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Operação e Manutenção de Estações de Tratamento de Água

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Guia do profi ssional em treinamento
Operação e manutenção
de estações de 
tratamento de água
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Nível 2
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Promoção Rede de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - ReCESA
Realização Núcleo Sudeste de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental - NUCASE
Instituições integrantes do Nucase Universidade Federal de Minas Gerais (líder) | Universidade Federal do Espírito Santo | 
Universidade Federal do Rio de Janeiro | Universidade Estadual de Campinas
Financiamento Financiadora de Estudos e Projetos do Ministério da Ciência e Tecnologia | Fundação Nacional de Saúde do Ministério 
da Saúde | Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades
Apoio organizacional Programa de Modernização do Setor Saneamento-PMSS
Comitê consultivo da ReCESA
 · Associação Brasileira de Captação E Manejo de Água de Chuva – ABCMAC 
 · Associação Brasileira de Engenharia Sanitária E Ambiental – ABES 
 · Associação Brasileira de Recursos Hídricos – ABRH 
 · Associação Brasileira de Resíduos Sólidos E Limpeza Pública – ABLP 
 · Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais – AESBE 
 · Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento – ASSEMAE 
 · Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica – Concefet 
 · Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura E Agronomia – CONFEA 
 · Federação de Órgão Para A Assistência Social E Educacional – FASE 
 · Federação Nacional dos Urbanitários – FNU
 · Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográfi cas – Fncbhs 
 · Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras 
– Forproex 
 · Fórum Nacional Lixo E Cidadania – L&C
 · Frente Nacional Pelo Saneamento Ambiental – FNSA 
 · Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM 
 · Organização Pan-Americana de Saúde – OPAS
 · Programa Nacional de Conservação de Energia – Procel 
 · Rede Brasileira de Capacitação Em Recursos Hídricos – Cap-Net Brasil
Comitê gestor da ReCESA
 · Ministério das Cidades;
 · Ministério da Ciência e Tecnologia;
 · Ministério do Meio Ambiente
 · Ministério da Educação;
 · Ministério da Integração Nacional;
 · Ministério da Saúde;
 · Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico Social (BNDES);
 · Caixa Econômica Federal (CAIXA);
Parceiros do Nucase
 · Cedae/RJ - Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro
 · Cesan/ES - A Companhia Espírito Santense de Saneamento
 · Comlurb/RJ - Companhia Municipal de Limpeza Urbana
 · Copasa – Companhia de Saneamento de Minas Gerais
 · DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo
 · DLU/Campinas - Departamento de Limpeza Urbana da Prefeitura Municipal de Campinas
 · Fundação Rio-Águas
 · Incaper/Es - O Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural
 · IPT/SP - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
 · PCJ - Consórcio Intermunicipal das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí
 · SAAE/Itabira - Sistema Autônomo de Água e Esgoto de Itabira – MG.
 · SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
 · SANASA/Campinas - Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.
 · SLU/PBH - Serviço de Limpeza Urbana da prefeitura de Belo Horizonte
 · Sudecap/PBH - Superintendência de desenvolvimento da capital da prefeitura de Belo Horizonte
 · UFOP - Universidade Federal de Ouro Preto
 · UFSCar - Universidade Federal de São Carlos
 · UNIVALE – Universidade Vale do Rio Doce
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Nível 2Guia do profi ssional em treinamento
Operação e manutenção
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tratamento de água
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Conselho Editorial Temático
Valter Lúcio de Pádua– UFMG
Bernardo Nascimento Teixeira - UFSCar
Edumar Coelho – UFES
Iene Christie Figueiredo - UFRJ
Profi ssionais que participaram da elaboração deste guia
Professor – Valter Lúcio de Pádua
Eliane Prado C. C. Santos (conteudista)
Izabel Chiodi Freitas (validadora)
Créditos 
Composição fi nal Cátedra da Unesco - Juliane Correa | Maria José Batista Pinto 
Adeíse Lucas Pereira | Sara Shirley Belo Lança
Projeto Gráfi co e Diagramação Marco Severo | Rachel Barreto | Romero Ronconi
Impressão Formato Artes Gráfi cas Ltda
É permitida a reprodução total ou parcial desta publicação, desde que citada a fonte.
Catalogação da Fonte : Ricardo Miranda – CRB/6-1598
A118 Abastecimento de água : operação e manutenção de estações de 
 tratamento de água : guia do profi ssional em treinamento : nível 2 / 
 Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Saneamento 
 Ambiental (org.). – Belo Horizonte : ReCESA, 2008.
 92 p.
 Nota: Realização do NUCASE – Núcleo Sudeste de Capacitação e 
 Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental e coordenação de 
 Carlos Augusto de Lemos Chernicharo, Emília Wanda Rutkowski, 
 Isaac Volschan Junior e Sérvio Túlio Alves Cassini. 
 1. Abastecimento de água. 2. Água - Qualidade. 3. Tratamento 
 de Água. 4. Água – Tratamento – Purifi cação. Água – Estações de 
 Tratamento. 5. Hidrometria. I. Brasil. Ministério das Cidades. 
 Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental. II. Núcleo Sudeste 
 de Capacitação e Extensão Tecnológica em Saneamento Ambiental.
 
CDD – 628.16
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Apresentação da ReCESA
A criação do Ministério das Cidades no 
Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 
em 2003, permitiu que os imensos desafi os 
urbanos passassem a ser encarados como polí-
tica de Estado. Nesse contexto, a Secretaria 
Nacional de Saneamento Ambiental (SNSA) 
inaugurou um paradigma que inscreve o sane-
amento como política pública, com dimensão 
urbana e ambiental, promotora de desenvolvi-
mento e da redução das desigualdades sociais. 
Uma concepção de saneamento em que a técnica 
e a tecnologia são colocadas a favor da prestação 
de um serviço público e essencial.
A missão da SNSA ganhou maior relevância e 
efetividade com a agenda do saneamento para 
o quadriênio 2007-2010, haja vista a decisão 
do Governo Federal de destinar, dos recur-
sos reservados ao Programa de Aceleração do 
Crescimento – PAC, 40 bilhões de reais para 
investimentos em saneamento.
Nesse novo cenário, a SNSA conduz ações em 
capacitação como um dos instrumentos estra-
tégicos para a modifi cação de paradigmas, o 
alcance de melhorias de desempenho e da quali-
dade na prestação dos serviços e a integração 
de políticas setoriais. O projeto de estrutura-
ção da Rede de Capacitação e Extensão 
Tecnológica em Saneamento Ambiental 
– ReCESA constitui importante iniciativa nesta 
direção.
A ReCESA tem o propósito de reunir um conjun-
to de instituições e entidades com o objetivo 
de coordenar o desenvolvimento de propostas 
pedagógicas e de material didático, bem como 
promover ações de intercâmbio e de exten-
são tecnológica que levem em consideração as 
peculiaridades regionais e as diferentes políticas, 
técnicas e tecnologias visando capacitar profi s-
sionais para a operação, manutenção e gestão 
dos sistemas de saneamento. Para a estruturação 
da ReCESA foram formados Núcleos Regionais e 
um Comitê Gestor, em nível nacional.
Por fi m, cabe destacar que este projeto ReCESA 
tem sido bastante desafi ador para todos nós. Um 
grupo, predominantemente formado por profi s-
sionais da engenharia, mas, que compreendeu a 
necessidade de agregar outros olhares e sabe-
res, ainda que para isso tenha sido necessário 
“contornar todos os meandros do rio, antes de 
chegar ao seu curso principal”.
Comitê Gestorda ReCESA
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Apresentação 
do NUCASE:
O Núcleo Sudeste de Capacitação e 
Extensão Tecnológica em Saneamento 
Ambiental – NUCASE tem por objetivo o 
desenvolvimento de atividades de capacitação 
de profi ssionais da área de saneamento, nos 
quatro estados da região sudeste do Brasil.
O NUCASE é coordenado pela Universidade 
Federal de Minas Gerais – UFMG, tendo como 
instituições co-executoras a Universidade 
Federal do Espírito Santo – UFES, a Universidade 
Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e a Universidade 
Estadual de Campinas – UNICAMP. Atendendo 
aos requisitos de abrangência temática e de 
capilaridade regional, as universidades que 
integram o NUCASE têm como parceiros, em 
seus estados, prestadores de serviços de sane-
amento e entidades específi cas do setor.
Coordenadores Institucionais do NUCASE
Apresentação da 
coletânea de guias:
A coletânea de materiais didáticos produ-
zidos pelo Nucase é composta de 42 guias 
que serão utilizados em ofi cinas de capacita-
ção para profi ssionais que atuam na área do 
saneamento. São seis guias que versam sobre 
o manejo de águas pluviais urbanas, doze 
relacionados aos sistemas de abastecimento 
de água, doze sobre sistemas de esgotamento 
sanitário, nove que contemplam os resíduos 
sólidos urbanos e três terão por objeto temas 
que perpassam todas as dimensões do sane-
amento, denominados temas transversais.
