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INTERESSADO: Priscila Abdalla ASSUNTO: Exame de HIV após a morte do paciente RELATOR: Cons. Pedro Pablo Magalhães Chacel EMENTA – Não pode ser realizado exame de HIV em sangue de paciente morto, que não deu, em vida, autorização para tal. Em 20 de dezembro de 1999, recebe o CFM, via e.mail, consulta da sra. Priscila Abdalla, em que a mesma pergunta: "Se um paciente dá entrada em um Pronto-Socorro com ferimento por arma de fogo, vindo a falecer logo em seguida e tendo sido colhida amostra de sangue para exames, gostaria de saber: Se a esposa do paciente, após saber do falecimento do mesmo, solicitar ao médico o exame de HIV deste mesmo paciente, esse exame pode ser realizado? Mesmo após o óbito? Existe infração ética?" O artigo 102 do CEM explicita que é vedado ao médico "revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por justa causa, dever legal ou autorização expressa do paciente. Parágrafo único – Permanece essa proibição: a . Mesmo que o fato seja de conhecimento público ou que o paciente tenha falecido." O sigilo profissional pertence ao paciente. Por dever de ofício deve estar o médico informado de particularidades referentes à privacidade do mesmo. Isto torna o médico impossibilitado de revelá-lo porque fere de maneira capital a confiança necessária à relação médico-paciente. No artigo 102 do Código de Ética Médica fica claro que esse respeito à privacidade do paciente permanece mesmo após sua morte. Como exceção, considera-se a justa causa, o dever legal ou autorização expressa do paciente. Em se tratando de comunicantes sexuais, como seria o caso da viúva, poderíamos entender estar configurada a justa causa, que permitiria então, a revelação do diagnóstico. Mas entendo não ser este o caso. O morto não traz riscos para terceiros. Tem a viúva o direito de saber se foi contaminada, mas este conhecimento pode ser obtido através de exame laboratorial diagnóstico feito na própria, não se justificando a quebra do sigilo. É o parecer, SMJ. Brasília, 20 de março de 2000 PEDRO PABLO MAGALHÃES CHACEL Conselheiro Relator Aprovado em Sessão Plenária Dia 14/4/2000 PARECER CREMERJ N. 86/2000 INTERESSADO: Dra. L.M.B.S. RELATORES: Cons. Paulo Cesar Geraldes Câmara Técnica de Saúde Mental Paulo Sérgio da Costa Martins Assessoria Jurídica do CREMERJ VERSA SOBRE A QUESTÃO DE ALTA A PEDIDO. EMENTA: Afirma que se o paciente, de plena posse de suas faculdades mentais, recusar internação, o médico deve liberá-lo, salvo nos casos de iminente perigo de vida. Recomenda que seja procurado o responsável pelo paciente nos casos em que o médico julgá-lo incapaz de dispor sobre si. Constata os procedimentos que o médico deve seguir em situações nas quais se configure a alta a pedido em situações normais ou em feriados ou fora do expediente ambulatorial. CONSULTA: Consulta solicitando esclarecimentos sobre os procedimentos relativos à questão da alta a pedido. PARECER: Trata-se de solicitação de informações formulada pela Dra. L.M.B.S., do Núcleo de Epidemiologia do Hospital Municipal Jesus, versando sobre a alta de paciente sem que haja recomendação do médico responsável ou, por outras definições, a chamada a pedido. Após estudo de caso, constatamos que os procedimentos a serem seguidos nas situações em que o paciente não acata os procedimentos médicos e decide, por conta própria, deixar o estabelecimento médico são os seguintes: 1) Se o paciente, de plena posse de suas faculdades mentais, recusa internação, o médico deve, munindo-se das cautelas necessárias - no caso, documento assinado pelo doente, na presença de testemunhas -, liberá-lo do atendimento. O profissional não pode se impor à vontade do paciente se este se encontrar apto a manifestar sua vontade, exceto nos casos de iminente perigo de vida do paciente, quando o médico não deverá proceder à alta. 2) Nos casos em que houver alteração mental, incapacitando o paciente do auto-discernimento e da ampla autonomia, deverá ser acionado, caso haja, o seu responsável. Em qualquer hipótese, é obrigatória a consulta à Comissão de Revisão de Internação Psiquiátrica. 3) Caso seja confirmada a alta a pedido, as medidas adotadas deverão ser: a anotação na papeleta do paciente sobre o tipo de alta e a comunicação do fato aos responsáveis legais. 