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Deficiência Intelectual

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Deficiência Intelectual
EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA
 Aspectos Conceituais
 Estima-se que 5% da população mundial apresentam algum tipo de deficiência intelectual.
 Das crianças em idade escolar, cerca de 3% apresentam algum tipo de problema associado à deficiência intelectual.
Pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva costumam apresentar dificuldades para resolver problemas, compreender ideias abstratas (como as metáforas, a noção de tempo e os valores monetários), estabelecer relações sociais, compreender e obedecer a regras, e realizar atividades cotidianas - como, por exemplo, as ações de autocuidado.
Deficiência Intelectual
 
A capacidade de argumentação desses alunos também pode ser afetada e precisa ser devidamente estimulada para facilitar o processo de inclusão e fazer com que a pessoa adquira independência em suas relações com o mundo.
 Classificação 
Estaria associada às capacidades e às limitações desses indivíduos.
De acordo com o grau de comprometimento, os indivíduos apresentariam algumas características: 
1- Profundo (QI Binet menor igual 19)
Apresentam problemas físicos;
Graves problemas sensoriais (deficiência visual, auditiva) ou ortopédicos (derivados da falta ou da deformação de estruturas corporais).
Apresenta dependência completa e limitações extremamente acentuadas de aprendizagem.
2- Severo (QI Binet = 20-35)
Apresenta em geral, distúrbios ortopédicos e sensoriais, bem como prejuízo na comunicação e na mobilidade.
Ele pode alcançar resultados ao exercer atividades condicionadas e repetitivas, desde que devidamente supervisionado, de preferência, em domicílio.
3- Moderado (QI Binet = 36-51)
Indivíduo com considerável atraso na aprendizagem;
Apresenta, muitas vezes, problemas motores visíveis;
tem certa facilidade de “ajustar-se socialmente aos programas sistematizados e à formação de hábitos higiênicos, bem como à inserção social na família, na escola e na sociedade.
4- Leve (QI Binet = 55-69) 
Indivíduo que apresenta aprendizagem lenta, mas que tem plenas capacidades para desempenho de tarefas escolares e de vida cotidiana.
5- Limítrofe (QI Binet = 68-84) 
Indivíduo considerado como portador de um desvio da inteligência, em razão de algumas dificuldades em exercer tarefas que exijam raciocínio lógico e grande demanda cognitiva.
Observações 
O Instituto Inclusão Brasil estima que 87% das crianças brasileiras com algum tipo de deficiência intelectual têm mais dificuldades na aprendizagem escolar e na aquisição de novas competências, se comparadas a crianças sem deficiência. 
Mesmo assim, é possível que a grande maioria alcance certa independência ao longo do seu desenvolvimento. Apenas os 13% restantes, com comprometimentos mais severos, vão depender de atendimento especial por toda a vida.
Causas 
As causas são variadas e complexas, sendo a genética a mais comum, assim como as complicações perinatais, a má-formação fetal ou problemas durante a gravidez. 
A desnutrição severa e o envenenamento por metais pesados durante a infância também podem acarretar problemas graves para o desenvolvimento intelectual.
Causas pré-natais
Infecções como rubéola, malária, caxumba, toxoplasmose, herpes (citomegalovírus). 
Álcool, drogas, intoxicações e radiações. 
Hidrocefalia ou macrocefalia.
Microcefalia
Alterações na distribuição cromossômica: X-frágil (síndrome de Martin-Bell) e a síndrome de Down.
Anormalidade genéticas que afetam o metabolismo. 
 
Causas perinatais
Anoxias (ausência de oxigênio) ou hipoxia (carência de oxigênio) no parto ou algum tipo de trauma que resulte em lesão cerebral, como parto fórceps, figuram entre as maiores causas perinatais de deficiência intelectual.
A prematuridade, trazendo uma série de implicações ao aparelho respiratório. 
 