Dentre as diversas metas estabelecidas pelo 
NUCASE, merece destaque a produção dos 
Guias dos profi ssionais em treinamento, 
que servirão de apoio às ofi cinas de capa-
citação de operadores em saneamento que 
possuem grau de escolaridade variando do 
semi-alfabetizado ao terceiro grau. Os guias 
têm uma identidade visual e uma abordagem 
pedagógica que visa estabelecer um diálogo 
e a troca de conhecimentos entre os profi s-
sionais em treinamento e os instrutores. Para 
isso, foram tomados cuidados especiais com 
a forma de abordagem dos conteúdos, tipos 
de linguagem e recursos de interatividade.
Equipe da central de produção de material didático - CPMD
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Apresentação da
área temática: 
Abastecimento de água
A série de guias relacionada ao abastecimento de 
água resultou do trabalho coletivo que envolveu 
a participação de dezenas de profi ssionais. Os 
temas que compõem esta série foram defi ni-
dos por meio de uma consulta a companhias 
de saneamento, prefeituras, serviços autôno-
mos de água e esgoto, instituições de ensino e 
pesquisa e profi ssionais da área, com o objetivo 
de se defi nir os temas que a comunidade técni-
ca e científi ca da região Sudeste considera, no 
momento, os mais relevantes para o desenvol-
vimento do projeto Nucase.
Os temas abordados nesta série dedicada ao 
abastecimento de água incluem: Qualidade de 
água e padrão de potabilidade; Construção, 
operação e manutenção de redes de distribuição 
de água; Operação e manutenção de estações 
elevatória de água; Operação e manutenção de 
estações de tratamento de água; Gerenciamento 
de perdas de água e de energia elétrica em siste-
mas de abastecimento de água; Amostragem, 
preservação e caracterização físico-química 
e microbiológica de águas de abastecimento; 
Gerenciamento, tratamento e disposição fi nal de 
lodos gerados em ETAs. Certamente há muitos 
outros temas importantes a serem abordados, 
mas considera-se que este é um primeiro e 
importante passo para que se tenha material 
didático, produzido no Brasil, destinado a profi s-
sionais da área de saneamento que raramente 
têm oportunidade de receber treinamento e 
atualização profi ssional. 
Coordenadores da área temática de abastecimento de água
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Introdução ..................................................................................10
Qualidade da água ......................................................................12
 Saneamento e saúde pública .............................................13
 Bacia hidrográfi ca .............................................................17
 Impurezas contidas na água .............................................19
 Parâmetros de qualidade de água .....................................20
 Portaria MS nº 518/2004 ..................................................25
Tipologias de tratamento de água ...............................................28
 Técnicas de tratamento de água por fi ltração rápida ..........32
 Tipos de tratamento em que se usa fi ltração lenta .............42
Técnicas de tratamento menos usuais ........................................44
Etapa de tratamento comum a todas as tecnologias 
de tratamento ............................................................................45
Manutenção de equipamentos, operação dos fi ltros e 
resíduos gerados na ETA ............................................................49
 Manutenção de equipamentos ...........................................50 
 Operação de fi ltros ...........................................................56
 Resíduos gerados na ETA ..................................................58
Hidrometria ................................................................................62
Produtos Químicos utilizados na ETA ..........................................70
Produtos químicos utilizados ............................................71
Dosagem de produtos químicos .........................................76
Para você saber mais ..................................................................92
Sumário
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10 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Caro Profi ssional, 
O tema desta nossa ofi cina é “Operação e 
manutenção de estação de tratamento de água”. 
Nesses quatro dias, vamos discutir diversos 
assuntos relacionados ao seu trabalho. Vamos 
trocar experiências, esclarecer dúvidas, relem-
brar o que já foi esquecido, aprender coisas 
novas e conhecer outras pessoas que fazem 
trabalhos semelhantes ao seu. Enfi m, estare-
mos reunidos para ensinar e aprender e, por 
isso, a sua participação é muito importante. 
Nos próximos dias, discutiremos os seguintes 
conceitos-chave: qualidade da água, tipologias 
de tratamento de água, manutenção de equipa-
mentos, operação de fi ltros e de decantadores, 
produtos químicos e hidrometria, resíduos 
gerados na ETA. Não se preocupe se, neste 
momento, você não souber o que signifi cam 
algumas dessas palavras: você vai descobrir o 
signifi cado delas lendo este guia e participando 
da ofi cina. No fi nal, você verá que tudo está 
relacionado ao seu trabalho.
Nesses quatro dias em que estaremos reuni-
dos, queremos discutir mais do que a rotina 
do seu trabalho. Queremos discutir o quanto 
o seu trabalho é importante para a sociedade 
e como a operação de uma estação de trata-
mento de água (ETA) afeta o meio ambiente. 
Vamos falar também sobre instituições que 
podem ser consultadas para ajudá-lo na reali-
zação do seu trabalho, já que ele exige tanta 
responsabilidade. Afi nal, você e seus colegas 
têm a nobre missão de tratar a água que vai ser 
consumida por milhares de pessoas e, por isso, 
têm de se esforçar ao máximo para garantir 
que essa água seja sempre potável, para que 
ela transmita saúde e não doença à população. 
É para isso que estamos reunidos e é com essa 
fi nalidade que foi produzido este guia.
Neste guia do profi ssional em treinamento 
estão os textos, as atividades e outras infor-
mações que usaremos durante os próximos 
quatro dias. Ele o orientará durantea ofi cina, 
apresentando os objetivos e textos sobre os 
assuntos abordados, além de orientações 
para as atividades. 
Esperamos que sua participação nesta ativi-
dade estimule a troca de experiências, desperte 
a consciência do papel social do trabalho que 
você realiza e acrescente algo mais nos seus 
conhecimentos sobre tratamento de água. E 
que esses conhecimentos sejam úteis para você 
como profi ssional, responsável pelo tratamento 
da água distribuída em sua cidade, e como 
cidadão, preocupado com a preservação do meio 
ambiente e com a saúde da população.
Nossa primeira atividade será realizar um exer-
cício individual, relacionado ao seu trabalho. 
Procure participar de todas as atividades! 
Introdução 
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 11
02. Comente como o trabalho realizado por você, que é operador de ETA, 
pode contribuir para diminuir o número de internações hospitalares.
Esta questão será reelaborada no fi nal da ofi cina. Aproveite a ofi cina!
Situação do dia a dia
Vamos iniciar, agora, as discussões relacionadas à operação e 
manutenção das estações de tratamento de água. Responda, indivi-
dualmente, às questões abaixo. Anote as respostas no seu guia.
Considere que a estação de tratamento de água (ETA) de uma deter-
minada cidade funcionava muito bem há alguns anos, produzindo 
água potável para a população. Ultimamente, porém, muitas vezes, a 
água produzida não tem atendido ao padrão de potabilidade. Também 
se tem observado muitos casos de diarréia, com muitas internações 
hospitalares na cidade. Discuta esse relato com seu grupo e responda 
às seguintes perguntas:
01. Quais fatores podem estar contribuindo para que a ETA não 
produza água potável? O que você faria para evitar que esses proble-
mas ocorressem?
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12 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Cada vez mais, ouve-se falar sobre a água. Questões sobre preserva-
ção e poluição das fontes de água e escassez vêm sendo largamente 
discutidas.
Não há dúvida de que, quando as pessoas têm acesso a uma água 
com qualidade e quantidade adequadas, isso refl ete positivamente na 
saúde delas. Infelizmente, o fornecimento da água no mundo é muito 
desigual. Muitas pessoas têm água de qualidade em abundância e até 
a desperdiçam, mas a maioria não tem acesso à água com qualidade 
e quantidade adequadas, o que provoca doenças e mortes.
Durante esta ofi cina, vamos discutir um pouco mais a qualidade da água e 
a importância do seu trabalho para que a água tenha qualidade adequada 
para o consumo. Leia os objetivos da atividade que iniciaremos.
Qualidade de água
A partir deste momento, vamos discutir saneamento e saúde pública, as 
impurezas presentes na água – como estas impurezas são classifi cadas 
e medidas – e o que é uma água potável. Para entender melhor tudo 
isso, nosso primeiro assunto será “saneamento e saúde pública”. 
Para você, o que é saneamento? Você acha que o saneamento tem alguma 
relação com saúde pública? Faça um comentário sobre esse assunto.
- Discutir e refor-
mular os conheci-
mentos prévios dos 
profi ssionais sobre 
qualidade da água;
- Reformular e ampliar 
conceitos sobre o 
saneamento, explican-
do como ele contribui 
para a saúde pública;
- Apresentar o con-
ceito de bacia hi-
drográfi ca e discutir 
como sua ocupação 
pode interferir na 
qualidade da água;
- Discutir os tipos de 
mananciais de onde 
se coleta água para 
tratar e a importân-
cia de preservá-los;
- Ampliar e reformular 
os conceitos sobre 
impurezas contidas 
na água e classifi car 
as águas doces;
- Discutir como uma 
água pode ser con-
siderada adequada 
para consumo, bem 
como o conceito e a 
fi nalidade do padrão 
de potabilidade 
(Portaria 518/2004 do 
Ministério da Saúde).
OBJETIVOS:
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 13
Agora, será feita uma exposição oral sobre o tema “qualidade da água”. 
Procure participar dessa exposição: relate suas experiências, faça 
perguntas, tire dúvidas e procure identifi car o que complementa as 
respostas que você e seu grupo apresentaram antes. 
