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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS EDSON CILOS VARGAS UM ESTUDO SOBRE RETENÇÃO DE TRIBUTOS NA FONTE PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL São José 2011 PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS EDSON CILOS VARGAS UM ESTUDO SOBRE RETENÇÃO DE TRIBUTOS NA FONTE PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL Monografia apresentada ao Centro Universitário Municipal de São José como um dos pré-requisitos para a obtenção do grau de bacharel em Ciências Contábeis. Orientador de Conteúdo: Prof. Esp. Renato Brittes São José 2011 EDSON CILOS VARGAS UM ESTUDO SOBRE RETENÇÃO DE TRIBUTOS NA FONTE PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel Ciências Contábeis do Centro Universitário Municipal de São José – USJ avaliado pela seguinte banca examinadora: __________________________________________ Prof. Esp. Renato Brittes Orientador __________________________________________ Prof. MSc. Ednaldo Vilela Membro Examinador ___________________________________________ Prof. Msc. Isair Sell Membro Examinador São José, de de 2011. Dedico este trabalho a todas aquelas pessoas que se fazem presentes no meu Agradecimento, em especial à minha Esposa pelo amor, carinho, confiança e motivação que me transmitiu ao longo destes quatro anos. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus por ter dado saúde, persistência e me protegido nos deslocamentos diários de motocicleta para as aulas diárias durante estes quatro anos. Aos meus Pais, que durante a minha vida evidenciaram em minha formação, a honestidade, o bom caráter e acima de tudo a hombridade que uma pessoa deve ter. À minha querida Esposa, que sempre esteve ao meu lado em todas as ocasiões e que foi a maior incentivadora para que eu concluísse com êxito esta etapa da minha vida. Aos meus Filhos, pela paciência e entendimento pelos diversos momentos em que não pude dar-lhes mais atenção e carinho. Ao meu Orientador, Prof. Esp. Renato Brittes, pela confiança a mim depositada em todos os momentos e que soube com maestria dar-me o suporte necessário para a elaboração deste TCC. Aos integrantes do corpo docente da USJ que não medem esforços para transmitir seus conhecimentos aos Acadêmicos, em especial ao Prof. Esp. Alfredo Lohn Braun. A todos os meus colegas de classe pelo carinho, ajuda nos momentos difíceis e principalmente por ter tido o privilégio de ter-los como amigos. Aos meus amigos e colegas de trabalho no Exército Brasileiro, Major Marcius Vinícius de Jesus e Subtenente Nilton Puentes Dal Ri, que por diversos momentos da minha formação acadêmica fizeram-se presente com seus apoios profissionais. RESUMO O objetivo principal desta Pesquisa é realizar um estudo para descrever em quais situações, os impostos, contribuições e suas respectivas alíquotas, deverão ser retidos na fonte, por ocasião do pagamento para as empresas que fornecem bens e serviços, inclusive obras, para a Administração Pública Federal. Para tanto, foi realizado um estudo bibliográfico das leis que regulamentam o assunto, leitura de textos publicados na internet e documentos internos disponíveis no Exército Brasileiro, bem como extraídas informações da rotina diária de um órgão público na execução destes procedimentos no SIAFI. O resultado desta pesquisa pode ser observado ao longo dela como sendo um assunto muito técnico e que possui muitas situações específicas e que merecem um cuidado especial para os envolvidos nesta relação. Chegou-se a conclusão de que o tema é extenso e que merece uma grande atenção, tanto pela Administração Pública Federal na figura do Ordenador de Despesas, o qual poderá ser imputado responsabilidades tanto pela omissão, quanto pela retenção indevida de tributos, quanto para as Empresas em que foi verificado que o conhecimento técnico no assunto poderá ser um diferencial competitivo no processo da tomada de decisões. Palavras-chave: Impostos. Contribuições. Administração pública federal. SIAFI. Empresas. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BACEN Banco Central do Brasil BB Banco do Brasil S.A. CEF Caixa Econômica Federal CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica COF Coordenação de Orçamento e Finanças COFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social CPR Contas a pagar e a receber CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido DARF Documento de Arrecadação de Receitas Federais ECT Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras S.A EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRATUR Empresa Brasileira de Turismo FIOCRUZ Fundação Osvaldo Cruz FUNASA Fundação Nacional de Saúde GLP Gás liquefeito de petróleo GPS Guia da Previdência Social IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBRAP Instituto Brasileiro de Administração Pública IMBEL Indústria de Material Bélico do Brasil IN Instrução Normativa Infraero Empresa de Infra-Estrutura Aeroportuária INSS Instituto Nacional do Seguro Social IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica ISS Imposto Sobre Serviços LC Lei Complementar NE Nota de Empenho NS Nota de Lançamento de Sistema OB Ordem Bancária OCB Organização das Cooperativas Brasileiras PAC Programa de Aceleração do Crescimento PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A. PIS/PASEP Programa de Integração Social/Formação do Patrimônio do Servidor Público QAV Querosene de aviação RFA Rede Ferroviária Federal S.A. RFB Receita Federal do Brasil SIAFI Sistema Integrado de Administração Financeira SOF Secretaria de Orçamentos Federal SRF Secretaria da Receita Federal UG Unidade Gestora SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................... 12 1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 13 1.3 PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS ................................................................................... 14 1.3.1 Pergunta da pesquisa .................................................................................................... 14 1.3.2 Objetivos ......................................................................................................................... 14 1.3.2.1 Geral .............................................................................................................................14 1.3.2.2 Específicos .................................................................................................................... 15 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 16 2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................ 16 2.1.1 Administração pública direta ....................................................................................... 17 2.1.2 Administração pública indireta .................................................................................... 17 2.1.2.1 Autarquias ..................................................................................................................... 18 2.1.2.2 Empresas públicas ........................................................................................................ 18 2.1.2.3 Sociedades de Economia Mista .................................................................................... 19 2.1.2.4 Fundações públicas ....................................................................................................... 19 2.2 RETENÇÃO NA FONTE DO IRPJ, DA CSLL, DO PIS E DA COFINS ........................ 20 2.3 RETENÇÃO NA FONTE DO INSS .................................................................................. 22 2.4 RETENÇÃO NA FONTE DO ISS ..................................................................................... 23 2.5 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA ............................................................................ 25 2.5.1 Sujeito ativo .................................................................................................................... 25 2.5.2 Sujeito passivo ................................................................................................................ 25 2.6 TRIBUTOS ......................................................................................................................... 26 2.6.1 Impostos .......................................................................................................................... 26 2.6.2 Contribuições sociais ..................................................................................................... 27 2.7 SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA (SIAFI) ................... 27 2.7.1 Subsistema contas a pagar e a receber (CPR) ............................................................ 29 2.8 ESTÁGIOS DA DESPESA ................................................................................................ 30 2.8.1 Empenho ......................................................................................................................... 