4) Quando os casos em tela acontecerem em feriados ou fora do expediente ambulatorial, a autoridade que deverá ser contatada será a da Delegacia de Polícia, responsável pela jurisdição do Nosocômio. (Aprovado em Sessão Plenária 24/03/2000) PARECER CREMERJ N. 67/1998 INTERESSADO: Associação de Amigos, Familiares e Doentes Mentais do Brasil RELATOR: Cons. Paulo Cesar Geraldes Câmara Técnica de Saúde Mental do CREMERJ SOLICITAÇÃO DE CÓPIA DE PRONTUÁRIO MÉDICO FEITA POR PAIS OU RESPONSÁVEIS POR PACIENTE COM DISTÚRBIO MENTAL. EMENTA: Dispõe sobre o artigo 70 do Código de Ética Médica. Esclarece que no caso de paciente que claramente não possua discernimento psíquico suficiente para o entendimento dos fatos da vida diária, que se encontre alienado ou mesmo globalmente desorientado, ainda que em caráter temporário, o prontuário poderá ser fornecido ao seu responsável legal, mesmo que este não seja seu procurador e que o paciente não esteja interditado sob curatela. CONSULTA: Consulta formulada pela AFDM-BRASIL, a qual expõe que, de tempos em tempos, pacientes psicóticos são submetidos a reavaliações junto ao INSS e a outros órgãos de seguridade e que, atualmente, os órgãos federais estão reavaliando todos os casos de pessoas dependentes. Para tal, estão exigindo documentação que confirme a incapacidade dos pacientes mentais. Assim, observando o teor do artigo 70 do Código de Ética Médica, a Associação indaga se os pais ou responsáveis por pacientes psicóticos, que se encontram internados ou em tratamento ambulatorial, têm o direito de ter acesso aos prontuários desses doentes e, também, de solicitar e obter cópia integral ou parcial dos prontuários para qualquer finalidade. Questiona, por fim, quais as providências que podem ser exigidas para o acesso ou cópia dos prontuários. PARECER: O artigo 70 do Código de Ética Médica é bastante claro quanto à exclusividade de acesso do paciente ao seu prontuário. Isto significa que somente a ele podem ser entregues os documentos constantes do prontuário. Porém, no caso de paciente que claramente não possua discernimento psíquico suficiente para o entendimento dos fatos da vida diária, que se encontra alienado ou mesmo globalmente desorientado, ainda que em caráter temporário, o prontuário poderá ser fornecido ao seu responsável legal, mesmo que este não seja seu procurador e que o paciente não esteja interditado sob curatela. O artigo 70 visa a proteger o interesse do paciente na prevenção do sigilo médico relativo à sua história pessoal e, eventualmente, patológica. Porém, um paciente que não tenha condições de se autoconduzir em suas atividades diuturnas, que seja claramente dependente de terceiros, não só para a execução de tarefas, como nas providências legais e/ou previdenciárias, ficará seriamente prejudicado em seus interesses se seus representantes legais ou familiares, não puderem atuar zelando por seus legítimos direitos. Muitas vezes, o próprio custeio do tratamento é feito por estes mesmos representantes legais, ou familiares, o que claramente demonstra a necessidade de acesso à documentação do paciente. PARECER CREMERJ N. 154/2004 REVOGADO PELO PARECER CREMERJ Nº 203/2013 INTERESSADO: Dr. J. M. B. P. RELATOR: Cons. Cantídio Drumond Neto Comissão Disciplinadora de Pareceres do CREMERJ QUESTÕES RELATIVAS A ATENDIMENTO MÉDICO PARTICULAR A MENOR DE IDADE EMENTA: Expõe ser preferível que oatendimento seja efetuado com a presença dos pais e/ou responsável, quando o menor adolescente não tiver ainda, o discernimento ideal para avaliar o mesmo. Fica a critério do médico, especialmente, ao considerar o motivo e o teor da consulta, a avaliação sobre a imprescindibilidade ou não da presença dos pais ou responsáveis. CONSULTA: Consulta encaminhada por profissional médico, o qual informa ter atendido em seu consultório um menor de idade, com 15 anos, em uma consulta particular. Diz que o paciente marcou a entrevista com 30 dias de antecedência e que, no dia anterior à consulta, esta foi confirmada por telefone com alguém da residência do menor. Expõe que o paciente compareceu desacompanhado dos responsáveis e que pagou a consulta. Pondera ter partido do pressuposto de que os pais e/ou responsáveis tinham conhecimento do ato praticado pelo filho, visto que é menor, não trabalha e, portanto, o pagamento da consulta foi feito com anuência dos mesmos. Faz, então, as