Saneamento e saúde pública
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saneamento é o controle de todos os 
fatores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeito nocivo sobre seu 
bem-estar físico, mental e social.
Saúde pública é a ciência e a arte de prevenir doenças, prolongar a vida e promover a saúde 
e a efi ciência física e mental, através de esforços organizados da comunidade, no sentido 
de realizar o saneamento do meio e o controle de doenças infecto-contagiosas; promover a 
educação do indivíduo baseada em princípios de higiene pessoal; organizar serviços médicos 
e de enfermagem para diagnóstico precoce e tratamento preventivo de doenças; desenvolver 
a maquinaria social, de modo a assegurar, a cada indivíduo da comunidade, um padrão de 
vida adequado à manutenção da saúde.
Água com qualidade e quantidade adequadas proporciona melhores condições de vida às 
pessoas, o que faz uma grande diferença para evitar diversos tipos de doenças.
Ainda hoje, milhares de pessoas adoecem e até morrem por doenças relacionadas com a 
água. Essas doenças podem ocorrer: 
por veiculação hídrica, quando se ingere água que contenha algum contaminante 
ou organismo patogênico; 
por higiene inadequada, quando não há água em qualidade e quantidade neces-
sárias para a população; 
por proliferação de vetores que têm seu ciclo, ou parte dele, na água e que, de 
alguma forma, contaminam o homem ou outros animais.
a)
b)
c)
Patogênico: que 
provoca ou pode 
provocar doenças.
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14 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Que doenças relacionadas com a água você conhece? Relacione-as no 
quadro a seguir e, depois, confi ra sua resposta com as dos colegas 
e com a do instrutor.
Doenças de 
veiculação hídrica
Doenças causadas 
por falta de higiene
Doenças causadas 
por vetores que têm 
o seu ciclo na água
De acordo com dados da OMS, aproximadamente 2,2 milhões de pessoas morrem de diarréia 
todos os anos, sendo a maioria delas crianças menores de cinco anos.
Um estudo estimou o impacto de várias ações para diminuir a mortalidade por diarréia, 
conforme a tabela.
Ações para diminuir a mortalidade por diarréia
(%) de diminuição da 
mortalidade por diarréia
Melhoria do esgotamento sanitário 32%
Melhoria do fornecimento de água 25%
Intervenções na higiene, como educação sanitária 
e adoção do hábito de lavar as mãos. 45%
Melhoria na qualidade da água de beber por meio 
de tratamento caseiro, como o uso do cloro e 
estocagem adequada da água. 
39%
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 15
De acordo com o quadro de Ações para diminuir a mortalidade por 
diarréia, que ações você considera prioritárias e o que poderia ser 
acrescentado a esse quadro? Como você trabalharia essas ações em 
seu município?
Vamos discutir as respostas!
No Brasil, a quantidade e a qualidade da água, muitas vezes, são insufi cientes para as neces-
sidades básicas da população e não atendem ao padrão de potabilidade, o que possibilita 
a propagação de doenças.
A tabela a seguir apresenta dados do Censo Demográfi co de 2000 sobre porcentagens de 
pessoas com diferentes formas de acesso à água no Brasil. 
Água Pop. Urbana (%) Pop. Rural (%)Canalizada em pelo menos um cômodo 83,6 12,4
Canalizada só na propriedade ou terreno 5,5 5,4
Poço/fonte canalizada em pelo menos um 
ponto do cômodo 4,9 26,3
Poço/fonte canalizada só na propriedade 
ou terreno. 0,6 4,7
Poço/fonte não canalizada 2,1 25,4
Outras fontes 3,3 25,8
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16 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Observando a tabela anterior, responda: Como é realizado o abaste-
cimento de água de seu município? Você acha que esse abastecimento 
pode ser melhorado?
Observa-se que a maioria da população urbana possui água canalizada em pelo menos 
um cômodo da casa. Já para a população rural, essa porcentagem não chega a 40%, o que 
demonstra a necessidade de investimento para melhoria dessa situação. A água com quali-
dade e em quantidade adequada é um direito de todos
Você sabia? 
O Capítulo II da Constituição Federal trata dos Direitos Sociais e o artigo 6º deste capítulo 
diz: “Art. 6o São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos 
desamparados, na forma desta Constituição.”
Conforme pode ser observado, a água é essencial à qualidade de vida. Vamos ver como a 
ocupação da bacia hidrográfi ca pode infl uenciar a qualidade da água!
Vamos pensar juntos! Você sabe o que é bacia hidrográfi ca? 
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 17
Bacia hidrográfi ca 
É uma área natural cujos limites são defi nidos pelos pontos mais altos do relevo (divisores de águas 
ou espigões dos montes ou montanhas) e dentro da qual a água das chuvas é drenada superfi -
cialmente por um curso de água principal até sua saída da bacia, no local mais baixo do relevo.
A importância das bacias hidrográfi cas para a 
garantia do desenvolvimento e da qualidade 
de vida das populações é tão grande que, 
modernamente, o planejamento governamen-
tal e a atuação das comunidades tendem a ser 
feitos com base nas bacias hidrográfi cas.
Vista aérea de uma bacia hidrográfi ca 
Em seu município há um comitê de bacia? Você sabe quem participa dele? 
Qual é a atuação do comitê?
Na bacia hidrográfi ca, as áreas que se situam tanto acima (a montante) quanto abaixo (a jusante) 
do ponto de captação merecem atenção especial. Devem-se evitar ações e atividades que possam 
prejudicar a qualidade e a quantidade da água do manancial que abastece a população.
A ocupação de uma bacia hidrográfi ca deve ser sempre planejada. Deve-se proteger os 
mananciais, avaliar a infl uência da impermeabilização do solo sobre os corpos d’água na bacia, 
destinar os esgotos e o lixo adequadamente, evitar o uso de agrotóxicos e cuidar para que as 
indústrias não lancem poluentes que prejudiquem a qualidade da água e do meio ambiente. 
O não planejamento da ocupação da bacia hidrográfi ca pode trazer diversas conseqüências 
para a saúde pública, como surtos de diarréia, malária, dengue, esquistossomose, etc.
Vamos percorrer a bacia virtual?
Mananciais de onde se coleta a água para tratar
A água a ser tratada na ETA pode ser tanto de origem superfi cial (manancial superfi cial) 
quanto de origem subterrânea (manancial subterrâneo).
Fon
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w
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anage.u
ff.br
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18 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Você sabia? 
O artigo 20 da Constituição Federal, que trata dos bens da União, em seu inciso III, diz que são 
bens da União os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que 
banhem mais de um estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território 
estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fl uviais;
E no artigo 26, inciso I, diz-se que se incluem entre os bens dos estados as águas super-
fi ciais ou subterrâneas, fl uentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na 
forma da lei, as decorrentes de obras da União.
Para utilizar a água, é necessário adquirir a outorga. A outorga é o instrumento legal que 
assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos. A outorga não dá ao usuário 
a propriedade de água, mas o simples direito de usá-la.
Para o uso de águas de mananciais de domínio da União, a outorga deve ser solicitada à 
Agência Nacional de Águas (ANA). Já o órgão que concede a outorga de águas de domínio 
do estado varia de estado para estado. Você sabe onde pedir a outorga em seu estado?
O endereço (site) na internet da Agência Nacional de Águas é: http://www.ana.gov.br/
A qualidade e a quantidade da água do manancial podem variar, dependendo da época do 
ano. Durante o tratamento da água, o operador deve fi car atento a essas variações, pois elas 
podem exigir alterações no tratamento.
Quando o local de onde se coleta água para tratar (captação) fi ca afastado da ETA, deve haver 
uma forma de o operador da ETA e o operador da captação se comunicarem entre si. Ao 
perceber alterações na qualidade da água, o operador da captação deve avisar ao operador 
da ETA, que poderá fazer com antecedência as alterações necessárias para o tratamento.
Deve-se procurar proteger os mananciais, de forma a evitar que a água seja contaminada. 
O manancial desprotegido tem a qualidade da água comprometida, de tal forma que seu 
tratamento fi ca mais caro.
Agora que já discutimos o que é uma bacia hidrográfi ca e você viu a importância de se plane-
jar sua ocupação de forma a não prejudicar a qualidade da água do manancial, o instrutor 
vai continuar a exposição, falando de modo um pouco mais detalhado sobre como a água 
pode ser contaminada.
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 19
Impurezas na água
As impurezas presentes na água são constituídas de gases, líquidos e partículas sólidas, 
que podem ou não ser percebidas a olho nu. A identifi cação da natureza dessas impurezas 
pode ser feita por meio de suas características físicas, químicas e biológicas.
O tratamento da água visa retirar dela essas 
impurezas e torná-la potável, ou seja, trans-
formar a água bruta em uma água que possa 
ser consumida sem causar danos à saúde 
humana. 
A Resolução CONAMA357/2005 dispõe sobre a classifi cação dos corpos de água e estabe-
lece diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como condições e padrões de 
lançamento de efl uentes. A classifi cação foi feita a partir dos usos prioritários da água. A 
água doce é classifi cada em: classe especial, classe 1, classe 2, classe 3, e classe 4, suge-
rindo diferentes usos para cada classe. A classe especial é considerada uma água de melhor 
qualidade. Já a classe 4, por ser muito poluída, não é recomenda para tratamento.
