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Direito Processual do Trabalho Prof. Michele Borges Matéria: Evolução Histórica/ Princípios/ Formas Extrajudiciais de Solução/ Comissão de Conciliação Prévia/ Orgãos da Justiça do Trabalho. 20/04/2011 Evolução Histórica: O Direito Processual Trabalhista tem a sua evolução histórcia ligada ao Direito Material do Trabalho. A Revolução Industrial determina diversas alterações nas condições de trabalho. A utilização de máquinas que faziam como o tear, o serviço de vários trabalhadores, causou o desemprego em massa, bem como a incidência constante de acidentes de trabalho, por decorrência da utilização das máquinas cumuladas com a excessiva hora de trabalho. Todos estes fatores, desencadearam em um problema social, no qual o Estado resolveu interferir, por meio da criação de normas e regras trabalhistas. No Brasil, a primeira vez que se dispõe regras do trabalho foi na Constituição Federal de 1934. Posteriormente, a Constituição Federal de 1937 classifica o direito do trabalho como um direito social. Por fim, em 1943 surgiu a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), que divide direito material e direito processual. Conceito: O Direito Processual do Trabalho é um conjunto de regras (princípios, leis – todas as fontes formais), que visam regular os orgãos para tentar solucionar dissídios individuais e /ou coletivos digam respeito a relação do trabalho. Princípios: O princípio tem 3 funções: 1ª Função – Inspiradora do legislador; 2ª Função – Interpretativa; 3ª Função – Suprimento de lacunas. 1. Princípios Gerais: São aqueles utilizados em outros ramos do Direito, no qual também servirá de uso para o Direito Processual Trabalhista, p.ex: princípio do duplo grau de jurisdição; princípio da boa-fé; princípio da igualdade; princípio do contraditório e ampla defesa; princípio da razoabilidade, princípio do devido processo legal; princípio do “pacta sunt servanda” (o contrato faz lei entre as partes) – este último princípio é utilizado com reservas. 2. Princípios trazidos do Direito Material: Princípio da proteção do empregado: Pode ser desmembrado em três: o “in dubio pro operário”; aplicação da norma mais favorável ao trabalhador; aplicação da condição mais benéfica ao trabalhador. - “in dubio pro operário”: na dúvida beneficia o empregado, pois este é a parte mais fraca da relação. - aplicação da norma mais favorável: utiliza-se a norma que for mais benéfica ao empregado. - aplicação da condição mais benéfica: A condição mais benéfica ao trabalhador deve entender-se por direito adquirido, ou seja, vantagens já conquistadas, não podem ser modificadas para pior. Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos: Os direitos trabalhistas são irrenunciáveis pelo trabalhador, p.ex: emprega doméstica que pede para a patroa não registra-la na carteira. Obs.: Alguns doutrinadores pregam que o princípio da irrenunciabilidade de direitos faz parte do princípio da proteção. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego: Entende-se que o contrato de trabalho terá validade por prazo indeterminado (regra), ou seja, haverá continuidade na relação de emprego. Com exceção dos contratos por prazo determinado, inclusive o contrato de trabalho temporário. Princípio da Primazia da Realidade: A primazia da realidade nos transmite a idéia que no caso de desacordo entre a realidade fática e o que nos transmite os documentos, deve- se privilegiar a verdade real. Na esfera trabalhista, os fatos são mais importantes que os documentos, sendo assim, o que deve ser observado realmente são as condições que de fato demonstrem a existência do contrato de trabalho. "São privilegiados, portanto, os fatos, a realidade, sobre a forma e a estrutura empregada". Portanto, para o juiz o que interessa é a realidade. 3. Princípios do Direito Processual Trabalhista: Princípio da Celeridade: Impõe que os atos processuais sejam praticados em prazos exíguos, o quanto mais rápido possível. Este princípio se justifica porque trata-se de verbas de natureza salarial/alimentar. Princípio do Informalismo: O Direito Processual do Trabalho é um direito menos informal, pois visa a celeridade. Princípio da Oralidade: Impõe o uso e a prevalência da palavra oral à escrita, com manifestações orais até a primeira instância. A petição inicial pode ser oral (faculdade). A contestação trabalhista é obrigatória na forma oral (Art. 847, da CLT). Obs.: Na prática, por via de costume é realizada na forma escrita. Os debates em audiência são todos realizados na forma oral. As razões finais são realizadas na forma oral (Art. 150, da CLT). A sentença também é oral. Obs.: Na prática, por via de costume é realizada na forma escrita. Princípio da Concentração dos Atos: Significa que, na medida do possível, todos os atos importantes ao desfecho do conflito devam ser praticados numa só oportunidade, ou sejam na audiência UNA; há uma concentração de atos contínuos, tais como leitura da petição inicial, proposta de conciliação, defesa, provas orais, razões finais e sentença. Princípio do “jus postulandi”: É o direito assegurado às partes, num processo trabalhista, de atuar sem patrocínio de advogado (Art. 791, da CLT). Art. 791. “Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final.” SÚMULA Nº 425/TST - JUS POSTULANDI NA JUSTIÇA DO TRABALHO. ALCANCE. “O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de competência do Tribunal Superior do Trabalho.” Princípio da Natureza Conciliatória: Em dois momentos a tentativa de conciliação é obrigatória: 1º O juiz trabalhista ao abrir à audiência deve tentar compor a conciliação (Art.846, da CLT). Art. 846. “Aberta a audiência, o juiz ou presidente proporá a conciliação.” 