seguintes indagações ao CREMERJ. "Cometi alguma infração ética ou de qualquer outro tipo que possa comprometer minha conduta profissional? Levando em consideração o exposto (ser menor, não trabalhar etc.) eu teria a obrigação legal e ética de somente o atender na presença dos pais?" PARECER: Em resposta à Consulta feita, a Comissão Disciplinadora de Pareceres do CREMERJ entende nada haver no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código de Ética Médica que impeça o atendimento. O Estatuto da Criança e do Adolescente reza : "Art.17 O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideais e crenças, dos espaços e objetos pessoais." "Art. 18 É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante vexatório ou constrangedor." O Código de Ética Médica em seu artigo 103, dispõe: É vedado ao médico: "Art. 103 Revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente." Embora seja muito difícil estabelecer o grau de entendimento e responsabilidade em relação à idade do menor adolescente, conviria fosse prestada especial atenção no que diz respeito ao menores de 14 anos, pois estes em sua grande maioria, não têm ainda o discernimento ideal e seria nesses casos sempre vantajoso o acompanhamento do menor pelos pais ou responsáveis. Parecer CREMERJ N. 91/00 INTERESSADO: Dr. M.T.M. RELATORES: Consº Cantídio Drumond Neto Consº Mauro Brandão Carneiro Comissão Disciplinadora de Pareceres do CREMERJ VERSA SOBRE A VALIDADE DO ENCAMINHAMENTO DE CÓPIA DE PRONTUÁRIO MÉDICO DO HOSPITAL PARA O CONVÊNIO EMENTA: Afirma, com base no Parecer CFM n. 429, aprovado em 10/03/94, e da Resolução CREMERJ n. 56/93, que o segredo médico - bem como o toda a documentação que o envolve - nunca pode ser revelado, a não ser nos casos previstos pela legislação, ou se houver autorização expressa do paciente. Afirma que as empresas de medicina de grupo, quando suspeitarem de irregularidades, poderão indicar médico auditor que examinará in loco o prontuário médico, sem, contudo, poder copiá-lo. CONSULTA: O consulente solicita esclarecimentos sobre a validade do encaminhamento de cópia do prontuário médico do hospital para o convênio, por solicitação deste e sem autorização dos pacientes. PARECER: O Dr. M.T.M. solicita ao CREMERJ parecer a respeito da validade de fornecimento de prontuário médico de um paciente ao convênio por solicitação deste, bem como do fornecimento de boletim de atendimento ou quaisquer outros documentos relativos ao mesmo. Indaga ainda sobre as normas que disciplinam este assunto. O Parecer CFM n. 429, aprovado em 10/03/94, conclui: 1º - "O segredo médico é espécie de segredo profissional indispensável à vida em sociedade – e por isso protegido por lei – e cuja revelação, seja pelas informações orais ou através de papeletas, boletins, folhas de observação, fichas, relatórios e demais anotações clínicas, está vedada não somente aos médicos como também a todos funcionários e dirigentes institucionais. 2º - O médico somente poderá revelar o segredo médico se o caso estiver contido nas hipóteses de "justa causa", determinadas exclusivamente pela legislação e não pela autoridade, ou se houver autorização expressa do paciente." A Resolução CREMERJ n. 56/93, em seu artigo primeiro, reza: Art. 1º "É vedado às empresas de Medicina de Grupo, Cooperativas Médicas, Seguradoras de Saúde, ou qualquer outro gênero de entidades contratantes de serviços de saúde ou de reembolso de despesas médicas exigir do profissional o fornecimento de diagnóstico, codificado ou não, para efeitos de liberação de atendimentos, procedimentos, atestados e ressarcimentos de despesas já efetuadas." Da mesma forma, a Resolução CFM n. 1484/97 confirma as disposições acima referenciadas. No entanto, caso a empresa responsável pelo convênio suspeite de irregularidades, ela poderá indicar um médico auditor que terá todas as condições de avaliar, no local da conveniada, os documentos constantes do prontuário médico a fim de constatar a existência de alguma eventual irregularidade. Neste caso, a empresa conveniada tem a obrigação de facilitar o trabalho do médico auditor, o qual, porém, não deverá copiar o prontuário médico, limitando-se apenas a avaliá-lo e opinar sobre as suspeitas levantadas, tudo conforme determina a Resolução CFM n. 1466/96.
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