Água com impurezas
A Resolução CONAMA 357/2005 pode ser encontrada na internet, no endereço (site) do Ministério 
do Meio Ambiente: http://www.mma.gov.br/
Você sabe qual é a classe do principal manancial da sua cidade e quais 
as principais impurezas encontradas nele?
Defi nida a classe, com base nos usos das águas, o enquadramento é feito por meio de 
análises de diversos parâmetros físicos, químicos e biológicos. O enquadramento permitirá 
um conhecimento mais amplo da bacias e justifi cará a necessidade de ações que levem ao 
cumprimento dos padrões.
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20 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Procure se lembrar de alguns exemplos de impurezasquímicas, 
físicas e biológicas que podem estar presentes na água, listando-as 
no quadro apresentado a seguir.
Impurezas 
químicas
Impurezas 
físicas
Impurezas 
biológicas
Confi ra sua resposta com as de seus colegas e com a do instrutor. 
Refl ita sobre o signifi cado sanitário dessas impurezas.
A água pode ser contaminada pelo lançamento de esgotos e resíduos sólidos, por agrotóxicos 
e pelo carreamento de impurezas do solo pela chuva. Vamos detalhar um pouco mais este 
assunto discutindo os “parâmetros de qualidade da água”. Algumas palavras que serão ditas 
pelo instrutor talvez já sejam bem familiares a você: turbidez, cor, coliforme, pH e outras. 
Você sabe a importância sanitária destes parâmetros?
Parâmetros de qualidade de água
Existem vários parâmetros de qualidade de água. A seguir serão citados alguns dos que são utili-
zados com maior freqüência no controle da qualidade da água em estações de tratamento.
Alguns parâmetros físicos 
Turbidez: Ocorre a turbidez quando a água 
contém sólidos em suspensão, geralmente 
visíveis a olho nu.
Esses sólidos podem ser adicionados à água 
pela própria natureza (tais como partículas de 
solo carreadas pela chuva) ou pelo homem, 
quando joga esgoto, lixo e outros detritos 
nos mananciais.Água com turbidez elevada 
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 21
As partículas causadoras de turbidez podem abrigar 
organismos que provocam doenças no homem, como o 
vírus da hepatite A. O nome dado ao equipamento com 
que se mede a turbidez é turbidímetro. O valor da turbi-
dez é expresso em unidade de turbidez (uT).
Equipamento para medir a turbidez 
(turbidímetro)
Cor: A cor tem origem nos sólidos que estão dissolvidos 
na água. Semelhante à turbidez, a cor também pode ser 
de origem natural (decorrente, por exemplo, da decom-
posição de plantas, animais ou rochas) ou causada pelo 
homem (quando se lança esgoto ou outros detritos no 
corpo d’água). A cor pode ser verdadeira ou aparente. Ela 
é aparente quando em seu valor está incluída uma parcela 
de turbidez da água. Já para determinar a cor verdadeira, 
a amostra de água é previamente centrifugada ou fi ltrada, 
para retirar as partículas em suspensão (responsáveis 
pela turbidez). Só depois disso, a amostra é levada para 
o aparelho que mede a cor (colorímetro).
Água com cor
Entre os métodos utilizados 
para medir a cor, podem-
se citar a comparação 
visual e o colorimétrico. A 
cor é expressa em unidade 
de cor (uH).
A cor da água é medida no 
aparelho, que é calibrado 
com uma solução padrão.
Compara a cor da amostra 
de água com cores de 
padrão conhecido.
Aparelho para medir cor 
(espectrofotômetro)
Aparelho para medir cor 
(comparação visual) 
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22 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Alguns parâmetros microbiológicos
A água pode conter uma grande variedade de organismos, que podem fazer mal à saúde e 
que não são vistos a olho nu. Fazer testes para identifi car cada tipo desses organismos seria 
demorado e caro. Por isso, é comum utilizar os organismos indicadores de contaminação como 
parâmetro biológico. Os organismos indicadores mais utilizados são as bactérias do grupo 
coliformes: coliformes totais (CT), coliformes termotolerantes (CF) e Escherichia coli (EC). 
Entre os métodos utilizados para quantifi -
car coliformes e Escherichia coli, pode-se 
citar a cartela de quantifi cação Quanti-Tray. 
Esse método é fácil, rápido e preciso: basta 
misturar o reagente na amostra que se deseja 
avaliar. Esta mistura é então inserida na cartela 
Quanti-Tray, que é selada e incubada por 
um período de 24 horas. Após esse período 
de incubação, retira-se a cartela e faz-se a 
leitura das cavidades positivas (que fi caram 
amarelas). O número de cavidades positi-
vas é convertido ao número mais provável 
(NMP) de coliformes, através de uma tabela 
de conversão. Para verifi car se há presença de 
Escherichia coli, coloca-se sobre a cartela uma 
luz fl uorescente. A cavidade que fi car azul 
estará contaminada por Escherichia coli.
Positivo para 
Escherichia coli
Cavidade 
positiva para 
coliforme
Vamos completar os espaços em branco com o grupo de bactérias 
correspondentes.
Principais indicadores de contaminação fecal
Grupos de bactérias encontradas no 
solo, na água, nas fezes humanas 
e de animais. Também podem ser 
chamados de coliformes ambientais.
Grupo de bactérias indicadoras 
de contaminação de animais de 
sangue quente.
Bactéria abundante em fezes 
humanas e de animais, dando 
garantia de contaminação fecal.
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 23
Alguns parâmetros químicos
Entre os parâmetros químicos, podem-se citar o pH e diversas substâncias que devem ser 
monitorados antes e depois do tratamento, de forma a assegurar a qualidade da água que 
será distribuída à população. Começaremos falando sobre o pH.
pH: A medida do potencial hidrogeniônico - ou potencial hidrogênio iônico – indica a acidez, 
a neutralidade ou a alcalinidade da água. A escala do pH pode variar de 0 até 14, sendo que, 
quanto menor o valor do pH de uma substância, mais ácida essa substância será.
Pense nos seguintes itens: suco de limão, água potável, cerveja, água 
de chuva, água sanitária, clara de ovo e água do mar. Qual deles 
você acha que é ácido, básico ou neutro? Anote nos espaços e depois 
confi ra suas respostas com o instrutor.
pH ácido pH neutro pH básico
O pH da água bruta do local onde você trabalha é ácido ou básico? 
Você acha que o pH infl uencia o tratamento da água? Como?
O pH varia de 0 a 14
pH Ácido
pH menor que 7: 
indica que 
a água é ácida
pH Neutro
pH igual a 7: 
indica que 
a água é neutra
pH Básico
pH maior que 7: 
indica que 
a água é básica
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24 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Substâncias químicas 
Diversas substâncias químicas podem contaminar a água. A contaminação química também 
pode ser de origem natural ou causada pelo homem. Como exemplos de elementos químicos 
que podem estar presentes na água, podem-se citar: ferro, manganês, cálcio, etc.
Muitos compostos químicos utilizados na indústria e na agricultura acabam contaminando os 
corpos d’água de alguma forma. No caso da agricultura, essas substâncias podem ser carre-
adas pelas chuvas, sendo então conduzidas para os corpos d’água. Outra situação é quando 
esgotos domésticos ou industriais são lançados nos corpos d’água sem tratamento.
Alguns pesticidas são difíceis de serem quantifi cados 
e também de serem retirados durante o tratamento de 
água. Muitas vezes, só se consegue retirá-los por meio 
de tratamentos complexos e caros, como a fi ltração em 
membranas.
Aplicação de agrotóxico 
Há também substâncias químicas que são utilizadas durante o tratamento e que devem ser quan-
tifi cadas para verifi cação de quantidade mínima ou máxima permitida ou necessária na água.
Em seu local de trabalho, você costuma medir alguma 
substância química após o tratamento da água? Quais são 
as substâncias químicas mais utilizadas ? 
Quais equipamentos você utiliza?
Cloro: É um produto muito utilizado para desinfectar 
a água.
Comparador colorimétrico para 
medir cloro 
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 25
Desinfecção: é 
a destruição dos 
microrganismos que 
podem causar mal à 
saúde do homem.
A medição do cloro deve ser feita antes de a água sair da ETA. O excesso de cloro pode 
provocar sabor e odor na água.
Flúor: Adicionado à água durante o seu tratamento, 
tem o objetivo proteger os dentes da população infantil 
contra as cáries.
Deve-se ter cautela com o uso de produtos químicos, pois, 
se eles não forem utilizados na medida correta, poderão 
fazer mal à saúde. O excesso de fl úor pode causar a 
fl uorose dental e a fl uorose esquelética.
Aparelho para medir fl úor residual
Por enquanto foram discutidas diversas questões relacionadas ao saneamento e à saúde 
pública, à bacia hidrográfi ca, aos mananciais de onde se faz a captação e aos parâmetros de 
caracterização da água bruta. Agora, vamos discutir a água tratada, a água que é distribu-
ída à população depois de passar pela ETA. Como saber se a água é potável, se ela não vai 
causar danos à saúde de quem a consome? Será que existe alguma legislação que defi ne as 
características da água que será distribuída? Esse é o assunto das próximas páginas.