30 2.8.2 Liquidação ...................................................................................................................... 30 2.8.3 Pagamento ...................................................................................................................... 31 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 32 3.1 MODALIDADES DA PESQUISA .................................................................................... 32 3.2 COLETA DE DADOS ....................................................................................................... 33 3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO ...................................................................................... 34 3.4 AMBIENTE DA PESQUISA ............................................................................................. 34 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA RETENÇÃO NA FONTE PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL ..................................................................... 36 4.1 RETENÇÃO DE IR, CSLL, COFINS E PIS/PASEP ........................................................ 36 4.1.1 Abrangência das retenções ........................................................................................... 36 4.1.2 Serviços prestados com emprego de materiais............................................................ 36 4.1.3 Tratamento dos valores retidos .................................................................................... 36 4.1.4 Distrato ........................................................................................................................... 36 4.1.5 Base de cálculos e alíquotas – tabela de retenção ....................................................... 37 4.1.6 Recolhimento dos valores retidos ................................................................................. 37 4.1.7 Hipóteses em que não haverá retenção ........................................................................ 38 4.1.7.1 Imunidades, isenção e não incidências ......................................................................... 38 4.1.7.2 Empresa Jurídica amparada por medida judicial .......................................................... 39 4.1.7.3 Empresa sediada ou domiciliada no exterior ................................................................ 40 4.1.7.4 Programa de inclusão digital ........................................................................................ 40 4.1.7.4.1 Equipamentos abrangidos .......................................................................................... 40 4.1.8 Cooperativas e associações de profissionais ou assemelhados ................................... 41 4.1.8.1 Cooperativas em geral e associações de profissionais ou assemelhados...................... 41 4.1.8.2 Cooperativas de produção ............................................................................................ 42 4.1.8.3 Cooperativas de trabalho .............................................................................................. 42 4.1.8.4 Cooperativas ou associações médicas .......................................................................... 43 4.1.8.4.1 Associações médicas ................................................................................................. 43 4.1.8.4.2 Cooperativas médicas ................................................................................................ 44 4.1.8.4.3 Cooperativas de trabalho médico, administradoras de plano de saúde e seguro saúde .......................................................................................................................... 44 4.1.8.4.4 Associação de médicos que atuem na intermediação de prestação de serviços médicos ...................................................................................................................... 44 4.1.9 Situações específicas ...................................................................................................... 45 4.1.9.1 Agências de viagens/turismo ........................................................................................ 45 4.1.9.2 Bens imóveis ................................................................................................................ 46 4.1.9.3 Seguros ......................................................................................................................... 46 4.1.9.4 Telefone ........................................................................................................................ 46 4.1.9.5 Propaganda e publicidade ............................................................................................. 46 4.1.9.6 Consórcio ...................................................................................................................... 47 4.1.9.7 Derivado de petróleo e álcool etílico hidratado para fins carburantes ......................... 47 4.1.9.8 Produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal.................. 48 4.1.9.9 Água, refrigerante e cerveja.......................................................................................... 49 4.1.9.10 Máquinas, veículos, autopeças, pneus e câmaras de ar .............................................. 49 4.1.9.11 Aluguel de imóveis ..................................................................................................... 49 4.1.10 Normas especiais de pagamento ................................................................................. 50 4.1.10.1 Operações com cartões de crédito ou de débito ......................................................... 50 4.1.10.2 Documentos de cobrança com código de barra .......................................................... 50 4.1.11 Obrigações acessórias .................................................................................................. 50 4.1.11.1 Comprovante anual de retenção ................................................................................. 50 4.1.11.2 Declaração de isenção, imunidades e de opção pelo simples nacional ...................... 51 4.1.11.3 Destaque dos valores a serem retidos pela fornecedora do bem ou prestadora do serviço ....................................................................................................................... 51 4.1.12 Modelos de formulários .............................................................................................. 51 4.1.13 Calculando o valor da retenção .................................................................................. 51 4.1.14 Efetuando a retenção ................................................................................................... 52 4.1.15 Pagamento para a empresa ......................................................................................... 52 4.1.16 Compensação do valor retido ..................................................................................... 52 4.2 RETENÇÃO DE INSS ....................................................................................................... 52 4.2.1 Hipóteses de incidência ................................................................................................. 52 4.2.2 Serviços sujeitos a retenção – cessão de mão de obra ou empreitada ....................... 53 4.2.3 Serviços sujeitos a retenção – cessão de mão de obra ................................................ 54 4.2.4 Hipóteses de dispensa .................................................................................................... 56 4.2.5 Forma de recolhimento do valor retido ....................................................................... 57 4.2.6 Reduções da base de cálculo ......................................................................................... 57 4.2.7 Destaque da retenção no documento ........................................................................... 57 4.2.8 Empresas optantes do simples nacional ...................................................................... 57 4.2.9 Apuração da base de cálculo da retenção .................................................................... 58 4.2.9.1 Valores de materiais discriminados no contrato e em documento fiscal ...................... 58 4.2.9.2 Valores de materiais ou de equipamentos previstos em contrato e com discriminação em documento fiscal ..................................................................................................... 58 4.2.9.3 Utilização de equipamentos inerente à execução dos serviços com discriminação em documento fiscal ..................................................................................................... 58 4.2.9.4 Inexistência de previsão contratual............................................................................... 59 4.2.10 Obra de construção civil ............................................................................................. 59 4.2.11 Calculando o valor da retenção .................................................................................. 