Causas pós-natais
 
Moléstias desmielinizantes: sarampo e caxumba.
Radiações e medicamentos.
Privação econômica.
Privação familiar e cultural. 
Características principais
Diante da multicausalidade da deficiência intelectual e da heterogeneidade dessa população, torna-se difícil estabelecer uma caracterização representativa de todos, ou, ainda, da maior parte dos indivíduos. 
Segundo Gimenez:
Para facilitar o entendimento das características da deficiência intelectual optou-se pela divisão do ser humano em três domínios do comportamento:
1- Cognitivo;
2- Socioafetivo e
3- Motor.
Aspectos cognitivos das pessoas com deficiência intelectual e implicações para a Educação Física
De modo geral, segundo Gimenez, parte-se do pressuposto de que as pessoas com DI percorreriam etapas semelhantes às percorridas pelos indivíduos normais no domínio cognitivo, mas de maneira mais lenta.
Embora o desenvolvimento não seja determinado pela idade, e sim associado a ela, a disparidade entre o nível de desenvolvimento normal e deficiente seria percebida pela idade em que esses indivíduos alcançariam cada etapa.
Então, tomando como exemplo a sequência de desenvolvimento cognitivo proposta por Piaget, é possível destacar as seguintes etapas:
A)Fase sensório-motora (zero a dois anos)
Nesta fase, ainda não pode dizer que exista uma organização real.
Por meio do contato com o ambiente a criança passa a organizar suas sensações.
Essa fase é caracterizada por uma inteligência prática, identificada por um conjunto de esquemas sensório-motores.
A existência desse estágio corresponde a um requisito para que a criança possa realizar as primeiras de interação com o ambiente, as quais acontecem fundamentalmente por meio de esquemas inatas, como os reflexos de preensão, tônicos do pescoço, de Moro etc. 
B) Fase pré-operacional (de dois a seis anos)
É caracterizado pelo início da linguagem, da função simbólica e da representação.
O egocentrismo faz com que a criança considere como absolutos os conceitos e as situações relativas, bem como distorça a realidade em função de seus desejos.
No pensamento da criança, ainda não há lógica e prevalece um raciocínio intuitivo.
Trata-se de um período identificado pela existência de monólogos nas brincadeiras.
Em outras palavras, ela pode brincar conjuntamente com outras crianças, no entanto não prevalece um enredo em comum.
C) Fase das operações concretas (de seis à doze anos)
Esta fase é identificada pela internalização mental, quando passa a existir um pensamento mais lógico, e a razão começa a nortear a maior parte das atitudes da criança.
Contudo, ela só é capaz de operar a partir de conceitos concretos e reais.
C) Fase das operações concretas (de seis à doze anos)
O seu egocentrismo faz com que, na resolução de um problema, ela admita como passível uma única solução.
Uma característica é importante nessa fase: elas correspondem ao prazer da criança pela competição e pelo jogo de regras.
D) Fase das operações formais (de doze anos acima)
Nesta fase, o individuo já é capaz de realizar operações mentais lógicas, de abstrair, de apresentar ideias e hipóteses etc.
Diante de um problema, o indivíduo se demonstra capaz de apontar várias soluções. 
A forma de pensar é identificada pela crítica, pela discussão e pela capacidade de apresentar seus pontos de vista.
 
OBSERVAÇÃO
Em termos práticos, é esperado que um indivíduo com DI aos quinze anos de idade apresente comportamentos típicos de etapas ou fases anteriores, dependendo, é claro, do grau da deficiência.
	Não é raro um adolescente com DI apresentar comportamentos típicos da fase pré-operacional.
 
Grau de deficiência intelectual
1- Pessoas com grau de DI leve encontram mais facilidade para lidar com as propostas de aula ou com as atividades que exijam tomada de decisão, regras complexas, ou demandem exposição de seus pontos de vista, pois chegam a alcançar a fase das operações formais.
Grau de deficiência intelectual
2- Por outro lado, é esperado que as pessoas com DI com grau de severidade encontrem mais dificuldade para a realização de tarefas dessa natureza.Muitas vezes, o nível de desenvolvimento cognitivo dessas pessoas implica a necessidade de usar atividades adequadas para crianças que se encontram na fase das operações concretas, como o próprio “jogo da fantasia”. 
Grau de deficiência intelectual
3- Para pessoas com grau de DI moderado, não seria o mais aconselhável o profissional de educação física recorrer a uma atividade que envolva o “jogo da fantasia” para um adolescente com DI de grau moderado ou mais acentuado, pois isso poderia reforçar comportamentos típicos de uma fase anterior no nível de desenvolvimento cognitivo.
Com base nessas considerações, recomenda-se que a atuação do profissional de educação física deva estar norteada por:
1- identificar em que nível de desenvolvimento cognitivo o indivíduo se encontra para criar condições favoráveis ao seu processo de interação em aula, ou mesmo em um programa.
2- realizar uma análise detalhada do contexto institucional de modo a desenvolver uma proposta de trabalho compatível com o indivíduo. 
No tocante ao domínio cognitivo, geralmente também são encontradas três características em pessoas com DI:
1-Problemas de atenção e apatia para aprender;
2-Problemas de linguagem e de comunicação; e
3-Problemas generalizados de compreensão de conceitos.

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