Portaria MS nº 518/2004
Você já ouviu falar da Portaria MS nº 518/2004? Em seu local de trabalho 
há uma cópia dessa Portaria? Você costuma consultá-la? A Portaria MS 
nº 518/2004 é integralmente cumprida no seu local de trabalho?
Para ser considerada potável, a água, após o tratamento, deve ter uma qualidade mínima, 
que é determinada por meio dos parâmetros de qualidade da água citados na Portaria MS 
nº 518/2004. Essa Portaria é um documento criado pelo Ministério da Saúde, o qual é revi-
sado periodicamente. Nela estão regulamentados procedimentos e padrões para vigilância 
e controle da qualidade da água.
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26 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Vigilância: A vigilância é de responsabilidade de órgãos de fi scalização. A vigilância verifi ca 
se a água distribuída atende ao padrão de potabilidade.
Controle: O controle é feito durante o tratamento da água, pelo próprio órgão responsável 
pelo tratamento e abastecimento.
Quantidade de amostras e freqüência segundo a Portaria n°518/2004, do Ministério 
da Saúde: Segundo a Portaria n° 518/2004, os responsáveis pelo controle da qualidade 
da água de sistema ou de solução alternativa de abastecimento de água devem elaborar 
e aprovar, junto à autoridade de saúde pública, o plano de amostragem de cada sistema, 
respeitando os planos mínimos.
Sistema de abastecimento de água para consumo humano – instalação composta por 
conjunto de obras civis, materiais e equipamentos, destinada à produção e à distribuição 
canalizada de água potável para populações, sob a responsabilidade do poder público, mesmo 
que administrada em regime de concessão ou permissão.
Solução alternativa de abastecimento de água para consumo humano – toda modalidade 
de abastecimento coletivo de água, distinta do sistema de abastecimento de água, incluindo, 
entre outras, fonte, poço comunitário e distribuição por veículo transportador.
A Portaria MS nº 518/2004 pode ser encontrada na internet, no endereço (site) do Ministério da 
Saúde – www.saude.gov.br – ou na Secretáaia de Saúde do Município.
Para controle da qualidade da água, devem ser utilizadas 
planilhas, onde devem ser registrados os valores dos 
parâmetros monitorados na estação de tratamento de 
água e na rede de distribuição.
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 27
O operador deve avaliar, de forma crítica, os resultados medidos, pois alterações bruscas 
desses resultados podem signifi car que algo está errado.
O monitoramento inadequado de parâmetros da qualidade da água pode acarretar 
conseqüências graves para a saúde pública, como surtos de doenças, entre as quais cólera, 
diarréia, hepatite e outras.
Elabore um quadro onde devem ser listados os parâmetros de quali-
dade da água que são monitorados na ETA em que você trabalha. 
Escreva, também, a freqüência desse monitoramento, ou seja, de 
quanto em quanto tempo você monitora os parâmetros listados.
Agora, avalie se o monitoramento na ETA está sendo realizado de 
maneira adequada, consultando a Portaria MS nº 518/2004 .
Vimos que a água distribuída à população deve atender ao padrão brasileiro de potabilidade. 
Talvez você esteja pensando: “Tem tanto tipo de água, umas mais, outras menos poluídas. 
Será que todas elas podem fi car potáveis? Será que existem formas de tratamento diferentes 
daquela usada na ETA onde eu trabalho? O tratamento na ETA da minha cidade é adequado? 
Se a água bruta é diferente, o tratamento também deve ser diferente?”. 
Discutiremos esses assuntos a partir de agora.
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28 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Como existem diferentes tipos de água, existem também diferentes 
maneiras de tratá-la. Contudo, é importante lembrar que a qualidade 
da água, após o tratamento, deve sempre atender ao padrão de pota-
bilidade vigente no Brasil, independentemente da técnica utilizada. 
Nas próximas páginas, discutiremos as diferentes maneiras de tratar 
a água. Leia os objetivos desta atividade que iniciaremos. 
Vamos responder a algumas questões relacionadas ao tratamento da 
água e à operação das ETAs.
Você acha que qualquer tecnologia de tratamento consegue tratar 
qualquer água? Dê exemplos e justifi que sua resposta.
- Discutir e reformular 
os conhecimentos 
prévios dos profi ssio-
nais em treinamento 
sobre tipologias de 
tratamento de água.
- Reformular e 
ampliar conceitos 
sobre técnicas de 
tratamento de água 
por fi ltração rápida e 
por fi ltração lenta.
- Discutir e ampliar 
os conceitos sobre 
etapas de tratamento 
comuns a todas 
as tipologias de 
tratamento e etapas 
complementares de 
tratamento de água.
- Ampliar os concei-
tos de tecnologias 
menos usuais de 
tratamento de água.
OBJETIVOS: Tipologias de tratamento de água
Qual a importância de se operar a ETA adequadamente? Como o 
operador pode contribuir para que essa operação seja adequada?
Vamos discutir as respostas!
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 29
O tratamento da água tem como objetivo melhorar a qualidade da água bruta, retirando 
impurezas que possam causar danos à saúde humana. Um estudo prévio da água a ser 
tratada é essencial, pois em função das suas características e das impurezas nela encontradas 
pode-se defi nir a tecnologia mais adequada para seu tratamento, proporcionando economia 
na implantação e operação da estação e maior efi cácia no tratamento.
Qualquer água, do ponto vista técnico, pode ser tratada. No entanto, o risco sanitário e o 
custo do tratamento de águas muito contaminadas podem ser tão elevados que tornam seu 
tratamento inviável. Daí a importância de se protegerem os mananciais.
De maneira geral, podem-se dividir as técnicas de tratamento nos três grupos seguintes: 1) 
os que fi ltram a água rapidamente em um meio granular (areia ou areia e antracito); 2) os 
que fi ltram a água lentamente em um meio granular (em geral, areia); e 3) os que tratam as 
águas por tecnologias de tratamento mais sofi sticadas e menos comuns.
Complete os balões em branco da próxima página com os tipos de tratamento de água que 
vocêconhece e depois confi ra suas respostas com o que será apresentado pelo instrutor.
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30 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Tratamento no qual 
a água é fi ltrada 
rapidamente
Tratamento 
menos comuns
Tratamento no qual 
a água é fi ltrada 
lentamente
Tratamento 
de água
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 31
A escolha do conjunto de técnicas mais adequadas para tratar a água está diretamente relacionada 
à qualidade da água bruta e aos custos de implantação e de operação do sistema de tratamento. 
Uma água com qualidade adequada para consumo contribui para a saúde da população.
Na tabela a seguir, tem-se uma orientação geral dos limites de aplicação recomendados 
para diversas tecnologias de tratamento em função da qualidade da água bruta. Contudo, 
deve-se salientar que a escolha da tecnologia deve ser sempre precedida da realização de 
estudos de tratabilidade.
Tipo de tratamento
Valores máximos para a água bruta
Turbidez 
(uT)
Cor 
verdadeira 
(uH)
Coliformes/100mL
NMP - Número máximo 
provável
Totais Termotolerantes
Filtração lenta 10 5 2000 500
Pré-fi ltro+fi ltro lento 50 5 10.000 3.000
FIME (fi ltração em múltiplas etapas) 100 10 20.000 5.000
Filtração direta ascendente 100 100 5.000 1.000
Filtração direta descendente 25 25 2.500 500
Filtração direta descendente 
com fl oculação 50 50 5.000 1.000
Dupla fi ltração 150 75 5000 5.00
Tratamento convencional 250 * 20.000 5.000
*O valor da cor verdadeira dependerá da turbidez.
Os valores da tabela servem como referência. Para a escolha da tecnologia de tratamento, 
devem-se realizar estudos em escala de bancada e em escala piloto e considerar os parâ-
metros de projeto e de operação.
Agora, será feita uma exposição oral sobre técnicas para tratar a água. 
Procure participar dessa exposição: relate suas experiências, faça 
perguntas, tire dúvidas e procure identifi car o que complementa as 
respostas que você e seu grupo apresentaram antes.
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32 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Técnicas de tratamento que utilizam fi ltração rápida
Nestes tipos de tratamento, há necessidade de se fazer a coagulação química, ou seja, 
adiciona-se um produto químico logo no início do tratamento. A água é fi ltrada rapidamente, 
utilizando-se fi ltros que funcionam com uma taxa de fi ltração elevada, por exemplo, 300 
m3/m2 x dia. Isso equivale a dizer que, em um dia, ele fi ltra 300.000 litros de água em um 
metro quadrado de área de fi ltro. 
Entre as técnicas de tratamento que utilizam a fi ltração rápida, podem-se citar: tratamento 
convencional, tratamento com fl otação, fi ltração direta ascendente e descendente, fi ltração 
direta descendente com fl oculação e dupla fi ltração.
Para projetar as unidades de tratamento de água, devem-se determinar preliminarmente 
alguns parâmetros. Entre esses parâmetros, pode-se citar o tempo de detenção hidráulica, 
gradiente de velocidade, tempo de mistura rápida, tempo de fl oculação, taxa de escoamento 
superfi cial, taxa de fi ltração, tempo de detenção na câmara de contato, etc. 