59 4.2.12 Efetuando a retenção ................................................................................................... 59 4.3 RETENÇÃO DE ISS .......................................................................................................... 60 4.3.1 Prestador e tomador de serviços .................................................................................. 60 4.3.2 Responsabilidade tributária ......................................................................................... 60 4.3.3 Serviços sujeitos ao ISS ................................................................................................. 60 4.3.4 Local da prestação do serviço ....................................................................................... 61 4.3.4.1 Imposto devido no local do estabelecimento ou do domicílio do tomador .................. 61 4.3.4.2 Imposto devido no local da prestação do serviço ......................................................... 62 4.3.4.3 Local do estabelecimento ou domicílio do prestador ................................................... 62 4.3.5 Base de cálculo ............................................................................................................... 63 4.3.6 Alíquotas ......................................................................................................................... 63 4.3.7 Retenção na fonte de empresa optante pelo simples nacional ................................... 63 4.3.7.1 Indicação do percentual correspondente ao ISS no documento fiscal.......................... 63 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 65 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 67 ANEXOS ................................................................................................................................. 72 ANEXO A – TABELA DE RETENÇÕES ........................................................................... 72 ANEXO B – DECLARAÇÃO A QUE SE REFERE O ARTIGO 3º, III .......................... 74 ANEXO C – DECLARAÇÃO A QUE SE REFERE O ARTIGO 3º, IV .......................... 76 ANEXO D – DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 480, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2004 ................................................................................................................................. 78 12 1 INTRODUÇÃO Esta seção apresenta os aspectos introdutórios sobre o assunto pesquisado, abrangendo o tema e problema, os objetivos, a metodologia do estudo, assim como a estrutura do trabalho, referentes à pesquisa. 1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS O desenvolvimento de uma nação passa por investimentos em seus diversos setores da economia e vários destes investimentos ocorrem quando a administração pública federal faz a aquisição de bens e serviços, inclusive obras, junto às empresas privadas. É neste cenário - onde ocorre o fornecimento de bens e serviços, inclusive obras, por empresas junto à administração pública federal – que será analisado no decorrer desta pesquisa, quando deverão ser retidos os tributos, quais destes tributos e suas respectivas alíquotas, os órgãos da esfera pública federal deverão reter na fonte por ocasião do pagamento junto a estas empresas. Tendo em vista o desenvolvimento econômico que o País atravessa no momento, impulsionado pela estabilidade econômica e os empreendimentos que estão sendo realizados por parte do governo federal com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sem contar que nós próximos anoso Brasil será sede da Copa do Mundo de futebol e das Olimpíadas, o volume de transações comerciais do governo com as empresas tende a aumentar consideravelmente, com isso o conhecimento técnico deste assunto será um grande diferencial competitivo para os profissionais de contabilidade que atuam neste mercado de trabalho e também para os Agentes da Administração Pública Federal. O objetivo principal desta pesquisa é descrever e analisar os impostos e contribuições e suas respectivas alíquotas, que deverão ser retidos na fonte, no momento em que é realizado o pagamento para as empresas que fornecem bens e serviços, inclusive obras, para a Administração Pública Federal. Com esta pesquisa pretende-se, ao final difundir as informações dentro do Exército Brasileiro e também aos profissionais da área contábil que atuam nas empresas em geral. 13 1.2 JUSTIFICATIVA Segundo a Lei n. 9.430/96 (BRASIL, 1996), em seu artigo 64, ficou definida a regra para a retenção na fonte de tributos – Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Programa de Integração Social/Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) – por órgãos públicos federais a outras pessoas jurídicas pelo fornecimento de bens e serviços. Tendo em vista o disposto nesta lei, a retenção de impostos e contribuições das empresas que fornecem bens ou prestam serviços em geral, inclusive obras, para os órgãos da esfera pública federal que estejam obrigados a operar seus lançamentos no SIAFI, deverá ser realizada na fonte no momento do pagamento. A Instrução Normativa (IN) n. 480 (BRASIL, 2004), da Secretaria da Receita Federal (SRF) do ano de 2004, artigo 1º menciona que: Os órgãos da administração federal direta, as autarquias, as fundações federais, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades em que a União, direta ou indiretamente detenha a maioria do capital social sujeito a voto, e que recebam recursos do Tesouro Nacional e estejam obrigados a registrar sua execução orçamentária e financeira no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) reterão na fonte, o imposto sobre a Renda de pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a Contribuição para o PIS/PASEP sobre os pagamentos que efetuarem as pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços em geral, inclusive obras, observado os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. A Pesquisa tem por finalidade esclarecer, a luz das legislações vigentes, quais impostos e contribuições deverão ser retidos na fonte pela Administração Pública Federal, junto às empresas que fornecem bens ou prestam serviços, inclusive obras, no momento da realização do pagamento – via SIAFI, assim como analisar as bases de cálculos e suas respectivas alíquotas. O conhecimento técnico deste assunto deve ser um diferencial competitivo para àquelas empresas que obtiverem conhecimento na área. Daí verifica-se a importância de tais conhecimentos para os futuros profissionais de contabilidade que serão formados nesta Academia e que num futuro não muito distante, estarão aptos a ingressar nas empresas de um modo geral. 14 Pretende-se assim, ao final desta Pesquisa, no âmbito interno divulgar o estudo dentro do Exército Brasileiro, bem como, no âmbito externo disponibilizar para àquelas que tenham interesse no assunto. 1.3 PROBLEMÁTICA E OBJETIVOS A problemática e os objetivos são importantes para o desenvolvimento da pesquisa que juntamente com a pergunta irá desencadear todo o processo, ou seja, irão direcionar o trabalho. 1.3.1 Pergunta da pesquisa Em 15/12/2004 foi publicada pela Secretaria da Receita Federal a IN SRF 480 (BRASIL, 2004) que dispõe sobre a retenção de tributos nos pagamentos efetuados pela Administração Pública Federal junto às empresas por ocasião da aquisição de bens, prestação de serviços em geral, inclusive obras. No mercado, existem dentro das empresas, profissionais que atuam na área contábil/financeira, que desconhecem da obrigatoriedade da Administração Pública Federal em reter na fonte os tributos por ocasião do pagamento pelo fornecimento de bens, serviços, inclusive obras destas empresas junto ao governo federal; bem como, na administração pública federal existem servidores que não conhecem a fundo os procedimentos que lhe são cabíveis neste contexto. Diante de tal quadro, esta pesquisa procura esclarecer o seguinte: quais as retenções devidas no momento em que é realizado o pagamento para as empresas que fornecem bens e serviços, inclusive obras para a Administração Pública Federal? 1.3.2 Objetivos Neste item serão apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos que irão direcionar a execução da pesquisa. 1.3.2.1 Geral Descrever em quais situações, os impostos, contribuições e suas respectivas alíquotas, deverão ser retidos na fonte, por ocasião do pagamento para as empresas que fornecem bens e serviços, inclusive obras, para a Administração Pública Federal. 15 1.3.2.2 Específicos Os objetivos específicos são: a) Examinar as leis que regulamentam a retenção na fonte pela Administração Pública Federal; b) Verificar os casos em que haverá ou não retenção na fonte dos tributos; c) Classificar os casos especiais; e d) Discriminar os impostos e contribuições que devem ser retidos na fonte, base de cálculo e suas respectivas alíquotas. 