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Muito da vida contemporânea se resume ao ininterrupto fluxo de imagens nas redes sociais. Muitas dessas, contudo, dizem respeito a atrocidades que acometem grupos humanos ao redor do planeta, o que gera um caloroso debate sobre a função dessas publicações. Contudo, deve-se ter em mente o fato de que essas fotografias direcionam a atenção coletiva aos acontecimentos que as originaram, de modo a fomentar reflexões. Nesse sentido, é crucial ressaltar como a adoção de uma postura alheia à condição humana se tornou consideravelmente mais difícil graças aos novos meios de comunicação. Ainda que o indivíduo se autodeclare indiferente às atrocidades que permeiam o cenário social mundial, é certo que em determinado momento haverá o contato com uma das várias imagens que marcam uma realidade que destoa nitidamente da sua. Assim, o meio digital se molda em um ambiente extremamente fértil a discussões que têm como seus arautos a representação visual de condições de desolação. Consequentemente, são geradas posições críticas referentes tanto ao ato de divulgar tais imagens quanto ao conteúdo por elas representado. Dessa maneira, ainda que seja elaborado com a intenção e condenar sua veiculação, o discurso em torno da fotografia do menino afogado em uma praia turca traz consigo todo o contexto da Guerra Civil Síria. Destarte, reafirma-se a função provocativa da reprodução de conteúdo trágicos, uma vez que isso leva, inevitavelmente, à formação de uma fala permeada de criticidade. Incentivá-la não é banalizar o sofrimento humano, mas sim exigir a reflexão sobre a situação de abandono vivida por pessoas inseridas em ambientes completamente incompatíveis ao exercício dos tão salientados direitos humanos universais.
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