A realização de ensaios para determinação desses parâmetros é a melhor opção. Contudo, na 
impossibilidade da realização de ensaios, a norma para “Projeto de estação de tratamento de 
água para abastecimento público” (NBR 12.216) sugere valores para serem utilizados. Alguns 
parâmetros de projetos, sugeridos pela NBR 12.216, serão descritos neste guia. A primeira técnica 
de tratamento de água que iremos abordar é a do tratamento convencional.
Você sabe o que é tratamento convencional?
 Quantas e quais são as etapas desse tratamento? 
Tratamento convencional ou ciclo completo
O sistema convencional, também chamado de tratamento de ciclo completo, trata água com 
teores elevados de impurezas. Durante o tratamento, a água passa pelas seguintes etapas: 
coagulação, fl oculação, decantação e fi ltração, que serão abordadas em seguida. Também 
serão discutidas desinfecção e fl uoração, que são etapas comuns a todas as tecnologias de 
tratamento, e a correção de pH.
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 33
Etapas do tratamento convencional
Coagulação: É a mistura de produtos químicos (coagulantes) na água a ser tratada, de 
forma que as impurezas (partículas) e contaminantes dissolvidos sejam “desestabilizados”, 
permitindo-se, assim, que elas se unam e formem partículas maiores para serem retiradas 
nas etapas seguintes do tratamento da água.
Deve-se fazer a coagulação com muito cuidado, pois dela dependem todas as outras etapas 
do tratamento. 
O coagulante misturado à água a ser tratada deve ser disperso da maneira mais uniforme possível, 
de forma a garantir seu contato com as impurezas presentes na água e, portanto, um tratamento 
mais efi caz. Como exemplos de coagulantes, podem-se citar, dentre outros: Sulfato Férrico, Cloreto 
Férrico, Hidróxido Cloreto de Alumínio (PAC) e Sulfato de Alumínio, os quais serão discutidos em 
seguida. O Sulfato de Alumínio é o coagulante mais utilizado no tratamento de água.
Esquema de tratamento convencional 
No seu local de trabalho costuma-se fazer coagulação? 
Como ela é realizada?
A NBR 12.216 recomenda que a dispersão de coagulantes metálicos hidrolisáveis (que podem ser 
alterados/decompostos pela água) seja feita a gradientes de velocidade compreendidos entre 
700 s-1 e 1.100 s-1, em um tempo de mistura não superior a 5s. Vale ressaltar que os ensaios de 
tratabilidade são a melhor opção para defi nir os valores do gradiente de velocidade, tempo de 
mistura rápida e também da dosagem de produtos químicos para a água que será tratada.
Fon
te: P
rosab - D
V
D
 da rede do tem
a Á
gua, 2
0
0
7
25-AA-OMET-2.indd 3325-AA-OMET-2.indd 33 9/3/2009 17:00:219/3/2009 17:00:21
34 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Tempo de detenção: tempo em que a água fi ca dentro de uma unidade de tratamento.
Gradiente de velocidade: está relacionado à intensidade de agitação da água na unidade de 
tratamento. A unidade de medida do gradiente de velocidade é o s-1, que é obtido dividindo-se a 
unidade de velocidade (m/s) pela unidade de comprimento (m). Assim, dividindo-se metro por segundo 
(unidade de velocidade) por metro (unidade de comprimento), tem-se:
Para misturar o coagulante com a água a ser tratada, podem-se utilizar misturadores 
hidráulicos ou mecanizados.
Os misturadores agitam a água com grande 
intensidade, o que contribui para a mistura do 
produto químico com a água, proporcionando 
uma coagulação adequada.
São exemplos de misturadores hidráulicos o 
medidor Parshall, os vertedores triangulares 
e retangulares e os injetores.
Já nos misturadores mecânicos, utilizam-se equi-
pamentos com motores para se fazer a mistura 
do coagulante com a água. Esses equipamentos 
podem ser turbinas, hélices e outros. 
Medidor hidráulico - medidor Parshall
Após a coagulação, a água é conduzida para 
fl oculadores, local onde os fl ocos serão 
formados.
Os fl oculadores são divididos em várias 
câmaras, dentro das quais a intensidade de 
agitação da água vai diminuindo gradativa-
mente, de forma a não se quebrarem os fl ocos 
que estão sendo formados.
Floculador mecanizado
m/s
m s
1
= ou s-1
25-AA-OMET-2.indd 3425-AA-OMET-2.indd 34 9/3/2009 17:00:229/3/2009 17:00:22
Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 35
Você observa a formação de fl ocos na ETA em que você trabalha?Os fl oculadores também podem ser mecanizados ou hidráulicos. Como exemplos de fl oculadores 
hidráulicos, podem-se citar: chicanas verticais e horizontais, fl oculadores Alabama e fl oculadores 
de bandeja. Nos fl oculadores tipo chicanas verticais, a água percorre o fl oculador em movimentos 
ascendentes e descendentes. Já nos fl oculadores tipo chicanas horizontais, a água percorre o 
fl oculador em movimentos horizontais, com mudanças sucessivas de direção.
Entre os fl oculadores mecanizados há os misturadores tipo paleta ou agitadores do tipo de 
hélices ou turbinas.
A NBR 12.216 recomenda que, se não for possível a realização de ensaios, o tempo de deten-
ção hidráulica deverá ser de 20min a 30min para fl oculadores hidráulicos, e entre 30min 
e 40min para os mecanizados. No primeiro compartimento do fl oculador, o gradiente de 
velocidade máxima deve ser de 70s-1. No último, o mínimo deve ser de 10s-1. A superfície 
livre do tanque de fl oculação deve ser a maior possível, de modo a facilitar ao operador 
acompanhar a formação dos fl ocos e detectar qualquer problema durante a fl oculação.
Vamos, juntos, completar as tabelas!
Floculadores hidráulicos
Vantagens Desvantagens
Floculadores mecanizados
Vantagens Desvantagens
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36 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Decantador
Após a formação dos fl ocos nos fl oculadores, a água é conduzida para os decantadores. 
A decantação é uma operação em que se promove a sedimentação dos fl ocos formados, 
retirando-se assim parte das impurezas contidas na água. Nessa etapa, a água passa por 
um tanque, com uma velocidade baixa, de maneira que os fl ocos formados se depositem no 
fundo. A água decantada, já clarifi cada (mais limpa), é coletada por meio de calhas coletoras 
e conduzida para os fi ltros.
A taxa de aplicação superfi cial (TAS) dos decantadores está relacionada com a velocidade de 
sedimentação das partículas. Pode-se calculá-la dividindo a vazão afl uente ao decantador 
pela área em planta do mesmo, obtendo-se, assim, a quantidade de água que poderá ser 
tratada em metros cúbicos por dia, em cada metro quadrado do decantador. 
Semelhante à mistura rápida e à fl oculação, a NBR 12.216 recomenda os valores de velocidade 
de sedimentação e taxa de aplicação superfi cial, conforme apresentado na próxima tabela: 
Qual a fi nalidade do decantador? Como ele funciona?
Vazão a ser tratada
Velocidade de 
Sedimentação (cm/min)
TAS
(m3/ m2 x dia)
Até 1.000 m3/dia 1,74 25
Entre 1.000 e 10.000 m3 x dia 2,43 35 (Para ETA que tenha bom controle operacional).
Entre 1.000 e 10.000 m3 x dia 1,74 25 (Para ETA que não tenha um bom controle operacional)
Mais que 10.000 m3 x dia 2,80 40
Como exemplos de decantadores podem-se citar os decantadores convencionais com esco-
amento horizontal e os decantadores de alta taxa.
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 37
Os decantadores de alta taxa têm capacidade 
de produção de água decantada superior aos 
decantadores convencionais, comparando-se 
a mesma área superfi cial.
Decantador clássico
Vamos praticar!
Calcule a TAS para os decantares de uma ETA com as seguintes 
características:
Quantidade de decantadores: 2 unidades
Dimensões dos decantadores: 10m de largura por 40m de 
comprimento
Vazão da ETA: 200L/s
Considere que a ETA funciona com bom nível operacional.
Os resultados obtidos atendem à NRB 12.216? Comente.
∙
∙
∙
Filtros rápidos: Constituem a última barreira para tentar reter as partículas que não foram 
retiradas no decantador. Os fi ltros podem ser ascendentes ou descendentes.
No tratamento convencional, são utilizados os fi ltros descendentes, nos quais o sentido de escoamento 
da água é de cima para baixo, e as impurezas vão fi cando retidas ao longo do leito fi ltrante.
O fi ltro rápido descendente é constituído por um tanque com uma laje de fundo falsa. Abaixo 
dessa laje, existem tubulações para recolher a água fi ltrada. Já em cima da laje, há uma 
camada suporte, composta de pedregulhos. Por cima da camada suporte, fi ca o leito (meio) 
fi ltrante, que é onde as impurezas fi carão retidas durante a fi ltração.
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38 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Como deve ser a areia do leito fi ltrante? Que característica você acha 
que ela deverá ter?
A norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas – EB-2097 1990 – estabelece critérios 
e limites de parâmetros para caracterizar o meio fi ltrante (areia, antracito e pedregulho).