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo serão abordadas as fontes desta pesquisa, onde serão estudadas as leis que definem as obrigações e os procedimentos legais a serem adotados pela Administração Pública Federal acerca da retenção de tributos, no momento em que é realizado o pagamento para as empresas pela prestação de serviços, fornecimentos de bens ou obras em geral; assim como alguns conceitos considerados de relevada importância para o desenvolvimento do estudo. Para Heerdt e Leonel (2004, p. 3) “[...] a fundamentação teórica é importantíssima porque favorecerá a definição de contornos mais precisos da problemática a ser estudada”. Esta fase é destinada à apresentação dos tópicos que serão abordados na pesquisa e a apresentação das fontes que serão estudadas. 2.1 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Em todos os Países, qualquer que seja a sua forma de governo, existe uma Administração Pública. Sem ela não haveria Estado, nem poderiam os governantes cumprir suas funções precípuas, tais como: defesa, educação, cobrança de tributos etc. Hack (2008, p. 54) afirma que “Administração Pública é o nome genérico que se dá aos órgãos e entes administrativos que têm como objetivo desempenhar a função administrativa do Estado, realizando atividades e políticas que concretizem os seus objetivos”. É um conjunto de órgãos, bens, serviços e pessoas subordinadas ao poder executivo, com a finalidade de prestar serviços públicos. No Brasil a Administração Pública Federal divide-se em duas áreas: Direta e Indireta. A sua estrutura atual foi definida pelo Decreto-lei n. 200/67, que em seu artigo 4º estabelece que: A Administração Federal compreende: I – A Administração Direta, que se constitui dos serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. II – A Administração Indireta, que compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidadejurídica própria: a) Autarquias; b) Empresas Públicas; c) Sociedades de Economia Mista; e d) Fundações Públicas. 17 É importante salientar que, embora esta estruturação seja da Administração Pública Federal, foi seguida também pelas demais esferas do governo. 2.1.1 Administração pública direta Nos casos em que os órgãos estão diretamente subordinados à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, diz-se que tais órgãos integram a administração pública direta. Abrange os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e compreende o conjunto de órgãos integrados, responsáveis pela condução da administração da União. Constitui os serviços integrados na estrutura da Presidência da República e dos Ministérios. Segundo Bellote (2006, p. 19): “[...] é o instrumento de ação direta do poder central da União, dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Municípios, a administração direta é composta por entidades e órgãos públicos, estes últimos sem personalidade jurídica própria”. 2.1.2 Administração pública indireta Tendo em vista a gigante estrutura e por conseqüência a grande carga administrativa que recai sobre a administração pública direta, o Estado pode criar por intermédio de lei, outras pessoas jurídicas com especialização num determinado serviço público, vinculando-as a um órgão da administração pública direta, porém, ligado à natureza do serviço prestado por ela. É um conjunto de entidades com personalidade jurídica que vinculados a um órgão da Administração Pública Direta, prestam serviço público ou de interesse público. Sua finalidade é dar maior eficiência à gestão governamental. A Administração Pública Federal é constituída pelas seguintes entidades: Autarquias; Empresas públicas; Sociedades de economia mista; e Fundações públicas. As autarquias têm personalidade jurídica de direito público, as fundações podem ter personalidade jurídica de direito público ou privado, a empresa pública e a sociedade de economia mista ter personalidade de direito privado. 18 2.1.2.1 Autarquias As Autarquias servem para facilitar a tarefa administrativa do Estado. Desse modo, as autarquias não estão sujeitas ao regime jurídico da administração pública tendo em vista possuírem desembaraço de ação e liberdade administrativa suficiente para alcançar suas finalidades específicas que lhes são atribuídas pela lei. São entidades criadas por lei, possuem personalidade jurídica, patrimônio e receita própria. Desempenham atividades típicas da Administração Pública, porém com gestão administrativa e financeira descentralizada. Segundo Di Pietro (apud HACK, 2008, p. 423): “Autarquia é uma personalidade jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de autoadministração, para o desempenho do serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido dentro da lei”. As autarquias podem ser classificadas em: fundacional ou de regime especial. As fundacionais têm finalidades definidas pelo Estado como próprias, podemos citar como exemplo as universidades federais. As de regime especial são aquelas a quem a lei confere privilégios específicos, com maior autonomia que as fundacionais, sem infringir os preceitos constitucionais; como por exemplo: Banco Central do Brasil. São exemplos de Autarquias: Instituto Nacional do Seguro Social (INSS); Banco Central do Brasil (BACEN); e Empresa Brasileira de Turismo (EMBRATUR). 2.1.2.2 Empresas públicas As Empresas Públicas são criadas por lei para desempenhar atividades empresariais que o governo seja levado a exercer seja por conveniência ou contingência administrativa. São entidades com personalidade jurídica de direito privado, patrimônio próprio e capital exclusivo da União/Estado. Também são criadas por lei e seu objetivo é a exploração de uma atividade econômica em que o governo julgue ser conveniente aos objetivos do Estado. Conforme o disposto no artigo 173 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), a exploração direta da atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a irrelevante interesse coletivo. São exemplos de Empresas Públicas: Caixa Econômica Federal (CEF); 19 Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA); Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT); e Indústria de Material Bélico do Brasil (IMBEL). 2.1.2.3 Sociedades de Economia Mista Trata-se de pessoa jurídica de direito privado com participação do poder público e de particulares em seu capital e em sua administração. Tem por objetivo a exploração de atividade econômica. Segundo Horvath (2011, p. 16) “[...] sua forma é de sociedade anônima, sendo que a maioria das ações deve ficar em posse do ente público ao qual se vinculam. Seu regime jurídico está sujeito a lei das sociedades anônimas – Lei nº 6.404/76”. São exemplos de Sociedades de Economia Mista: Banco do Brasil S.A. (BB); Rede Ferroviária Federal S.A (RFA); Petróleo Brasileiro S.A (PETROBRAS); e Centrais Elétricas Brasileiras S.A (ELETROBRAS). 2.1.2.4 Fundações públicas As Fundações Públicas são entidades públicas dotadas de personalidade jurídica de direito público sem fins lucrativo, criadas para o desenvolvimento de atividades de interesse público. São criadas por lei específica e estruturadas por decreto. As mais comuns atuam nas áreas da educação, cultura e pesquisa. De acordo com Hack (2008, p. 54) “[...] possui capacidade de autoadministração, sujeita-se ao controle administrativo do ente que a instituiu e só pode ser criada por lei específica”. São exemplos de Fundações Públicas: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); Fundação Nacional de Saúde (FUNASA); e Fundação Osvaldo Cruz (FIOCRUZ). 20 2.2 RETENÇÃO NA FONTE DO IRPJ, DA CSLL, DO PIS E DA COFINS A legislação da Administração Pública Federal que regulamenta a retenção de tributos na fonte foi consolidada pela Instrução Normativa n. 480 de 15 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004), tendo com base as Leis n. 9.430/96 (BRASIL, 1996) e n. 10.833/03 (BRASIL, 2003). Instrução Normativa n. 480, de 15/12/2004, da Secretaria da Receita Federal Figura 1: Consolidação das Leis Fonte: Elaborado pelo autor, 2011. A retenção na fonte de tributos pela Administração Pública Federal foi inicialmente regulamentada pela Lei n. 9.430/96 (BRASIL, 1996). Segundo a Lei n. 9.430/96 (BRASIL, 1996), ficou definida a regra para a retenção na fonte de tributos (IRPJ, CSLL, PIS e COFINS) pela Administração Pública Federal a pessoas jurídicas pelo fornecimento de bens e serviços, onde o artigo 64 desta lei estabelece que: Os pagamentos efetuados por órgãos, autarquias e fundações da administração pública federal a pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços, estão sujeitos à incidência, na fonte, do IRPJ, da CSLL, da COFINS e PIS/PASEP. Assim sendo, em função da publicação da Lei n. 9.430 de 27 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), a partir de 1º de janeiro de 1997, os órgãos da Administração Pública Federal, as autarquias e as fundações federais passaram a efetuar a retenção na fonte do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da Lei n. 9.430, de 27/12/1996 Órgãos, Autarquias e Fundações Lei n. 10.833, de 29/12/2003Empresas Públicas e Sociedade de Economia Mista 21 Contribuição para o PIS/PASEP sobre os pagamentos a pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços em geral, inclusive obras. Contudo a obrigatoriedade