2º Após as razões finais, o juiz é obrigado a tentar conciliar (Art. 850, da CLT). Art. 850. “Terminada a instrução, poderão as partes aduzir razões finais, em prazo não excedente de 10 (dez) minutos para cada uma. Em seguida, o juiz ou presidente renovará a proposta de Conciliação, e não se realizando esta, será proferida a decisão.” Se o juiz não tentar a conciliação – gera uma nulidade processual, pois estariamos diante de um vício. - Posição Majoritária: Se o juiz tentou pelo menos uma vez a conciliação – não gera nulidade. - Posição Minoritária: Em nenhum momento geraria a nulidade á ausência da conciliação, pois não há prejuízo às partes, uma vez que estas podem compor a conciliação a qualquer tempo. Caso a lei trabalhista seja ausente sobre algum assunto utiliza-se os princípios. No entanto, caso seja ausente o princípio que verse sobre o assunto ou omissa as normas trabalhistas – utiliza-se subsidiariamente o Código de Processo Civil (Art. 769, da CLT). Ademais, no processo executório utiliza-se a Lei de Execução Fiscal 6.830/80, conforme o Art. 889, da CLT (e não o CPC). Formas de Solução de Conflitos Trabalhistas: Formas extrajudiciais: 1º Autodefesa: Uma das partes cede em favor da outra, ou seja, “abre mão. Nesta circunstância inexiste a presença de um 3º. Ex.: Greve. 2º Autocomposição: As partes chegam em um acordo (cada uma cede uma parte em favor da outra). Ex.: Acordos e Convenções Coletivas. 3º Heterocomposição: Nesta circunstância existe um 3º: - Mediação: Pode-se definir mediação como uma "técnica de composição dos conflitos” caracterizada pela participação de um terceiro (qualquer pessoa, que será denominado de mediador), cuja função é ouvir as partes e formular propostas. Ex.: CCP/Comissão de Conciliação Prévia. -Arbitragem: Á arbitragem é um procedimento estipulado pelas partes, caracterizada pela participação de um terceiro (pessoa específica), denominada de árbitro – que irá decidir/sentenciar, ou seja, formular uma sentença arbitral. Ex.: Câmara de Arbitragem. - Jurisdição/Tutela: Existe um 3º que funciona como um mediador judicial, ou seja, trata-se da figura do juiz na esfera trabalhista. Comissão de Conciliação Prévia/CPP: A CCP não é um orgão trabalhista. Finalidade: A CCP é uma forma de solução de conflito trabalhista extrajudicial – mediação. As regras da CCP estão dispostas no Art. 625-A, da CLT. A criação da CCP é facultativa – portanto, se for criada em uma empresa será também instituída em um sindicato de classe, via composição paritária. Ex.: Se existir 2 mediadores para a empresa, teremos dois mediadores no sindicato, ou seja, o mesmo número equivalente de mediadores para os dois lados. Conforme disposto na CLT se existir a CCP será obrigatória a passagem prévia por ela, antes de ingressar no Judiciário (Art. 625 – D), porém o STF julgou duas ADINs – decidiu que não é obrigatória esta passagem. Obs.: No entanto, pelas leis trabalhistas continua sendo obrigatória a passagem. O termo de acordo feito na CCP é título executivo extrajudicial, cuja competência para apreciá-lo é da Justiça do Trabalho. Conclui-se, que, se as partes não cumprirem o acordo, poderão executar diretamente. Enquanto estiver na CCP – o prazo ficará suspenso. A CCP só é utilizada em dissídio individual. TST Enunciado nº 330 - Quitação Passada pelo Empregado, com Assistência de Entidade Sindical de Sua Categoria, ao Empregador - Eficácia “A quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria, ao empregador, com observância dos requisitos exigidos nos parágrafos do art. 477 da CLT, tem eficácia liberatória em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado à parcela ou parcelas impugnadas. I - A quitação não abrange parcelas não consignadas no recibo de quitação e, conseqüentemente, seus reflexos em outras parcelas, ainda que estas constem desse recibo. II - Quanto a direitos que deveriam ter sido satisfeitos durante a vigência do contrato de trabalho, a quitação é válida em relação ao período expressamente consignado no recibo de quitação.” Orgãos da Justiça do Trabalho: São orgãos da Justiça do Trabalho: - o Tribunal Superior do Trabalho; - os Tribunais Regionais do Trabalho; - os Juízes do Trabalho. Obs.: Competência originária no TRT – exs.: Dissídio Coletivo; Mandado de Segurança; Ação Rescisória.
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