Entre alguns parâmetros utilizados para caracterizar o meio fi ltrante, podem-se citar: 
tamanho máximo dos grãos (Dmax) e tamanho mínino (Dmin), tamanho efetivo do grão (D10), 
coefi ciente de uniformidade (UC), forma dos grãos, porosidade, massa específi ca, dureza, 
solubilidade em ácido clorídrico e solubilidade em hidróxido de sódio.
O primeiro passo para defi nir os parâmetros citados é a realização do ensaio de distribuição 
granulométrica do material granular, utilizando peneiras com aberturas padronizadas para 
esse tipo de ensaio. Por meio dos resultados dos ensaios, constrói-se a curva granulomé-
trica, conforme apresentado. Nessa curva, o eixo Y (ordenada) representa a porcentagem de 
material que passa, na peneira, da amostra total. O eixo X (abscissa) representa o diâmetro 
dos grãos e a abertura da malha. Por meio da curva acha-se o Dmax, o Dmin, o D10, e o UC.
O meio fi ltrante pode ser composto de uma 
única camada de areia ou por duas camadas, 
uma de areia e a outra de antracito. A areia 
utilizada como meio fi ltrante deve ser livre de 
qualquer contaminação. Ela deve ser caracte-
rizada e sua granulometria defi nida. 
Filtros descendentes
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 39
=0,69
1,74=_____________=0,69
=1,20D=UC=
=1,20
Abertura da malha (mm)
50
,8
0
38
,1
0
25
,4
19
,1
0
9,
52
4,
76
2,
00
1,
20
0,
60
0,
42
0,
30
0,
15
0,
07
5
%
 q
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 p
as
sa
 d
a 
am
os
tra
 to
ta
l
Diâmetro dos grãos (mm)
10 10010,1
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
D
60
D10
60
10D
Duração da carreira de fi ltração: É o tempo que a água fi ca fi ltrando, até que o fi ltro tenha 
de ser lavado. Para fi ltros rápidos, esse valor é da ordem de 24 a 48 horas. Carreiras de fi ltração 
curtas, além de implicar maior consumo de água para lavagem dos fi ltros, também podem ser 
um indicativo de que há algum problema em uma das etapas de tratamento da água.
Vamos formar uma roda para discutirmos a assertiva a seguir?
No Brasil, toda água superfi cial precisa ser fi ltrada antes de ser distribuída à população. Já as 
águas subterrâneas podem ser apenas desinfectadas e fl uoretadas, mas há casos em que elas 
também precisam ser fi ltradas.
Vimos que, no tratamento convencional, a água passa por diversas etapas de tratamento 
e que uma etapa depende da outra. O operador deve fi car atento para que não ocorram 
problemas em nenhuma delas, e a água saia da ETA com qualidade. Falaremos, agora, de 
tratamento com fl otação. Você já ouviu falar sobre isso?
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40 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Tratamento com fl otação
Este sistema de tratamento é utilizado quando a água a ser tratada forma fl ocos com baixa 
velocidade de sedimentação. A seqüência de tratamento é a mesma do tratamento conven-
cional,só que a decantação é substituída pela fl otação.
Sistema com fl otação
Na fl otação, a água que sai do fl oculador 
é conduzida para um tanque (fl otador). Os 
fl ocos são arrastados para a superfície desse 
tanque, por meio da ação de microbolhas. As 
microbolhas são formadas por equipamentos 
especiais, como bomba e compressor de ar. 
Elas aderem aos fl ocos e provocam sua subida 
até a superfície, formando um lodo. A água, 
então, sai clarifi cada do tanque.
A remoção do lodo formado durante a fl otação pode ser realizada por meio de raspadores 
ou por inundação, na qual se aumenta o nível da água, no interior da câmara de fl otação, 
através do fechamento da canalização de saída da mesma até ocorrer o extravasamento da 
água superfi cial, juntamente com o lodo.
Filtração direta
O sistema de tratamento por fi ltração direta é recomendado para tratar água com menos impurezas. 
A água a ser tratada passa pelas seguintes etapas: coagulação, fi ltração e desinfecção, fl uoração 
e correção de pH, quando necessário. A fi ltração pode ser ascendente ou descendente.
Filtros ascendentes: Nesses fi ltros, a camada 
suporte e o meio fi ltrante são compostos de 
seixos e areia. O escoamento da água a ser 
fi ltrada é de baixo para cima.
A água fi ltrada pelo fi ltro ascendente é reco-
lhida em calhas que fi cam acima do leito 
fi ltrante e, então, a água é conduzida para 
um tanque para se fazer a desinfecção. 
Fon
te: P
rosab | D
V
D
 da rede do tem
a Á
gua, 2
0
0
7
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 41
Filtros descendentes : Conforme mencionado no tratamento convencional, nesses fi ltros, 
a camada suporte é formada de seixos e o meio fi ltrante, de areia. O escoamento da água 
a ser fi ltrada é de cima para baixo.
A lavagem dos fi ltros, tanto descendentes quanto ascendentes, é sempre feita pela introdução 
de água (ou ar e água) de baixo para cima. É o que se denomina retrolavagem.
A taxa de fi ltração dos fi ltros descendentes é da ordem de 360 m3/m2x dia, enquanto a dos 
fi ltros ascendentes é de 120 m3/m2 x dia. 
Um dos problemas encontrados na fi ltração direta é o pequeno tempo em que a água fi ca na ETA. 
Esse tempo é da ordem de uma hora, o que difi culta a solução de eventuais problemas.
Filtração direta descendente com 
fl oculação 
Nessa técnica de tratamento, a água a ser 
tratada passa pelas seguintes etapas: coagu-
lação, fl oculação, fi ltração e desinfecção, 
fl uoração e correção de pH, quando necessá-
rio. Os fl ocos formados para tratar a água por 
essa técnica são menores do que os formados 
no tratamento convencional, pois eles irão 
direto para os fi ltros.
Esquema de fi ltração direta descendente 
com fl oculação
Dupla fi ltração 
Essa técnica de tratamento vem sendo muito 
estudada ultimamente. Comparada com a 
fi ltração direta ascendente ou descendente, 
ela oferece maior segurança com relação 
a maiores variações de qualidade da água. 
A água a ser tratada passa pelas seguintes 
etapas: coagulação, fi ltração ascendente, 
fi ltração descendente, desinfecção, fl uoração 
e correção de pH, quando necessário.Sistema de tratamento por dupla fi ltração
Fon
te: P
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D
 da rede do tem
a Á
gua, 2
0
0
7
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42 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Vamos pensar juntos! Você acha que a qualidade da água 
após o tratamento é a mesma, independentemente da 
tecnologia de tratamento utilizada?
Até aqui, falou-se sobre vários tipos de tratamento que utilizam fi ltração rápida. A seguir, 
serão abordados tipos de tratamento de água que utilizam a fi ltração lenta. Você acha que 
o uso de coagulantes na fi ltração lenta é necessário?
Tipos de tratamento em que se usa fi ltração lenta
Nesses tipos de tratamento, não se faz a coagulação química. O tratamento da água é 
realizado por processo biológico. A água é fi ltrada lentamente, utilizando-se fi ltros que 
funcionam com uma taxa de fi ltração baixa.
Entre os tipos de tratamento em que se utiliza a fi ltração lenta, pode-se citar a fi ltração 
lenta propriamente dita e a fi ltração em múltiplas etapas.
Filtração lenta 
Nesse sistema de tratamento, a água bruta chega à ETA e vai diretamente para o fi ltro lento. Após 
a fi ltração da água, faz-se a desinfecção, a correção de pH, quando necessária, e a fl uoração.
O fi ltro lento é constituído por um tanque de 
concreto, no qual há uma camada de pedre-
gulho e uma camada de areia. Abaixo da 
camada de pedregulho, semelhante à fi ltração 
rápida, há tubos para coletar a água fi ltrada. 
A taxa de fi ltração no fi ltro lento é baixa. Um 
valor usual é da ordem de 4 m3/m2 x dia. Isso 
equivale a fi ltrar 4.000 litros de água em um 
metro quadrado de área de fi ltro por dia. A 
NBR 12216 recomenda que a taxa máxima de 
fi ltração lenta seja de 6 m3/m2.dia.
Filtro lento em operação
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 43
A duração da carreira de fi ltração nos fi ltros lentos é longa, podendo chegar a três meses 
ou mais.
No fi ltro lento forma-se uma camada biológica sobre a areia e, quando a água passa através 
dessa camada, os microrganismos retiram a sujeira contida na água, e outra parte fi ca retida 
na areia, obtendo-se, assim, uma água de melhor qualidade.
Vamos praticar! Em uma comunidade rural optou-se por tratar a 
água por fi ltração lenta. Foi construído um fi ltro lento que fi ltra a 
água com uma taxa de fi ltração de 3 m3 / m × dia. Considerando 
que uma pessoa gasta, em média, 150 litros de água por dia, um 
metro quadrado de fi ltro poderia fornecer água fi ltrada para quantas 
pessoas dessa comunidade, por dia?
Filtração em múltiplas etapas
Nesse sistema de tratamento, a água bruta passa por uma pré-fi ltração dinâmica. Em seguida, 
passa por outra fi ltração em pedregulho e areia grossa e, depois, pela fi ltração lenta.