da retenção foi estendida, a partir de 1º de fevereiro de 2004, tendo em vista a publicação da Lei n. 10.833 de 29 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003), onde o artigo 34 estabeleceu: Ficam obrigadas a efetuar as retenções na fonte do imposto de renda, da CSLL, da COFINS e da contribuição para o PIS/PASEP, a que se refere o art. 64 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, as seguintes entidades da administração pública federal: I – empresas públicas; II – sociedades de economia mista; e III – demais entidades em que a união, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto, e que dela recebam recurso do Tesouro Nacional e estejam obrigadas a registrar sua execução orçamentária na modalidade total no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – SIAFI. Desta forma, com a finalidade de unificar os procedimentos descritos no artigo 64 da Lei n. 9.430/96 (BRASIL, 1996) e artigo 34 da Lei n. 10.833/03 (BRASIL, 2003) – a Secretaria da Receita Federal consolidou as normas sobre a retenção na fonte de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, efetuada pela Administração Pública Federal junto às empresas com a publicação da Instrução Normativa n. 480 de 15 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004), que foi editada com a seguinte redação: “[...] dispõe sobre a retenção de tributos e contribuições nos pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas que menciona a outras pessoas jurídicas pelo fornecimento de bens e serviços”, e ainda, o seu artigo 1º definiu que: Os órgãos da administração federal direta, as autarquias, as fundações federais, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e as demais entidades em que a União, direta ou indiretamente detenha a maioria do capital social sujeito a voto, e que recebam recursos do Tesouro Nacional e estejam obrigados a registrar sua execução orçamentária e financeira no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) reterão na fonte, o imposto sobre a Renda de pessoa Jurídica (IRPJ), a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e a Contribuição para o PIS/PASEP sobre os pagamentos que efetuarem as pessoas jurídicas, pelo fornecimento de bens ou prestação de serviços em geral, inclusive obras, observado os procedimentos previstos nesta Instrução Normativa. Então a definição das normas para a retenção aqui tratada, conforme consta na Instrução Normativa n. 480, de 15 de dezembro de 2004 (BRASIL, 2004) da Secretaria da Receita Federal, será o “carro chefe” para a execução, análise e conclusão desta pesquisa. Neste documento oficial estão descritos os procedimentos a serem tomados pelos agentes da Administração Pública Federal no que tange a retenção de tributos na fonte, ou seja, os tributos e suas respectivas alíquotas que deverão ser retidos – quando for o caso – por ocasião 22 dos pagamentos junto às empresas, assim como, os procedimentos que as empresas devem adotar, como por exemplo, os dados que deverão informar no documento fiscal. Cabe ressaltar que a Instrução Normativa n. 480/2004 (BRASIL, 2004), até o presente momento, sofreu algumas alterações com a publicação das Instruções Normativas 539/2005 (BRASIL, 2005), 706, 765 e 791/07 (BRASIL, 2007) todas da Secretaria da Receita Federal. Tais alterações serão atualizadas no decorrer da abordagem dos respectivos assuntos que as envolvam. 2.3 RETENÇÃO NA FONTE DO INSS A retenção do INSS está fundamentada na Instrução Normativa (IN) da Receita Federal do Brasil (RFB) n. 971 de 2009 (BRASIL, 2009), tal assunto é tratado especificamente a partir do artigo 112 da referida IN, onde descreve que: A empresa contratante de serviços prestados mediante cessão de mão de obra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho temporário, a partir da competência fevereiro de 1999, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços e recolher à Previdência Social a importância retida, em documento de arrecadação identificado com a denominação social e o CNPJ da empresa contratada, observado o disposto no art. 79 e no art. 145. Segundo conceitua o artigo 3º da Instrução n. 971/2009 (BRASIL, 2009): “Empresa é o empresário ou a sociedade que assume o risco de atividade econômica urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, bem como os órgãos e entidades da Administração Pública Direta ou Indireta”. Com isso, a retenção previdenciária decorrente da prestação de serviço realizada por uma empresa, não sofre alteração quando envolver Órgão ou Entidade da Administração Direta ou Indireta. Então, a Administração Pública Federal, no momento que realiza o pagamento dos serviços prestados para as empresas em geral, mediante cessão de mão de obra ou empreitada, deverá reter na fonte o INSS de acordo a IN RFB 971/2009 (BRASIL, 2009). Para elucidar o conceito de mão de obra o artigo 115 da IN RFB 971/2009 (BRASIL, 2009) menciona que: Cessão de mão de obra é a colocação à disposição da empresa contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de trabalhadores que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com sua atividade fim, quaisquer que sejam a natureza e a 23 forma de contratação, inclusive por meio de trabalho temporário na forma da Lei nº 6.019, de 1974. § 1º Dependências de terceiros são aquelas indicadas pela empresa contratante, que não sejam as suas próprias e que não pertençam à empresa prestadora dos serviços. § 2º Serviços contínuos são aqueles que constituem necessidade permanente da contratante, que se repetem periódica ou sistematicamente, ligados ou não a sua atividade fim, ainda que sua execução seja realizada de forma intermitente ou por diferentes trabalhadores. § 3º Por colocação à disposição da empresa contratante, entende-se a cessão do trabalhador, em caráter não eventual, respeitados os limites do contrato. Já com relação aos conceitos de empreitada o artigo 116 da mesma lei descreve o seguinte: Empreitada é a execução, contratualmente estabelecida, de tarefa, de obra ou de serviço, por preço ajustado, com ou sem fornecimento de material ou uso de equipamentos, que podem ou não ser utilizados, realizada nas dependências da empresa contratante, nas de terceiros ou nas da empresa contratada, tendo como objeto um resultado pretendido. (BRASIL, 2009). 2.4 RETENÇÃO NA FONTE DO ISS A retenção do Imposto Sobre Serviços (ISS) está regulamentada pela Lei Complementar n. 116 de 31 de julho de 2003 – LC 116/03 (BRASIL, 2003) que foi publicada no Diário Oficial da União de 1º de agosto de 2003 com o seguinte teor: “Dispõe sobre o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, e dá outras providências”. A LC 116/03 (BRASIL, 2003) prevê que o tomador do serviço está obrigado a efetuar o recolhimento do ISS na fonte, baseado no seguinte: Art. 6º Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei, poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuindo ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação, inclusivo no que se refere à multa e aos acréscimoslegais. § 1º Os responsáveis a que se refere este artigo estão obrigados ao recolhimento integral do imposto devido, multa e acréscimos legais, independentemente de ter sido efetuada sua retenção na fonte. Com isso, na hipótese em que o tomador for a Administração Pública Federal, a LC 116/2003 (BRASIL, 2003) não prevê tratamento diferente no tocante à retenção, portanto, tratando-se de pessoa jurídica, nas hipóteses em que a lei determina que a responsabilidade cabe ao tomador, a Administração Pública Federal será responsável pelo recolhimento do imposto. 24 A LC 116/03 (BRASIL, 2003) é uma Lei Federal que norteia o assunto, no entanto cabe aos municípios instituir impostos sobre serviços, conforme previsto no artigo 156 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) em seu inciso III, onde define que: “[...] compete aos Municípios instituir o Imposto Sobre o Serviço”. Então, cada Município é responsável por editar sua própria lei, enquadrando os serviços e suas respectivas alíquotas, como exemplos citamos os Municípios de Florianópolis que editou a Lei Complementar n. 126/2003 e São José que editou a Lei Complementar n. 21/2005, tais Leis regulamentam o Imposto Sobre o Serviço nos respectivos Municípios. Com isso, para haver a retenção do ISS, deve haver previsão em Lei do Município onde o foi prestado o serviço. Caso não haja previsão, não é devida a retenção. (YOUNG, 2009). O protocolo de arrecadações municipais ISS, disponível no site da Secretaria do Tesouro Nacional (TESOURO..., 2010), descreve que: Diariamente, os órgãos públicos federais e demais entidades integrantes da Conta Única do Tesouro Nacional, ao efetuarem os pagamentos aos prestadores de serviços, deverão fazê-lo pelo valor líquido do ISS devido às respectivas prefeituras. O valor do ISS deverá ser recolhido em Documento de Arrecadação de Receitas Municipais e Estaduais – DAR, por meio do SIAFI, para posterior repasse às prefeituras. No entanto, para que tal procedimento possa ser realizado nesta sistemática, as prefeituras deverão firmar acordo com o Banco do Brasil, conforme previsto no protocolo acima citado que estabelece o seguinte: As prefeituras interessadas em aderir a esta sistemática de substituição tributária deverão procurar agência do Banco do Brasil e assinar Termo de Adesão ao convênio celebrado entre a Secretaria do Tesouro Nacional e o Banco do Brasil para repasse dos recursos arrecadados dessa forma. Ainda que o município beneficiário da retenção do ISS não tenha celebrado o acordo com o Banco do Brasil, conforme acima descrito e tendo em vista a obrigatoriedade da retenção pelo tomador do serviço, conforme previsto no § 1º do artigo 6º da LC 116/03 (BRASIL, 2003), deverá à Administração Pública Federal realizar a retenção na fonte deste imposto. 