; (A conduta de Marta se enquadra nas exceções desta conduta, que não são passíveis de aplicação de punição) XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; (A conduta praticada por Miriam se enquadra nesta hipótese) XV - proceder de forma desidiosa; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. Assim, apenas Miriam (II) e Manoel (IV) poderão ser punidos. Lembrando que a questão nos pediu para identificar as situações que NÃO constituem proibições aos servidores públicos. Por exclusão: I e III. Gabarito: B AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 35 Questão 2 (FCC – TRE-RN – Técnico Judiciário – 2011) – Nos termos da Lei nº 8.112/90, ao servidor é proibido A) opor resistência justificada ao andamento de processo. B) ausentar-se do serviço durante o expediente, mesmo que tenha autorização do chefe imediato. C) manter sob sua chefia imediata parente de quarto grau civil. D) retirar documento da repartição, ainda que tenha autorização de autoridade competente. E) promover manifestação de apreço no recinto da repartição. Resolução Alternativa A: Não é proibição ao servidor Explicação: O inciso IV do art. 117 proibe a resistência INJUSTIFICADA ao andamento do processo. Memorizem: IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; Alternativa B: Não é proibição ao servidor Explicação: A proibição (art. 117 I) exige que a ausência ocorra sem prévia autorização do chefe imediato: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; Alternativa C: Não é proibição ao servidor Explicação: Nepotismo, na Lei 8.112/1990, não atinge os parentes de 4º grau civil. É o que diz o art. 117 VIII: VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; Alternativa D: Não é proibição ao servidor Explicação: Novamente, a autorização, neste caso da autoridade competente, descaracteriza proibição contida no art. 117 II: II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 36 Alternativa E: É PROIBIÇÃO ao servidor Explicação: Quando não encontramos a resposta nas opções A, B, C e D, criamos uma expectativa que o gabarito está na letra E. Mas isto não é suficiente para marcarmos a última alternativa em nossa folha de respostas. É preciso confirmar esta expectativa. Aqui encontraremos no inciso V do art. 117 a conduta proibida que está descrita na letra E. Confiram e marquem: V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; Gabarito: E Questão 3 (FCC – TRF-1ª Região – Analista Judiciário – 2011) – Sobre a acumulação de cargos públicos, prevista na Lei nº 8.112/90, é correto afirmar: A) considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo público efetivo com proventos da inatividade, ainda que os cargos de que decorram essas remunerações sejam acumuláveis na atividade. B) a proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. C) o servidor, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, mesmo que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles. D) o servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, com prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, devendo optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade. E) o servidor não poderá ser remunerado pela participação em conselhos de administração e fiscal de empresas públicas e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como de quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou indiretamente, detenha participação no capital social. AULA 03 ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO e REGIME JURÍDICO ÚNICO PARA INSS – Teoria e Exercícios Professor: HENRIQUE CAMPOLINA Prof. Henrique Campolina www.pontodosconcursos.com.br 37 Resolução “A) considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo público efetivo com proventos da inatividade, ainda que os cargos de que decorram essas remunerações sejam acumuláveis na atividade.” Assertiva errada: esta alternativa contraria o §3º do art. 118, que traz uma ressalva ao final do dispositivo, que não foi excetuada na assertiva acima. Relembrem: § 3º Considera-se acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decorram essas remunerações forem acumuláveis na atividade. “B) a proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios.” Assertiva CORRETA: transcrição literal do art. 118 §1º. Podem marcar! § 1º A proibição de acumular estende-se a cargos, empregos e funções em autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e dos Municípios. “C) o servidor, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, mesmo que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles.” Assertiva errada: Aqui, a assertiva não considerou a ressalva contida no art. 120, tornando-se incorreta. Confiram comigo: Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efetivos, quando investido em cargo de provimento em comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipótese em que houver compatibilidade de horário e local com o exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. “D) o servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá ser nomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, com prejuízo das atribuições do que atualmente ocupa, devendo optar pela remuneração de um deles durante o período da interinidade.”
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