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CURSO DE PSICOLOGIA 
SOCIAL II 
ATIVIDADE ESTRUTURADA II 
 
 
HOMOAFETIVOS E RELACIONADOS LGBT 
 
LOREA, Roberto Arriada. Acesso ao casamento no Brasil: Uma questão de 
cidadania sexual. Rev. Estud. Fem., Set. 2006, vol.14, no. 2, p.488-496. 
 
 
Acesso ao casamento no Brasil: Uma questão de cidadania sexual 
 
Atualmente conforme os princípios estabelecidos por nossa constituição 
não há necessidade de se justificar o direito ao casamento entre pessoas do 
mesmo sexo, na verdade a negação do casamento às pessoas homossexuais 
é que deveria ser justificada no sentido de que não seja tão somente 
proporcionar direitos às pessoas homossexuais, mas garantir a eles o que já 
são deles por direito e eliminar as correntes do senso comum, onde apontam a 
homossexualidade como sendo patologia e ameaças para a sociedade além de 
promover o pensamento de que o programa de adoção possa desencadear a 
integridade física ou mental das crianças. 
Nesse sentido é importante destacar que referente à possível criação ou 
adoção de filhos por casais homossexuais, as pesquisas revelam a inexistência 
de qualquer evidencia que possa sustentar qualquer tipo de restrição à 
homoparentalidade por adoção, pelo contrário as pesquisas mostram que não 
existem razões para afastar a possibilidade desse novo modelo de constituição 
familiar. 
Desse modo, pode se dizer que os Tribunais brasileiros têm reconhecido 
que uniões entre pessoas do mesmo sexo podem formar uniões estáveis, 
desde que atendidos os requisitos previstos, não fazendo relação com a 
orientação sexual dos conviventes. Esses requisitos se encontram no artigo 
1.723 do código Civil o qual formaliza que “É reconhecida como entidade 
familiar a união estável entre o homem e mulher, configurada na convivência 
publica contínua, duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de 
família” modelo este que se aplica também aos casamentos entre 
homossexuais. 
Contudo, tramitam projetos de lei para a regulamentação das relações 
entre pessoas do mesmo sexo, fato este que destaca a necessidade de 
compreensão por parte do Instituto do casamento além de estar acessível a 
todos, independentemente da orientação sexual, para que não ocorra a 
violação dos direitos de gays e lésbicas, impedindo que esses cidadãos e 
cidadãs exerçam plenamente sua cidadania sexual. 
É necessário explicar que tanto o Conselho Federal de Medicina quanto a 
Organização Mundial de Saúde não consideram a homossexualidade uma 
patologia há mais de vinte anos. Dessa maneira a de se questionar a respeito 
do tema sobre a questão que pauta entre muitos pesquisadores. 
Poderia então a homossexualidade ser fruto de influências familiares 
ou sociais? 
De encontro a essa pergunta no intuito de aprimorar os 
conhecimentos inerentes ao tema, foi realizada uma entrevista com um 
casal de jovens homossexuais. Os entrevistados se chamam Diel Fortes 
Leão Júnior de 29 (vinte e nove) anos, profissional Cirurgião Dentista e 
Onizio Silveira Arruda Júnior de 34 (trinta e quatro) anos de idade que 
trabalha como Coanting. 
Em relatos ambos afirmaram que desde criança já se sentiam 
diferentes em relação aos demais garotos da mesma idade e não atribuem 
isso a nenhum tipo de influência social, familiar ou da mídia, pois já 
sentiam como algo intrínseco a sua personalidade, próprio da sua 
essência. 
Segundo Onízio, ele se assumiu por volta dos seus dezenove anos 
de idade e recebeu todo o apoio dos seus familiares e amigos, já Diel 
recebeu o apoio do seu pai, mas enfrentaram grandes dificuldades pela 
mãe com a não aceitação a qual permaneceu por volta de dez anos não 
aceitando a decisão do filho. Levou um longo tempo para que a mãe do 
Diel pudesse compreender e respeitar sua opção sexual e partindo dessa 
situação eles destacaram sobre o quanto é importante o trabalho das 
novelas e a mídia como um todo, que retrata com muita clareza o dia a dia 
dos indivíduos homossexuais a partir das suas emoções e 
enfrentamentos, os quais muitas vezes não são de comum acesso ao 
conhecimento da sociedade, que acham por melhor criticar e discriminar 
por falta de compreensão, então a mídia contribui muito por levar a 
público o assunto fazendo com que as pessoas possam de fato entender 
aquilo a que se propõe a julgar ou criticar. 
Se não bastasse a sociedade, é preciso mencionar também a religião 
católica que se posiciona a condição de ter uma tendência a não 
aceitação do homossexualismo, questão esta discutida entre os 
entrevistados, entretanto eles reforçam desconhecer os posicionamentos 
da igreja católica uma vez que ambos se criaram na religião evangélica, 
mas destacam que atualmente o Papa Francisco prega uma nova política 
marcada pela aceitação da diversidade sexual entre os indivíduos. 
Diel e Onízio se conhecem desde o ano de 2013, estão casados a 
dois anos de forma oficial em termos jurídicos, segundo os 
esclarecimentos para a formalização do casamento eles não tiveram 
dificuldades ou obstáculos judiciais e todos os trâmites seguiram os 
procedimentos normais assim como nos casamentos realizados entre 
heterossexuais. Foi de comum acordo que o fato de não existir uma lei 
específica que regulamente a permissão da união entre homossexuais 
não os incomodam, visto que a Constituição já tem a função de fazer com 
que os casamentos entre eles possam ser realizados e afirmam que o 
mais importante não é a existência de uma lei, mas o fato de serem 
ouvidos e respeitados. 
A entrevista realizada teve duração de uma hora e cinqüenta minutos 
após o procedimento de questionamentos referente ao questionário 
elaborado e aplicado, ainda se desenvolveu alguns outros assuntos e 
fatos relacionados ao tema apresentado, houve a sessão de fotos com os 
integrantes do grupo, onde eles não autorizaram a vincularmos seus 
rostos ao trabalho, além de fazer com que eles pudessem realizar uma 
trajetória de volta ao passado, relembrar seus momentos de incertezas, 
ansiedade, angústias e sofrimentos marcados por se sentirem diferentes 
e por mais que eles soubessem e tivessem a certeza da opção, eles 
sofriam por terem consciência do impacto que podiam causar com seus 
posicionamentos. 
Entre os momentos mais marcantes foi quando se relatou sobre a 
mãe que permaneceu por dez anos na condição de não aceitar a escolha 
do filho, este relato, realmente nos fez emocionar, por saber o quão 
grande é o amor de uma mãe por um filho e frente a essa postura é 
impossível não refletir o quanto essa mãe teria sofrido todos esses anos 
a falta do filho e também pela sua incapacidade e preparo na aceitação 
dos fatos. 
A fim de encerramento da entrevista eles afirmaram sobre o quanto é 
importante levar a informação para aqueles que desconhecem o assunto 
para que eles tenham consciência real do que significa a sua postura de 
crítica ou discriminação. 
A noção do “eu” e a “individualização”, nascem e se desenvolvem 
com a história do capitalismo. A idéia de um mundo interno aos sujeitos, 
da existência de componentes, individuais, singulares, pessoais, privados 
toma força permitindo que se desenvolva um sentimento de eu. 
A possibilidade de uma ciência que estude esse sentimento e esse 
fenômeno também é resultado desse processo histórico. Com essas 
idéias de igualdade natural entre homens o liberalismo propiciou o 
questionamento das hierarquias sociais e das desigualdades 
características do período histórico do feudalismo. Diante das enormes 
desigualdades sociais do mundo moderno, o liberalismo produz sua 
própria defesa, construindo a noção de diferenças individuais 
decorrentes do aproveitamento diferenciado que cada umfaz das 
condições que a sociedade lhe oferece. Partindo desse ponto ainda 
percebemos que a luta contra a desigualdade e o preconceito no século 
XXI ainda continua mesmo já conquistado alguns direitos. Exemplo dessa 
ideologia é o casamento gay, onde o Supremo Tribunal Federal 
reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo em todo 
território nacional em 2013 e o Conselho Nacional de Justiça, aprovou 
uma resolução que obriga todo cartório do país a celebrar o casamento 
civil e converter a união estável homo afetivo em casamento. 
Conforme a concepção sócia histórica, a identidade tem suas 
características do indivíduo de um ser moral que possui direitos 
derivados de sua natureza humana. Somos indivíduos e somos iguais, 
fraternos e livres, com direito a propriedade, a segurança a liberdade e a 
igualdade. 
Assim a identidade se configura como determinante, pois o 
indivíduo tem um papel ativo que na construção deste contexto a partir de 
sua inserção, quer sua apropriação de direitos. A identidade pessoal e 
social para os indivíduos se faz muito importante para a sua realização 
em quanto pessoa mesmo quando a norma legal é de igualdade na vida 
cotidiana e encontramos a desigualdade e a iniqüidade na distribuição do 
poder e da riqueza entre homens e mulheres. 
O gênero não pode ser uma barreira para inserção do indivíduo na 
sociedade e ainda hoje encontramos muitas diferenças principalmente em 
relação de subordinação de gênero quando as mulheres não estão no 
controle das instituições que determinam as políticas que afetam as 
mulheres, tais como os direitos reprodutivos ou paridade nas práticas de 
emprego. Todas as transformações decorrentes até aqui, são conquistas 
por muitas lutas e ainda tem muita coisa a se construir, não deixando o 
preconceito e a discriminação ser o foco principal. 
 