25 2.5 RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Duas figuras integram a relação jurídica tributária, as quais formam o aspecto pessoal da incidência tributária, são elas: o sujeito ativo e passivo. 2.5.1 Sujeito ativo O artigo 119 do CTN (Código Tributário Nacional) (BRASIL, 1966) define que: “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento”. É aquele que tem o direito de exigir a obrigação tributária imposta ao sujeito passivo, é o credor, ou seja, o que integra o pólo ativo da relação jurídica tributária. Ataliba (1992, p. 331) ratifica ao fazer a seguinte conceituação sobre o assunto: Sujeito ativo é o credor da obrigação tributária, que deve ser designado por lei, compondo a hipótese de incidência tributária, integrando seu aspecto pessoal. Pode a lei atribuir a titularidade de um tributo à própria pessoa pública de que ela (lei) é expressa, ou então a pessoa diversa. Em regra, o sujeito ativo será a pessoa constitucional titular da competência tributária, assim presumindo-se no silêncio da lei que instituiu tributo. Entretanto, se a lei quiser atribuir a titularidade da exigência do tributo a pessoa diversa daquela competente para instituí-lo deverá ser expressa. Tendo em vista a disposição legal e a citação acima, é possível concluir que pode ser sujeito ativo a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e mesmo pessoas jurídicas de direito privado que detenham a capacidade tributária para cobrar e fiscalizar a arrecadação de tributos. 2.5.2 Sujeito passivo Do outro lado da relação tributária, temos o sujeito passivo. O artigo 121 do CTN (BRASIL, 1966) preceitua que: “[...] sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária”. Sobre essa figura, Ataliba (1992, p.77) afirma: Sujeito passivo da obrigação tributária é o devedor (contribuinte), ou seja, a pessoa que fica na condição legal de ter o comportamento objeto da obrigação em detrimento do próprio patrimônio e em favor do sujeito ativo, ou mais precisamente, a pessoa que sofrerá diminuição patrimonial com a arrecadação do tributo. O sujeito passivo é, em regra, a pessoa em conexão íntima (relação de fato) com o núcleo (aspecto material) da hipótese de incidência, residindo na hipótese de incidência o critério de determinação do sujeito passivo. 26 Baseado no autor acima, conclui-se que sujeito passivo é o devedor, ou seja, a pessoa que deverá recolher o tributo devido. (ATALIBA, 1992). Portanto o parágrafo único do artigo 121 do CTN (BRASIL, 1966), define: Art. 121 [...] Parágrafo único: o sujeito passivo da obrigação principal diz-se: I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição de lei. Já para Zelmo Denari (1993, p. 200) “[...] o contribuinte é a pessoa que realizou o pressuposto, ou seja, a atividade jurídica, econômica ou financeira que deflagrou o nascimento da obrigação tributária”. É a pessoa que obteve a renda e, por conseqüência, tem a obrigação de recolher o tributo. Assim o responsável, de acordo com o mesmo autor “[...] é o sujeito acrescido à relação jurídica tributária por expressa disposição legal. Trata-se do responsável tributário em sentido amplo, sem relação pessoal e direito com o fato gerador”. (DENARI, 1993, p. 169). 2.6 TRIBUTOS O Sistema Tributário Nacional, criado pela Lei n. 5.172, de 25 de outubro de 1966 (BRASIL, 1966), é o sistema que regulamenta o direito tributário, aplicado a União, Estados e Municípios brasileiros. Tributo é o termo genérico empregado para designar todas as contribuições em dinheiro arrecadadas de forma compulsória pelo estado para financiar os serviços públicos O artigo 3º do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966) define que tributo “[...] é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda cujo valor se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. 2.6.1 Impostos De acordo com o artigo 16 do Código Tributário Nacional, “[...] imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica”. “[…] o imposto não está vinculada a nenhuma despesa específica do governo. A receita dele decorrente destina-se, aos gastos em geral do Poder Público, sem que esteja ligada 27 a uma atividade governamental que tenha relação direta ou indireta com o contribuinte”. (MARTINS, 2007, p. 82). Os impostos previstos para serem retidos na fonte, que serãoabordados nesta pesquisa, são os seguintes: Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ); e Imposto sobre Serviços (ISS). 2.6.2 Contribuições sociais São tributos destinados à coleta de recursos para certas áreas de interesse do poder público, na administração direta ou indireta, ou na atividade de órgãos que colaboram com a administração. A contribuição social tem destinação certa, sendo recolhida com uma finalidade já estabelecida, indicada na lei que a instituiu. Serão abordadas nesta pesquisa as seguintes contribuições sociais: Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL); Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS); Programa de Integração Social (PIS); e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). 2.7 SISTEMA INTEGRADO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA (SIAFI) Até o exercício de 1986, o Governo Federal convivia com vários problemas de ordem administrativa que dificultavam a correta gestão dos recursos públicos e a preparação do orçamento unificado. Então, para suprir o Governo Federal de um instrumento moderno e eficaz no controle e acompanhamento dos gastos públicos foi implantado em janeiro de 1987 o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI). O SIAFI é um sistema on-line, utilizado pela Administração Pública Federal onde são registrados todos os documentos que movimentam a execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil do governo federal. É considerado uma referência do gênero no mundo, de acordo com Vasconcellos (2011, p. 09), este sistema é reconhecido a nível internacional: O SIAFI representou tão grande avanço para a contabilidade pública da União que ele é hoje reconhecido no mundo inteiro e recomendado inclusive pelo Fundo Monetário Internacional. Sua performance transcendeu de tal forma as fronteiras 28 brasileiras e despertou a atenção no cenário nacional e internacional, que vários países, além de alguns organismos internacionais, têm enviado delegações à Secretaria do Tesouro Nacional, com o propósito de absorver tecnologia para a implantação de sistemas similares. Segundo Silva (2007, p. 01), define: O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) é um sistema informatizado de Contabilidade que registra e controla toda a execução orçamentária, financeira e patrimonial, em tempo real. É utilizado por todas as entidades da Administração Pública Federal, inclusive pela Administração Indireta. Este sistema evidencia os demonstrativos contábeis em consonância com a Lei nº 4.320, de 17 de Março de 1964. O sistema pode ser utilizado por Entidades Públicas Federais, Estaduais e Municipais, apenas para receberem pela conta única, do Governo Federal. Conforme descrito no manual do SIAFI, disponível no site do Tesouro Nacional (TESOURO NACIONAL, 2010), o sistema possui várias amplitudes, conforme descritas abaixo: O SIAFI abrange desde o registro do orçamento inicial da receita e despesa em todas as Unidades Gestoras (UG) até a emissão das demonstrações contábeis mensais e anuais, além dos procedimentos específicos de encerramento e abertura de exercício; As propostas orçamentárias são elaboradas pelas UG a partir dos objetivos e das metas definidos para o exercício seguinte, consolidadas em nível de Órgão pelas Coordenações de Orçamento e Finanças (COF) e remetidas à Secretaria de Orçamentos Federal (SOF), que gera a proposta orçamentária da União. Após a avaliação, que pode redundar em remanejamentos e cortes, e de acordo com a Lei Orçamentária Anual, o Orçamento da União é aprovado pelo Congresso e publicado no Diário Oficial da União; Após tal aprovação, a SOF gera os arquivos com as informações das dotações orçamentárias aprovadas para os Órgãos, e que é remetido à STN para registro no SIAFI; De posse das informações registradas no sistema, as COF definem os limites orçamentários das UG sob sua jurisdição e procedem à descentralização e transferência dos créditos, permitindo, assim, que se inicie a execução orçamentária; As UG passam então a firmar contratos para aquisição de bens e serviços, no sentido de cumprir suas metas; emite os empenhos, a partir da contratação desses bens e serviços, formalizando os compromissos financeiros assumidos com fornecedores e prestadores de serviço; 29 Uma vez efetuada a entrega do bem adquirido, ou efetivada a prestação dos serviços contratados, e de acordo com sua programação financeira, a UG, de posse dos documentos comprobatórios, procede à liquidação da despesa, ou efetua o pagamento ao fornecedor simultaneamente à liquidação, encerrando-se desta forma, a execução financeira e realizada automaticamente a contabilização dos atos e fatos praticados pela UG; e A qualquer momento, é possível emitir as demonstrações contábeis e conhecer os saldos orçamentários e financeiros da Unidade Gestora. Conforme destacado acima, pode-se observar que através do SIAFI a Administração Pública Federal executa os três estágios da despesa: Empenho, Liquidação e Pagamento. É na fase do Pagamento que o servidor público habilitado a operar no SIAFI e com perfil específico para esta execução, irá realizar a retenção na fonte dos impostos e contribuições junto às empresas, tal procedimento ocorre dentro do subsistema contas a Pagar e Receber (CPR) que integra o sistema SIAFI. 