Os pré-fi ltros são compostos de pedregu-
lhos ou por pedregulhos e areia grossa. O 
emprego do pré-tratamento na fi ltração em 
múltiplas etapas é previsto para não sobre-
carregar os fi ltros lentos, principalmente em 
períodos de chuvas, em que a turbidez da 
água eleva-se.
Filtração em múltiplas etapas – FIME
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44 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Técnicas de tratamento menos usuais
As técnicas de tratamento menos usuais são geralmente utilizadas quando as outras técni-
cas de tratamento não conseguem remover as impurezas contidas na água. Como exemplo 
pode-se citar a fi ltração em membranas.
Filtração em membranas 
Na fi ltração em membranas, utiliza-se um material com abertura de fi ltração muito pequena, 
que permite a remoção de impurezas que não são normalmente removidas nos tratamentos 
já citados.
A fi ltração em membranas pode ser dividida em microfi ltração, ultrafi ltração, nanofi ltração, 
osmose reversa, etc.
Essa divisão se dá em função da pressão hidráulica que é utilizada na fi ltração e do diâmetro 
do poro da membrana. Na osmose reversa têm-se pressões aplicadas mais elevadas e o 
diâmetro do poro é menor, retendo partículas muitíssimo pequenas. Observe, no próximo 
esquema, os diferentes tipos de fi ltração em membranas.
O uso de membranas como tecnologia de tratamento de águas naturais ainda é limitado no 
Brasil, principalmente devido aos custos muito elevados dos equipamentos e da manutenção 
dos mesmos.
Vimos até aqui que existem ETAs que não têm fl oculador nem decantador, outras não têm 
coagulação, algumas têm fl otador. Há muitasvariações, mas há algo que deve haver em 
todas as ETAs. Você sabe o que é?
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 45
Etapas de tratamento comum a todas as tecnologias de 
tratamento
Desinfecção, correção de pH (quando necessário) e fl uoração
Para todas as tipologias de tratamento, é necessário fazer a desinfecção e a fl uoração da 
água. A correção de pH deve ser realizada sempre que necessário, para evitar que a água 
seja corrosiva ou incrustante, de forma a não corroer a tubulação ou prejudicar a saúde.
Vamos pensar juntos! Qual o objetivo de se fazer 
a desinfecção da água?
Desinfecção: A desinfecção tem o objetivo de eliminar os organismos patogênicos que 
porventura não tenham sido retirados durante o tratamento. 
Existem diversos meios e produtos para se fazer a desinfecção, podendo-se citar o uso do cloro gasoso, 
hipoclorito de cálcio, hipoclorito de sódio, dióxido de cloro, ozônio e radiação ultravioleta.
O cloro e seus compostos são os desinfetantes mais utilizados no Brasil, devido, principal-
mente, ao seu poder de desinfecção e ao fato de seu custo ser relativamente acessível. 
A dose de cloro a ser aplicada durante o tratamento da água deve ser sufi ciente para garantir 
cloro residual livre em qualquer ponto da rede de distribuição de água. 
O cloro gasoso, quando jogado na água, reage com ela, formando ácido hipocloroso (HOCl) 
e ácido clorídrico (HCl). O ácido hipocloroso se dissocia facilmente na água em íons hidro-
gênio e hipoclorito. O pH da água determina qual a forma do cloro que será predominante: 
para pH < 5,0, será cloro molecular (Cl2); para 5,0 < pH < 7,5, será ácido hipocloroso (HOCl) 
e, para pH < 7,5, será íon hipoclorito (OCl-). Como os valores usuais de pH para água de 
abastecimento são maiores do que 5,0, as formas de HOCl e OCl prevalecerão.
Vamos pensar juntos! Quais fatores podem infl uenciar a efi ciência da desinfecção?
Diversos fatores infl uenciam a efi ciência da desinfecção, tais como a dose do desinfetante, 
o tempo de contato, a mistura do produto com a água, o pH, os tipos e a quantidade de 
patógenos presentes.
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46 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
Segundo o Art. 13º da Portaria nº 518/2004, após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de 
cloro residual livre de 0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L em qualquer 
ponto da rede de distribuição, recomendando-se que a cloração seja realizada em pH inferior a 8,0 e 
tempo de contato mínimo de 30 minutos. 
Comente o texto do boxe anterior. Qual a importância da manutenção 
de cloro residual na rede de distribuição de água?
Como comentado anteriormente, a fl uoração tem como 
objetivo proteger os dentes contra as cáries. 
Os compostos de fl úor mais utilizados para o tratamento 
são: o fl uorsilicato de sódio e o ácido fl uorsilícico. O uso 
do fl úor na água é exigido pelo Ministério da Saúde. A 
PORTARIA Nº 635/BSB, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1975, 
dispõe sobre as normas e padrões da fl uoração da água 
dos sistemas públicos de abastecimento de água desti-
nada ao consumo humano.
O ácido fl uorsilícico é mais fácil de ser manipulado na 
hora de se dosar, contudo é muito corrosivo, exigindo 
cuidados especiais na estocagem.
O fl uorsilicato de sódio é fornecido no estado sólido (em pó) e apresenta solubilidade muito 
baixa (7,62 g/L). 
Deve-se tomar cuidado no preparo de soluções para água com dureza elevada, pois o íon fl uoreto 
reagirá com o cálcio e o magnésio, resultando em um precipitado que pode entupir os dosadores.
Deve-se fi car atento à quantidade de fl úor que se coloca na água, pois o excesso pode causar 
fl uorose dental e até fl uorese esquelética.
Dosador de fl úor
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 47
Correção do pH: Sempre que necessário, deve-se fazer 
a correção do pH na água antes de distribuí-la. O pH 
elevado pode provocar incrustação na tubulação. Já o pH 
baixo poder provocar corrosão da tubulação, que, por sua 
vez, pode ocasionar a dissolução de metais indesejáveis, 
contaminando a água com substâncias constituintes da 
própria tubulação. Além disso, o pH baixo provoca forma-
ção de crostas ocasionadas pelos metais dissolvidos, 
favorecendo o desenvolvimento de biofi lmes que podem 
abrigar organismos patogênicos. 
A cal virgem ou hidratada são os produtos mais comuns 
para elevar o pH. Para abaixar o pH, pode-se usar ácido 
ou CO2, prática não muito utilizada.Dosador de cal
Vamos pensar juntos! Existe alguma outra etapa de tratamento na 
ETA em que você trabalha que não foi mencionada até agora?
Etapas complementares de tratamento
Algumas ETAs utilizam o carvão ativado durante o tratamento da água. O carvão ativado é 
muito utilizado para adsorver os compostos orgânicos da água. Esses compostos podem 
ser alguns tipos de cianotoxinas e agrotóxicos, substâncias húmicas (que provocam cor na 
água), etc. O carvão ativado pode ser em pó ou granular. 
Cianotoxina: substância tóxica ao 
organismo humano que não é removida 
pelos sistemas convencionais de trata-
mento de água nem pela fervura.
A pré-oxidação também é utilizada em algumas ETAs. O processo de oxidação pode ser tanto 
químico quanto por meio de aeração, de forma a introduzir oxigênio na água. A oxidação 
tem como objetivo oxidar compostos orgânicos e não orgânicos, tirar sabor e odor da água 
e melhorar o desempenho de alguns coagulantes durante o tratamento. 
A oxidação química consiste em aplicar um oxidante, como o cloro, à água. Esse tipo de oxidação 
deve ser realizado com cautela, pois alguns oxidantes, quando utilizados de maneira inade-
quada, podem implicar a formação de subprodutos que causam riscos à saúde humana.
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48 Abastecimento de água - Operação e Manutenção de ETAs - Nível 2
A oxidação por aeração pode ser realizada 
por meio de aeradores de cascata, tabuleiros 
e por difusores.
Agora que já discutimos bacia hidrográfi ca, padrão de potabilidade, tipologias de tratamento 
de água, entre outros assuntos, vamos abordar algumas outras questões que fazem parte 
do seu dia-a-dia na operação de uma ETA.
Questões para refl exão e discussão: Imagine três cidades que utilizam 
o mesmo rio como manancial. Cada cidade trata a água com uma 
tecnologia diferente. A cidade 1 utiliza a tecnologia de tratamento por 
fi ltração lenta; a cidade 2, fi ltração direta; e a cidade 3, tratamento 
convencional. Por que você acha que isso acontece?
Vimos que existem diversas tecnologias para tratar a água, e a defi nição da melhor tecno-
logia está diretamente relacionada com a água que se deseja tratar. Vimos também que, 
independentemente da tecnologia utilizada para o tratamento da água, a qualidade fi nal deve 
atender ao padrão de potabilidade. Agora, vamos falar sobre manutenção de equipamentos, 
operação de fi ltros e os resíduos que são gerados durante o tratamento de água.
Vamos discutir as respostas!
C id a d e 1
C id a d e 2
C id a d e 3
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Aerador de cascata e de bandeija
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Guia do profi ssional em treinamento - ReCESA 49
Manutenção de equipamentos, 
operação de fi ltros e resíduos 
gerados durante o tratamento 
de água
No dia-a-dia, você acompanha e executa tarefas em várias unidades 
de tratamento, sendo todas elas importantes. Conforme já comen-
tado, quando uma unidade de tratamento não funciona

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