 
 
 
QUESTIONÁRIO 
Entrevista realizada em: 09/11/2017 
 
 
1- Quais são os seus nomes e idades? 
2- Desde quando se conhecem? 
3- São casados há quanto tempo? 
4-Quais foram as maiores dificuldades encontradas para oficializarem a 
relação? 
5- com qual idade tiveram a certeza de suas verdadeiras opções sexuais? 
Como suas famílias reagiram? 
6- Quais são suas opiniões com relação à mídia frente ao assunto abordado 
em novelas e telejornais? 
7- Quando criança houve alguma influencia para suas escolhas sexuais? 
Família, social ou mídia? 
8- Ainda que estejamos em pleno século XXI, o preconceito existe e fazemos 
parte de uma sociedade que condena e exclui sem pensar na essência do ser 
humano. Frente a essa questão, o que vocês têm a dizer sobre a postura da 
igreja católica nesse modelo social por ela defendido? 
9- Quais são suas profissões? 
10- Atualmente não existe uma lei específica que regulamenta o direito de se 
oficializar os casamentos entre homossexuais, porém os casamentos têm sido 
realizados e oficializados com base no amparo recebido pela nossa 
constituição federal. O que vocês têm a dizer referente a essa questão? Quais 
são suas críticas? 
11- Na opinião de vocês, a postura discriminatória da sociedade sofre 
influência da religião? Ou é apenas um posicionamento egoísta pela falta de 
informações? 
 
 
 
 
 
 
FOTOGRAFIA DOS ALUNOS E ENTREVISTADOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSINATURAS: 
 
 
 
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Ederson Braz Correia 
 
__________________________ 
Luan Ferreira de Mesquita 
 
__________________________ 
Nara Rúbia Bastos Laureano 
 
__________________________ 
Nara Rúbia Ribeiro 
 
__________________________ 
Tatiane Barbosa Lisboa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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