2.7.1 Subsistema contas a pagar e a receber (CPR) É um subsistema do SIAFI desenvolvido de forma a otimizar o processo de programação financeira dos órgãos e/ou entidades ligadas ao sistema, proporcionando informações em nível analítico e gerencial do fluxo de caixa. O CPR permite o cadastramento de contratos, notas fiscais, recibos e outros documentos hábeis, cuja contabilização é efetuada por eventos de sistema. Estes documentos geram compromissos de pagamento e de recebimento que montarão o fluxo financeiro. No site do Tesouro Nacional (TESOURO NACIONAL, 2010), dentro do Portal SIAFI, encontra-se disponível o manual web Contas a Pagar e a Receber (CPR). Neste subsistema que o operador do SIAFI, no caso o servidor público federal, realizará os lançamentos extraídos da nota fiscal da empresa. Porém, antes de realizar tais lançamentos, o operador deverá confrontar os seguintes dados da Nota Fiscal x Nota de Empenho: Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ); Descrição dos produtos ou serviços; e Valor. Juntamente com esta confrontação, deve o operador do SIAFI verificar as seguintes informações da empresa: 30 Se é optante do Simples Nacional (caso não seja, haverá as retenções de tributos na fonte); e Os dados bancários para realização do pagamento. 2.8 ESTÁGIOS DA DESPESA São etapas que devem ser observadas na realização da despesa pública. São estágios da despesa pública: o empenho, a liquidação e o pagamento. 2.8.1 Empenho O Empenho é o primeiro estágio da despesa. O artigo 58 da Lei n. 4.320/64 (BRASIL, 1964) descreve que: “[...] o empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição”. Esse primeiro estágio é efetuado no SIAFI utilizando-se o Documento Nota de Empenho (NE), através de transação específica denominada NE, que se destina a registrar o comprometimento de despesa orçamentária, obedecidos os limites estritamente legais. Contudo, mesmo estando a despesa legalmente empenhada, o pagamento da despesa só ocorrerá após passado o crivo da liquidação. 2.8.2 Liquidação A liquidação é o segundo estágio da despesa. Com relação a este estágio da despesa,a Lei n. 4.320/64 (BRASIL, 1964) descreve o seguinte: Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. § 1° Essa verificação tem por fim apurar: I – a origem e o objeto do que se deve pagar; II – a importância exata a pagar; III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação. § 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base: I – o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II – a nota de empenho; III – os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço. Ao fazer a entrega do material ou a prestação do serviço, o credor deverá apresentar a nota fiscal, fatura ou conta correspondente, acompanhada da primeira via da nota de empenho, devendo o funcionário competente atestar o recebimento do material ou a prestação do serviço correspondente no verso do documento fiscal. 31 Após os procedimentos acima descritos, os dados da nota fiscal e da nota de empenho serão lançados no subsistema CPR e o SIAFI irá gerar automaticamente uma Nota de Lançamento de Sistema (NS). 2.8.3 Pagamento O pagamento é o terceiro estágio da despesa e ocorrerá após a ocorrência da liquidação. O artigo 64 da Lei n. 4.320/64 (BRASIL, 1964), descreve que: “[...] a ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga”. Esta parte consiste na entrega de numerário ao credor do Estado, extinguindo dessa forma o débito ou obrigação. Esse procedimento normalmente é efetuado por tesouraria, mediante registro no SIAFI do documento Ordem Bancária (OB), que deve ter como favorecido o credor do empenho. É neste exato momento que, quando previsto, ocorre a retenção dos impostos e contribuições na fonte. 32 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS São diversos os procedimentos metodológicos encontrados na literatura, segundo Ventura (2002, p. 76-77), “[...] são incontáveis e absolutamente diversas as classificações da metodologia que se pode encontrar na literatura especializada”. 3.1 MODALIDADES DA PESQUISA O Estudo emprega a pesquisa aplicada, pois se busca o conhecimento das normas e leis que regem sobre o assunto. Tais conhecimentos serão utilizados para aplicação prática pelo contador dentro da empresa. De acordo com Gil (1999 apud SILVA, 2007, p. 4) “Pesquisa Aplicada gera conhecimentos para aplicação prática dirigidas à solução de problemas específicos”. Quanto à forma de abordagem a pesquisa será qualitativa. A pesquisa busca compreender os fenômenos pela sua descrição e interpretação aliadas às experiências pessoais e profissionais do pesquisador do assunto na análise dos fenômenos estudados. De acordo com Gil (1999 apud SILVA, 2007, p. 4) “O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave”. Com relação aos objetivos deste trabalho, a pesquisa é exploratória, pois através de levantamentos bibliográficos busca-se a compreensão acerca dos procedimentos legais e obrigatórios a serem executados pela administração pública federal no que tange a retenção na fonte – dos impostos e contribuições – junto às empresas que lhes fornecem bens e serviços. De acordo com Köche (1997, p. 126): O principal objetivo da pesquisa exploratória é proporcionar maior familiaridade com o objeto de estudo. Muitas vezes o pesquisador não dispõe de conhecimento suficiente para formular adequadamente um problema ou elaborar de forma mais precisa uma hipótese. Neste caso, é necessário desencadear um processo de investigação que identifique a natureza do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis que se quer estudar. Nos procedimentos técnicos da pesquisa identificam-se: a pesquisa bibliográfica obtidos basicamente de livros e com informações disponíveis na internet em sites oficiais do governo. De acordo com Gil (1999 apud SILVA, 2007, p. 10) “Sua principal vantagem é 33 possibilitar ao investigador a cobertura de uma gama de conhecimentos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”; e a pesquisa documental extraída do SIAFI. 3.2 COLETA DE DADOS Conforme Heerdt e Leonel (2004, p. 5), “[...] a principal forma de coleta de dados é a leitura (livros, revistas, jornais, sites, CDs etc.), que certamente é utilizada para todos os tipos de pesquisa. Esta técnica também é chamada de pesquisa bibliográfica”. Serão analisadas em profundidade a Instrução Normativa n. 480 da Secretaria da Receita Federal (BRASIL, 2004) e suas posteriores alterações, a Lei n. 9.430 de 27 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), a Lei n. 10.833 de 29 de dezembro de 2003 (BRASIL, 2003); além de outras leis que serão objetos para o desenvolvimento da pesquisa, como por exemplo: a Lei Complementar n. 116, de 31 de julho de 2003 (BRASIL, 2003) que regula os procedimentos sobre a retenção de Impostos Sobre Serviços (ISS), a Lei Complementar n. 123 de 14 de dezembro de 2006 (BRASIL, 2006) que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Com relação à leitura de livros, cabe salientar, que existem no mercado vários livros correlacionados com o assunto, porém, que tratam diretamente sobre retenções de impostos e contribuições na fonte por órgãos públicos federais, até o momento foram encontrados apenas as seguintes obras bibliográficas: Manual Prático de Retenção de Impostos e Contribuições, da Editora IOB e de autoria de Osmar Reis de Azevedo, Glauco Marchezin e Renato Mendes Concórdia (2009) e Retenção na Fonte das Contribuições Sociais, da editora Juruá e de autoria de Lúcia Helena Briski Young (2009). Em ambas as obras apenas um capítulo destina- se ao alvo desta pesquisa. Com o objetivo de realizar a pesquisa com dados atualizados, foi adquirido pelo pesquisador, junto ao Portal Tributário, o Manual de Retenções Tributárias, que será mensalmente atualizado de acordo com as modificações que por ventura ocorrerem no período. O acesso aos sites oficiais do governo federal é a fonte de coleta de dados que será empregada constantemente em toda a pesquisa, pois faz parte do ambiente de trabalho do pesquisador e nestes, estão todos os amparos legais que norteiam a matéria a ser pesquisada, neste caso: as leis, decretos, portarias, instruções normativas entre outros. A utilização do SIAFI faz parte da rotina diária do pesquisador. É através deste sistema que o Exército Brasileiro – assim como toda a Administração Pública Federal – 34 realiza os pagamentos e retenções de impostos, quando previstos, para as empresas que lhes fornecem bens, serviços em geral e realizam obras em suas instalações. Dentro do SIAFI, existem diversos subsistemas, dentre eles o Subsistema de Contas a Pagar e a Receber (CPR), onde são lançados os dados que irão gerar as Ordens Bancárias (OB) de pagamento para as empresas, como também do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) que é o documento gerado no sistema que retém na fonte, quando previstos, os impostos e as contribuições. A condição de usuário do SIAFI proporcionará ao pesquisador a possibilidade de verificar, analisar e interpretar documentos que serão objetos da pesquisa do trabalho. Ainda no ambiente de trabalho o pesquisador tem a possibilidade de acessar documentos pela Intranet do Exército Brasileiro, além de interagir com outros militares do Exército que desempenham função semelhante em diversas Organizações Militares espalhadas pelo Brasil. 3.3 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃOO objetivo da análise é sumariar as observações, de forma que estas permitam respostas às perguntas da pesquisa. “O objetivo da interpretação é a procura do sentido mais amplo de tais respostas, por sua ligação com outros conhecimentos já obtidos”. (SELLTIZ apud RAUEN, 1999, p. 122). As respostas encontradas nesta pesquisa serão obtidas, analisadas e interpretadas de acordo com as leis que regem sobre a retenção na fonte de impostos e contribuições pela Administração Pública Federal no momento em que esta realiza o pagamento para as empresas pelo fornecimento de bens e serviços. Assim a análise e interpretação deverão atentar para o que determinam as Leis no que tange aos tributos e alíquotas que deverão ser retidos na fonte pela Administração Pública Federal no momento do pagamento, via SIAFI. 3.4 AMBIENTE DA PESQUISA A 14ª Brigada de Infantaria Motorizada (14ª Bda Inf Mtz) – “Brigada Silva Paes” – ostenta sua denominação histórica numa justa homenagem àquele cuja existência esteve fortemente ligada à história de Santa Catarina, Silva Paes. Português de nascimento travou seu primeiro contato com a pequena povoação de Nossa Senhora do Desterro no dia 3 de julho de 35 1736, quando chefiava a expedição que tinha por finalidade dar apoio e proteção à Colônia do Sacramento. A “Brigada Silva Paes” tem sua origem no antigo Grupamento Leste Catarinense, criado em 11 de Novembro de 1971. A partir de 1º de janeiro de 1981, fruto da reformulação pela qual passou a Força Terrestre, o Grupamento Leste Catarinense foi extinto e foi criada a 14ª Brigada de Infantaria Motorizada. A 14ª Bda Inf Mtz, Brigada Silva Paes, é uma das Brigadas Militares de Área do Exército Brasileiro. Sua sede localiza-se em Florianópolis-SC. O ambiente de pesquisa do presente trabalho será no Setor Financeiro do Comando da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército Brasileiro, local onde o pesquisador trabalha diretamente com a retenção de tributos na fonte no momento do pagamento de notas fiscais para as empresas que fornecem bens, prestam de serviços em geral ou realizam obras nesta Organização Militar do Exército Brasileiro. 36 4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA RETENÇÃO NA FONTE PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL 4.1 RETENÇÃO DE IR, CSLL, COFINS E PIS/PASEP A retenção na fonte – pela Administração Pública Federal – de IR, CSLL, COFINS e PIS/PASEP, está regulamentada pela IN SRF n. 480/2004 (BRASIL, 2004), que teve alguns tópicos alterados pela IN SRF 539/2005 (BRASIL, 2005). 4.1.1 Abrangência das retenções As retenções serão realizadas sobre qualquer forma de pagamento. Na situação em que a empresa ou receita for amparada por isenção, a retenção ocorrerá mediante a aplicação das alíquotas específicas, correspondente ao imposto de renda ou às contribuições não alcançadas pela isenção, não incidência ou pela alíquota zero. 4.1.2 Serviços prestados com emprego de materiais A legislação determina que nos casos em que ocorra a contratação de serviços e que para a execução destes serviços a empresa empregue materiais para a sua execução, estes materiais empregados deverão ser discriminados separadamente no documento fiscal de prestação de serviços. É importante lembrar que neste caso, o fornecimento de material deve estar previsto no contrato realizado entre a empresa e o órgão do governo que contratar o serviço. Esta regra também é aplicada para a construção por empreitada com emprego de materiais. 4.1.3 Tratamento dos valores retidos Conforme previsto no artigo 7º da Instrução Normativa n. 480/2004 (BRASIL, 2004) da Secretaria da Receita Federal, o contribuinte poderá deduzir os valores retidos na fonte, do valor do imposto e contribuições da mesma espécie devidos, relativamente a fatos geradores ocorridos a partir do mês da retenção. 4.1.4 Distrato Pode ocorrer, após a retenção já ter sido efetuada, a desistência por uma ou ambas as partes, no que se refere a continuidade do serviço ou fornecimento de materiais acertados 37 anteriormente. Não há, na legislação, previsão expressa para tal situação, com relação a retenção já realizada. Entretanto, analisando um caso de distrato, a Superintendência Regional da Receita Federal – SRRF/1ª Região Fiscal, emitiu o seguinte parecer: [...] As retenções do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS, efetuada nos termos do art. 1º da INF SRF nº 480, de 2004, não são passíveis de restituição em decorrência de termo de distrato, que tenha rescindido amigavelmente o contrato de prestação de serviços e determinado à empresa a devolução do valor recebido [...]. Seguindo o raciocínio deste parecer, entende-se que não há que se falar em restituição de valor retido, que deverá então, ser compensado pelo contribuinte com os tributos correspondentes. 4.1.5 Base de cálculos e alíquotas – tabela de retenção A retenção será efetuada aplicando-se, sobre o valor a ser pago, o percentual constante da coluna 06 da Tabela de Retenção prevista no Anexo I da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal n. 539/2005 (BRASIL, 2005). O percentual a ser aplicado sobre o valor a ser pago corresponderá à espécie do bem fornecido ou do serviço prestado, conforme estabelecido em contrato e posteriormente descrito em Documento Fiscal. Caso ocorra pagamentos para contratos distintos celebrados com a mesma empresa pelo fornecimento de bens ou de serviços prestados com percentuais diferenciados, será aplicada o percentual correspondente a cada fornecimento contratado. Nestes casos, os valores retidos correspondentes a cada percentual serão recolhidos em DARF distintos da seguinte forma: CSLL (1%) – PIS/PASEP (0,65%) – COFINS (3%), sobre o montante a ser pago. O § 6º do artigo 1º da Instrução Normativa n. 480/2004 (BRASIL, 2004) estabelece que: “[...] a pessoa jurídica fornecedora do bem ou prestadora do serviço deverá informar no documento fiscal o valor do imposto de renda e das contribuições a serem retidas na operação”. 4.1.6 Recolhimento dos valores retidos Os valores dos tributos retidos na fonte, pelos órgãos públicos federais junto às empresas deverão ser recolhidos ao Tesouro Nacional, mediante DARF 38 Os códigos do DARF para o recolhimento são os constantes do campo 6 da Tabela de Retenção prevista pelo Anexo I da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal n. 539/2005 (BRASIL, 2005). A referida tabela encontra-se no Anexo A desta pesquisa. 4.1.7 Hipóteses em que não haverá retenção A legislação prevê casos em que não haverá retenção na fonte dos tributos pela Administração Pública Federal. 4.1.7.1 Imunidades, isenção e não incidências Conforme preceitua o artigo 34 da Lei n. 10.833/2003 (BRASIL, 2003) e o artigo 3º da IN SRF n. 480/2004 (BRASIL, 2004), não serão retidos os valores correspondentes ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) e da Contribuição para o PIS/PASEP, nos pagamentos efetuados a: Templos de qualquer culto; Partidos políticos; Instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos a que se refere o artigo 12 da Lei n. 9.532/97 (BRASIL, 1997); Instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e às associações civis, a que se refere o artigo 15 da Lei n. 9.532/97 (BRASIL, 1997); Sindicatos, federações e confederações de empregados; Serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; Conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas
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